Paola and Fernie
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domingo, 14 de junho de 2009
quarta-feira, 10 de junho de 2009
LUA DE MEL NA GRÉCIA
ATENAS,METEORA E SANTORINI – JUNHO 2009
Grécia é lugar para lua de mel, escolha um tanto óbvia que fazia parte de minhas três falhas viageiras: até 2007 eu não conhecia Grécia, Egito e Uruguai. Agora já estive nos dois primeiros e preciso conferir a famosa, pelo menos, Punta Del Este. Amei o Egito, gostei da Grécia e tenho certeza que não apreciarei Punta. Mas um dia eu chego lá...
Para quem , até 2007, já tinha visitado os dois Pólos da terra e lugares exóticos como a Ilha de Páscoa, Taiti, Índia, Vietnam, Camboja e Laos, não conhecer a Grécia era quase uma vergonha. Portanto, unindo o útil ao agradável que é o caso de uma lua de mel, lá fomos nós para o berço da democracia. Que eu queria conhecer por mar e não por terra, mas acabamos indo na dobradinha avião e carro. Não foi má escolha, mas se um dia voltarmos à Grécia, coisa provável e que vale muito a pena, voltaria em cruzeiro, visitando ilhas menos batidas do que as inefáveis Mykonos e Santorini. A primeira ainda vou para conferir os peladões! Santorini tem seus encantos, mas uma vez basta. Apesar da beleza do mar, do inusitado da ilha-vulcão com uma cratera repleta de água azul-pavão, Santorini sofre de um turismo intenso que torna tudo muito caro, cheio, gente feia e faz com que a originalidade e fator pitoresco do lugar se perca nas hordas de europeus velhos, gordos e brancos procurando o sol que lhes falta em seus países. Santorini deve ter tido um “clima” Trancoso, por exemplo, há algumas décadas. Hoje em dia está mais para Camburi no auge do verão.
Estranha e inusitadamente, apreciamos bem mais Atenas e Meteora, lugares reais, com gregos de verdade. Nada de Disneylândia no mar Egeu.
Atenas é injustamente vilificada por brasileiros que a consideram cidade “feia e sem nada o que fazer”. Não é nem coisa nem outra. Pode não ostentar a arquitetura de Paris, por exemplo, mas seus uniformes e baixos prédios a tornam muito mais homogênea do que nossa horrenda São Paulo, por exemplo. Sem falar da localização a beira mar e das colinas principais, a famosa Acrópole e a mais alta Likavittos, que ostenta igreja bonita e restaurante luxuoso. O transito é intenso mas razoável, os táxis caros mas novos e o nível de segurança é um paraíso terrestre para qualquer brasileiro.
Há muito que fazer em dois setores: cultural e lazer. O primeiro, claro, tendo o Parthenon como ápice e o maravilhosos Museu Arqueológico Nacional como contraponto perfeito. Infelizmente, chegamos um tanto adiantados para a inauguração do novo Museu da Acrópole, que abre suas portas ao público do final de jun ho e até dezembro só cobrará 1 euro por ingresso. Vimos a bela, moderna e imponente construção em seus toques finas e mostra especial do fabulosos acervo no ótimo aeroporto de Atenas. Sensacional! Como também o são as ruínas de templos e centros de convivências dos tempos clássicos gregos e da ocupação romana. Tais ruínas, tão naturalmente tecidas na trama da moderna cidade dão um toque de charme a Atenas que poucas aglomerações urbanas de 6 milhões de almas, pelo mundo, podem oferecer. Isso sem mencionar o ônibus turístico de dois andares (Hop On, Hop Off), o de cima a céu aberto, que faz o percurso dos pontos turísticos principais por 18 euros, com direito a quantas paradas o freguês quiser, em período camarada e flexível de 24 horas. Boa forma de ver melhor a cidade, seus parques, o lindo estádio olímpico onde a primeira Olimpíada foi celebrada, a divertida troca da guarda em frente ao Parlamento e, de modo geral, a alegria do povo grego. Muito faladores e gesticuladores, gentis e grandes apreciadores de nosso futebol, os gregos são versáteis em matéria de idiomas e fazem de tudo para se comunicar com os turistas. O idioma não é tão difícil como parece, o alfabeto tem muitas letras latinas e os sons da bonita língua parecem ora espanhol, ora italiano com toques de russo. Outra bela surpresa deste país tão simpático e ensolarado.
A comida foi outra surpresa deliciosa e nos impressionou pelo quão saudável ela é. A salada grega (pepino, tomate, cebolas, azeitonas, pimentões e queijo feta regado por um divino azeite de oliva) é um dos carros-chefe, os queijos são muito interessantes e os vinhos idem. A “lasanha” grega (moussaka) é mais leve e saudável do que a italiana, uma genial mistura de massa, berinjela e um creme dos Deuses! Souvlaki é o espetinho tradicional e até aquela carne nojenta que fica girando em vitrines por toda a Turquia e Alemanha ( e o abjeto centro de São Paulo), o “gyro”, na Grécia tem melhor sabor e melhor apresentação.
Em Atenas fomos ao chique Milos, dentro do hotel Hilton; caro mas excelente. Mas o divertido mesmo é comer nos restaurantes em geral pequenos e charmosos no bairro Plaka, perto da Acrópole. Alguns deles bastante turísticos, mas não perdendo a qualidade da comida (Sissifos e Tepeni são bons exemplos visitados por nós). Os locais jovens vão mesmo aos bares e restaurantes de uma rua em Plaka paralela e encostada aos trilhos por onde corre moderno trem urbano, apertado entre os estabelecimentos comerciais e uma escola antiga restaurada pela grana poderosa de John Rockfeller. O trabalho de recuperação do edifício é tão bem feito que se tem uma ótima idéia de como os outros devem ter sido. Principalmente a famosa Biblioteca de Adriano, tristemente reduzida a escombros hoje em dia.
Não se deve esperar muito das ruínas gregas que são, como diz o próprio nome, ruínas. Apesar de vários e caros esforços de restauração, a maioria das construções foi severamente danificada através dos séculos, guerras, ocupações estrangeiras e terremotos. Mas são interessantes e especiais de qualquer modo e magnificamente completadas pelos acervos dos museus que regatam detalhes e a exposição ao ar livre e aos vândalos na certa destruiriam.
Em Atenas, alugamos um carro e dirigimos os 350 kms que separam Meteora de Atenas. Viagem interessante, por estradas em ótimo estado de conservação e motoristas bastante educados. Por que ir a Meteora, lugar que ninguém conhece? Não há praia, é longe de Atenas... O motivo reside nos monastérios incrustados em rochas altíssimas nas montanhas gregas, que até neve recebem no inverno. É um cenário muito bonito, flanqueado por duas cidadezinhas bem simpáticas Kalambaka e Kastrakis.
Nos hospedamos no Hotel Meteora Kastrakis, o melhor custo-benefício na viagem. Uma suíte grande, moderna e confortável por 140 euros. Com direito a terraço e vista maravilhosa. É de longe a melhor opção de hospedagem da região. Pela minúscula Kastrakis há restaurantes estilo familiar, bem gregos, com comida deliciosa. Na Grécia, apesar de não se ver vacas, a carne bovina é deliciosa e bem mais barata do que em outros países europeus. Não hesite em pedir hambúrgueres. São muito bons. Pimentões e tomates recheados com arroz são bons acompanhamentos.
Os monastérios podem ser visitados, de carro, em um dia e a pé em dois. Para quem gosta de caminhar, não há exercício mais prazeroso e as trilhas são bem marcadas. Montanhas, desfiladeiros, penhascos, precipícios, cavernas, rochas lindas e desafiadoras. Os monastérios são super diferentes e o clima é de paz total; uma espécie de Tibete grego. Um dos monastérios, em minha opinião o que apresenta localização mais espetacular, o Agia Triada (Holy Trinity) é tão fabuloso que foi usado como cenário para o filme de James Bond, For Your Eyes Only. Confiram e verão do que estou falando. Não é só efeito especial para cinema. Tais lugares existem e valem muito a pena serem visitados. Sua história é fascinante, pois desde o século onze, monges eremitas, fugidos das muitas guerras e perseguições no país, se refugiaram nas cavernas dos penhascos vertiginosamente altos e de acesso muito difícil e aos poucos foram construindo os bonitos monastérios, muitos deles exibindo portentosas obras de arte sacra e murais belíssimos.
Bem, deixamos o mais óbvio para o final: Santorini. O lugar do qual menos gostamos na Grécia e no qual encontramos a maior quantidade de brasileiros. Como nós, talvez desapontados pelo clima “Disney” da ilha, pela falta de espaço nos caros hotéis, pelas hordas de turistas feios, pelos asiáticos promovendo ridículos casamentos no mega-hype por do sol em Oia. E o que dizer das praias? Nada. Para brasileiros uma total perda de tempo. É ou areia grossa fervendo ou pedregulhos gigantes quentíssimos. Escolha! E o mar? Lindo e limpo, mas uma geladeira comparável á Antártida.
Santorini vale a pena ser visitada se o turista estiver instalado a bordo de belos navios de cruzeiro. Param lá, você visita as vilazinhas, tira fotos do vulcão, pode até ver o por do sol que é tão bonito quanto em QUALQUER outro oceano, praia, campo, etc. Faz compras nas portentosas joalherias, adquire souvenires interessantes, almoça ou janta nos excelentes 1800 e Ambrosia (em Oia); em Firostefanis dirija-se ao japonês Ginger, boa opção para variar da cozinha local. Para drinks, aperitivos e clima"balada light", o bar Azur, em Fira, é a pedida; mais descolado e charmoso impossível. Se o tempo der, visite também o Wine Museum, uma experiência deliciosa e uma das poucas coisas tradicionais que restaram na ilha; uma vinícola pertencente à mesma família desde 1870. Sim, porque com o turismo e os poderosos subsídios da União Européia, as coisas milenares e típicas de Santorini praticamente desapareceram. Esqueça o que se vê nos filmes, os agricultores vestidos com roupas típicas, mulas e burricos transportando uvas, festas da colheita, centenas de nativos aproveitando as benesses do ar marinho, da saudável comida mediterrânea, da vida tranqüila. Recuerdos do clássico e poético filme Zorba, o Grego...
O único cultivo da ilha é uva para vinhos; que por sinal são muito bons e visitar as várias vinícolas é um prazer para os apreciadores da bebida. Todo o resto é “importado” do resto da Grécia. Há espaço suficiente para o cultivo de várias coisas e rebanhos (não vimos uma vaca, cabra ou carneiro sequer), mas os locais estão completamente “estragados” pelo dinheiro fácil do turismo e dos subsídios. Uma pena, visto que a ilha tem sido habitada desde tempos pré-históricos e sua história é rica e curiosa. É triste ver dezenas de construções abandonadas, afetadas pela crise que ataca principalmente os países mais pobres da Europa. Gente que tentou investir em ainda mais um condomínio para turistas- se é que isso é possível – e entrou pelo cano.
Voltaria à Grécia. Mas em barco.
Aliás, vai aqui minha dica depois de 12 dias no país: conheça Atenas, alugue carro para Meteora e se tiver tempo, Tessalonica e alguns lugares do Peloponeso. Depois, embarque em cruzeiros pelas ilhas Cyclades ou outros grupos de ilhas, coisa que a Grécia tem de sobra. O turista precisará de um mês de férias e dinheiro, claro. Tal projeto pode ser dividido em dois, por exemplo. Viagem pelo continente e viagem por mar. Pode acreditar: é o ideal.
Santorini, 10 de junho de 2009.
A Mari Emmanuelides, amiga brasileira/grega que me deu boas dicas sobre o país de seus antepassados.
ATENAS,METEORA E SANTORINI – JUNHO 2009
Grécia é lugar para lua de mel, escolha um tanto óbvia que fazia parte de minhas três falhas viageiras: até 2007 eu não conhecia Grécia, Egito e Uruguai. Agora já estive nos dois primeiros e preciso conferir a famosa, pelo menos, Punta Del Este. Amei o Egito, gostei da Grécia e tenho certeza que não apreciarei Punta. Mas um dia eu chego lá...
Para quem , até 2007, já tinha visitado os dois Pólos da terra e lugares exóticos como a Ilha de Páscoa, Taiti, Índia, Vietnam, Camboja e Laos, não conhecer a Grécia era quase uma vergonha. Portanto, unindo o útil ao agradável que é o caso de uma lua de mel, lá fomos nós para o berço da democracia. Que eu queria conhecer por mar e não por terra, mas acabamos indo na dobradinha avião e carro. Não foi má escolha, mas se um dia voltarmos à Grécia, coisa provável e que vale muito a pena, voltaria em cruzeiro, visitando ilhas menos batidas do que as inefáveis Mykonos e Santorini. A primeira ainda vou para conferir os peladões! Santorini tem seus encantos, mas uma vez basta. Apesar da beleza do mar, do inusitado da ilha-vulcão com uma cratera repleta de água azul-pavão, Santorini sofre de um turismo intenso que torna tudo muito caro, cheio, gente feia e faz com que a originalidade e fator pitoresco do lugar se perca nas hordas de europeus velhos, gordos e brancos procurando o sol que lhes falta em seus países. Santorini deve ter tido um “clima” Trancoso, por exemplo, há algumas décadas. Hoje em dia está mais para Camburi no auge do verão.
Estranha e inusitadamente, apreciamos bem mais Atenas e Meteora, lugares reais, com gregos de verdade. Nada de Disneylândia no mar Egeu.
Atenas é injustamente vilificada por brasileiros que a consideram cidade “feia e sem nada o que fazer”. Não é nem coisa nem outra. Pode não ostentar a arquitetura de Paris, por exemplo, mas seus uniformes e baixos prédios a tornam muito mais homogênea do que nossa horrenda São Paulo, por exemplo. Sem falar da localização a beira mar e das colinas principais, a famosa Acrópole e a mais alta Likavittos, que ostenta igreja bonita e restaurante luxuoso. O transito é intenso mas razoável, os táxis caros mas novos e o nível de segurança é um paraíso terrestre para qualquer brasileiro.
Há muito que fazer em dois setores: cultural e lazer. O primeiro, claro, tendo o Parthenon como ápice e o maravilhosos Museu Arqueológico Nacional como contraponto perfeito. Infelizmente, chegamos um tanto adiantados para a inauguração do novo Museu da Acrópole, que abre suas portas ao público do final de jun ho e até dezembro só cobrará 1 euro por ingresso. Vimos a bela, moderna e imponente construção em seus toques finas e mostra especial do fabulosos acervo no ótimo aeroporto de Atenas. Sensacional! Como também o são as ruínas de templos e centros de convivências dos tempos clássicos gregos e da ocupação romana. Tais ruínas, tão naturalmente tecidas na trama da moderna cidade dão um toque de charme a Atenas que poucas aglomerações urbanas de 6 milhões de almas, pelo mundo, podem oferecer. Isso sem mencionar o ônibus turístico de dois andares (Hop On, Hop Off), o de cima a céu aberto, que faz o percurso dos pontos turísticos principais por 18 euros, com direito a quantas paradas o freguês quiser, em período camarada e flexível de 24 horas. Boa forma de ver melhor a cidade, seus parques, o lindo estádio olímpico onde a primeira Olimpíada foi celebrada, a divertida troca da guarda em frente ao Parlamento e, de modo geral, a alegria do povo grego. Muito faladores e gesticuladores, gentis e grandes apreciadores de nosso futebol, os gregos são versáteis em matéria de idiomas e fazem de tudo para se comunicar com os turistas. O idioma não é tão difícil como parece, o alfabeto tem muitas letras latinas e os sons da bonita língua parecem ora espanhol, ora italiano com toques de russo. Outra bela surpresa deste país tão simpático e ensolarado.
A comida foi outra surpresa deliciosa e nos impressionou pelo quão saudável ela é. A salada grega (pepino, tomate, cebolas, azeitonas, pimentões e queijo feta regado por um divino azeite de oliva) é um dos carros-chefe, os queijos são muito interessantes e os vinhos idem. A “lasanha” grega (moussaka) é mais leve e saudável do que a italiana, uma genial mistura de massa, berinjela e um creme dos Deuses! Souvlaki é o espetinho tradicional e até aquela carne nojenta que fica girando em vitrines por toda a Turquia e Alemanha ( e o abjeto centro de São Paulo), o “gyro”, na Grécia tem melhor sabor e melhor apresentação.
Em Atenas fomos ao chique Milos, dentro do hotel Hilton; caro mas excelente. Mas o divertido mesmo é comer nos restaurantes em geral pequenos e charmosos no bairro Plaka, perto da Acrópole. Alguns deles bastante turísticos, mas não perdendo a qualidade da comida (Sissifos e Tepeni são bons exemplos visitados por nós). Os locais jovens vão mesmo aos bares e restaurantes de uma rua em Plaka paralela e encostada aos trilhos por onde corre moderno trem urbano, apertado entre os estabelecimentos comerciais e uma escola antiga restaurada pela grana poderosa de John Rockfeller. O trabalho de recuperação do edifício é tão bem feito que se tem uma ótima idéia de como os outros devem ter sido. Principalmente a famosa Biblioteca de Adriano, tristemente reduzida a escombros hoje em dia.
Não se deve esperar muito das ruínas gregas que são, como diz o próprio nome, ruínas. Apesar de vários e caros esforços de restauração, a maioria das construções foi severamente danificada através dos séculos, guerras, ocupações estrangeiras e terremotos. Mas são interessantes e especiais de qualquer modo e magnificamente completadas pelos acervos dos museus que regatam detalhes e a exposição ao ar livre e aos vândalos na certa destruiriam.
Em Atenas, alugamos um carro e dirigimos os 350 kms que separam Meteora de Atenas. Viagem interessante, por estradas em ótimo estado de conservação e motoristas bastante educados. Por que ir a Meteora, lugar que ninguém conhece? Não há praia, é longe de Atenas... O motivo reside nos monastérios incrustados em rochas altíssimas nas montanhas gregas, que até neve recebem no inverno. É um cenário muito bonito, flanqueado por duas cidadezinhas bem simpáticas Kalambaka e Kastrakis.
Nos hospedamos no Hotel Meteora Kastrakis, o melhor custo-benefício na viagem. Uma suíte grande, moderna e confortável por 140 euros. Com direito a terraço e vista maravilhosa. É de longe a melhor opção de hospedagem da região. Pela minúscula Kastrakis há restaurantes estilo familiar, bem gregos, com comida deliciosa. Na Grécia, apesar de não se ver vacas, a carne bovina é deliciosa e bem mais barata do que em outros países europeus. Não hesite em pedir hambúrgueres. São muito bons. Pimentões e tomates recheados com arroz são bons acompanhamentos.
Os monastérios podem ser visitados, de carro, em um dia e a pé em dois. Para quem gosta de caminhar, não há exercício mais prazeroso e as trilhas são bem marcadas. Montanhas, desfiladeiros, penhascos, precipícios, cavernas, rochas lindas e desafiadoras. Os monastérios são super diferentes e o clima é de paz total; uma espécie de Tibete grego. Um dos monastérios, em minha opinião o que apresenta localização mais espetacular, o Agia Triada (Holy Trinity) é tão fabuloso que foi usado como cenário para o filme de James Bond, For Your Eyes Only. Confiram e verão do que estou falando. Não é só efeito especial para cinema. Tais lugares existem e valem muito a pena serem visitados. Sua história é fascinante, pois desde o século onze, monges eremitas, fugidos das muitas guerras e perseguições no país, se refugiaram nas cavernas dos penhascos vertiginosamente altos e de acesso muito difícil e aos poucos foram construindo os bonitos monastérios, muitos deles exibindo portentosas obras de arte sacra e murais belíssimos.
Bem, deixamos o mais óbvio para o final: Santorini. O lugar do qual menos gostamos na Grécia e no qual encontramos a maior quantidade de brasileiros. Como nós, talvez desapontados pelo clima “Disney” da ilha, pela falta de espaço nos caros hotéis, pelas hordas de turistas feios, pelos asiáticos promovendo ridículos casamentos no mega-hype por do sol em Oia. E o que dizer das praias? Nada. Para brasileiros uma total perda de tempo. É ou areia grossa fervendo ou pedregulhos gigantes quentíssimos. Escolha! E o mar? Lindo e limpo, mas uma geladeira comparável á Antártida.
Santorini vale a pena ser visitada se o turista estiver instalado a bordo de belos navios de cruzeiro. Param lá, você visita as vilazinhas, tira fotos do vulcão, pode até ver o por do sol que é tão bonito quanto em QUALQUER outro oceano, praia, campo, etc. Faz compras nas portentosas joalherias, adquire souvenires interessantes, almoça ou janta nos excelentes 1800 e Ambrosia (em Oia); em Firostefanis dirija-se ao japonês Ginger, boa opção para variar da cozinha local. Para drinks, aperitivos e clima"balada light", o bar Azur, em Fira, é a pedida; mais descolado e charmoso impossível. Se o tempo der, visite também o Wine Museum, uma experiência deliciosa e uma das poucas coisas tradicionais que restaram na ilha; uma vinícola pertencente à mesma família desde 1870. Sim, porque com o turismo e os poderosos subsídios da União Européia, as coisas milenares e típicas de Santorini praticamente desapareceram. Esqueça o que se vê nos filmes, os agricultores vestidos com roupas típicas, mulas e burricos transportando uvas, festas da colheita, centenas de nativos aproveitando as benesses do ar marinho, da saudável comida mediterrânea, da vida tranqüila. Recuerdos do clássico e poético filme Zorba, o Grego...
O único cultivo da ilha é uva para vinhos; que por sinal são muito bons e visitar as várias vinícolas é um prazer para os apreciadores da bebida. Todo o resto é “importado” do resto da Grécia. Há espaço suficiente para o cultivo de várias coisas e rebanhos (não vimos uma vaca, cabra ou carneiro sequer), mas os locais estão completamente “estragados” pelo dinheiro fácil do turismo e dos subsídios. Uma pena, visto que a ilha tem sido habitada desde tempos pré-históricos e sua história é rica e curiosa. É triste ver dezenas de construções abandonadas, afetadas pela crise que ataca principalmente os países mais pobres da Europa. Gente que tentou investir em ainda mais um condomínio para turistas- se é que isso é possível – e entrou pelo cano.
Voltaria à Grécia. Mas em barco.
Aliás, vai aqui minha dica depois de 12 dias no país: conheça Atenas, alugue carro para Meteora e se tiver tempo, Tessalonica e alguns lugares do Peloponeso. Depois, embarque em cruzeiros pelas ilhas Cyclades ou outros grupos de ilhas, coisa que a Grécia tem de sobra. O turista precisará de um mês de férias e dinheiro, claro. Tal projeto pode ser dividido em dois, por exemplo. Viagem pelo continente e viagem por mar. Pode acreditar: é o ideal.
Santorini, 10 de junho de 2009.
A Mari Emmanuelides, amiga brasileira/grega que me deu boas dicas sobre o país de seus antepassados.
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