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segunda-feira, 29 de julho de 2019

48 HORAS EM MUNIQUE - JULHO 2019

48 HORAS EM MUNIQUE – JULHO 2019 A capital da Alemanha é Berlin e a capital informal é Munique, uma cidade riquíssima não só em grana como em importância histórica. Capital da Baviera, o estado mais afluente da Alemanha, Munique encanta por sua arquitetura monumental, suas inúmeras e extraordinárias igrejas católicas, as cervejas supostamente melhores do mundo, lojas de um luxo indizível e, claro, aqueles carros que todos cobiçam. Minha primeira vez ali, por apenas 24 horas, visitando uma ex-aluna que se mudou definitivamente para lá. Priorizei castelos e museus relacionados com o poder alemão. Da dinastia de reis, Wittlebach, ao Nacional Socialismo de Hitler. Meu primeiro museu foi o embasbacante e gigantesco Residenz, um dos palácios mais impressionantes que já visitei. Foi sede de governo e casa real por mais de 400 anos e apesar dos estragos das guerras, conserva a majestade e os tesouros de eras perdidas. No dia seguinte, tomei um trem até Prien, uma hora de deliciosa viagem e paisagens bucólicas, até o majestoso lago, Chiemsee. Ali percorri atônita o palácio do rei Ludwig II, Herrenchiemsee. Este Ludwig é aquele primo da Sissi, imperatriz austríaca, que construiu aquele castelo no topo da montanha, também na Baviera, Neuschwanstein. Aquele mesmo no qual a Disney se inspirou para criar aquela cópia de pobre, o castelinho da Cinderela. Comparado aos deslumbres das várias mansões de Ludwig na Alemanha, o da Disney é um barraco... O passeio até Chiemsee é de dia inteiro e envolve trens, caminhadas, barcos e carruagens e deve ser feito em dias de tempo seco, preferivelmente com sol, para obter fotos de um dos lugares mais belos deste nosso sofrido planeta. A ilha, Herreninsel, onde se situa o palácio, oferece ainda antiquíssimo mosteiro católico, igrejinha de pedra, trilha de nove quilômetros por bosques de sonho e um ótimo restaurante típico onde me deliciei com aquele nhoque alemão, o spaezle. Ao ar livre, olhando para aquela vista... Assisti a opera Andrea Chenier encenada no Teatro Nacional, com uma equipe de cantores de nível impensável, num dos berços mundiais do canto lírico. O teatro é maravilhoso e a acústica perfeita. Atrás do teatro, a alegria do Brenner Grill no verão, lotado, com comida moderna e gente bonita. Pena a decepção com a caríssima loja de alimentos finos e seu belo restaurante, Alois Dallmayr. Tudo o que comprei não vale a fama e preço e o restaurante tem serviço lento e comida sem graça. O melhor mesmo foi o fantástico restaurante Tian, localizado bem em frente ao Viktualienmarkt. Vegetariano e estrelado pelo Michelin, prova que vegetais e frutas podem ser transformados em delícias gourmet de primeira ordem. Flores de abobrinha anã recheadas com polenta, sopa de abacate com espuma de coco, salgada; capeletis com queijo fresco e molho de brócolis, panna cotta de morango e feijão, divina. Tudo bem acompanhado por champagne rosé para enfrentar o calor dos últimos verões europeus. Restaurante inesquecível, não só pelas delícias, execução e originalidade, bem como o serviço amável e a bonita decoração. O mercado acima citado é uma festa de frutos do mar, frutas e verduras, queijos, salsichas, pães de mel. Tudo em meio à sombra de castanheiras, ambiente alegre e ótimos lugares para experimentar as delícias a venda. O destaque é o restaurante de frutos do mar, Nordsee, mix de peixaria e restaurante. Não muito longe dali, comprei meus amados chocolates belgas Neuhaus em minha primeira loja de luxo da marca, uma festa de aromas e sabores estonteantes. Para os chocólatras como eu, conselho valioso: os confeitos de cacau na Alemanha não são bons. Invistam nos marzipãs, estes sim, perfeitos. O toque triste da história mais recente desta velha cidade, ficou por conta do museu dedicado à história do Partido Nazista. Um museu moderno, localizado numa construção moderna e austera, erguido sobre as ruínas da sede do partido de Hitler. Munique e a Baviera, infelizmente apesar de tantas belezas e riquezas, foram o berço incontestável do nazismo e nas cruas palavras do grande escritor alemão, Thomas Mann: “Munique é a cidade de Hitler, a cidade da suástica, o símbolo de desafio popular e de uma aristocracia étnica cuja conduta é tudo, menos aristocrática”. Numa próxima vez percorrerei diversos museus de arte e história, pois a importância da cidade como centro cultural não pode ser subestimada. Também ficou para a próxima o outro palácio de Ludwig, Nymphenburg, onde o excêntrico e gastador rei nasceu. Visitei sua tumba na igreja de São Miguel. Outras seis igrejas completaram o périplo religioso e no futuro a jóia barroca dos irmãos Asam será prestigiada. E mesmo sem ir a Oktober Fest, irei a uma cervejaria típica e conferirei o que faz de lá a capital mundial desta bebida tão popular. Zurique, 29 de julho de 2019

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