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quarta-feira, 10 de julho de 2013

UPDATE Gramado, Santo Andre e Arraial - outono/inverno - 2013


                                            LUGARES DO CORACAO

 

                              GRAMADO, SANTO ANDRE E ARRAIAL DA AJUDA

 

               No primeiro semestre de 2013 estive nos 3.

               Gramado inevitavelmente linda, limpa e civilizada; querida em seu frio cortante, chuvas, ventos e neblina. O hotel Ritta Hoppner sempre aconchegante e com serviço impecável. O Território do Sapato com seus preços camaradas de costume e os chocolates da Prawer (destaque para bolinhas de choco-caramelo recheadas com damasco) engordando cada vez mais. Novos restaurantes visitados incluem o Malbec, o Bistrô da Lu e o Marco’s. Os três já conferidos anteriormente, mas agora revisitados sob nova administração. Não é o caso do Malbec que segue com os mesmos donos e no mesmo lugar. Em dezembro lá estivemos, mas só para aperitivos e saladinhas. Gostamos, principalmente do serviço e ambiente. Em junho de 2013 a casa não passou no teste e a carne parecia pedra e os preços igualmente rochosos. Reprovado.

               O Bistrô da Lu já é outra historia e compete firme com o restaurante do hotel La Hacienda na posição de melhor restaurante da Serra Gaúcha. A tal Lu foi aluna do chef Floriano Spiess, dono do finado Volta ao Mundo. Com o sucesso desta casa canelense, ele arrumou as malas e se mudou para Porto Alegre onde ganha mais dinheiro, faz mais sucesso, é mais reconhecido por sua cozinha moderna e deliciosa. Deixou Canela órfã e, consequentemente, Gramado. Não por muito tempo, pois a pupila Lu esta lá agora, no mesmo lugar e cozinhando tão bem quanto. O melhor custo-benefício da região, a melhor carne, melhor apresentação; aliados a interessante e barateira carta de vinhos. Marco’s, filial de montanha da casa praiana de Rio Grande e Porto Alegre, tinha já tentado negócio em Gramado, instalada em bonita “vitrine” no condomínio O Bosque. Não deu certo pelos preços e localização. Anos depois tomaram coragem e abriram belo local moderno e envidraçado em área central da cidade. Bom ceviche, risoto de camarão divino e petit gateau deliciosamente fumegante. Caro para padrões gramadenses, mas boa pedida para paulistanos como eu, acostumados e sofredores de preços escorchantes.

               Na área semi-cultural, o colorido espetáculo Korvantunturi faz as honras, agora apresentado o ano todo e não só na época do famoso Natal Luz. Coisa para crianças, mas o cuidado da produção e o esforço da equipe alegra adultos também. Se um dia mudar-se para espaço adequado, será um tipo de show a la Cirque du Soleil tupiniquim.

               Se por um lado Gramado brilha, o mesmo não se pode dizer da minha amada e baiana Santo André. A praia mais bonita do mundo continua lá, mas o entorno está passando por fase deprimente. Devido a expectativas de que o lugar se tornaria a próxima Trancoso, bons restaurantes, hotéis, lojas e pousadas lá investiram e deram com os “burros n’água”. Infelizmente caso da pousada Vitor Hugo, do hotel Costa Brasilis, Casa Praia e restaurante La Floridita. Alguns, como Vitor Hugo, La Floridita e Costa Brasilis operam parcialmente. Casa Praia fechou e em abril de 2013 só havia 2 lugares decentes para comer: Jacumã e Sant’Annas. De dois italianos que cozinham muito bem e estão sobrevivendo. Até quando? Jacumã pertence a um chef digno do nome, merecendo estar no Rio, São Paulo ou Nova Iorque. Ficará em lugar sem clientes? Só o tempo dirá.

               Em outubro do ano passado já sentimos os problemas e em abril deste ano a coisa só piorou. Alugamos uma linda casa ao lado da minha querida pousada Vitor Hugo (que não tem mais seu outrora ótimo restaurante) e foi um custo comer: fora e dentro. Dois restaurantes, NADA na horrenda Cabrália, cidade vizinha, e uma decepcionante refeição cara e gordurosa no também outrora bom restaurante da Maria Nilza, no Guaiú. O restaurante Gaivota, beira rio em Santo André só vale para emergências extremas; sujo, fedorento e lento. Fazer compras no ridículo mercadinho de Santo André é um parto e nem sequer mamão digno do nome se encontra por lá. Existe fina peixaria em Cabrália , mas outras coisas só mesmo na distante Porto Seguro. Opções de lazer se foram com todo o resto, o cinema para o brejo e a noite só resta dormir...

               Pena, pois amo Santo André e sempre torci pelo sucesso do lugar. Um dia, quem sabe...

               Já Arraial, só melhora. Demorou mas aconteceu! Pela primeira vez vejo a cidade e arredores cheia. Mais bares, lojas e restaurantes, até os taxis andam ajeitados e regulamentados em suas cores branca e azul. Vale o mesmo para os divertidos moto-taxi trafegam no verde limão. Praça da igreja ainda precisa de reforma e a feiura das barracas de praia na área bem em frente à rua principal desanimam. Contudo, belos condomínios e casas de bom gosto vão aos poucos desalojando a maloca e a cidade e praias andam mais limpas.

               Minha pousada preferida, local onde me hospedo há 11 anos, também só faz melhorar. A Pousada Beijo do Vento continua linda, com aparelhos de TV modernosos e bom wifi e agora oferece almoço. As caipirinhas da Ligia, beira-piscina, são viciantes. O mesmo não vale para o café da manhã, que alimenta mas não encanta. O serviço também só melhora e vai aqui a dica: economize 150,00 na diária (não é no total, e sim por dia) e ignore os aptos 1 e 4 com hidromassagem. São banheironas redondas gostosas e românticas, mas com o novo sistema de aquecimento demoram quase uma hora na função encher/aquecer. Tira a espontaneidade da coisa e irrita. Prefira o apto 5 que tem vista para o mar e a cama está posicionada estrategicamente para aproveitamento total de uma dos cenários mais belos da Bahia. Economize, aproveite a piscina e se quiser banheira, pague a parte pela utilização do simpático ofuro do charmoso mini-spa.

               Na área gastronômica o Don Fabrizio domina a cidade e o Cauim ainda reina na praia, mas sob ameaça do super descolado Flor do Sal, desconfortavelmente perto do Cauim. Este último, mais civilizado e confortável, o outro em área verde e sombreada pé na areia. O Flor é bar de praia mas a comida é levada a sério, comandada por argentinos, nacionalidade que reina absoluta em Arraial. O Flor do Sal/Mar (não se sabe bem) tem preços bastante mais camaradas do que o concorrente, mas lugares para sentar conforto-zero. O serviço é baiano-ruinzinho. A pizza do Rapha continua boa e os brigadeiros da Piazza del Caffe são os melhores do Brasil. Dão de mil em qualquer destas caras “brigaderias” de São Paulo. Outra novidade no ramo se encontra no Café da Santa, também com mão argentina no negócio. Casa antiga reformada, perto da igreja, um lugar bonito e sofisticado, onde além de óbvias empanadas e alfajores, oferece chás importados, quindins amarelinhos e puxa-puxa e a melhor torta vienense, Sacher, fora da Áustria. Parece piada, mas não é. Esta lá para qualquer um conferir.

               E para não ficar atrás da Praia do Forte, Arraial conta com o importante projeto ecológico Coral Vivo, igualmente financiado pela poluidora Petrobras. Com direito a laboratório dentro do Eco Parque e loja charmosa no centro.

               Como veem, os lugares do meu coração continuam lá, firmes, em seus vários estágios civilizatórios e sempre no esplendor da natureza que nos faz sempre suspeitar, nem que seja lá bem no fundo, no fundo de nossas mentes e corações, de que Deus é mesmo brasileiro!

 

Arraial da Ajuda, 9 de julho de 2013

ESCAPADA A BUENOS AIRES (SUBTITULO - CORRIDA CULTURAL MALUCA) JUNHO 2013


                                             UM FIM DE SEMANA NO CEU  

 

               De minha amada Buenos Aires, há exatamente um mês. Uma decisão maluca, mas acertada: passar 24 horas na capital argentina fazendo tudo que eu gosto.

               Fui num sábado cedinho, sem bagagem. As 10 30 da manha já me encontrava registrada no hotel Íbis Corrientes, pulgueiro ficavel e bem localizado (para quem quer ir aos teatros a pé). Caminhei tranquilamente por um dia frio e ensolarado de junho 2013, vendo as vitrines da Santa Fe e curtindo a Recoleta, fazendo hora para um belo almoço no Duhau e passada rápida pelo Palais de Glace e Centro Cultural Recoleta para ver se havia exposições interessantes. No primeiro, sempre há algo de certo interesse, pois costumeiramente exibem duas mostras paralelas em andares diferentes. No segundo, nada desta vez. Só o clima muito alegre da feirinha da praça em frente; evento que não aprecio e onde não consigo encontrar nada de meu interesse para comprar, mas alegra a vida sofrida dos portenhos em mais uma desastrosa administração peronista.

               Uma passada pela igreja do bairro, que de certa maneira me faz lembrar com carinho da fofinha de Arraial da Ajuda. E depois um filme inconsequente, mas divertido no Recoleta Fashion Mall, seguido por enorme caminhada até o museu Xul Solar, lugar que nunca tinha visitado. Interessantíssimo, em casa onde morou o artista, tudo bem exposto e preservado. Uma espécie de Marc Chagall argentino, Xul deixou um importante legado de pinturas pequenas e delicadas, várias delas pintadas em vidro. Programa dos melhores para os interessados em arte.

               Mas o melhor estaria por vir, à noite: a peca estrelada por Ricardo Darin (verdadeiro motivo de tão rápida viagem), Cenas de um Casamento, de Ingmar Bergman. Se o filme era bom, esta versão argentina para o palco é ainda melhor, muito contundente e atual, num retrato acertado e amargo da vida conjugal. Ricardo Darin é ainda mais competente e fascinante no palco do que na tela e sua colega de cena, Valeria Bertuccelli é uma atriz de primeira. Os dois dirigidos pela atriz-monstro sagrado argentina, Norma Aleandro. Difícil parar de aplaudir!

               Para terminar a maratona, fui ver as 22 30, exausta, outra peca que decidi comprar horas antes, a forte e difícil Incêndios, de Wajdi Mouawad. Drama de palestinos, não fez meu gênero apesar do ritmo profissional do espetáculo.

               Na manha seguinte, após poderoso café da manha reforçado pelas deliciosas medias lunas do adorável café Biela, voltei a São Paulo, ao detestável e indecente aeroporto de Guarulhos.

               Foram horas geniais numa cidade genial, feitas possíveis pelas milhas acumuladas e a proximidade de Buenos Aires. Sem bagagem e ida e volta pelo central Aeroparque, mais perto do que ir a Gramado, outro lugar que adoro e vou com frequência.

               Em vez de acumular milhas para frustrados resgate de bilhetes a Europa ou aos EUA , missão impossível nos dias que correm, prefiro utilizá-las para voos domésticos ou Buenos Aires. Que é como se fosse na esquina... 

 

Arraial da Ajuda, 9 de julho de 2013.

EUROPA FELIZ - VERAO 2013


                                            INTERIORES CHIQUES E FESTIVOS

                                            Escócia E Suíça  -  Verão 2013 

 

               Em junho de 2013 voltamos a um país em que havíamos estado há 10 anos e que não tínhamos nenhuma intenção de voltar: a Escócia. Apesar de bonitas paisagens, o resto é quase todo um tédio sem fim e nossos 15 dias por lá já foram mais do que suficientes. Como “o mundo gira e a Lusitana roda”, lá fomos “dar com os costados” por conta de uma festa de família. Alegre e divertida, em um castelo nas profundezas de Speyside, região produtora de grandes marcas locais do bom e velho uísque escocês.

               O Drummuir Castle, uma propriedade particular alugada a uma firma por tempo indeterminado, serve como centro de eventos a dita firma e posa como hotel de luxo só aberto a convidados da empresa. Em meio a lindos jardins e o verde eterno da Escócia, visitas a destilarias, observação de treino de falcões, águias e corujas, praticas de tiro, divertidas corridas de quadriciclo e os inevitáveis pubs. Aberdeen, rica e única cidade maior perto do castelo, dista uma hora e meia. Vale ser explorada, pelas construções inteiramente em granito criando clima “castelo do Harry Potter a beira mar”, museus intrigantes, seu ritmo alegre de cidade munida de concorrida universidade importante, próspera pela indústria petroleira local. Jantamos dentro de uma igreja transformada em restaurante. Uma experiência bizarra, singular, mas não necessariamente agradável....

               O interior da Escócia é muito bonito, colinas suaves recheadas de carneiros a perder de vista e verdíssimo pastos resultantes das constantes chuvas, contrastando com a beleza nevada, florida e montanhosa da Suíça, nossa próxima parada. Em Ascona, no sul, parte italiana do pais, sol, lagos e escarpas muito altas enfeitam o entorno de um vilarejo sofisticado, onde o importante Ascona Jazz Festival acontece há 20 anos na segunda quinzena de junho. Fina gastronomia fica por conta do modernoso Seven e suas criações que vão de peixe de rio ao molho suave de curry a macarrons de lavanda e outras esquisitices. O resultado, mesmo para quem, como eu, detesta tais modernices, é muito bom e na certa repetiríamos em nova estadia no delicioso lugar. De lá, montanha e neve acima até atingir a bela Saint Moritz, reduto de esqui de bilionários. Mesmo no verão, o local é espetacular, a cidade uma “feira de grifes” sem perder o toque tipicamente suíço de pequenos restaurantes revestidos de madeira servindo fondues e raclettes. Mesmo no verão, pois em junho, à noite, as temperaturas caem por volta de 10 a 12 graus o que também permite geladas visitas por poderoso teleférico ao alto pico Corvatsch e suas vistas deslumbrantes. Ali também visitamos o divertido bar do hotel Waldhaus, a maior coleção privada de uísques do mundo. Uma sensação mesmo para quem não gosta da bebida; termina-se  provando uns tantos quantos e cambaleando de volta ao hotel Kepmpinski. Luxuoso e grandioso, o antigo Gran Hotel des Bains administrado pela grife hoteleira, revive os dias de gloria em alto estilo. O café da manha descortina um banquete com direito a salmão, champanhe e caviar entre outros refinados acepipes

               O toque “Great Gatsby” foi dado pelos 40 Rolls Royce vintage que dali partiram em um rally classudo pela adorável paisagem da região de Grissons. Resquícios de um passado glorioso, mas não perdido como bem atesta a prosperidade e luxo mais do que presentes em Saint Moritz.

               Tanto Drummuir, quanto Ascona e Saint Moritz são parte do “interior” de seus respectivos países. Mas um interior de sonho e prosperidade, de experiências e momentos inesquecíveis.

               Isso sem contar as horas ensolaradas que passamos em Bellagio, já na Itália, a procura da casa do ator George Clooney. Não a encontramos, mas nos deliciamos com as ruazinhas charmosas e estreitas do vilarejo e com a sempre saborosa comida italiana. Provada e aprovada em simples cantina local. Massas e merengues, morangos na flor da estação. E muito vinho italiano porque ninguém e de ferro...

 

Dedico este artigo a minha irmã Gisela e meu cunhado Randy por serem anfitriões impecáveis e divertidos companheiros de viagem.

 

Arraial da Ajuda, 10 de julho de 2013.