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domingo, 14 de agosto de 2011








FOTOS JALAPÃO


DESERTO DO JALAPÃO

Para onde ir quando já se conhece quase o mundo inteiro? Os dois pólos magnéticos da terra, os países europeus e asiáticos mais importantes, a maior parte das Américas?
Bingo! Sim, minha filha e eu escolhemos o Jalapão, área remota e belíssima no estado de Tocantins. Valeu a pena, ótima escolha, mas chegar lá não é para os fracos de espírito e muito menos de traseiro e coluna!
Voamos de São Paulo a Palmas com escala em Brasília e de, carro, por estrada asfaltada e razoável até Ponte Alta, mais 3 horas. Depois umas 5 adicionais em caminhão adaptado para ônibus de turismo, chacoalhando como se estivéssemos dentro de uma batedeira infernal até o acampamento. Sim, acampamos. Mas não é aquele esquema horrível da barraquinha em que se entra de cócoras e dorme-se em sacos de NÃO dormir. A barraca é uma mini-casa, pode-se ficar de pé dentro dela, há camas de verdade e até um míni banheiro e prateleiras para se guardar roupa. Tudo civizado e limpo, completado por tenda-chuveiro atrás da barraca, energia solar aquecendo a água.
Quem organiza tal aventura é uma empresa de Palmas, a Korubo. E organiza mesmo, pois tudo funciona a tempo e à hora. Esquema muito simples, comida idem, mas é, por enquanto, a melhor maneira de se visitar esta região que exibe uma das mais baixas densidades populacionais do Brasil e é de uma beleza singular. Já estive por muitos lugares e parques nacionais e estaduais no Brasil e nunca vi coisa igual. A região contém um lindo parque estadual e o entorno não poderia ser mais interessante.
O solo é arenoso e as plantas mais parecem bonsai, pois não crescem muito. Cajueiros anões e seus mini frutos são um delicioso exemplo disso. Como é uma região que se está aos poucos desertificando, há, claro, os oásis de praxe, repletos de vegetação alta, verde escura e palmeiras buriti pra lá de majestosas. O contraste impressiona o tempo todo: às vezes só capim e vegetação rasteira, por outro lado arvores pequenas, na próxima esquina semi-florestas. Algumas dunas rosa - ocre e imponentes montanhas sem pico; o cume é uma platô, bem ao estilo da famosa Table Mountain de Capetown, na África do Sul.
Atividades vão de canoagem a rafting, banhos em rios de água limpa e cristalina, dourados e transparentes, caminhadas, subidas ao cair da tarde para ver o por do sol e o nascer da lua de cima das dunas; isso sem falar das lagoas muito azuis, cachoeiras idem, quedas d´água magníficas como é o caso da enorme Cachoeira da Velha. Existe até praia de cinema, onde foi filmado o divertido Deus é Brasileiro. Uma das curiosidades mais deliciosas fica por conta dos “fervedouros”, piscinas de água azul - bebê em que não se afunda. Flutua-se pela força das vertentes que empurram a areia do fundo para cima e criam uma sensação de engraçada areia movediça. É tudo um gigantesco playground natural, repleto de araras, tucanos e papagaios em barulhentas revoadas.
O frio-cobertor das noites muito claras e estreladas não deixa ninguém esquecer de que estamos no deserto verde, deserto à brasileira...
Vale a pena enfrentar as 12 horas da volta no caminhão-liquidificador, sol escaldante, ar- nãocondicionado, poeira por toda parte? Vale muito para quem gosta de natureza, aventura e paz. E não se importa com desconforto, falta de energia, celular ou internet. E principalmente para quem quer ir a fundo nas belezas infindáveis de nosso país de dimensões continentais.

São Paulo, 14 de agosto de 2011

Para Paola . Uma ótima companheira de aventuras.