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domingo, 18 de outubro de 2020

MONTE VERDE - OUTUBRO 2020 - O RETORNO

MONTE VERDE - 0 RETORNO Há nove anos não ia por lá, lugar onde tive casa de 1985 a 2001 e fiquei curiosa com artigos de revistas e relatos de amigos que diziam que havia progresso e muitas novidades. De fato, a começar pela serrinha íngreme que liga a feia Camanducaia, no sul de Minas, a pitoresca Monte Verde. Os duros 35 kms morro acima estão asfaltados, bem como as ruas principais da cidadezinha com cerca de 6000 habitantes e bem mais do que isto de turistas. E que tipo de turistas? Todos: dos genéricos aos românticos, dos esportistas a famílias. Há hospedagem para todo gosto e bolso, muitas casas de aluguel e muitos restaurantes e bares novos. Bem como lojas e opções de lazer, além de uma surpreendente e bem montada clínica de saúde. As ruas de terra, infelizmente, ainda são maioria, mas para caminhar são excelentes e o exercício a pé ou de bicicleta é puxado e as vistas da Serra da Mantiqueira, muito bonitas. A vegetação continua intacta e exuberante, o frio segue por lá, o ar puro também e há programação para todos. Só desaconselho a pessoas com problemas de locomoção ou em dietas muito restritivas. Afinal a loja e fábrica de chocolates Gressoney continua por lá, melhor do que nunca, desde sua fundação em 1978. Marzipans, mordiscos e prímulas são imbatíveis, além de bombons celestiais. Tem café agradável e até filial menor bem no centrinho. Imperdível. O nhoque recheado da Mamma Tera continua igual, agora preparado pela neta da fundadora. O polpetone da cantina italiana, bem na entrada da cidade, à direita, é quase tão bom quanto o da cantina Jardim di Napoli em São Paulo. Todas as guloseimas acima citadas não são baratas, aliás, Monte Verde não é destino barato. Por exemplo, me hospedei num aconchegante chalé que encontrei no Airbnb. Limpo, charmoso, equipado e bem montado, custa mais do que um apto muito bem mobiliado e bem localizado, em Curitiba. Três noites em Monte Verde custam cerca de 20% a mais do que 5 em Curitiba. Por quê? Pela proximidade com São Paulo e bom acesso de carro e por ser menor e mais charmosa que Campos do Jordão, por oferecer caminhadas interessantes e trilhas lindas por todo lado, ao contrário da ainda mais cara Santo Antônio do Pinhal, com vistas divinas, mas caminhadas quase inexistentes. Monte Verde é uma opção para turismo de montanha, hoje em dia, que fica na categoria rústico-com-conforto. Quando eu tinha casa lá era só “rústico”. Agora hotéis, pousadas e casas muito confortáveis, além de restaurantes bem variados (no meu tempo, só truta e fondue), farmácias bem estocadas e supermercados fartos, fazem par com o melhor pão de queijo do Brasil, no bucólico café da Galeria Suíça e uma infinidade de lojinhas interessantes e cantinhos charmosos para um strudel a tarde. Há um pequeno rinque de patinação para crianças e um Ice Bar ao estilo sueco. E dois postos de gasolina, além de banco e caixas automáticos, modernidades impensáveis nos idos de 1985. Como estamos nas Minas Gerais, móveis e objetos estilo Tiradentes e Bichinho, agora se encontram disponíveis na região, bem como os veneráveis sabonetes da Alpina. Vale a pena encarar as 3 horas e meia de estrada e dormir no silencio de Monte Verde, ainda ele um dos mais intensos e abençoados do sudeste brasileiro. São Paulo, 18 de outubro de 2020.