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terça-feira, 10 de dezembro de 2019

48 HORAS EM BUENOS AIRES - DEZEMBRO - 2019

48 HORAS EM BUENOS AIRES – 2019 No último fim de semana da curta era não-peronista da trágica história política da Argentina. Escrevo isto no dia que a bruxa Kirchner e seu lacaio voltam ao poder. Que Deus tenha pena deste povo tão sofrido... Deixando este aspecto de lado, como turista de fim de semana, aproveitando a proximidade da capital portenha e suas inúmeras delícias, fui conferir a exposição do nosso Erneste Neto no MALBA. Pequena, concisa, impecável. Fui também verificar se o novo La Cabaña vale a pena (não vale mais, infelizmente), se o Don Julio compensa as filas de espera (compensa) e se o Pecora Nera é tão bom quanto seu irmão Pecora Grill, ambos belos e novos restaurantes na Recoleta. O toque cultural ficou a cargo da opera no Colón, Os Contos de Hoffman, estupenda montagem, um delírio francês e burlesco. Genial. O teatro nesta época oferece limites pela proximidade das festas de fim de ano e Cem Metros Quadrados é uma mistura equilibrada e correta de comédia e drama. O Don Julio, restaurante em Palermo Soho que agora brilha na lista internacional dos melhores restaurantes do mundo segundo a revista Restaurant, (agora a Bíblia gourmet dos foodies, junto ao Guia Michelin), é mesmo uma maravilha e a carne é do outro mundo. Provoleta e panqueca de dulce de leche boas, mas nada fora do comum; a estrela mesmo é o ojo de bife e similares. O cardápio é pequeno, o lugar é do tipo descolado-falso-simples, o serviço e a carta de vinhos estupendos, as filas enormes. Dica: chegar 10 minutos antes do meio dia, fazer um pouco de fila e comer a melhor carne da sua vida. O ambiente é jovem e alegre, muito internacional, repleto de brasileiros, japoneses e americanos. Caro, mas está corretamente a altura do investimento. O Pecora Nera é a versão italiana-chique do Pecora Grill e o cardápio fixo de 3 pratos, vinho, água e café é uma maravilhosa pechincha de 30 dólares por pessoa. Para quem for passar Natal ou Réveillon em Buenos Aires, as ofertas do Pecora são top, por 100 dólares por pessoa. Confiram as fotos no meu Instagram ferniecakes. E viva 2020!

SANTO ANDRÉ - BAHIA - 2019

SANTO ANDRÉ – BAHIA – 2019 Voltei recente, começo de dezembro, tempo maravilhoso, sol não-quente, brisa, perfeição absoluta na praia mais bonita do mundo; retorno do coração. E graças a Deus nada mudou por lá, continua lindo, simples, muito vazio, um paraíso como poucos. De novidade, só a volta da Miki e sua deliciosa cozinha na Pousada do Corsário. O cardápio está diminuto, resultado das infames manchas de óleo na costa brasileira (não vi óleo algum por lá). Miki, japonesa muito cuidadosa, não se arrisca muito nos crustáceos e alguns peixes estão temporariamente banidos. No entanto, o queijo coalho na chapa, levemente adocicado com melaço e tomates cereja continua firme no cardápio, o polvo ao forno é dos deuses, o talharim com camarão grande e abobrinha é correto e o melhor da festa fica por conta da cocada de forno, quente e aromática, bolo fofinho perfumado pelas raspas de limão. Para variar um pouco fui a Arraial fazer compras, comer canudinho de doce de leite e rezar bastante na minha igrejinha amarela e branca. Almocei no Cauim, que sempre amei, mas desta fez me pareceu um tanto caro e descuidado. Tempos bicudos... A única novidade é que me hospedei na Pousada Araticum, lugar que não ia há quase 15 anos (tenho 18 de Santo André). Os quartos maiores, frente ao mar me motivaram, bem como os preços camaradas. Não me arrependi. Voltaria pela simpatia e eficiência do serviço, pela boa cama king-size, o barulho das ondas, a rede no terraço espaçoso, o silencio, o verde, o café da manhã singelo, mas nutritivo. Só não gostei do chuveiro, pouca água e temperatura errada. Ponto a ser corrigido. O tempo parou em Santo André. E é melhor mesmo que não volte a se movimentar...

terça-feira, 19 de novembro de 2019

48 HORAS NA BÉLGICA - BRUXELAS, GANT E BRUGES

48 HORAS NA BÉLGICA BRUXELAS, GANT E BRUGES – COM MUITO CHOCOLATE! Comparar o chocolate suíço ao belga foi a principal motivação para visitar o país, mas a surpresa foi conhecer e querer muito voltar a este pequeno e rico território europeu, que tem bem mais a oferecer do que chocolate, batata frita, waffles e cerveja. Ok, todos estes itens são top e as tais batatas e waffles são mesmo os melhores do mundo. Porém, a história da Bélgica é tão rica, importante e variada que os itens alimentícios e alcoólicos ficam para trás da arquitetura monumental de Bruxelas, do cenário de filme que é Bruges e da vibração e modernidade de Gant. Apesar do pouco tempo, fiz as 3 cidades de trem e deu certo. O aeroporto de Bruxelas, a porta de entrada do país é estupendo e de sua estação subterrânea de trem já se vai com facilidade ao interior, à costa e à capital. Minha primeira parada foi Ghent onde visitei o castelo, bem antigo e central, coisa dos livros de Harry Potter. Tem o audioguia mais divertido e interessante que já ouvi, o que faz do passeio ao castelo uma aventura emocionante. Para entender Gant (ou Ghent), visitem o museu da cidade e suas belíssimas exibições deste entreposto comercial tão importante. O centro histórico é um belo conjunto arquitetônico e comercial e os restaurantes beira rio servem os suculentos mariscos com fritas, marca registrada do país. No dia seguinte, outro trem para Bruges, que é uma miniatura de Gant e em 4 ou 5 horas já se visita quase tudo. Mais museus excelentes e igrejas embasbacantes. A catedral e seu museu anexo são essenciais, bem como o que está montado no local que foi hospital durante séculos. Completo, com farmácia antiga. Não passeei de barco, pois o fim do outono belga não permitiu tal coisa. Do que mais gostei: a pracinha Bejinghof e suas casinhas brancas, igreja fofa com freirinhas de 120 anos dentro, puxando papo, coisa de sonho. Adorei também as lojas de chocolates, marzipã e artesanato, vindas direto de contos de fada. A comida belga é deliciosa e o restaurante em frente à catedral (Maria Van Bourgondie) é francês/belga, perfeito. Sentar dentro, perto da lareira, tomando um Sancerre e saboreando um foie gras é uma experiência sem preço; confortavelmente protegida do vento e chuva lá fora... A ultima parada foi Bruxelas, onde quase enlouqueci com as lojas de chocolates, especialmente as marcas Neuhaus, Elizabeth, Leonidas e Godiva. Tudo muito bem exposto, um sonho calórico brutal, dos deuses... A melhor é a Neuhaus, seguida pela Elizabeth. O fundador da Neuhaus, nos idos de 1800 foi um suíço que inventou o praliné. A Elizabeth e a Godiva vendem marzipãs incríveis e os bombons manon são um arraso de creme e manteiga. Aliás, ingredientes pouco saudáveis como manteiga, creme de leite e banha são transformados em iguarias incomparáveis na Bélgica. Sem falar dos waffles que são leves e crocantes e não precisam de qualquer recheio ou cobertura para serem apreciados. A massa deles é a estrela, não tem igual. No restaurante Arion, perto da rua mais chique de Bruxelas, a Avenida Louiza, comi um dos melhores hambúrgueres da minha vida. Ambiente fino, mas descontraído e pude conferir o vinho belga branco, bastante razoável; num país sem tradição vinícola, onde a chuva quase constante e o cinza impedindo o sol não são favoráveis às uvas. E na terra da cerveja Stella Artois só tomei vinho! Bruxelas vale fácil quatro ou cinco dias inteiros de visita, principalmente para quem gosta de museus de arte, história, palácios, galerias e antiquários. É um paraíso de riquezas infinitas, isso fora os parques enormes e bem cuidados, teatros, vida noturna animada e muito mais. É, fácil, uma das capitais mais bonitas da Europa e de tranquilo acesso e mobilidade. Recomendo, de cara, os dois tours dos ônibus turísticos Hop On Hop Off para se ter uma idéia da cidade, cujo traçado não é óbvio e nem plano e considerando o tamanho, cerca de 1.4 milhões de habitantes. Só na sede da União Europeia, atração turística das mais interessantes, trabalham 40.000 pessoas. É, literalmente, o coração, a capital da Europa. E voltando aos chocolates. São melhores do que os suíços? Não. Meu país adotivo ainda ganha em escala, qualidade e refinamento. Os belgas não tem nada, nem sequer parecido, com a Lindt e muito menos com as trufas suíças Teuscher, Brändli e Vollenweider. Mas, na certa, é o segundo melhor chocolate do mundo. E o número um em termos de marzipãs, waffles, batatas fritas, mariscos e lojas de confeitos belíssimas e variadas. Nunca vi um free-shop tão sortido de chocolates alucinantes e nunca vi vitrines tão chamativas e apetitosas em minha longa vida. Pobres diabéticos... Zurique, 19 de novembro de 2019.

domingo, 17 de novembro de 2019

Colonia del Sacramento 2019 - Uruguai

COLONIA DEL SACRAMENTO 2019 – URUGUAI Consegui voltar a esta pequena cidade uruguaia da maneira mais fácil que existe que é cruzando, de Buenos Aires, o enorme Rio dela Plata. Longe de Montevideo, perto da capital argentina. Curta e agradável travessia no BUQUEBUS, uma balsa confortável e barata, saindo de Puerto Madero, mais fácil impossível. Mas, dica preciosa: comprem BUSINESS se quiserem vistas e conforto. A tarifa turista é barata, mas lotada e sem vista, apesar das confortáveis poltronas. Não esqueçam o passaporte ou carteira de identidade, pois Uruguai e Argentina são países diferentes e há procedimentos de imigração; fáceis na Argentina, chatos e longos na saída do Uruguai. Colonia continua linda e preservada e desta vez visitei a pequena e charmosa igreja, caminhei mais pela orla, curti o rio num restaurante ruim, mas divertido, tomei um ótimo tannat a preço extorsivo, saboreei o mesmo sorvete do Freddo argentino a ridículo preço uruguaio, bem mais caro, curti tudo em horas ensolaradas e tranquilas por ali. Não sei dizer porque gosto tanto de Colonia e seus poucos quarteirões do centro histórico, mas o lugar tem uma luz especial, um a paz diferente, uma sensação túnel-do-tempo, uma conexão do coração e do espírito, difíceis de encontrar. O verde da linda vegetação é mais verde por lá, o farol é imponente, as pracinhas bucólicas, o comércio é charmozinho, os museus são micro e não muito interessantes, sei lá... Talvez seja minha alma portuguesa, afinal de contas descendo diretamente de Brás Cubas, o fundador de Santos. Colonia foi fundada por portugueses e a mescla com a arquitetura espanhola traz uma nostalgia especial, ecos dos meus antepassados desbravadores e pioneiros. Preciso voltar ainda uma terceira vez para explorar a parte moderna, que parece bonita, com suas casas bacanas de veraneio. Fica para a próxima vez que visitar Buenos Aires e quiser paz. Zurique, 16 de novembro de 2019.

BUENOS AIRES 2019

BUENOS AIRES 2019 Peronista ao não, Buenos Aires ainda é um delicioso, fácil e barato destino para nós brasileiros, paraíso onde nosso sofrido e combalido real vale 15 vezes mais do que o moribundo peso. Portanto, aproveitem antes que acabe, pois o temerário Alberto Fernandez toma posse no dia 10 de dezembro próximo e tudo pode mudar. Por enquanto, as coisas continuam ótimas: carnes, vinhos, dulce de leche, alfajores, artigos de couro. Espetáculos teatrais idem, museus apresentam exposições de peso e as ruas continuam muito animadas. Com a moeda argentina derrotada, o numero de turistas estrangeiros só cresce e dependendo da hora que o voo chega a Ezeiza, as filas na imigração podem ultrapassar duas horas. Chato, mas o aeroporto sofre grande reforma e o público paga o pato. Espero que compense, visto que ir a Buenos Aires atualmente compensa muito. Veremos por que: 1- Restaurantes finos custam metade dos similares de São Paulo ou Rio. Destaque para o maravilhoso Piegari e sua entraña campeã, para o Pecora Negra e seu menu fixo de almoço durante a semana, incrivelmente barato. Idem bom e barato é o tal menu fixo do Elena, a churrascaria chique do hotel Four Seasons. O Tomo I continua maravilhoso, mas não é pechincha; mesmo assim, mais em conta do que os nossos gourmet. Como também não é pechincha, por se ultra descolado e com comida maravilhosa, o Casa Cavia, pertinho do Malba. 2- Hotéis continuam caros, mas Airbnb e Home Away apresentam boas soluções de hospedagem a preços bem baixos. Ficar em apto confortável e bem decorado na Recoleta sai por volta de 100 reais por dia. 3- Museus são, ou de graça ou com ingressos a 20 reais. Sem pagar nada se pode admirar as obras do inicio de carreira do artista Julio Le Parc, no museu de Belas Artes, numa mostra temporária e sem precedentes. A atual exposição sobre moda, no Arte Decorativo, no sensacional Palácio Errázuriz, veio direta de Londres e é muito interessante. Ernesto Neto, nosso grande artista, inicia agora 29 de novembro, até começo de fevereiro (10), uma mega exposição no Malba. Sessenta peças em uma bela retrospectiva de quarenta anos de carreira! 4- O Teatro Colón continua apresentando, Argentina quebrada ou não, artistas do porte da violinista alemã Anne Sophie Mutter, das irmãs Labéque, aquelas geniais pianistas francesas, de operas fabulosas como Os Contos de Hoffman. Dependendo da apresentação, as entradas têm preços razoáveis. E se não tiverem, são piada perto de Nova York ou Londres. 5- Vi recentemente uma montagem argentina de Cabaret, no Teatro Liceo, que por si só já vale a visita, pois é um cenário de teatro vivo, o verdadeiro cabaret de variedades a moda antiga. Bailarinos e cantores argentinos muito melhores do que a ultima montagem que vi na Broadway, com Alan Cumming e Emma Stone. 6- Preços de bons artigos de couro são, como sempre, altos. Os mocassins do Guido continuam chiques, mas os valores acompanham o dólar. As livrarias que fazem de Buenos Aires o último lugar do mundo em que elas reinam absolutas, seguem tabelas internacionais. Para quem lê bem em espanhol, a Waldhuter é obrigatória. 7- Os sorvetes de doce de leite do Freddo estão mais fabulosos do que nunca, melhores do que qualquer gelatto italiano. Por estas e por outras um fim de semana prolongado na cidade é um bom uso de milhas aéreas cada vez mais difíceis de trocar. Como há muita concorrência nos voos para Buenos Aires, as companhias de aviação quase dão de graça as tais passagens. Repito: vá antes que acabe! Zurique, 17 de novembro de 2019.

sábado, 16 de novembro de 2019

SANTO ANTONIO DO PINHAL, CUNHA E PARATY - SETEMBRO 2019

SANTO ANTONIO DO PINHAL, CUNHA E PARATY. Semana romântica – viagem de carro Nos últimos dias de setembro, 2019, lá fomos de carro a estas três cidades numa viagem ensolarada e bem sucedida. Na primeira, que já conhecia, nem saímos da confortável Pousada do Cedro, seu ótimo restaurante, deliciosa piscina, bangalô aconchegante, lareira, trilhas e piscina relaxante; um programão de fim de semana. Pena o preço, que é a praga do turismo brasileiro... De lá fomos a Cunha, que apesar de feiosa compensa pelo belo visual montanhoso da região, pelas cerâmicas, gastronomia e hospedagem. É uma boa maneira de quebrar o longo percurso até a litorânea Paraty e conhecer um pouco mais do Brasil. Destaque para o restaurante Veríssima, comida deliciosa a preços camaradas e parabéns ao Latitude Eco Lodge pelos chalés charmosos, limpos, confortáveis e preços pagáveis. Foi a parte da viagem mais em conta. No dia seguinte, partimos rumo a Paraty e seu charme único. Um lugar de praia onde a praia está bem longe de ser a principal atração. Fazia muitos anos que não ia a esta importante cidade histórica e muito me surpreendeu o crescimento ordenado do lugar, qualidade dos serviços e grande numero de turistas estrangeiros. A parte antiga continua preservada, boas opções de entretenimento, quatro noites felizes por lá, mesmo com a escolha de um hotel que já foi o melhor da cidade, mas agora não recomendo pelo estado de manutenção ruim e serviço questionável. Fuja da Pousada do Sandi, não economize e invista na cara e linda Pousada Literária. Adoramos o restaurante e a livraria e adoraria voltar na época da Flip, a famosa festa cultural da cidade. Esta pousada é também dona da Fazenda Bananal, fora da cidade, mas bem pertinho, no inicio da estrada linda pela mata Atlântica que leva a Cunha. Esta antiga fazenda caía aos pedaços, quando os novos donos compraram, reformaram e transformaram o lugar em projeto ambiental sério, regate histórico importante e restaurante de respeito. Imperdível. Assim como não se deve perder a chance, por nada neste mundo, de conhecer o restaurante francês Le Gite d`Indaiatuba, um pouco mais afastado, também no meio da floresta e eternamente comandado pelo chef-proprietário Olivier. É uma genialidade de comida francesa “acariocada” em ambiente florestal incrível; no meio das árvores enormes, um cenário até escuro por causa da vegetação densa; requinte dentro do mato, genial. Outra coisa exclusiva de Paraty. Para quem gosta de teatro de marionetes o espetáculo típico no teatro da cidade é muito profissional. Todos os hotéis vendem entradas e dão informações. Fomos, mas como não gostamos deste tipo de espetáculo, não posso nem julgar, avaliar qualidade. É muito respeitado internacionalmente, portanto vale o original da experiência. Mas talvez o mais típico e importante fora do centro histórico, seja mesmo o tradicional passeio de barco pelas belas ilhas da costa. Quaisquer dos vários barcos do pequeno porto oferecem passeios de preços e durações variadas. Recomendo ilhas sem musica e escunas grandes. Tivemos sorte e nosso barco não foi caro e nos levou a lugares bonitos e tranquilos. Foi a única coisa que pedimos ao marinheiro: tranquilidade. Foi o que tivemos, com tempo bom e calma. Mar verde, claro, piscinão transparente, peixinhos, parada em ilha bacaninha para pastel e caipirinha, uma delícia! Nem pegamos carro para as praias próximas. Só curtimos o mar, a cidade, a história, a alegria e animação de um dos lugares mais atmosféricos do Brasil. Zurique, 16 de novembro de 2019.

CURITIBA E GRAMADO - SUGESTÕES PARA AS FESTAS, VERÃO E CARNAVAL. E VIVA 2020!

CURITIBA E GRAMADO – BOAS OPÇÕES PARA NATAL, ANO NOVO, CARNAVAL E FÉRIAS DE VERÃO As datas acima são sempre caras e controversas, lotadas, suadas, disputadas, fontes infinitas de bastante frustação para adultos e crianças. Mas não precisa ser assim se pensarmos no Brasil como o país gigante e maravilhoso que é, não só um enorme balneário onde turismo se resume a praias e ponto final. Nosso país tem bem mais a oferecer e sugiro uma combinação cultural-gastronômica para adultos e parques/festas temáticas para crianças e adolescentes. Curitiba, minha capital brasileira favorita, apresenta sua 14ª Bienal até o começo de março, no maravilhoso museu Ocar Niemayer. Magnificamente planejada e com uma curadoria de primeiro mundo, o tema central é Fronteiras em Aberto e o diálogo intercultural entre os BRICS. As mostras da China, Rússia, Brasil, Índia e África do Sul são sensacionais e unem o artístico entre estes cinco países tão grandes, tão geograficamente distantes e tão diversos, de maneira harmoniosa e didática. Como a área do museu é adjacente a um parque lindo e florido, crianças podem se divertir também e brincar com os muitos cães que ali passeiam com seus donos, pois há uma área específica para os amigos de quatro patas. Aliás, parques e áreas verdes, totalmente grátis, são uns dos pontos fortes de Curitiba. Limpos e organizados. Hospedagem em Curitiba é ótima e barata, o Blue Tree Towers Batel é um tremendo custo-benefício e ali pertinho há um dos shoppings mais legais do Brasil, o Pátio Batel, com várias opções gastronômicas, compras e entretenimento. O restaurante Pobre Juan ali é o melhor da rede e o Terra Madre, a poucas quadras dali, continua divino. Numa mesma viagem pelo sul do Brasil, pode-se combinar Gramado e um sem numero de atrações infanto juvenis, especialmente de outubro a janeiro, com o esplendor do Natal Luz. O show musical do lago, totalmente remodelado, está verdadeiramente espetacular e uma nova pizzaria temática, a Hector, faz a festa da garotada, com uns toques castelo medieval e muitos dragões. Para os adultos, os restaurantes continuam excelentes, os hotéis idem, os parques naturais para esportes ao ar livre, pistas novas de ciclismo e a época da floração das hortênsias que torna tudo azul e rosa de Gramado a Canela. Isto sem falar das vinícolas e roteiros do vinho não muito longe dali. Provei novos rótulos da Don Laurindo, o tannat Reserva e o blend Reserva 2015 (MALBEC, TANNAT E ANCELLOTA), que estão comparáveis aos melhores argentinos, chilenos e uruguaios. Em tempos de orgulho nacional diminuído, nossos vinhos são motivo de orgulho genuíno, justificado e delicioso “consolo etílico”! Difíceis de encontrar fora do Rio Grande do Sul, estes vinhos são comuns nas lojas e restaurantes de Gramado. Destaque especial para a aconchegante Cantina Nonno Mio, que conta, além da comida deliciosa, com uma carta de vinhos e adega de respeito. Outro restaurante cuja cozinha cresceu e agora figura entre as melhores da cidade, é o restaurante do hotel Ritta HÖPPNER. Cozinha variada, com forte viés alemão, sua carta de vinhos é também poliglota e bem escolhida. Este programa-sul que acabei de descrever é de fácil acesso (Curitiba tem o melhor aeroporto do Brasil e o de Porto Alegre, totalmente remodelado, não fica atrás), sem multidões frenéticas e calor insuportável e preços confortáveis. Gramado pode ser mais caro até 25 de dezembro, mas os preços caem bastante depois disto, principalmente de meados de janeiro até a Páscoa. Curitiba é sempre estável por não ser destino turístico óbvio e se der vontade de água o aeroporto é muito conveniente para as Cataratas do Iguaçu, não muito longe dali. Além de adorar estes lugares e ir a eles com frequência, o que me motivou a escrever este artigo e postar minhas belas fotos recentes nas minhas contas do Instagram e Facebook, foi um e-mail que recebi a poucos dias de um hotel de praia em Santa Catarina. Conheço o lugar, é bom e bonito, mas fiquei horrorizada com os preços dos pacotes de Natal, que vão de R$ 16.000,00 a R$ 48,000,00 por quatro dias e Réveillon, cinco dias, de R$ 34.000,00 a R$ 100.000,00!!! Será que o Brasil virou as Ilhas Maldivas e não me avisaram? Zurique, 16 de novembro de 2019

sábado, 3 de agosto de 2019

48 HORAS NO TICINO - SUÍÇA ITALIANA - AGOSTO 2019

48 HORAS NO TICINO – SUÍÇA ITALIANA AGOSTO 2019 Havia muitos anos que não ia a Lugano, alguns menos a Ascona, que no verão europeu ferve com atividades, festivais de cinema e muita musica, parecendo que toda a Europa se dirige ao sul da Suíça, fronteira com a Itália, a caminho de Milão, para curtir férias e bons programas. E não é para menos, pois as belezas naturais e a ótima infraestrutura turística são bastante atraentes. Desta fez voltamos à minúscula Vernate, onde não tinha estado há 18 anos. O povoado medieval de ruelas estreitas e boas osterias oferece magníficas vistas do Lago di Lugano e suas águas muito azuis. As montanhas ao fundo são gigantescas e aportam um contraste bonito com a serenidade do lago. De lá se alcança facilmente a fronteira com a Itália e fazer compras em Ponte Tresa é uma delícia, sem falar dos limoncellos a beira do lago... Apesar destas belezas urbanas e repletas de civilização, não muito dali, bem perto de Locarno, visitamos vilarejos de montanha, como Fusio e Mogno, que verdadeiramente nos encantaram. O acesso é por ótima estrada, mas as curvas exigem bons e experientes motoristas, não é coisa para iniciantes, pois tais lugarejos parecem dependurados em penhascos monumentais. O verde brilhante, o frio, a bruma, o musgo, aquela atmosfera intensa de cenários como os do filme O Senhor dos Anéis, faz de Fusio e Mogno, um passeio maravilhoso. Primeiro, porque se escapa do burburinho e calor do verão e se mergulha nas trevas da idade média em menos de duas horas e o contraste é impressionante. Restaurantes bem típicos instalados em grutas, lojinhas de beira de estrada oferecendo os produtos locais, salames e tortas de nozes, queijos celestiais. Mogno tem uma arquitetura adorável com suas casas de pedra e telhados também de pedra e ali o principal atrativo, além delas e da natureza impressionante, é a mini-igreja projetada pelo famoso arquiteto Mario Botta, um primor de arquitetura arrojada num local que abrigou uma igrejinha do século 15, destruída pelo fogo. As duas imagens que restaram, um Cristo na cruz e uma Nossa Senhora com o Menino Jesus são doces lembranças de um passado remoto. O teto de vidro filtra uma luza perfeitas nas imagens e parece dar vida à construção austera em granitos cinza claro e escuro. Ainda um pouco mais perto das nuvens há dois quilômetros dali, a pequena Fusio também encanta pelo colorido alegre, bem italiano, de suas construções, pelas pinturas artísticas nas paredes externas das casas e pelo lindo Hotel Fusio, de uma elegante senhora suíça, de Berna. Ela mantém ali uma mini operação de um hotel com doze quartos e um micro restaurante bem decorado, elegante e com comida divina. O tiramissu é uma perfeição absoluta, receita original com biscoitos champanhe embebidos em limoncello e a batata rosti servida em frigideira chique, de ferro e acompanhada por lustrosos ovos fritos, bacon e cebolas, já é, por si só, mais do que motivo para ir a Fusio. Nesta parte da Suíça italiana, há inúmeros povoados como estes e uma semana dirigindo por lá, fazendo trekking nas desafiadoras trilhas, comendo e dormindo bem, é um programão. Tudo só abre de abril a outubro e uma combinação Ascona, Lugano, Locarno e montanhas nas cercanias é uma maneira diferente e maravilhosa de conhecer um pedaço do paraíso terrestre. Zurique, 03 de agosto de 2019.

segunda-feira, 29 de julho de 2019

48 HORAS EM MUNIQUE - JULHO 2019

48 HORAS EM MUNIQUE – JULHO 2019 A capital da Alemanha é Berlin e a capital informal é Munique, uma cidade riquíssima não só em grana como em importância histórica. Capital da Baviera, o estado mais afluente da Alemanha, Munique encanta por sua arquitetura monumental, suas inúmeras e extraordinárias igrejas católicas, as cervejas supostamente melhores do mundo, lojas de um luxo indizível e, claro, aqueles carros que todos cobiçam. Minha primeira vez ali, por apenas 24 horas, visitando uma ex-aluna que se mudou definitivamente para lá. Priorizei castelos e museus relacionados com o poder alemão. Da dinastia de reis, Wittlebach, ao Nacional Socialismo de Hitler. Meu primeiro museu foi o embasbacante e gigantesco Residenz, um dos palácios mais impressionantes que já visitei. Foi sede de governo e casa real por mais de 400 anos e apesar dos estragos das guerras, conserva a majestade e os tesouros de eras perdidas. No dia seguinte, tomei um trem até Prien, uma hora de deliciosa viagem e paisagens bucólicas, até o majestoso lago, Chiemsee. Ali percorri atônita o palácio do rei Ludwig II, Herrenchiemsee. Este Ludwig é aquele primo da Sissi, imperatriz austríaca, que construiu aquele castelo no topo da montanha, também na Baviera, Neuschwanstein. Aquele mesmo no qual a Disney se inspirou para criar aquela cópia de pobre, o castelinho da Cinderela. Comparado aos deslumbres das várias mansões de Ludwig na Alemanha, o da Disney é um barraco... O passeio até Chiemsee é de dia inteiro e envolve trens, caminhadas, barcos e carruagens e deve ser feito em dias de tempo seco, preferivelmente com sol, para obter fotos de um dos lugares mais belos deste nosso sofrido planeta. A ilha, Herreninsel, onde se situa o palácio, oferece ainda antiquíssimo mosteiro católico, igrejinha de pedra, trilha de nove quilômetros por bosques de sonho e um ótimo restaurante típico onde me deliciei com aquele nhoque alemão, o spaezle. Ao ar livre, olhando para aquela vista... Assisti a opera Andrea Chenier encenada no Teatro Nacional, com uma equipe de cantores de nível impensável, num dos berços mundiais do canto lírico. O teatro é maravilhoso e a acústica perfeita. Atrás do teatro, a alegria do Brenner Grill no verão, lotado, com comida moderna e gente bonita. Pena a decepção com a caríssima loja de alimentos finos e seu belo restaurante, Alois Dallmayr. Tudo o que comprei não vale a fama e preço e o restaurante tem serviço lento e comida sem graça. O melhor mesmo foi o fantástico restaurante Tian, localizado bem em frente ao Viktualienmarkt. Vegetariano e estrelado pelo Michelin, prova que vegetais e frutas podem ser transformados em delícias gourmet de primeira ordem. Flores de abobrinha anã recheadas com polenta, sopa de abacate com espuma de coco, salgada; capeletis com queijo fresco e molho de brócolis, panna cotta de morango e feijão, divina. Tudo bem acompanhado por champagne rosé para enfrentar o calor dos últimos verões europeus. Restaurante inesquecível, não só pelas delícias, execução e originalidade, bem como o serviço amável e a bonita decoração. O mercado acima citado é uma festa de frutos do mar, frutas e verduras, queijos, salsichas, pães de mel. Tudo em meio à sombra de castanheiras, ambiente alegre e ótimos lugares para experimentar as delícias a venda. O destaque é o restaurante de frutos do mar, Nordsee, mix de peixaria e restaurante. Não muito longe dali, comprei meus amados chocolates belgas Neuhaus em minha primeira loja de luxo da marca, uma festa de aromas e sabores estonteantes. Para os chocólatras como eu, conselho valioso: os confeitos de cacau na Alemanha não são bons. Invistam nos marzipãs, estes sim, perfeitos. O toque triste da história mais recente desta velha cidade, ficou por conta do museu dedicado à história do Partido Nazista. Um museu moderno, localizado numa construção moderna e austera, erguido sobre as ruínas da sede do partido de Hitler. Munique e a Baviera, infelizmente apesar de tantas belezas e riquezas, foram o berço incontestável do nazismo e nas cruas palavras do grande escritor alemão, Thomas Mann: “Munique é a cidade de Hitler, a cidade da suástica, o símbolo de desafio popular e de uma aristocracia étnica cuja conduta é tudo, menos aristocrática”. Numa próxima vez percorrerei diversos museus de arte e história, pois a importância da cidade como centro cultural não pode ser subestimada. Também ficou para a próxima o outro palácio de Ludwig, Nymphenburg, onde o excêntrico e gastador rei nasceu. Visitei sua tumba na igreja de São Miguel. Outras seis igrejas completaram o périplo religioso e no futuro a jóia barroca dos irmãos Asam será prestigiada. E mesmo sem ir a Oktober Fest, irei a uma cervejaria típica e conferirei o que faz de lá a capital mundial desta bebida tão popular. Zurique, 29 de julho de 2019

domingo, 21 de julho de 2019

48 horas em Paris - Julho 2019

48 HORAS EM PARIS – JULHO 2019 Por onde começar? O que fazer em tão pouco tempo numa cidade tão linda, tão rica e que tem tanto a oferecer? Difícil... Mas como o objetivo principal era visitar uma aluna querida, as escolhas ficaram mais por conta deste feliz encontro no D’Chez Eux, restaurante clássico parisiense. Um magnifico jantar com vista deslumbrante para a cúpula dourada do Invalides, numa bela e ensolarada noite do verão europeu. Tradicionais escargots, patês, galinha ao molho de morrilles, sobremesas encharcadas de licores com altos teores alcoólicos, vinho tinto Sancerres e outras maravilhas. Vale o investimento por uma refeição que é uma verdadeira viajem no tempo através dos pilares da melhor culinária do mundo. E este foi o único restaurante que visitei desta vez, pois decidi explorar confeitarias finas e padarias idem no pouco tempo que me restava. Escolhas que me levaram a Angelina, instituição nobre da cidade desde os idos do início do século passado. O doce de castanhas, Mont Blanc, em versões cereja e natural não pode ser mais divino e lá provei os croissants melhores do universo, nuvens amanteigadas que devem ter sido inventados por algum anjo celestial... O café Angelina ao lado do Musée du Luxembourg, no parque lindo, de mesmo nome, é um oásis de paz numa manhã de terça feira e a fofa lojinha da marca, na rue du Bac oferece ainda mais opções de maravilhas, inclusive uma mini versão do portentoso Mont Blanc. Desta fez conheci uma outra instituição francesa, que é uma padaria misturada à confeitaria, que se chama, de modo geral, Viennoiserie; na certa devido à forte influencia austríaca deste modelo de negócio. Tudo feito ali mesmo, fresquinho, aromático e fumegante, ao lado do pequeno Hotel Max, um boutique chique-simples na rue D’Alesia, 14 arrondissement. Pães enormes e fumegantes, tortas de frutas maravilhosas. E tudo por acaso, pois este bairro é afastado do centro e nunca tinha estado na região. Calmo, só franceses por ali, vibe total de bairro, sem turistas. Cineminhas deliciosos, manicures chinesas e coreanas, transito leve, preços mais módicos que os em geral altíssimos de Paris. Ali perto, o toque cultural do Institut Giacometti, um bela casa em estilo Art Nouveau com compacta mostra das obras do grande escultor suíço. A poucos passos, a impactante Fondation Cartier, toda em vidro em meio a um bonito jardim onde vi uma exposição sobre árvores, extremamente interessante e repleta de artistas brasileiros, inclusive índios ianomâmis. Novidade também para mim foi o Atelier des Lumiéres, uma ideia poética e original de instalar um centro de artes numa antiga fábrica e ali projetar em todo o espaço, quadros de Van Gogh com música tocante e efeitos que fazem com que a plateia, ali espalhada por todo o espaço, faça parte dos quadros. O efeito é ao mesmo tempo emocionante e agradável, como se todos fossem parte de um mesmo sonho, coletivo. No Teatro Mogador, uma encenação do ballet Carmem em versão vanguardista de uma excelente companhia espanhola. Os cerca de quinze quilômetros de intensas caminhadas por Paris em um só dia me levaram também ao setor gourmet das famosas Galeries Lafayette e aos múltiplos andares de comidas alucinantes. Não há melhor definição para o termo “templo gastronômico”! Destaque para a seção de foie gras e trufas, a dos chocolates, queijos e especialmente, ao balcão dos marrons glacés e confeitos finos do moderníssimo chocolatier Jean Paul Hévin. Como sempre, o Musée D’Orsay lidera no quesito exposições e as mostras de Berthe Morrissot e a dedicada aos negros na arte dos dois séculos passados, são maravilhosas. Desta vez, as filas que atormentam o museu estavam mais amenas e as multidões menos intensas. Não há limite de quantas vezes se pode ir a Paris e não deixar de se maravilhar com a arquitetura sublime, os parques bem cuidados, gente interessante, vitrines apetitosas, um sem numero de opções de lazer, cultura por toda parte. Paris é mesmo uma festa, ainda mais no verão quando o rio Sena vira praia e o sol faz as cúpulas douradas inspirarem ainda mais. Demorei nove anos para voltar a Paris, mas espero que a próxima vez não esteja tão longe... Zurique, 21 de julho de 2019.

sábado, 13 de julho de 2019

48 horas em LONDRES - julho 2019

48 HORAS EM LONDRES JULHO 2019 Não ia a Londres há mais de 20 anos e dois dias na fabulosa capital inglesa são melhores do que nada e com o delicioso pretexto de visitar uma querida amiga, fiz um bate-volta de Zurique muito proveitoso. Com o Heathrow Express, um trem ótimo que vai do aeroporto ao centro em 15 minutos, cheguei à estação Paddington e de lá andei cerca de uma hora e quinze até meu hotel, muito bem localizado em Bloomsbury, perto do Soho e do West End, a Broadway britânica. Chegar a uma grande capital e caminhar de cara é uma maneira que encontrei de mergulhar nas vibrações da cidade rapidamente, imersão total. Só com uma leve mochila é um projeto saudável e viável. Principalmente no inicio do verão inglês, em dias ensolarados e secos. Como o objetivo da rápida viagem era a amiga e a cidade, optei por um hotel baratinho e bem localizado, que valeu muito a pena. Feio e muvucado, o Royal National é ótimo custo-benefício para quem só dorme e toma banho, que foi meu caso. Caminhadas, teatros e bons papos dominaram e deu até tempo de ir ao cabeleireiro e manicure. Minha amiga me ofereceu um jantar num restaurante italiano, Frescobaldi, muito agradável e descolado, pertinho da Regent’s Street. Comida italiana correta, ambiente romântico, boa carta de vinhos, iluminação suave, semi-ar-livre raro na cidade. Voltei ao Criterion, no Picadilly Circus, mas apesar do salão imponente, não é o mesmo de seu glorioso passado. Vale para um almocinho rápido, de passagem por ali. O que vale mesmo em termos gastronômicos é a seção de alimentos finos da maravilhosa loja Harrod’s, indicação preciosa de minha amiga, há quase dois anos morando na cidade. As peças The Lehman Trilogy e Bitter Wheat deram o toque cultural-sensacional à viagem; a ultima estrelada por John Malkovich, distante dos palcos britânicos há mais de 30 anos. Voltou com força total na estreia mundial da mais nova peça de David Mamet que não pode ser mais atual, ácida e contundente, tratando do tema espinhoso do assédio sexual na indústria cinematográfica. Ambas imperdíveis. Para os amantes do teatro, aqui vai a dica: os espetáculos em Londres tem o mesmo nível de qualidade dos da Broadway e custam a metade do preço cobrado em Nova York. Não sei por que, visto que as salas são de tamanhos equivalentes, tudo no mesmo nível ou até superior aos americanos. Vale a viagem! Manicure no Soho, Cucumba, depois de corte no profissionalíssimo coiffeur Smith s, ambos na linda Poland Street, na parte mais chique do Soho; que é um bairro divertido, perfeito para caminhar e ver gente. Bares, restaurantes, teatros, sex-shops, tudo misturado e vibrante. No quesito bar e gente bonita, a brasserie em frente ao National Theater é perfeita. Soho rocks! Museu só deu um, o National Portrait Gallery, que é um show e onde vi uma exclusiva da artista contemporânea americana, Cindy Sherman. O London Eye deu o toque parque-de-diversão da temporada e compensa pagar as 40 libras do Fast Track, derrotando as filas enormes da roda gigante mais famosa do planeta e maravilhando-se com as vistas da cidade. Resumo e conclusão das 48 horas: Para uma andarilha contumaz como eu, Londres é uma festa e nada bate as horas percorrendo tudo a pé, sons, cheiros, cores, arquitetura imortal, alegria dos locais no verão, gentileza dos mesmos, turistas embasbacados com a mescla de moderno e antigo que faz de Londres, a maior cidade da Europa, um patrimônio cultural eterno. A encruzilhada do melhor do mundo ocidental. Para Fabiana, BSE. Zurique, 13 de julho de 2019.

sábado, 29 de junho de 2019

WASHINGTON E NOVA YORK - MAIO 2019

WASHINGTON E NOVA YORK – MAIO 2019 Dobradinha perfeita que já tinha ousado há cinco anos e agora aperfeiçoada com o trajeto de trem da capital americana até minha amada “cidade que nunca dorme, a Big Apple do meu coração”! O trem faz mais sentido do que o avião, pois é uma experiência alegre e relaxante, passa por vários estados americanos, os assentos e espaço para pernas bastante generoso, nada de stress no embarque e desembarque, saindo da belíssima Union Station em Washington e chegando à horrenda mas funcional Penn Station, bem no centro de Nova York. Tempo total contando aeroportos, táxis eoutras chatices, o trem é mais barato e agradável. Washington na primavera é um show de verde e alegria, ainda não muito quente, temperaturas civilizadas e ensolaradas. Caminhadas inesquecíveis pelo National Mall podem levar até a Marina, onde bons e movimentados restaurantes a beira do rio Potomack fervem de gente bonita. Como é o caso do badaladíssimo Kith and Kin, com excelente comida de influencia asiática. Caro, mas ambiente e localização valem o investimento. Em Georgetown, em meio ao charme do bairro mais bonito da cidade, o Peacock Café é outro lugar jovem e descolado, burguers inesquecíveis. Para quem gosta de caranguejo, os crabcakes do Bobby Van’s em frente ao hotel Sofitel são uma benção. No campo cultural vale destacar o maravilhoso e interessantíssimo museu African American, cuja arquitetura propositalmente estranha e escura contrasta com o branco da construções clássicas do lugar. Curadoria perfeita, conta a história dos negros nos EUA e a parte dedicada aos escravos é tocante, propositalmente localizada no porão do museu. Perto da Casa Branca a pequena e elegante Renwick Gallery dá o toque fino e artístico ao passeio e não longe dali o Newseum conta a história da imprensa pelo mundo e em particular, nos EUA. Vídeos e fotos contam a cobertura de várias guerras e conflitos pelo mundo e a luta por liberdade e democracia. Há setores interativos que demandam mais tempo no museu e são imperdíveis. Em Nova York, a novidade fica por conta do quase terminado Hudson Yards, no fim da High Line. O sensacional complexo arquitetônico envolvendo residências, escritórios, áreas públicas de lazer, teatro gigante e o shopping Center mais bonito da cidade, torna a já bombada High Line um lugar mais atraente ainda, se é que isso é possível. Num lugar caro como Manhattan, o Hudson Yards é uma chance de passeio grátis e divertido. Novo para mim também foi o Rubin Museum, que descobri por acaso, andando pelas deliciosas ruas de Chelsea. Pequeno, bonito, dedicado à arte da região da cadeia dos Himalaias, acervo fantástico e extremamente bem exposto e iluminado. Completo com bom restaurante e linda loja. Continuo explorando os arredores da imensa cidade e desta vez me encantei com o Storm King Arts Center e a Glass House de Philip Johnson. O primeiro, imenso parque de esculturas na região de Beacon, a mesma do Dia Art Center, trajeto fácil de trem da Grand Central. Só abre parte do ano, tudo é ao ar livre, portanto verificar a previsão do tempo é essencial. Passeio de dia inteiro, lugar maravilhoso. Há restaurante simpático e alguns food trucks. Caminhar ou bicicletar são essenciais para explorar tudo, considerando-se que o trenzinho tipo estacionamento da Disney, não chega perto de esculturas escondidas a beira de riachos ou dentro das densas florestas. A Glass House que o famoso arquiteto americano, Philip Johnson projetou é um lugar histórico num bairro residencial deslumbrante em New Canaan, uma cidadezinha super charmosa e chique em Connecticut. Possível de trem da Grand Central, mas é necessário fazer rápida baldeação numa outra cidade ali perto. É coisa para quem lida bem com trem e neste caso, percurso de quase duas horas, delicioso. Só há visitas guiadas, muito interessantes e é também passeio de dia inteiro e deve-se incluir almoço no lindo centrinho, pois na propriedade onde fica a Glass House, não há comes e bebes. Agendar é essencial pelo fato de cada tour levar apenas oito participantes e como o Storm King, só abre parte do ano. Na área gastronômica de Nova York, nada de novo para mim e repeti com alegria o Flora Bar, o Oyster Bar e o Serafina. Para café da manhã a qualidade dos imensos croissants de amêndoas do Pret a Manger me impressionou, bem como as doces delícias da padaria podre de chique, Maison Keyser. Ambos em Midtown. Novidade entre museus de Manhattan, o Dog Museum é um pega trouxa terrível. Nem para os fanáticos por cães serve. Fuja! Zurich, 29 de junho de 2019

quarta-feira, 15 de maio de 2019

SANTIAGO DE CHILE - SURPRESA MAIO 2019

SURPRESA SANTIAGO – A CAPITAL CHILENA DECOLOU! MAIO 2019 Junto com o país, que é agora, de longe, o mais desenvolvido e decente da América Latina. Parabéns ao povo chileno que soube sair do marasmo social e econômico. Introduzo estas ideias, pois apesar de amar o Chile e ter estado lá muitas vezes, detestava a capital, que sempre achava feita e chata, tão pior do que a esplendida Buenos Aires. Isso sem contar as quase quatro horas de voo que separam São Paulo de Santiago. Na última vez que estive lá, há cinco anos e meio, minha impressão sobre a cidade começou a mudar. Agora então, adorei! Por quê? 1- Limpeza. Ruas sendo varridas constantemente, calçadas e pistas bem pavimentadas, bonitos jardins. 2- Segurança. Estatísticas mostram que é uma das capitais cucarachas mais seguras, o que não é pouca coisa, visto que Santiago conta hoje com mais de 7 milhões de habitantes. 3- Cultura. Ótimas opções teatrais, salas impecáveis, artistas de nível internacional. O pequeno Teatro Municipal é uma joia neoclássica e a programação é de primeiro mundo. Museus bacanas como o da Memória, o de Bellas Artes e os dois mais legais, o Centro Cultural La Moneda e o de Arte Pré Colombiana. O primeiro, localizado no subsolo do Palácio de la Moneda, controvertido lugar onde se governa o país, não pode ser mais agradável. Grátis, programação fantástica de artes plásticas, cênicas, música popular, atividades para crianças. As duas lojas com produtos chilenos são imbatíveis e não há lugar melhor para se comprar produtos alimentícios de um país que abriga zonas climáticas tão opostas. O Pré Colombiana é uma maravilhosa fundação privada, pertinho do La Moneda, onde a arte e o que há de melhor em termos de tesouros dos povos nativos da América Latina, do México ao Chile. Muito bem exposto e iluminado, explicações excelentes, bonita loja e café. 4- Compras. Fiquei embasbacada com o tamanho, diversidade e qualidade de apenas 3 shoppings de Santiago. O legal e descolado Parque Arauco, o enorme e bem sortido Costanera Center e o chiquérrimo Casa Costanera. Imperdíveis por tudo o que oferecem e para conferir o progresso e o alto poder aquisitivo da hoje sólida classe média chilena. Dicas: no Parque Arauco há vários restaurantes legais, inclusive a ótima hamburgueria descolada, Muuu Steak e um cabeleireiro top. Ótimos cinemas com programação que já começa as 9 da manhã! O Costanera Center também tem ótimos cinemas e boas livrarias e o divino, pequeno e elegante Casa Costanera tem uma loja de chocolates que não fica nada a dever de Zurich. 5- Passeios pelos arredores que não tenham nada a ver com neve OU VINÍCOLAS. Um tour pelo Cajón del Maipo e embalse El Yeso é inesquecível. A garganta estreita e florida do rio Maipo que leva até uma represa azul turquesa cercada de montanhas impressionantes. 6- Gastronomia. A cozinha chilena é sem graça, mas como Santiago agora é cool, o investimento em bons restaurantes está bombando. Destaque absoluto para o premiado Boragó e sua culinária moderníssima. Em nova e espaçosa casa, serviço muito amável e nada do esnobismo que enche o saco em restaurantes top, o freguês pode apreciar longos menus degustação que são um show de apresentação e sabor. O peruano La Mar é quase tão bom quanto a matriz de Lima, o Aqui Está Coco é uma festa de fresquíssimos frutos do mar e ambiente bastante agradável. O novo Sierra é bem transadinho, a noite repleto de gente bonita. 7- Bairros adoráveis e centro preservado. Vitacura e Las Condes são impressionantes pela arquitetura moderna, uma mistura de comercial com residencial de muito bom gosto e harmonia. Na sede chilena do Itaú há um espaço cultural que apresenta artistas do nível do britânico Anish Kapoor. Passear a pé por Vitacura é uma delícia e ali se localiza o shopping cult Casa Costanera e o bizarro museu Ralli. O centro da Cidade está limpo e bem conservado e a Plaza de Armas é um ponto de encontro alegre e movimentado, valendo um dia todo de caminhadas, museus e compras. A troca da guarda no Palácio La Moneda é um delicioso show grátis ao ar livre. 8- Boas opções de hospedagem a preços razoáveis. Como o hotel Bonaparte, no ótimo bairro Providencia. Custo benefício bem melhor do que Buenos Aires ou Rio de Janeiro. 9- Aeroporto excelente e bem localizado, além de tudo em projeto de enorme expansão que o tornará, na certa, o melhor da América do Sul. Desvantagens: sempre tem, não é? 1- Distância. Não é voozinho bate e volta. 2- Custo. O Chile está cada vez mais caro, infelizmente. Bate São Paulo fácil. 3- Caminhadas e percursos e atrações setorizadas por bairros. Não é cidade europeia que dá para fazer quase tudo a pé. Tudo é espalhado e exige táxis frequentes ou encarar o metro. Os táxis não são dos melhores ou mais honestos, mas quebra o galho... Como veem meus leitores, os pontos positivos em muito superam os poucos negativos e Santiago, como os vinhos chilenos, só fica melhor com o passar do tempo! São Paulo, 15 de maio de 2019

domingo, 17 de março de 2019

BUTÃO 2019 O PAÍS MAIS FELIZ DO MUNDO?

BUTÃO 2019 O PAÍS MAIS FELIZ DO MUNDO? Acabamos de voltar de lá, março de 2019 e visitamos o pequeno país encravado no Himalaia, justamente por causa de histórias de belezas inexploradas, de uma espécie de paraíso terreno, um Shangri-lá mítico e misterioso. Ou seria tudo mesmo uma grande jogada de marketing que tem atraído turistas incautos a pagar um mínimo de 250 dólares diários para por seus cansados pezinhos por lá? Nem um e nem outro. O Butão é um país um pouco menor do que a Suíça, espremido entre o norte da Índia e o sul da China, pertinho do disputado Tibet. O país é lindo e sua gente aparentemente feliz, além de muito amáveis e simpáticos. Seu turismo é recente, muito caro e pouco estruturado. A comida é péssima e os atrativos, além de belezas naturais, se limitam a templos e fortalezas. O país é uma monarquia budista e retratos da família real se encontram por toda parte. Talvez seja a religião e a idolatria a família real que mantenha a tal felicidade que resultou, em vez de PIB, no PFB (produto de felicidade, ao invés de renda) . Pode ser, mas não me convenceu. Em 12 dias por lá, o que vi de realmente diferente em relação a outros países asiáticos que visitei (China, Índia, Laos, Vietnam, Cambodia, Nepal e Tailândia), foi a ausência de mendigos e vendedores insistentes. A pobreza, sujeira e infraestrutura precária dos outros países não é muito diferente. Na Índia as vacas andam soltas por toda parte: no Butão os cães dominam tudo e latem sem parar noite adentro. Por que ir então? Por que viajar de São Paulo a Zurique, de lá até Nova Déli e mais uma hora e meia até o único e perigosíssimo aeroporto do Butão? Boa pergunta e só posso responder por mim, meu marido e irmã que me acompanharam na aventura. Sendo os três muito viajados e amantes de lugares exóticos, o Butão nos atraiu pela exclusividade, o marketing da felicidade e o exotismo. Compensou? No nosso caso sim e recomendo a quem já esteve em vários lugares dos planeta e queira e saiba apreciar um lugar pouco explorado, sem McDonald’s e Starbucks. Gostar e entender o Budismo, ter interesse pela Ásia, amar montanhas, flora diversa, fauna abundante e ter paciência com longos trajetos é também muito importante. Nossa viagem incluiu a capital, Thimbu, Paro (aeroporto), Punakah, o lindo vale Gangtey, Trongsa, Bumtang. Só enfrentamos um hotel bem ruim, o pavoroso Olathang, em Paro. O resto foi de bom a razoável. Como não se viaja de modo independente no Butão, tivemos muita sorte com motorista e guia, gente animada, cortes, sorridente. Fizeram de tudo para tornar nossa aventura uma experiência mais segura e confortável, coisa que não é fácil por estradas mortíferas, curvas sem fim, precipícios e desfiladeiros de alturas inimagináveis. Negociaram tudo com paciência de monges budistas e sorrisos permanentes. A Chuki e Bella, nossa eterna gratidão! A capital, Thimbu, é bem interessante e há museus, templos e fortes bem interessantes. Sem mencionar o maior Buda do mundo, uma espetacular estátua dourada, sentada numa montanha a seis quilômetros do centro. A caminhada de 3 horas até um templo escondido no meio de uma bonita mata nativa é outro atrativo bacana para os andarilhos em geral. Há bons restaurantes, caros, nos hotéis de cadeias internacionais. O artesanato é bonito e barato, e lenços feitos de lã de iaque bebê são especialmente delicados. Paro, a segunda cidade maior do país, vale pelo centrinho animado, pelo museu de história natural, pelo aeroporto mais tranquilo e charmoso do mundo, pelo espetacular e caríssimo hotel Uma (não nos hospedamos lá, mas jantamos e fizemos massagens, precedidas por um delicioso banho fumegante aquecido com pedras semi-incandescentes). E pela inesquecível e sensacional caminhada ao NINHO DO TIGRE (Tiger’s Nest). O ninho que na verdade é um conjunto de templos encravados numas pedras gigantes, um lugar que se vê muito em fotos e filmes, mas nunca se sonha em alcançar, vale a viagem e se houver apenas uma coisa a recomendar e justificar o sacrifício de se ir até o Butão, este lugar é campeão. Caminha-se de 5 a 6 horas ida e volta, duro trajeto montanha acima e abaixo, por trilhas, florestas, picos nevados e chega-se aos templos incompreensivelmente construídos nas íngremes encostas das pedras gigantes. Maravilhoso, abençoado... O vale Gangtey e o bucólico hotel Dewachen seriam nossos segundos favoritos e compensa o longo e tenebroso trajeto de carro até lá. A caminhada pela pradaria que tem um toque levemente escocês, cheia de raras cegonhas brancas e pretas, além de uns bizarros bois/búfalos nativos chamados Takin, é de uma beleza impressionante. Em Trongsa, uma fortaleza/castelo/monastério gigante, repleta de macacos cor caramelo, pulando em meio aos monges de vermelho escuro, é na certa um lugar bem fotogênico, do tipo que ilustra o país vizinho, Tibete, bastante parecido com o Butão. O museu ali perto, incluído numa bonita torre panorâmica explica os vários deuses, gurus e mestres que são de extrema importância para o budismo tântrico do país. As fortalezas são inúmeras, bonitas e quase sempre incluem templos budistas e suas inúmeras entidades e representações. As vezes, servem como departamentos governamentais. Aliás, esta mistura de governo, realeza e budismo é uma das coisas mais curiosas da região. E parece funcionar muito bem, sem conflitos para uma população de cerca de 800.000 habitantes que dão a impressão agradável de uma fé inabalável e uma aceitação de sua condição pobre e simples, coisa rara no mundo atual. A maioria fala inglês, tem bom acesso a internet e todos os monges estão munidos de celulares de última geração. Entre Punakha e Paro, existe a cidade “fálica” onde os órgãos sexuais masculinos são a grande atração; nosso moralismo cristão-ocidental vai para o espaço e é muito divertido ver pênis pintados por todas as casas, em várias cores e tamanhos (completos com ejaculações gráficas), vendidos em lojas e esculpidos em madeira pintada, uma celebração da fertilidade que não choca e diverte! Há até um templo dedicado ao patrono de tais artes e práticas, o Divine Madman (o louco divino). Talvez seja este mesmo o diferencial do Butão: paz. Convivência do antigo e do moderno. Ausência de conflito, aceitação, bom humor, simplicidade. Até quando vai durar este cenário é outra coisa. Que seja eterno enquanto dure.

sábado, 26 de janeiro de 2019

NATAL GAÚCHO - 2018

NATAL GAÚCHO – 2018 Frequento Gramado há quase 12 anos e há 10 temos uma propriedade lá onde pretendemos construir a sonhada casa e lá nos aposentarmos com felicidade e tranquilidade. Porém, nunca tinha passado Natal na cidade, neste lugar que é a cara do Natal tupiniquim e abriga o mega evento que dura quase 3 meses, o Natal Luz. O que é isso? O que é Natal à brasileira, à “moda da casa”? Para mim Gramado é a expressão perfeita do conceito de Natal que grande parte dos brasileiros tem: aquela salada bem tropical com toques de inverno e neve, com o “bom velhinho” corretamente vestido para o Polo Norte de onde ele supostamente se origina; uma coisa sem pé nem cabeça, mas repleta de alegria e animação, lotada de comidas nativas e estrangeiras, algumas apropriadas a temperaturas bem acimas dos trinta graus, outras nem tanto. Gramado é o local perfeito para esta confusão que é o Natal brasileiro: catolicismo num país onde a maioria professa várias fés, americanismos inventados pela Coca Cola, caso do Papai Noel vestido de vermelho, que não existe nas origens europeias do mito. Como Gramado é o destino turístico mais visitado do Brasil, onde há frio, geada e de vez em quando neve, que tal encenar shows celebrando a diversidade brasileira, Jesus-menino, o frio comemorado em pleno verão, as crianças veneradas na cultura brasileira, as famílias, muitos comes e bebes e zero preocupação estética, cultural, histórica? É SÓ ALEGRIA e animação, características básicas dos brasileiros. Festa! E foi neste espírito festivo que eu e mais 10 familiares passamos o Natal em Gramado. Alugamos bons Airbnbs e curtimos a cidade e sua intensa programação. Optamos pelos aptos e não hotéis, pois os preços dos mesmos, nesta época do ano, ficam absurdos. Tudo triplica num piscar de olhos, um horror. O resto dos preços fica estável. Não é programa barato, mas eliminando o custo-hospedagem, dá para ser um projeto familiar divertido e razoável. Vejamos porque: • Há muitas opções de atrações natalinas grátis, como paradas e shows pelas ruas e praças e quem não quiser pagar os caros ingressos dos 3 espetáculos oficiais do Natal Luz, vai ver ainda assim muito Natal. As ruas principais são muito bem decoradas e a noite a iluminação é bastante bonita. Em frente ao cinema há sempre algo acontecendo e a Rua Coberta pulula de gente, bem ao gosto dos brasileiros. Como é verão e faz calor na cidade, o clima é de descontração total. • Opções alimentares vão do gourmet ao pastel, portanto há de tudo para todos. Ceias em restaurantes e hotéis tendem a ser caras, portanto a idéia de aluguel de aptos e casas é a melhor pedida para famílias. Em dezembro de 2018, a ceia em restaurante legal, mais barata, saía 170 reais por cabeça. Sem bebida, as top, algo por volta de 500 a 900 per capita. Portanto lá vai a dica para não ter trabalho e curtir as férias: encomendar ceia no restaurante MAGNÓLIA, em Canela. Comida deliciosa a preços decentes. • A Aldeia do Papai Noel e o Mini Mundo são lugares obrigatórios para crianças, especialmente as de até 10 anos. Para as mais velhas considere investir nos 3 shows patrocinados pelo Bradesco. Vale o investimento. E distrai os petizes. • Para sair da muvuca e variar o tema HO HO HO, dirijam-se aos cânions das cidades vizinhas e queimem as calorias em belas caminhadas pelos parques nacionais e suas belezas. Aluguem carro, pois a Serra Gaúcha a pé não tem graça e é grande demais. • Programa barato é visitar Canela e seus belos parques naturais, mais saudáveis e em conta. Os temáticos sempre lotados e mais caros, como o Hollywood Dream Cars, Parque a Vapor, Vale dos Dinossauros, Museu do Chocolate, Museu da Moda, Alpen Park e outras preciosidades. Bregas, cafonas, mas divertidas. • Para quem gosta de vinhos, a região de Bento Gonçalves é a pedida e tem de tudo para todos os paladares e bolsos. De lugares bem sofisticados como a Cave Geisse, à vinícola Aurora e passeio de Maria Fumaça. Esta região do Brasil é de intenso profissionalismo e tudo funciona como prometido. Bons queijos e frios podem ser comprados por lá e quem quer SPA sofisticado pode dirigir-se ao do Vinho, em frente a vinícola Miolo, ou mesmo em Gramado, ao famoso KUR. • Para quem quer neve de verdade e ver o pobre do Papai Noel em ambiente mais condizente com suas roupas, o Snowland, primeiro e até agora, único parque de Neve no Brasil, não decepciona. Pode-se esquiar de verdade, patinar, ter aulas, passar muito frio, fingir que está na Finlândia e por aí vai! Caro mas único. E como é Natal, de este presente para você e sua família e aproveite TUDO o que a Serra Gaúcha tem a oferecer. Gastando pouco ou muito, a viagem vai sempre ter algo em comum: será especial e inesquecível. À minha irmã Gisela, quem teve a idéia do Natal em Gramado e com quem compartilhei bons e maus momentos. Zurique, 26 de janeiro de 2019.

LUGARES DO CORAÇÃO BUENOS AIRES, GRAMADO NOVA YORK E ZURIQUE

LUGARES DO CORAÇÃO Buenos Aires, Gramado, Nova York e Zurique – 2018/2019. Por que gostamos tanto de alguns lugares e nem tanto de outros? Por que voltar a cidades e países nos quais estivemos várias vezes se existem tantos lugares maravilhosos no mundo para visitar? Por que o fascínio, a obsessão, a mania? Será conveniência de não mudar os destinos, de saber onde ficam as coisas, idiomas e comida familiares? Algo escondido nos recônditos do inconsciente? Traumas ou delícias da infância? Muitas as perguntas, poucas respostas. Não importa: viajamos por prazer e há lugares que certamente nos dão maior prazer que outros. Para mim, são as 4 cidades acima citadas, onde estive durante o período mencionado, cerca de 15 vezes no total. Demais? Pode ser. Foi bom? Genial! Por que? Não sei. Só o coração sabe. Mas como escrevo este blog de viagens há mais de 10 anos e meu intuito é orientar companheiros viageiros a viajar mais e melhor, aqui vão deliciosas dicas recentes destas quatro cidades que não podem ser mais diferentes uma da outra, fazendo do mistério acima proposto, uma questão ainda mais inexplicável... Buenos Aires, nos últimos anos ignorada por tantos brasileiros, parece agora inaugurar uma retomada no turismo brasileiro de qualidade. Não é para menos, pois a cidade tem muito a oferecer. Não é a Paris sul americana que já foi, mas ainda dá de mil em qualquer outra capital do continente sul americano. Vejamos porque: • Restaurantes sensacionais como TOMO I, NIÑO GORDO, EDELWEISS, ELENA e CROQUE MADAME para mencionar apenas alguns na enorme lista da cidade. • Museus de nível internacional: MALBA, PROA, BELLAS ARTES, ARTE DECORATIVO entre outros. A reforma do lindo PALAIS DE GLACE, na Recoleta, promete. • Calçadas e parques perfeitos para caminhadas e qualidade de vida ao ar livre. • BUQUEBUS ligando a capital argentina à Colonia de Sacramento no Uruguai, opção para dias ensolarados. • Cinemas e shoppings variados. • O Teatro Colón é uma das cinco casas de espetáculos mais importantes do mundo e está no circuito top dos artistas internacionais. • A Broadway latina oferece mais peças e shows do que a norte americana, com produções e espaços de alta qualidade. • Isso tudo, sem falar do dulce de leche, dos alfajores, da vida noturna, dos bares, dos vinhos, dos maravilhosos artigos de couro, das livrarias bem sortidas, da vibração do futebol, da elegância dos jogos de polo. • Os preços estão mais camaradas atualmente, devido à alta inflação argentina. Não é pechincha, mas as coisas estão mais em conta do que São Paulo e Rio. • Os hotéis e apartamentos de aluguel estão também mais baratos. Gramado é o destino turístico mais visitado do Brasil e um lugar-exemplo em termos de segurança, civilidade e limpeza. Foi o lugar que escolhi para me aposentar e a beleza da natureza torna tudo ainda mais atraente. A proximidade a Porto Alegre e à região produtora de vinhos, mais os únicos cânions de verdade do Brasil, fazem de qualquer passeio uma experiência ao mesmo tempo movimentada, interessante, relaxante, única. É um Brasil diferente, uma pausa na dobradinha, calor e praias + multidão, preços altos, congestionamentos e violência. Mais detalhes atualizados no meu novíssimo artigo NATAL GAÚCHO – 2018 Nova York dispensa maiores comentários, pois é consagradamente fabulosa. E oferece um leque de possibilidades inesgotável. Quanto mais vou, mais coisas descubro. Vamos lá: • Mais um lugar bom e barato para cheeseburgers incríveis. JACKSON HOLE, filial “roots” na 34 com 2nd Avenue. Escuro, não-turístico, uma espelunca servindo iguarias enormes e suculentas. Lugar para quem realmente aprecia hambúrgueres. Nada de frescuras para brasileiros tontos como o mega pega-trouxa JG Mellon. Fotos do cardápio no meu Facebook e Instagram. • Os chocolates e confeitos da Neuhaus e sua minúscula loja na Grand Central Station são o melhor snack doce do mundo. • Peças e shows estão cada vez mais inebriantes e inovadores. Vi Bryan Cranston, o Mr. White de Breaking Bad em Network. Sentei no palco, num restaurante montado no cenário, com jantar de verdade, comendo, bebendo e fazendo parte de uma história e elenco lendários nas artes cênicas norte americanas. Aonde mais isso seria possível? Caro? Claro, mas uma experiência destas não tem preço. Valem uma vida. • A sensação inebriante de se ver uma montagem top de MY FAIR LADY no Lincoln Center, Carousel na Broadway com a cantora lírica Renée Fleming, maravilhar-se com a beleza física de Matt Bomer e o talento impagável de Jim Parsons, o querido Sheldon de Big Bang Theory. • Gosta de dança? No City Center uma revival de A CHORUS LINE e um tributo ao coreógrafo-ícone Georges Balanchine. • Cinema? As salas do Lincoln Center são imbatíveis nos quesitos técnicos, no silencio e respeito do público, no conforto, no bar vegano-chique da entrada. • Cansou da cidade? Embarque na bela Grand Central, num trem divertidamente jurássico e barato, rumo à cidade-cenário-de-filme-romantico, Sleepy Holllow e passe o dia visitando KYKUIT, A MANSÃO EMBASBACANTE DA FAMÍLIA Rockfeller. Tudo limpo, organizado, agradável, só aberta à visitação de maio a novembro. Só visitas guiadas, a mais longa de 4 horas é a mais indicada para quem fala bem inglês e se interessa por história americana. A lição, in loco, é excelente, pois a história da cidade de Nova Iorque é inseparável da saga dos Rockfeller. Fora a beleza do trajeto de trem beirando o rio Hudson, a perfeição dos jardins com a folhagem multicolorida do outono, as obras de arte, esculturas, mobília, etc. Programão muito melhor do que o museu de arte contemporânea, ali na região, DIA BEACON; que é interessante mas perde muito na comparação com KYKUIT. Afinal, a fundadora do MOMA foi Abigail Rockfeller. • Peças teatrais com atores inesquecíveis como Glenn Close, podem ser vistas a preços módicos no Public Theater. O bar Joe’s Pub, dentro do edifício é muito legal, com shows grátis de música ao vivo. Ali pertinho, o restaurante LAFAYETTE É UM FRANCESINHO elegante e acessível. Muito descolado, dos mesmos donos de Balthazar e LOCANDA VERDE. • Caminhar por Chelsea está cada vez mais interessante e as ruas perto do museu WHITNEY só fazem melhorar. Incluindo aí a HIGH LINE e os novos prédios e até o fim de 2019, o teatro popular THE SHED e os observatórios espetaculares. • A nova tendência de tornar Nova Iorque mais barata e acessível, menos intimidante e mais inclusiva, é admirável. Muitas atividades e possibilidades grátis ou de baixo custo estão agora disponíveis. Pena que hotéis sigam caríssimos e aptos de aluguel não sejam confiáveis, muitos deles sublocados várias vezes. Outra coisa ainda cara e sofrida é o transporte aeroporto JFK /Manhattan. O transito é péssimo e os táxis pavorosos. Consegue ser pior do que GRU/São Paulo. • Viajar do Brasil a NYC com a AA é ainda a melhor pedida, pois o terminal 8 é ótimo, exclusivo da American. Check-in fácil, procedimentos de segurança mais amenos e rápidos. E o restaurante Bobby Van’s e seus tenros crab cakes. Evita-se a medonha comida do avião na volta ao Brasil, a preços módicos. Se você voltar com outras cias. Aéreas que não façam parte da One World você enfrenta o Terminal 4, um pavor de gentarada medonha e péssimas opções gastronômicas. A chegada no 8 também é incomparavelmente melhor. E finalmente, last but not least, por ultimo mas não por menos, em tradução livre, meu segundo lar, Zurique. Amor adotivo, por ser casada com um suíço, a maior cidade da Suíça é uma amostra do que grande parte dos lugares habitados por seres humanos na Terra, deveria ser. Um exemplo de limpeza, tranquilidade, civilidade, beleza e segurança. E muito divertimento e opções culturais. • A cidade adotou bicicletas e similares com vigor. As faixas estão agora por toda parte e bicicletas de aluguel estão por todo lado também. Pedalar beira lago/rio é um exercício de primeira. Muito respeito dos carros e leis draconianas protegem os ciclistas de modo eficiente. • Quase todos os bares e restaurantes possuem mesas ao ar livre e assim que o sol dá as caras, todo mundo senta nas calçadas e parques. Pode-se ingerir bebidas alcóolicas e compra-las, sem qualquer restrição, por toda a cidade. Só não pode dirigir. • Comida de rua é deliciosa, limpa e segura. Destaque para pães do tipo pretzel, sanduíches integrais, saladas, wraps e castanhas portuguesas quentes são agradáveis opções, junto a salsichões grelhados e sorvetes cremosos. • O principal museu de arte de Zurique, o KUNSTHAUS, que já é referencia mundial e possui acervo monumental, está duplicando seu espaço em obra faraônica que na certa porá Zurique nos circuitos de arte internacionais, tentando competir com a vizinha Basel e toda sua fama na arte contemporânea. • E para quem quer ver a Suíça urbana, sem esqui e fondue, seguem 3 sugestões: • Pular num ótimo trem e visitar a artística Basel é programão de dia inteiro. Em apenas 53 minutos de trajeto ferroviário chega-se numa cidade fácil e atraente, com um centro histórico lindo e museus do nível do Beyeler, em breve e até junho apenas, promovendo exposição Picasso nunca vista com os trabalhos do artista na fase azul e na rosa. Em Basel a confeitaria BRÄNDLI oferece marzipãs cobertos de chocolate que só existem lá e pães de mel picantes, cheios de especiarias os Läckerli, símbolo da cidade. Os restaurantes BESENSTILL, VOLKSHAUS E ELSBETHAN são inesquecíveis em seus respectivos estilos de modernidade, qualidade e tradição. • Outro dia livre em Zurique? Embarque em outro trem de 53 minutos rumo a Bern, a capital da Suíça. Mais museus e paisagens adoráveis e o melhor bife a milanesa do mundo, no Jack’s. Comemoro lá alguns de meus aniversários mais recentes e me dou de presente uns docinhos de sonho na confeitaria Beerle ao lado. • Em 20 minutos em outro trem se está em WINTHERTUR e suas espetaculares mansões antigas e poderosos museus financiados pelas seguradoras suíças. Almoço rápido no Vollenweider seguido de sobremesas comprando as trufas de champagne do restaurante/loja e conferindo exposições modernosas no Museu de Fotografia. Ou contemporâneas no Kunstmuseum. • No inverno, em Zurique, nos raros dias claros e ensolarados, a pedida é subir até as instalações-palácio do caríssimo hotel DOLDER e maravilhar-se com a vista chapante das montanhas nevadas que emolduram a cidade, seus edifícios e igrejas antigas muito bem conservados e o transparente lago de águas azuis. Parece foto-fake de cartão postal? Pois não é. Você está, pura e simplesmente, dentro do cartão postal! A Marcos Fabris. Uma criatura sofisticada como eu. ZURIQUE, 26 DE JANEIRO DE 2019.