Translate

terça-feira, 30 de novembro de 2021

MANAUS CULTURAL - NOVEMBRO 2021 Estava em Manaus quando a Black Friday explodiu pela cidade e tentou a todos os mortais, em sua maioria, residentes. Eu preferi visitar o lindo Teatro Amazonas, cujas concorridas visitas guiadas não podem ser mais interessantes. Está bem conservado e também tive a sorte de assistir a dois concertos de música clássica com grupos locais. Realizei um sonho, pois já estive em Manaus pelo menos seis vezes e nunca consegui adentrar os solenes e imponentes espaços de uma das construções mais ousadas do Brasil. Minha maior surpresa, no entanto, foi o entorno do teatro, o centro histórico, com casas bem conservadas, centros culturais, galerias de arte, sorveteria maravilhosa, café bem ao estilo português e dois hotéis de primeira. Não esperava por isso numa cidade que sempre considerei, suja, feia e desinteressante. Além do Teatro e sua praça feericamente decorada para o Natal, o Casarão das Ideias foi meu lugar para ver quatro filmes alternativos, de Bob Cuspe a Oito Presidentes e Um Destino . Este centro cultural é também biblioteca, videoteca, café e loja. Muito charmoso e bem decorado. Há mais dois centros culturais e galerias em volta do Largo de São Sebastião e sua bela igreja e a construção amarela do Palácio da Justiça, atrás do teatro é imponente e conservada. Comprei artesanato indígena de qualidade na Galeria Amazônica e fui ao cabeleireiro mais barato do Brasil: 50 reais para tingir e fazer escova! O campo gastronômico foi estrelado pela genial Caxiri, de uma chef paulista. Ela usa só ingredientes locais e transforma os peixões dos mega rios em iguarias celestiais. Ceviches com estes peixes são também frescos e maravilhosos. Sem falar do sorvete de castanha com calda de melaço e cupuaçu. Tudo com serviço rapidíssimo e perfeito no segundo andar de um belo casarão azul que dá para o teatro. A outra refeição foi no Opera, lugar envidraçado, muito bonito, mas serviço amador e comida um tanto sem graça. Deveria ter ido ao FitZCarraldo, perto dali. Fica para outra vez, pois este aspecto da Manaus cultural me encantou. Também visitei o Palácio Rio Negro e me encantei com o velho palacete Scholz cuja história é das mais bizarras. Um alemão que enriqueceu no ciclo da borracha, perdeu tudo, ficou cego de um olho por uma bicada certeira de garça, caiu de um cavalo e se quebrou todo e teve que entregar o palácio ao um amigo, de graça, voltando a sua Hamburgo natal com uma mão na frente e a outra atrás. Num espaço anexo de exibições vi uma feira esotérica com ciganas, cartomantes, videntes e bruxos vendendo todos os tipos de acessórios para as mais eficazes feitiçarias. Na próxima visita, volto a floresta, ao MUSA, Museu da Amazônia e ao interessante Museu do Seringal. Desta vez não deu, me encantei demais com o teatro e seus alegres vizinhos. São Paulo, 30 de novembro de 2021

domingo, 14 de novembro de 2021

ISLANDIA - 2021 - FOGO E GELO

ISLANDIA – O PAÍS DO FOGO E DO GELO Duas coisas que não temos no Brasil: vulcões e geleiras. Por isso mesmo é que vale muito a longa viagem a esta ilha maravilhosa, pertinho da Groenlândia, a noroeste da Grã Bretanha, uma hora e meio de voo de Londres. A Islândia é um enorme vulcão, em constante erupção, parando o mundo com elas, como ocorreu em 2010 com a interrupção do trafego aéreo no hemisfério norte. Um dos vulcões que visitamos tinha parado de cuspir a lava brilhante e vermelha em setembro e pude ver, pela primeira vez, lava nova, já negra e sombria, o que é um privilégio. Já estive em vários vulcões pelo mundo, mas nunca havia caminhado por um campo de lava fumegante, ainda morna de uma enorme erupção recente. Aonde mais se pode experimentar tal coisa? Geleiras acessíveis? A Islândia também tem. É a maior do mundo fora do Ártico e da Antártida e suas enormes línguas de gelo parecem dedos estendidos e brancos agarrando as montanhas. Pode-se caminhar por elas, visitar cavernas muito azuis, sensacionais, experimentar temperaturas baixas, lagoas com icebergs flutuantes, várias atividades neste país diminuto que já é um dos mais visitados do mundo. Sua ótima estrutura de turismo, boas estradas, sinalização, segurança, boa comida e hospedagem, gente simpática, bons hotéis e tudo mais, cativa a todos, em qualquer idade. É programão para famílias, romântico para casais, imbatível para aventureiros e até para quem é mais de cidade, a capital, Reykjavík é uma delícia de cidade compacta, com muito a oferecer. Passamos seis noites na capital e não vimos tudo. Vida noturna movimentada, restaurantes de primeira como o The Fish Company, o Apotek, o Dill e o Kol, hotéis maravilhosos como o Edition, um teatro embasbacante como o Harpa, que chega a ter quatro ou cinco espetáculos por dia, de ópera a concertos de rock, a instalações ou programação de comédia e espetáculos infantis. O Harpa é um dos teatros mais bonitos do mundo, com arquitetura inovadora e design do artista local, famoso internacionalmente, Oláfur Eliasson. Sua loja é tentadora, os dois restaurantes entre os melhores do país e há espaços variados para festas e eventos. Um lugar sempre aberto ao público, localizado no porto, parte integrante da nova e transada mini-metrópole que Reykjavík é hoje. Comércio vibrante, belos museus, atividades “Disney” como o Fly Over Iceland, um simulador que leva os turistas aos quatro cantos do país dentro de filmes belíssimos e em total segurança. Há museus dedicados a baleias se não se quiser encarar o frio mortal dos passeios de barco (fomos, encaramos, nos encantamos com os fiordes já nevados e vimos algumas), para quem não teve nossa sorte de ver a aurora boreal duas noites em oito como foi o nosso caso, o deslumbrante planetário Perlan mostra e explica tudo sobre este fenômeno solar que transforma o céu num festival de luzes coloridas, românticas e bailarinas, nos meses mais frios do ano. Na capital ficamos independentes, mas nos juntamos a uma excursão de cinco noites pelo país para ver atrações mais longínquas. Valeu, mas alugar carro é muito melhor e descobrir tudo por conta própria, no seu tempo e ritmo é o mais legal. O bom é que na Islândia há muita possibilidades de visita e qualquer uma delas é boa, pois o país tem muito a oferecer. Além de geleiras, praias de areias negras e formações rochosas lindas, há os tais vulcões, gêiseres bem ativos, montanhas imponentes, puffins no verão (aquele lindo pássaro que parece maquiado de palhaço de circo), baleias, fiordes, cavernas de gelo, vistas sensacionais e para quem gosta de banhos termais, as piscinas são muito azuis, em meio à neve, uma experiência revigorante. Sem esquecer das divinas cachoeiras e trilhas desafiadoras que levam até elas. Fomos no outono, finalzinho de outubro e gostamos muito, pois as hordas turísticas já se foram. Eu nunca iria, voltaria, em julho ou agosto, pois o país não tem estrutura para multidões e como está na moda, a coisa chegou a tal ponto que tiveram que impor cota de visitação. O ideal é junho ou setembro. Queremos voltar em fevereiro para ver cachoeiras congeladas, mas é experiência limitada pelas três a cinco horas de fraca luz do dia dos invernos nestas latitudes. Já tivemos esta experiência na Finlândia e foi muito compensadora. E atenção brazucas, a Islândia é um pais muito caro. Junto com Japão, Rússia, Suíça e Taiti, é uma facada das grandes. Não há como não gastar dinheiro, não existe “opção baratinha”. Compensa? Sim. O país é bastante diferente de tudo o que se pode ver pelo planeta, um microcosmo singular, variado, espetacular. Com conforto e segurança. Voltaria várias vezes mais. A este país-cenário, pano de fundo de Game of Thrones e Lord of the Rings. Reino mítico dos trolls e duendes que tanto encantam na literatura nórdica. ] Ainda mais porque, em tempos de tanta briga pelo meio ambiente, de tantas resoluções importantes, é sem preço observar geleiras num planeta que só faz ficar mais quente. Os enormes campos de gelo milenar estão derretendo, que tristeza. Vá antes que acabem! Zurich, 14 de novembro de 2021.

sábado, 16 de outubro de 2021

NOVIDADES 2021 EM GRAMADO, ARRAIAL D'AJUDA E CURITIBA

NOVIDADES EM CURITIBA, GRAMADO E ARRAIAL D’AJUDA Neste SEGUNDO Semestre de 2021, com a pandemia perdendo força e as viagens ganhando folego, vale a pena conferir os itens abaixo. • Em Canela, no antigo Parque da Ferradura, montaram uma megaestrutura com plataforma de vidro em cima dos cânions, chamada SkyWalk. Está muito legal, com lojas, restaurantes, tudo muito bonito e novinho em folha. Asfaltaram toda a estrada que leva do Parque Caracol ao Ferradura, uma beleza neste nosso Brasil caindo aos pedaços. • Gramado está com parques novos que não conferi, novas lojas e o turismo voltou com força total. Esperem preços altos para o final do ano e férias de verão. • Curitiba melhor do que nunca com o MOM reaberto e exposições geniais de arte africana e enorme mostra dos artistas paulistanos, OSGEMEOS. Quem perdeu a exibição na Pinacoteca pode deliciar-se com ela em Curitiba, até meados de abril. O museu Paranaense, que eu não conhecia, é bem interessante para entender as origens do estado e merece ser prestigiado. Ambos com entrada grátis. A surpresa cultural fica a cargo do Cine Passeio, no centro da cidade, numa adorável casa antiga reformada, com café delicioso, pipoca perfumada, doces portugueses e beliscos ótimos. E, claro, duas salas de cinema perfeitas, só exibindo filmes cult, alta qualidade, A PREÇOS RIDÍCULOS COMO 8 REAIS A MEIA ENTRADA! • Uma salvação, pois os vários cinemas patrocinados pelo Itaú e os do Novo Batel, infelizmente fecharam, vitimados pela pandemia. • Voltei, depois de sete anos, ao sensacional restaurante MANU, que consta na lista dos 50 melhores da América Latina. Seu menu degustação de 10 pratos é um show de ingredientes frescos, orgânicos, sustentáveis e bem brasileiros. Serviço impecável, ambiente pequeno e exclusivo, o melhor restaurante gourmet do Brasil hoje em dia. Só trabalham com reservas, só jantar de terça a sábado. • Em Arraial D’Ajuda a estrela no campo dos bons comes e bebes vai para a BARRACA DO NEL (perto do Parque Aquático), um lugar pé na areia muito simples, mas com um fabuloso arroz de polvo e outro arroz encharcado de suculentos frutos do mar. Os dois pratos são divinos, as caipirinhas nota dez, o serviço muito rápido e eficiente, grande e surpreendente custo-benefício numa região famosa pelos preços estratosféricos. • Minha amada Bahia não desaponta nunca. Tampouco Curitiba e meu segundo lar, Gramado.

sábado, 11 de setembro de 2021

HAMBURG 2021 A CIDADE MAIS PODEROSA E AGRADÁVEL DA ALEMANHA

HAMBURG A cidade que deu o nome relacionado ao sanduíche mais famoso do mundo, é uma delícia. Provei um hambúrguer por lá, fiz absoluta questão disso assim que cheguei à cidade e constatei que não é o melhor do mundo. Fiz questão de ir a um restaurante modernoso, mas muito típico, o Altes Mädchen, para verificar. O hambúrguer bateu asas e como o futebol, inventado na Inglaterra, alçou voo próprio e foi aperfeiçoado em outros países como Brasil e EUA. Mas não foi pela bobagem acima que passei cinco dias em Hamburgo, maravilhosa cidade no norte da Alemanha. Quis conhecer este lugar que minha irmã caçula adora e escolhi o verão para evitar o congelamento das outras épocas. Decisão acertada, pois mesmo na segunda quinzena de julho, o lugar é frio, cinzento e venta muito. Nada que atrapalhe tanto o desfrutar desta cidade com C maiúsculo, minha favorita na Alemanha. Conheço Munique e Berlim, além de Dresden, lugares bastante interessantes, mas sem a classe, o charme e a ousadia de Hamburg (o nome em alemão e inglês, que prefiro à versão portuguesa). Me hospedei no hotel Barceló, perto da estação ferroviária principal, pois fui de trem até lá vinda de Zurich. Não conhecia a cadeia espanhola e adorei a escolha. Excelente custo benefício. Aliás custo-benefício é um dos grandes atrativos da cidade. Assisti a dois belos concertos de órgão em importantes igrejas de lá e paguei 10 euros cada. Museus, de 10 a 14 o ingresso, boas refeições por volta de 28 euros. Preços muito camaradas se comparados aos da Suíça, França ou Inglaterra. Hamburg é também famosa por seu porto muito importante e fazer um passeio de barco pelo rio Elbe dá uma boa idéia da magnitude das instalações. Por 20 euros o trajeto de barco por meio a belos navios de cruzeiro e monstruosos cargueiros chineses repletos de contêineres é fascinante. Sai às 10 da noite e é um programão. Bem como a visita a Filarmônica, o estonteante edifico misto de hotel e sala de espetáculo, a Elbephilarmonie. Hoje em dia é o cartão postal da cidade e vai a dica do drinque no hotel Westin, com vistas perfeitas da cidade, sem ter que necessariamente assistir a um dos caros e concorridos espetáculos de musica clássica. Hamburg exibe vários mirantes com vistas incríveis, como o da torre da igreja principal, a St. Michaelis. A igreja é linda, os concertos celestiais e a vista imperdível. Outra vista-show, bem perto dali, é a do topo das ruínas da comovente igreja St. Nikolai. Não sobrou muita coisa depois da Segunda Guerra Mundial, mas o que sobrou é bonito e tocante. Com direito a museu e elevador ao topo da única torre remanescente. Caminhar pela cidade é fácil, tudo plano e bem sinalizado. Rios, lagos, parques e represas por todos os lados, Hamburg é uma mistura inédita de Londres, Amsterdam, Copenhagen e Estocolmo. Nada tem de típica cidade alemã, é muito mais inglesa e nórdica e isto se reflete no povo elegante, moderno e comunicativo; simpáticos e prestativos. Por ser local portuário há muitos estrangeiros, a cidade é aberta e multicultural, encantadora. Importante centro artístico, de museus embasbacantes como a Kunsthalle a um sem numero de teatros, cinemas, arenas para shows, baladas, clubes noturnos; festa e cultura por todo lado. E muita música, pois é conhecida pelo apelido de Cidade-órgão devido ao número de órgãos sinfônicos que a cidade oferece. Mesmo nestes tempos pandêmicos a cidade não desistiu da música e os espetáculos correm soltos, com todas as precauções possíveis de distanciamento social. A prefeitura, Rathaus, é construção do nível, ou mais bonita ainda do que a prefeitura de Paris ou Munique. Situada em bairro chique com lojas muito finas, pode ser visitada em horários específicos. Não fui por total falta de tempo, mas deve ser muito bonita por dentro também. A arquitetura em Hamburg é de vital importância e cria uma uniformidade especial em seus muitos edifícios de tijolos escuros, como a Chilehaus e o bairro bacana de Speicherschstadt. Tudo segue esta linha e as modernas construções em vidro, aço e madeira complementam tudo com harmonia e bom gosto. Muito bombardeada nas guerras, Hamburg é uma verdadeira fênix e ressurgiu das cinzas ainda mais bonita e poderosa, sendo uma das cidades mais ricas e inovadoras da Europa. Na certa, uma das mais interessantes. O setor gastronômico de que tanto gosto é diversificado, mas comida na Alemanha não significa o mesmo que na Suíça, França e Itália. Só comi realmente bem em dois restaurantes, os mais baratos da viagem, os dois típicos alemães de maneiras distintas. O Erika’s Eck, um moquifo no bairro hippie de Schanzenviertel e o peculiar Krameramtsstubben. Este último instalado em um beco sem-saída antiquíssimo e lindo, muito preservado e atração turística top da cidade. A dica é visitar a igreja St. Michaelis e sua torre e cripta e depois ir até lá, muito pertinho. Almocei no chique-clássico Firschereihafen, cuja comida não vale a pena e no The Cube, lugar descolado dentro do mega-museu Kunsthalle; tentei o Café Paris sem sucesso. Hamburg é cultura, caminhadas, conhecimento, arquitetura, ótimas compras e história. Há belas praias de areia beira-rio para os poucos dias quentes do ano e o bairro-sexy-brega-arriscado, Reeperbahn fornece o toque “emoção da viagem”. Zurique, 28 de julho de 2021.

terça-feira, 24 de agosto de 2021

LUBECK - ALEMANHA DOCE - MARZIPAN E HISTÓRIA

LÜBECK E O MUSEU DO MARZIPÃ Pois é, em visita bem recente ao norte da Alemanha acatei a dica de uma aluna sabida e fui visitar Lübeck, que além de cidade importante é também a Meca dos confeitos de amêndoa, pelos quais sou totalmente viciada. É lá que fica a fábrica, lojas, cafés e museu do marzipã da antiga e famosa marca Niederegger. Além dos confeitos dos céus em enorme variedade de sabores, formatos e cores, há até chá de marzipã, uma festa! Para quem gosta do doce, vale a ida até a cidade só pelo prazer visual e comestível da empresa. Apesar de ser produto fácil de encontrar por toda a Europa, uma espécie de Nestlé do marzipã, preços muito acessíveis e produção gigante, a qualidade é impressionante e o nível de sofisticação idem. Mas Lübeck é bem mais do que confeitos, é uma cidade de grande importância histórica e seu centro antigo é um dos mais bonitos da Europa. Por suas ruas estreitas protegidas por um pórtico espetacular, que de tão bonito foi tornado ainda mais famoso por Andy Wharhol que também, como eu, não resistiu ao charme eterno do Holstenthor e o eternizou em suas fotos-pinturas de vanguarda; caminha-se por vielas repletas de casinhas minúsculas em corredores idem, que nos idos de 1600 e até bem antes disso, eram moradias de artesão, de gente muito simples mesmo. Apertavam-se em espaços improváveis, cinco ou seis pessoas vivendo em cerca de 30 metros quadrados, com pouca luz e ventilação, tetos baixo, frio e humidade. Hoje em dia está tudo reformado, bonito e florido e tornou-se atração turística. Em alemão, os Gänges (corredores, passagens) e Höff es (pátios internos) são moradias reais e poucos podem ser visitados em seus interiores. Mas ver de fora já é muito interessante e na primavera e verão as flores tão carinhosamente cultivadas pelos alemães são uma explosão de cores e perfumes. Perto das casinhas está o Museu St. Anne instalada em antigo convento e que reúne uma coleção espetacular de arte sacra com os relicários mais estonteantes que se possa imaginar, bem como exposições de arte contemporânea, coisas ousadas como mostras sobre sexo nas artes e na publicidade e a obra genial do grande ator alemão Armin Mueller Stahl. Seus quadros são contundentes e impressionantes e o vídeo com o depoimento dele sobre seus amigos judeus e a participação dele em filmes onde fez papel de nazista e de judeu, alternadamente, é comovente. Igrejas e enormes catedrais pipocam por esta cidade tão sofrida com os bombardeios da Segunda Guerra Mundial. A igreja St Petri, quase toda destruída, é hoje centro de exibições culturais e artísticas, sem nada dentro, só pintada de branco, cor da paz. Em sua enorme torre, um mirante com vistas maravilhosas desta cidade muito plana e verde. E do que sobrou de monumentos históricos e construções tombadas. Lübeck mistura bem o antigo e o moderno e sua economia vibrante, comércio variado e turismo forte contribuíram para o renascimento do lindo lugar. Por sua proximidade com a espetacular e enorme Hamburg, Lübeck é destino fácil, a apenas 44 minutos de trem do grande centro. Ir de manhã e sair à noite, de preferencia no verão é um grande programa. Mas ficar uns dois dias inteiros, pelo menos, é o ideal. Aproveitando os bons preços dos ótimos hotéis e restaurantes da cidade, além de boas, baratas e saborosas compras! Zurique, 25 de julho de 2021

sábado, 14 de agosto de 2021

BOGOTÁ

BOGOTÁ – 2021 Só faltava a capital colombiana para completar meu itinerário por capitais sul americanas. Como creio que jamais viaje as Guianas ou Suriname, por total falta de interesse nestes nossos vizinhos tão ao norte, a Colômbia e sua espetacular capital eram, respectivamente, o ultimo país e ultima capital a explorar. Veredito: minha favorita, disparada em primeiro lugar, é Buenos Aires. A segunda, surpresa total, Bogotá. Lima e Santiago e a séria Montevidéu perdem para esta enorme e interessante cidade encravada nos Andes. Sua localização privilegiada e única destaca Bogotá de outros centros andinos e do alto do morro Monserrate se pode observar porque. A cidade se espalha por enorme planície entre dois lados das encostas andinas, por um lado muito verdes, por outro mais secas e nevadas. Curiosamente, os bairros mais elegantes e os centros históricos estão colados aos morros cobertos de vegetação exuberante e muitas flores, o que lembra um pouco o Rio de Janeiro e é por este verdejante esplendor é que se chega ao alto de Monserrate e a vista fabulosa. O topo, a 3100 metros de altitude, pode ser facilmente alcançado por teleférico e com muita dificuldade, por uma espetacular caminhada por escadaria infinita, cerca de 1500 degraus. A caminhada vale a pena pelo exercício, pela observação das flores colombianas alegrando o trajeto e pela alegria do povo, que adora subir a encosta íngreme nos finais de semana. Em sua maioria jovens e famílias, junto a fiéis católicos que fazem o trajeto cumprindo promessa ao Senhor dos Caídos, na igreja de mesmo nome, no topo. O grau de dificuldade da caminhada de duríssima uma hora e meia, deve-se ao fato de que Bogotá é uma das capitais mais altas do mundo e subir caminhando os 500 metros de diferença em altitude é totalmente de tirar o fôlego. Deve ser feito devagar, por pessoas sem problemas cardíacos ou respiratórios, em boa forma e com muita paciência. Há vendedores pelo caminho ofertando água, refrigerantes e frutas, além dos suvenires de costume. O local é bastante policiado, mas como a Colômbia é um pais tipo Brasil e Bogotá tem o mesmo nível de alerta que o Rio de Janeiro, convém fazer o trajeto nos finais de semana, em horários diurnos, com gente por perto. Foi o que fiz, sem o menor problema. Me diverti com os ruidosos nativos, bem parecidos com os brasileiros, os que sobem caminhando com som alto, dançando, rindo, falando mais alto ainda. Diversão grátis e saudável. A igreja no topo abriga a imagem acima citada, supostamente milagrosa, antiga dos anos 1600, um Jesus caído no chão, estirando o braço, pedindo ajuda. Vale uma oração para agradecer a chegada até ali, bem como vale um almoço na Casa San Isidro, uma casa de fazenda com mais de 120 anos, linda, aconchegante, lareira crepitando no salão principal, comida deliciosa. Desci o belo serro com o teleférico, chega de escadas. Ir a Bogotá e não subir o Monserrate é não conhecer Bogotá, não ter a menor idéia de como é a cidade, pois só é neste topo que se tem a dimensão completa do lugar, da majestade das montanhas e vulcões, das planícies repleta de gado gordo, das plantações do melhor café do mundo, da beleza do céu infinito contrastando com todo o resto. Não tão imperdível, mas curiosa, é a visita à mina de sal em Zipaquirá, cidadezinha histórica a uns 50 km da capital. A Catedral do Sal é a parte turística e muito bem organizada da operação e para cristãos fervorosos uma impressionante igreja subterrânea, gigante e misteriosa. Na volta os curiosos gourmets devem programar almoço ou jantar no bizarríssimo e delicioso restaurante Andrés Carne de Rés, no subúrbio de nome Chía, lugar semi-chique de Bogotá. Serviço impressionante, eficiente, lugar bem louco, só vendo para crer. É uma mistura de ferro velho, loja vintage, circo antigo, parque de diversões. Imperdível. Há outras filiais pelo país, mas a matriz é a melhor. A comida em Bogotá é excelente e a qualidade dos ingredientes é o carro-chefe. Carne padrão argentino, frutos do mar maravilhosos, café melhor do mundo, chocolate de respeito (destaque para os da marca Serge Tierry, só encontrado em boutiques exclusivas), frutas e sucos divinos. Assim como mais que divinas são suas rosas e floriculturas. Há lojas que só vendem rosas, nos arranjos mais incríveis e de tamanhos e cores surreais. A arquitetura da cidade brilha nas muitas construções que usam tijolos aparentes, harmonizando com o verde eterno desta cidade onde chove todos os dias e a temperatura média é de 14 graus. Sempre fria, venta muito por causa dos Andes, não é lugar para quem gosta de calor e praia. Bogotá é lugar para quem gosta de frio, elegância, bom comércio, boa comida, baladas, prazeres urbanos em meio a belos parques e infinitas possibilidades de lazer. Nunca vi tantos shoppings, tantos cinemas. Muito teatro, mesmo em tempos pandêmicos e oferta cultural abundante neste país de tantos escritores maravilhosos como Garcia Marquéz, Laura Restrepo, Pilar Quintana e Fernando Vallejo. No centro cultural dedicado ao Gabo, premio Nobel inesquecível dos Cem Anos de Solidão, comprei livros numa das livrarias mais bem sortidas que já visitei. Em plena pandemia assisti ao lindo show musical de Flora Martínez, boa cantora se apresentando no pequeno Teatro Colón, bela miniatura do gigante argentino. O distanciamento social entre as poltronas era marcado por rosas vermelhas, da cor das poltronas. Toque sensível e bem colombiano. Os famosos Museu Do Ouro e o Botero justificam a fama, principalmente o primeiro. Os artigos dourados, profissionalmente exibidos e catalogados fazem do Museo del Oro um dos top 10 das Américas. O Botero é pequeno, grátis e para quem, como eu, é fã dos gorduchos retratados pelo caríssimo pintor nativo, perfeito. Ali conheci as pinturas de frutas gordas e esculturas gordas, inéditas. Os dois museus localizam-se num emaranhado intrigante de construções antigas bem preservadas e aquela atmosfera do centro da capital paulista com toques de Ouro Preto, um tanto caótica e caída. Tudo em meio a lindas igrejas, camelôs, lojas que vendem esmeraldas, museu dedicado a tal pedra, que não visitei. Bogotá conta com vários outros museus interessantes que não tive tempo de conferir, mais um motivo para voltar. No quesito gastronômico o restaurante Cosette, francês descoladinho do shopping chique, Centro Andino, é ótimo lugar para ver e ser visto, comida de primeira. Os famosos Harry Sasson e El Chato, ambos bem cotados na lista dos 50 melhores restaurantes da América Latina da revista Restaurant, atual Bíblia do assunto, valem o que cobram. O primeiro vale pelo ambiente, serviço, melhor palmito grelhado do mundo, movimentação de gente bonita, localização. O El Chato é hoje em dia o melhor da Colômbia, culinária de vanguarda em ambiente simples, mas transado. Meu favorito, no entanto, foi o restaurante do belíssimo hotel Four Seasons, o Castanyoles. Modernidade alimentar fina, em lindo ambiente confortável e ensolarado, mescla de alimentos locais e influencia forte espanhola. Churros com cremes de frutas em vez de dulce de leche, croquetes crocantes de jamón ibérico, berinjelas gratinadas picantes e outras bondades. O país, nos tempos atuais, é barato para brasileiros, não tanto como a Argentina, mas um dos poucos onde nossa moeda sofrida vale algo. Os hotéis são variados e de custo razoável e me hospedei no EK, muito bom, no agradável e bonito bairro semi residencial, Chapinero. Escolha certa, pois o centro de Bogotá, apesar das muitas atrações, é o mesmo mico que hospedar-se no centro de São Paulo. Melhor pagar táxis, muito baratos, e andar tranquilo nas ruas belas e arborizadas de Chapinero do que nas duvidosas artérias da La Candelaria. O povo me pareceu alegre e comunicativo, gostam de brasileiros, são bem informados sobre nosso controverso país. Voltarei para conhecer praias, Cartagena, Medellín e Cali. Quem sabe o famoso carnaval de Barranquilla, voltando sempre a Bogotá, que adorei. Só não gostei do transito, pior que o de São Paulo. Mas não há lugar perfeito, certo? Se existir, só o Céu... Zurique, 04 de julho de 2021.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

VEVEY E MONTREAUX

VEVEY E MONTREAUX Montreaux eu já conhecia de alguns anos e de uma das melhores edições que o Festival de Jazz local já teve. Este evento, famoso mundialmente, reúne as grandes estrelas deste estilo musical e é bastante concorrido. Este ano, só uma versão light, só pequenos espetáculos ao ar livre. Apesar de não ser grande fã da cidade, o que me fez voltar foi uma exibição maravilhosa e enorme de obras do pintor americano Andy Wharhol. Tudo girando, em maior parte, no que o genial artista produziu em relação a musica; capas de discos, cartazes, retratos de cantores e bandas e coisas no gênero. O inusitado da mostra ficou por conta do espaço: dentro de um dos grandes auditórios para concertos, que não sendo utilizado este ano, foi transformado em salão de exposições. Boa maneira de fazer uso de espaço famoso e caro, mesmo em longos tempos pandêmicos como os que estamos vivendo. Adorei Vevey, onde nunca estive. Foi amor à primeira vista, e que vista! O lago de Genève em seu esplendor de azul e montanhas enormes, escarpas de granito infinitas emoldurando uma baía de águas límpidas, jardins floridos, palácios, mansões e castelos. É um dos lugares mais bonitos da Suíça e a sede da Nestlé; que não é gigante, apenas prédios discretos e baixos, nada que chame atenção. Isto fica por conta do lindo museu Alimentarium, beira lago, que a Nestlé diz ser o único museu dedicado à comida no mundo. Pode ser, pois a poderosa empresa suíça está entre as maiores e mais importantes do planeta neste setor. O Alimentarium está instalado em bela mansão antiga, em vez de jardim, horta, espaços infantis, cursos de culinária, exposições acompanhadas de almoços ou jantares e um café divino. Claro, só servindo bebidas Nespresso. Provei o Machiatto gelado sabor piña colada, uma delícia! Há doces e salgados bem bons, o ambiente é claro, ensolarado, mobiliado com classe e conforto, descontraído. Lojas interessantes completam as ofertas comerciais. No lado da mostra permanente, uma exposição interativa sobre a história da alimentação no mundo e como interagimos com ela. Fascinante, bem como a mostra temporária do andar de cima, sobre o movimento Vegan. O vegetarianismo tão em moda, porque e para que; de maneira neutra, didática, sem tomar partido. Um politicamente correto que informa sem radicalismo. Bem suíço... O museu da Confraria dos Vinicultores e o de História de Vevey ficam ali perto, numa mansão maior ainda que já foi, entre outras coisas, hotel. Como a produção de vinhos na Suíça é quase toda localizada na parte francesa, ali está a confraria, sua história muito antiga e detalhes fascinantes sobre a festa anual dos vinicultores (Fêtes de Vignerons), ocorrendo todos os anos na grande praça principal de Vevey. O evento é tão bonito e importante, que é mostrado pelo principal canal de televisão do país, todos os anos. A história de Vevey segue alinhada com a de Lausanne e Genéve, cidades bem maiores em torno do mesmo lago. No mesmo edifício o restaurante famoso Dennis Martin exibe o esplendor da culinária franco-suíça. Só jantar, vou voltar para conferir. No lado artístico, pintura e escultura, gravuras, desenhos e aquarelas, o magnífico museu Jenish deslumbra e é quase todo dedicado a retratos feitos por artistas do calibre, de Rembrant, Picasso, Corot e Kokoshka. Mais crayons, aquarelas, fotos do que pintura desta vez e há sempre exposições de artistas contemporâneos propondo um contraponto ao clássico e antigo. Estes museus são apenas os que escolhi visitar, pois Vevey tem bem mais a oferecer, apesar de ser cidade pequena. Voltarei para pernoitar, conferi novidades, curtir e caminhar pelas ruazinhas antigas, mercados, praças, parques e a praia do lago. No setor culinário o restaurante belga Le Carré é ótimo para almoços ou aperitivos beira-lago, seus waffles e mariscos são quase tão bons quantos os da Bélgica in loco. Chocolates brilham nas maravilhas do chocolateiro David e sua loja de sonho. O toque gourmet estrelado foi o restaurante Les Ateliers, onde num dia de verão provei tartare de carne vermelha de entrada e de salmão como praço principal. Seguidos de pana cotta modernosa com cerejas semi-cozidas. Tudo regado a um bom chardonnay da região. A casa famosa, bem moderna e extremamente profissional, encontra-se em espaço inusitado, ao lado da simpática estação de trem, em antiga fábrica de máquinas, reformada e interessante. Vale aguentar a demora e o serviço antipático. Reserve. Eu fui sem e me puseram perto da cozinha e me ignoraram por bom tempo... Vevey é tão rica, interessante, pacífica, charmosa e encantadora que vários famosos se instalaram por lá através dos tempos. O mais famoso, claro, o comediante e cineasta inglês, Charles Chaplin, entronizado em estátua de bronze em frente ao Alimentarium da Fondation Nestlé. Ele tinha bom gosto! Para minha irmã Monica que me indicou Vevey. Zurich, 28 de julho de 2021.

domingo, 25 de julho de 2021

YVERDON - LES - BAINS E OUTROS LUGAREJOS BONITOS NA SUÍÇA FRANCESA

YVERDON-LES-BAINS, GRANDSON, CREUX DU VENT E SAINT URSANNE Não conheço tão bem a Suíça francesa como conheço a alemã, então nas poucas vezes que tenho estado na região, me delicio com o charme da cultura francesa, a língua, a culinária. Yverdon é um paraíso de spa e águas termais, além de muito verde e um centro histórico adorável, com direito a castelo-museu bem na praça principal, uma infinidade de bons cafés, restaurantes e lojas charmosas. O restaurante do teatro principal da cidade, no verão ao ar livre, serve pratos rápidos e simpáticos. Ali perto tomanos o trem que em cinco minutos leva ao vilarejo Grandson, onde um mega castelo bem interessante nos esperava. Com apenas 1000 de história, o lugar foi salvo por fundação de milionários locais que restauraram tudo com perfeição. Alugam o magnifico castelo para festas e eventos e assim conseguem custear a manutenção. Se os turistas estiverem dispostos, a caminhada de cinco quilômetros entre Grandson e Yverdon é uma boa maneira de queimar as calorias adquiridas após o consumos de tortas fabulosas na confeitaria Schneider, em Yverdon. Após duas noites no Hotel de la Source, percorremos o pitoresco trajeto até Creux du Vent, o “Grand Canyon” suíço. Não chega aos pés do americano, mas é um lugar lindo, com caminhadas fáceis e vistas grandiosas. Assim como linda é a estrada até a mini-vila Saint Ursanne, uma coisinha de contos de fada. Umas casinhas pintadas em cores pastel, uma igreja de sonhos e um restaurante típico onde só as batatas fritas e a Coca Cola não são feitos lá. Os donos se orgulham em dizer que até os sorvetes são feitos na casa e os ingredientes são todos fornecidos por produtores da região; vinhos, licores e destilados também. Chama-se Hotel du Boeuf, lugar simples e sem grandes atrativos, mas comida boa e verdadeiramente caseira. O filé a milanesa recheado com presunto e o maravilhoso queijo tete de moine, é realmente especial. Viajar de carro na Suíça é uma delícia e as paisagens deslumbrantes compensam as despesas salgadas em francos suíços! Zurique, 25 de julho de 2021

terça-feira, 13 de julho de 2021

RIEDERALP E AS VAQUINHAS SUÍÇAS

RIEDERALP – O VILAREJO MAIS TÍPICO DA SUÍÇA Quando pensamos neste país logo imaginamos vacas, queijos, chocolates, relógios e bancos. Pastos verdejantes, muitas flores do campo, calma, segurança. E muito dinheiro. Sim, é tudo isso e bem mais e neste fim de semana de meados de julho – 2021 - passamos cerca de quatro dias em Riederalp, que mais parece um cartão postal do que uma cidadezinha a dois mil metros de altitude, aonde se chega só por teleférico. E tudo chega por teleférico: pessoas, cães, gatos, bagagens e todos os suprimentos e materiais de construção. Uma operação impressionante que envolve sete enormes estruturas de teleféricos, pois não há estradas nestes lugares tão altos. Desnecessário dizer que tudo funciona muito bem, mesmo com chuva forte ou nevascas. E contribui com o toque especial de se estar semi-isolado bem perto do céu, do Aletsch, glaciar maior da Europa continental e do pico Matterhorn, símbolo majestoso do país. Num dia ensolarado o show das montanhas, da neve e do gelo, somados a florestas antigas, a lindos chalés centenários, as vacas gordas e as flores diversas e coloridas do verão, formam o cenário idílico deste lugar tão especial. Especialmente para casais enamorados e famílias. Bons hotéis e restaurantes ajudam também; para quem aprecia golfe de altitude o Golfhotel exibe um campo dos mais desafiadores e um restaurante bem bom. Ali perto há outros povoados um pouco maiores e outros menores e várias opções de trilhas e lagos. É possível nadar nos lagos no verão e há também os rasinhos para crianças, além de pesca de truta para os apreciadores de tais atividades. Bicicletas para alugar e vários playgrounds públicos para as várias crianças que lá passam o verão. Alugar apartamentos e casas é muito fácil e os tais chalés centenários são em geral bem modernos e confortáveis por dentro. Os supermercados da região são pequenos, mas bem sortidos e táxis elétricos e ônibus idem facilitam o transporte nesta área sem carros. E sem poluição ou barulho. Só paz, beleza, natureza respeitada e até um belo museu com exposições relacionadas ao meio ambiente, café, loja e museu de flores ao ar livre; instalado na mansão Cassell, de um inglês rico que amava a Suíça, Riederalp em especial. No inverno tudo é coberto por metros de neve e os esportes como esqui, snowboarding e todo o resto dominam esta área. Deve ser lindo, mas a estrutura de esportes de inverno não se compara a Flims, Zermatt, Gstaad ou Saas Fee. Eu voltaria no verão para me sentir parte do cartão-postal. Eu e as vaquinhas com sinos! Zurique, 13 de julho de 2021

quinta-feira, 8 de julho de 2021

ARTE NA SUÍÇA E PORQUE VISITAR O PAÍS JÁ!

ARTE EM FESTA NA SUÍÇA PÓS-PANDEMIA Tudo aberto, volta ao normal, uma tentativa de dar crédito a uma campanha de vacinação bem sucedida. Otimismo exagerado? Pode ser, mas neste pequeno e rico país europeu, o primeiro a abrir suas fronteiras a brasileiros, depois de quase um ano e meio de portas fechadas, os museus apresentam novas exposições, lotadas, maravilhosas e vibrantes. Vale muito a pena enfrentar os preços altos deste país tão lindo e vir conferir as exposições magníficas que são um sopro de ar fresco neste ar pandêmico tão contaminado e árido. Em Basel, um dos centros artísticos mais respeitados do mundo, a exibição magistral de mais de cem obras do artista inglês de rua, Banksy. Nunca pude imaginar que sua obra fosse tão intrigante e controversa, tão estimulante. Para mim, uma espécie de Andy Wharhol britânico, bem mais talentoso, bem menos comercial. Por ali também, o luxo absoluto de se alagar um museu caríssimo em água verde brilhante e plantas aquáticas, travessura de Oláfur Eliasson, o ”darling”, enfant terrible da arte contemporânea. Fabuloso! Como ousada também a sala do Beyeler empilhada com exemplares de toda a extensa coleção, acervo do museu. O Beyeler e seu belo prédio projetado por Renzo Piano, se orgulha de poder exibir, confortavelmente, enormes trabalhos de arte contemporânea; tipo um quadro gigante por sala. Esta nova iniciativa enche três paredes do topo ao chão com Picassos, Richters e Tungas, todos grudados. Um efeito inusitado, estranho, num museu que não para de ousar e desafiar. Ainda em Basel, na vetusta e respeitada catedral das artes, o Kunstmuseum, a irreverencia agressiva e bastante incomoda da artista plástica negra, Kara Walker. O museu que abriga tesouros impensáveis e que recentemente abriu uma divisão caríssima em mármore cinzento, o Neubau, totalmente dedicado à arte moderna estabelecida, ousa em exibir a contundência da Sra. Walker. Em Zurique, na Kunsthaus, a casa das artes por excelência, prestes a inaugurar mais um prédio-show dedicado às artes plásticas, a cereja do bolo: a exposição do artista vivo mais caro do planeta, Gerhard Richter. Alemão de Dresden, este gênio atual pinta paisagens como ninguém, misturando diversas técnicas com efeitos fotográficos, mas curiosamente borrados, fora de foco. Embasbacante. Para mim redentor, pois perdi a exposição de suas obras na agonia do finado museu nova-iorquino, Met Breuer. Lugar que eu amava, inexplicavelmente fechado para sempre. Richter estava iniciando uma mega exposição ali quando a pandemia atacou e seus trabalhos ficaram trancados por lá. Lástima... Ali também uma exposição comparando Ferdinand Hodler a Gustav Klimt, no que se refere a mobiliário e decoração art-nouveau. Coisas que só podem ser vistas em museus do calibre da Kunsthau, pois misturam decoração com pinturas valiosíssimas, numa iniciativa que envolveu o governo austríaco e museus daquele país. E para completar a visitação e o deleite de ver coisas novas após os quase dois sombrios anos pandêmicos, a inusitada exposição de arte norte coreana em Berna, capital da Suíça. Quis ver esta mostra para conferir o que significa arte norte coreana, deste país tão fechado, controverso, violento e misterioso. Como imaginava, é só propaganda comunista radical e nove entre dez obras exibem a figura do líder político atual. O interessante da mostra é a comparação com arte chinesa e sul coreana contemporâneas, que não podem ser mais modernas, polemicas e desafiadora. Triste ver como um regime político louco e radical pode sufocar a criatividade dos artistas, fazendo de suas obras nada mais do que fotografias pintadas de uma realidade infeliz. No museu alpino, ali perto, há uma mostra paralela de documentários feitos por cineastas e cientistas suíços, que retratam as condições difíceis de vida na Coréia do Norte atual. Com depoimentos de nativos completamente fanáticos pelo regime e seus dirigentes. Coisa para pensar... Zurique, 8 de julho de 2021

domingo, 13 de junho de 2021

GRAMADO - 2021

GRAMADO E A VACINA- 2021 Entre o fim de março e o fim de abril estive em Gramado duas vezes. A segunda, sem qualquer planejamento, motivada pela segunda dose da CoronaVac, pois tive a sorte de me vacinar com a primeira bem antes do que o faria em São Paulo. Esquema impecável, bem-organizado e controlado, no centro de convenções e exposições da cidade. Uma feliz coincidência, estar no lugar certo, na hora certa. E Gramado é sempre certo, não há erro. Tempo bom, frio gostoso, boas comidas e passeios preguiçosos; sem falar das compras nas lojas interessantes da cidade. Mesmo com restrições de horários de restaurantes e lojas, a coisa funcionou. Graças também aos deliveries do Toro e seus hamburgueres fantásticos e da pizza perfeita da Abbiamo Fatto, em Canela. Em Canela, aberto para almoço, as delícias do Empório Canela, suas massas e polentas num agradável pátio ao ar livre. Sua livraria é pequena, mas intrigante e é lugar bom para comprar presentes diferentes. O Nonno Mio continua espetacular nas massas, no serviço e na carta de vinhos e o Bistrô da Lu continua sendo, de longe, o melhor restaurante da Região das Hortênsias. E vale menção honrosa para a churrascaria Chama de Fogo, que só faz melhorar. No quesito restaurante-fofo e charmoso, o Josephine continua imbatível nos seus risotos e burratas. E a novidade ficou com o restaurante Les Amis e seus pratos de apresentação e execução perfeitas. Vale a visita e outras voltas, apesar da localização sem graça e um ambiente um tanto frio para as baixas temperaturas da cidade. Na segunda estadia por lá, me hospedei no hotel Master Gramado e adorei. Os quartos com enormes jacuzzis e grandes banheiros envidraçados, tem terraços com vistas espetaculares dos cânions do Vale do Quilombo. A localização é perfeita, muito verde e silencio. Mas é opção para fora de temporada, pois é hotel grande que abriga convenções, excursões e famílias ruidosas na alta estação. Bons preços e paz, na baixa. Estas visitas foram só de lazer e gastronomia. Nada de exercícios, passeios ou novidades nas inúmeras atrações desta famosa região sulina. Com a bandeira preta da pandemia infinita, engordar, dormir e comprar são os prazeres que nos restam... São Paulo, 14 de junho de 2021

CURITIBA - 2021

CURITIBA 2021 Entre fim de abril e começo de junho estive em Curitiba duas vezes. Na primeira, bandeira laranja, na segunda, bandeira vermelha; estas situações tão infelizes e restritivas destes tempos pandêmicos sem fim. Mas surpreendentemente as limitações não me impediram de curtir a cidade. Em abril voltei aos meus ótimos restaurantes favoritos e aos shoppings que adoro. Preguiça total, nada de parques e longas caminhadas. Já mais recentemente, fiquei restrita aos eficientes deliveries do Madero, Barolo, Nômade e Las Tablas, conheci parques novos e me encantei com a arquitetura da cidade. Tinha decidido aproveitar a cidade de qualquer modo e escolhi um bom hotel que não conhecia, o NH The Five. O meu cheeseburguer favorito do Madero chegou impecável, o picadinho divino do Nômade idem e o gigantesco polpetone com espaguete do Barolo foram show. Já as empanadas do Las Tablas decepcionaram e a linguiça salvou a entrega. Comer em quarto de hotel funciona, com vinho comprado no supermercado. Não é a situação ideal, claro. Ninguém escolhe viajar assim, mas hoje em dia quem se adapta aproveita. E aproveitei também para tomar a vacina da gripe na Panvel, para fazer exames no ótimo e barato laboratório Frishman, para fazer compras de farmácia, ir a bancos e coisas de cunho prático que normalmente não faria em viagens de lazer. Aproveitei também para conhecer o parque São Lourenço, o lindo e renovado Parque das Esculturas, bem perto da Opera de Arame e do parque Tanguá. Aliás, é possível caminhar pelos três num só dia, puxado, mas belo exercício nos dias secos e ensolarados do fim do outono curitibano. Outro ia foi passado no Parque Tingui, que é enorme e bem cuidado. Com direito a Memorial Ucraniano autêntico, pássaros pescando nos inúmeros lagos e muita gente fazendo exercício. Curitiba com sol é irrestrita nas suas opções de áreas verdes e lazer grátis. Pelas largas avenidas do Batel e Água Verde me deliciei com os sorvetes da filial brasileira da sorveteria Freddo, argentina. E com os docinhos fabulosos da nova loja da Passion du Chocolat, um delírio de açúcar maravilhoso! Com imaginação e boa vontade, sem mimimi, o turismo pandêmico é possível. Nem que seja para se dar MUITO valor à vida normal, que, cedo ou tarde voltará! São Paulo, 13 de junho de 2021.

sábado, 29 de maio de 2021

COSTA RICA - MAIO 2021

PLANO B – COSTA RICA 2021 Na minha lista A de viagens, figuram Japão, Islândia e Irã nos três primeiros postos. Como a Pandemia Ano 2 continua a prejudicar os planos viageiros, optei este ano por conhecer lugares não-prioritários, como Emirados Árabes, Costa Rica e Colômbia. Para esta última ainda não fui, mas os dois primeiros destinos foram grata surpresa, bem melhores do que eu imaginava. A Costa Rica, este pequeno país da América Central, muito visitado por americanos e alemães e todo o resto do planeta que curte natureza, tem muito a oferecer em termos de fauna, flora, vulcões variados e belas praias. Apesar do território diminuto, meus doze dias lá não deram para muita coisa, há muito ainda que conhecer. Em parte, isto se deve a geografia tumultuado do lugar, com cerca de 370 vulcões, bastante montanhosa portanto. As estradas são estreitas e sinuosas e dirigir durante a noite, uma temeridade. Não por ser país perigoso, mas pela falta de iluminação e os inúmeros animais que cruzam as estradas. Voos domésticos são limitados e pequenas, temerárias avionetas, encurtam percursos. Mas com muita chuva, nuvens densas e baixas e histórico de manutenção abaixo dos parâmetros internacionais, voar por ali não é coisa para os fracos de espírito. Portanto dirigir, contratar motorista (o que fiz e deu muito certo) ou, se está com pouca bagagem, embarcar em vans turísticas, quebram bem o galho. Não há trajeto que dure menos de três horas e meros 240 kms podem levar fácil, 5 horas de estrada. Mas compensa. O Parque Nacional Arenal é deslumbrante, onde reina o vulcão de mesmo nome. No entorno da cidadezinha chamada La Fortuna, há muitos hotéis e restaurantes e uma infinidade de atividades radicais, ou nem tanto, como rafting, tirolesa, caiaque e coisas no gênero. Para os preguiçosos, banhos termais ou curtas caminhadas pelas lindas florestas da região. Me hospedei no excelente Arenal Observatory Lodge, em frente ao vulcão e nem o tempo chuvoso estragou os três dias de maravilhosas trilhas por florestas primárias, uma infinidade de flores e os pássaros mais bonitos que já tinha visto em minhas inúmeras viagens a este tipo de lugar. Por ali os animais são protegidos e parecem não ter medo dos humanos, como pude comprovar pela proximidade que um mini tamanduá me deixou chegar dele. Continuou devorando formigas como se eu não existisse. Isso vale para macacos, quatis e tucanos. O hotel é uma reserva ambiental particular, instalada numa fazenda de 350 hectares. Comida, serviço, passeios e quartos impecáveis. Próxima parada, Monteverde; outro lugar deslumbrante nas montanhas, bem perto do mar. Fiquei no complexo de chalés Los Pinos, outra reserva particular bem cuidada, contando com suas próprias trilhas também. Restaurantes bons no vilarejo, destaque para o Tramonti, comida italiana de qualidade, ambiente lindo com muito vidro e madeira, numa colina com vista maravilhosa. Os cafés e lojinhas, na maior parte com enfoque ‘orgânico”, são adoráveis. Por ali, há parques nacionais e privados, destaque absoluto para o Bosque Eterno de Los Niños e para o Bosque Nuboso. O primeiro, um presente do governo sueco para a Costa Rica e o segundo, uma floresta antiga e preservada, digna mesmo do filme Parque Jurássico. Livro e filme são ambientados na Costa Rica, por sinal. Não vi dinossauros, mas as árvores gigantes carregadas de orquídeas e broméliasnão desapontaram. Estes dois parques têm poderosa infraestrutura de trilhas fáceis e bem-marcadas, lojas, banheiros, cafeteria. Monteverde é um lugar para caminhar, comer bem e sonhar. Pensar num mundo onde o meio ambiente é respeitado e há esperança para o nosso combalido planeta. Aliás, é este o marketing turístico da Costa Rica: preservação. Para quem se interessa por ecologia, um paraíso, modelo de turismo sustentável numa região pobre e conturbada como é a América Central. A capital, San José, é feiosa, mas interessante. O aeroporto é ótimo e o free shop bárbaro, o Teatro Nacional encena os clássicos em ambiente bonito, um mini Teatro Municipal paulistano. Livrarias e shoppings bons, restaurantes interessantes e museus pequenos, mas dignos de visita. Caso do Museo del Oro e do Museo del Jade. O famoso café da Costa Rica pode ser degustado no Café Rojo, no bairro Amón. Me hospedei no centro pela proximidade às principais atrações e amei o Hotel Presidente e seu divino restaurante Azotea, com terraço florido na cobertura. Comida internacional das melhores. Outro destaque vai para o Esquina de Buenos Aires, restaurante argentino tradicional de primeira. O dono é portenho e tudo ali, da decoração, pratos e vinhos é genuíno e de excelente qualidade. Infelizmente, a comida típica do país não me agrada, bem parecida a mexicana que detesto. Pratos pesados e gordurosos do tipo arroz e feijão velhos com muita cebola e temperos, o famoso gallo pinto. Comem a tal gororoba no café da manhã! To fora... Como o turismo é a fonte de renda número um da Costa Rica, comer bem não é problema e tem de tudo para todos os paladares. Infelizmente, o país não é barato, principalmente por atrair uma avalanche de americanos. É mais caro do que o México e emparelha ou supera o Chile ou Uruguai em custos. Não é turismo de massa, raro ver grupos de excursão. O que talvez seja um pouco mais em conta são os lugares de praia, tanto no Caribe quanto no Pacífico. Escolhi a costa deste último para explorar um pouco e não me arrependi. Da próxima vez que voltar a Costa Rica vou conhecer as praias caribenhas e o famoso Parque Nacional Manuel Antônio. Nesta primeira viagem fui à Playa Tamarindo. Á primeira vista, mico. Passado o susto da cidade feia e cheia de pó da chegada, a praia revelou-se bela e excelente para caminhar; com o toque folclórico-assustador de crocodilos perto dos rios que desembocam em certos pontos da praia. É paraíso de surfistas e moçada bonita, um lugar alegre e colorido, com ótimos bares e restaurantes. Hospedagem em pousadas, há apenas um resort a beira-mar. As pousadas são boas, fiquei no Tamarindo Bay Boutique Hotel, de uma inglesa, Marie. Tudo caprichado, hóspedes em sua maioria europeus. Os restaurantes da região têm a fama, merecida, de serem os melhores do país. Destaque para o Panga’s a beira mar/rio e suas lagostas e carpaccios deliciosos. Pé na areia, a sombra de árvores gigantes, um sonho. O italiano verdadeiro, La Pachanga, é surpreendente e o elegante Season’s não decepciona. O bar de praia Portofino tem ceviches dignos do nome e boa música. Mas o melhor da região é mesmo a fabulosa Playa Conchal. Uma mistura de mar do Tahiti, vibração e vegetação de praia brasileira, das melhores que a Bahia tem, como a minha amada Santo André, por exemplo. E areia muito branca, cheia de conchas e água quentinha e transparente, repleta de peixinhos coloridos. Aliás a temperatura do mar nas praias Tamarindo e Conchal é perfeita. Enormes banheiras com ondas suaves... Sonhar acordada neste paraíso centro-americano. A Conchal só tem hospedagem cara do tipo cadeia de hotéis W americana e um Westin bem bonito. Da praia só se vê vegetação, as poucas construções estão bem escondidas. Ficar na Playa Conchal significa isolar-se a 40 minutos de distância dos bons restaurantes, lojas e serviços da Playa Tamarindo, portanto é bom considerar isso nos planos de viagem. Para quem gosta de movimento a Conchal não será nunca a sua praia. Em maio de 2021, ano 2 desta pandemia Covid trágica e interminável, a Costa Rica encontrava-se totalmente aberta ao turismo. Máscaras e protocolos de higiene por toda parte. Distanciamento social relativo, pois a moçada nas praias se aglomera mesmo. Na capital a coisa é mais levada a sério e nos hotéis de montanha e parques ecológicos as medidas de segurança pareciam ser respeitadas. Brasileiros em número reduzido, mas constante e visível. Na certa usando a Costa Rica de trampolim para entrar nos Estados Unidos duas semanas após a chegada. Pena, pois a Costa Rica é destino maravilhoso e digno de respeito e visita, suas espécies de flora e fauna, únicas e fáceis de observar. Natureza prazerosa, cara, bela e confortável. Calor razoável nas praias e frio acolhedor nas montanhas. What else? (plagiando o ator George Clooney no anúncio da Nespresso). São Paulo, 29 de maio de 2021

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

DUBAI - FEVEREIRO 2021

DUBAI – EMIRADOS ARABES –FEVEREIRO 2021 O sonho de conhecer Dubai é antigo, mas nunca me animava a ideia de encarar o voo de 15 horas até lá. Os relatos que tinha de amigos tampouco eram animadores, dizendo que era uma Las Vegas oriental, só prédios enormes e consumismo desenfreado. Nada pode estar mais longe da verdade do que tais tipos de afirmação. Dubai é muito interessante, há inúmeras opções culturais e gastronômicas, o lugar tem uma história real e bem presente, belissimamente contada nos centros culturais de Dubai, Sharjah e Abu Dahi, centros estes que exploram a rica história da região e renovaram antigos mercados e vilas de pescadores de pérolas para melhor ilustrar a história dos 7 emirados que em menos de um século resolveram se juntar, se fortaleceram, prosperaram com o descobrimento do petróleo e hoje são potencia regional. Estes centros oferecem visitas guiadas, almoços típicos e até bonitos bondinhos fazendo trajetos históricos. Dubai é um centro financeiro para o mundo árabe, asiático e africano. O novo centro financeiro, batizado de DIFC, é regidos por leis ocidentais do tipo sistema legal inglês, e não a sharia muçulmana, assim garantindo imparcialidade a negócios e empresas. Com baixos impostos e ótimas condições de vida e trabalho, o lugar atrai empresários do mundo todo. O aeroporto é o maior do mundo e pretendem fazer num futuro próximo um dez vezes maior ainda. Tenho amigos morando lá, que adoram a segurança, limpeza e bons salários. Todos falam inglês, a maioria da população é de diversos países do mundo, só vinte por cento são nativos dos Emirados ( em quinze dias no país só tive a chance de falar com um nativo). O resultado de tanta diversidade não pode ser mais rico e interessante. Começando pela arquitetura, que é de “cair o queixo”, coisa “das Arábias” mesmo! O Burj Khalifah, o maior prédio do mundo é mesmo sensacional, dentro do maior e mais fabuloso shopping do mundo, o Dubai Mall, repleto de aquários, fontes dançantes e até um teatro de opera, o Dubai Opera, que rivaliza com os grandes da Europa. Vi Aída e Carmen em duas montagens perfeitas com companhias líricas russas. Hoje em dia, o primeiro prédio famoso, o Burj al Arab parece um anão comparado ao resto. Os prédios não são só altos; muitos deles são verdadeiras obras primas de arquitetura moderna e todo o dinheiro do petróleo compra muitos talentos internacionais. Dubai é fake como dizem? Não acho. É um lugar que emprega muita gente e tem um projeto bem definido de desenvolvimento. É um reinado, portanto ditatorial. A contrapartida é a segurança absoluta, sólida infraestrutura e ótima qualidade de vida. Me hospedei no JA Ocean View, escolha acertada à beira da praia, bem no meio da agitação. Quartos espaçosos frente ao mar, ótimo café da manhã e preços razoáveis. Dubai é cidade cara, nada fica atrás de Nova York ou Paris. Escolhi o hotel também pelo lugar, com praia estruturada, muitos serviços, cinemas, lojas e alegre agitação. Fica de cara para a roda gigante que será inaugurada em breve, maior que a London Eye. Outra área que visitei com amigos foi a City Walk onde conheci o Café L’Occitane, um dos poucos além da filiais de Paris e Tóquio. Delicia de comida leve, bem mediterrânea. Outra praia legal é a La Mer, com seu restaurante turco-libanês Koos. Aliás, falta de belas praias com muita infra é o que não falta. Com areia branquinha, mar azul transparente repleto de peixinhos e limpo. Entre passeios alternativos para quem tem mais tempo por ali, seria o milagroso mesmo, Miracle Garden, onde plantam jardins floridos incríveis em meio ao deserto. Só em Dubai... Para entender definitivamente a história deste país do Oriente Médio que tanto esforço faz para se aproximar de Israel e acabar com as guerras perenes na região, uma visita ao Etihad Museum é imperativa. O prédio é lindo, obra de um genial canadense e as exposições bem ilustram o interessante processo de construção da nação árabe. O Museu do Futuro, não muito longe dali será o perfeito contraponto ao passado. De linhas arquiteturais ainda mais ousadas, o centro cultural será na certa bastante visitado. Bem como a Frame, torre em forma de moldura que se pode visitar por elevadores rápidos e “caminhar” sobra a cidade, em aterradora plataforma de vidro sobre o abismo. Atração imperdível! Bem como imperdíveis são os passeios de barco que saem da bela marina e dão uma ideia da majestade do bairro The Palm, aquelas imensas ilhas artificiais em formato de palmeira. O Yellow Boat é muito divertido, com “emoção”, a balsa regular do centro antigo até a marina é opção menos agitada e igualmente bonita. Passei também algumas horas em outro emirado vizinho, Sharjah. O museu da História Islâmica é imperdível, o Arabian Tea Room ali perto oferece samosas e bolo de tâmaras que valem a viagem e o centro cultural e artístico tem boa fama. Não pude ver quase nada, pois estava tudo em reforma por causa da Expo 2020 que vai acontecer de Outubro de 2021 a Maio de 2022. Ótima ocasião para conhecer o espetacular lugar que se tornou Dubai nos últimos 25 anos. Quem disse que é Las Vegas, Disney, é ignorante. Só indo, vendo e conferindo. E aproveitando demais, pois é uma delícia. Passei 12 dias lá e passaria mais 12, fácil! Mesmo nos chatos tempo pandêmicos que correm... Dubai é um grande lugar para se ir com crianças também e há playgrounds por toda parte, mega estruturas para crianças nos shoppings delirantes da cidade e cinemas variados com programações infantis intensas. Kids são muito bem vindas em todo lugar. Visitei um novo hub de negócios, start-ups de jovens , a Alkersal Avenue, conjunto de galpões reformados e descolados, com cafés e galerias de arte misturados. E perto dali, a deliciosa fábrica de chocolates Mirzam, onde se vê a fabricação dos produtos, se compra tudo fresco ou em embalagens chiques. O café de lá é delicioso e os croissants imbatíveis. Dicas de restaurantes: Café More no Mall of the Emirates, Coya, peruano chique e divino no hotel Four Seasons e Observatory, no andar 52 do hotel Marriot, este último com cominha fraquinha mas bons drinques e as melhores vistas do The Palm. Boa musica. No hotel Beach Rotana o restaurante Prego serve um rigatone ao pesto de pistache que é de morrer de bom... Importante recordar e informar os desavisados que a maioria dos restaurantes não serve bebidas alcoólicas, só garantidas em hotéis. Raro fora, pois a religião muçulmana dá as cartas neste setor... O único lugar em que vi servirem álcool, fora dos hotéis, foi no restaurante do museu do Louvre, Fouquet’s, em Abu Dhabi. Como é um projeto francês, não abriram mão do vinho, uma de suas mais importantes bandeiras culturais. Voltaria aos Emirados Árabes muitas vezes em minha longa vida viageira, pois encontrei uma vibração, modernidade, segurança, divertimento e inovação, raros em outros países deste nosso conturbado planeta. Tudo é superlativo por lá. Sempre tentando ser o maior e o melhor. Estão conseguindo! Lufingen, 22 de fevereiro de 2021

domingo, 21 de fevereiro de 2021

ABU DHABI E AS 1001 NOITES -- FEVEREIRO 2021

ABU DHABI – EMIRADOS ÁRABES Dois dias das 1001 noites! Ir a Dubai sem visitar a capital dos Emirados, Abu Dhabi é como ir a Roma sem ser o Vaticano. A viagem não será completa e se perderá as atrações que dão totalmente o toque 1001 Noites a este pequeno país petroleiro encravado estrategicamente no controverso Golfo Persa. Dubai tem charme e muito que fazer, enquanto Abu Dahi é uma espécie de Brasília, moderna, plana, avenidas grandes, um lugar sem alma e sem charme. É só dinheiro, negócios e política. Mas em meio à sem-graçeira, está um conjunto de belezas únicas que podem ser vistas com facilidade no programa proposto a seguir: Parta num taxi as 9 00 de Dubai, a Abu Dhabi, direto para a grandiosa Mesquita do Sheik Zayed. Reserve na internet, grátis. O passeio é organizado, magnífico e você verá um dos templos religiosos mais belos do planeta, no nível de um Taj Mahal moderno. Os detalhes de mármores e pedras incrustadas nas colunas e pisos com perfeições de desenhos e materiais, enormes lustres de ouro e cristal, tudo trabalhado perfeitamente, com arte e bom gosto. Inesquecível. Depois da visita dirija-se ao Louvre e almoce magnificamente no francesíssimo restaurante Fouquet. Comida clássica francesa servida em ambiente decorado com o que há de melhor atualmente nas lojas de design francesas. Há um adorável terraço onde comer “al fresco” e admirar a singular arquitetura do museu, é uma delícia. Depois do acepipe, visita ao museu, cujo acervo é modesto, mas perfeito. Um passeio maravilhosamente curado pela história da humanidade, com vária peças importantes de museus franceses suíços e alemães. Há quadros dos grandes mestres impressionistas, monumentos egípcios, estátuas gregas e outras preciosidades. Exposições temporárias completam a experiência. Os jardins do museus e a proximidade do mar torna tudo ainda mais precioso e ouvi dizer que o por do sol por ali é sensacional. Á noite, a estranha cúpula de aço brilha como uma lua incrustrada de diamantes. Cansado de museus e mesquita? Hospede-se e curta o hotel mais luxuoso do universo, o Emirates Palace, cuja construção mais parece um Versailles oriental do que um hotel. Nunca vi luxo descaradamente dourado espalhado com tanto bom gosto por um lugar. Tem praia particular onde se pode andar de camelo, bares, restaurantes, gol, spa e shows musicais de arrasar. Vale gastar uma boa grana na única noite de hospedagem em Abu Dhabi. No dia seguinte, também com a reserva feita anteriormente na internet, visita ao faraônico, sultanesco, Presidencial Palace, bem pertinho do Emirates Palace. Outra visita que ficará na lista “queixo-caído permanente”. Comida típica de qualidade no complexo do Heritage Village ali perto, com visita a construções típicas do século 18, reformadas e com interessantes visitas guiadas para entender as origens deste que é o emirado maior e mais rico do país. No setor compras Abu Dhabi perde muito para Dubai e só perca tempo com isso no Marina Mall, pertinho do Heritage Ville e no Abu Dhabi Mall para talvez comprar macarrons da francesa Ladurrée ou os intrigantes chocolates da libanesa Patchi. Depois disso pode voltar a Dubai. Feliz porque apreciou as maravilhas da mesquita, do Louvre e do hotel Emirates Palace. Para os fanáticos por carros, o circuito de Formula Um e o Mundo Ferrari podem completar a experiencia e até oferecer uma bela desculpa para uma segunda e feliz noite no Emirates Palace! Lufingen, 21 de fevereiro de 2021

sábado, 6 de fevereiro de 2021

CIRCUITO DO CHOCOLATE SUÍÇO - FEVEREIRO 2021

CIRCUITO DO CHOCOLATE SUÍÇO FEVEREIRO 2021 Na total falta do que fazer e com tudo fechado devido ao infernalmente persistente coronavirus,neste inverno suíço, me dediquei a conhecer o que o Estadão local (TAGES ANZEIGER- jornal top da Suíça) classificou como “as melhores confeitarias do país”. Como estou no meu 22º ano de vindas constantes a este reinado absoluto do chocolate e conheço bastante do cenário gastronômico local, lá fui eu, de trem, a várias cidades conferir se o jornal tinha razão ou não. Tinha. Total. Primeiro, voltei a Basel e me deliciei com marzipãs verdes dentro de singelas casquinhas de sorvete, bombas trufadas crocantes e marrons glacés da Brändli, minha velha conhecida. Imbatível nestes quesitos. Depois voltei a Winterthur para ver se a Vollenweider ainda estava boa. Estava. Suas trufas, junto com as da Teuscher, de Zurique, não tem concorrência e é impossível igualar o sabor e frescor dos ingredientes usados nas de champanhe ao leite, nas amargas e na Carmen, criação singular da Vollenweider. Esta última, oferece também bombas de tudo, ou seja, recheadas de todos os cremes celestiais possíveis e imagináveis, com coberturas que além de deliciosas, são verdadeiras obras de arte, lindas. Esta casa-símbolo da bonita, rica e fria Winterthur, vende os melhores dragês do mundo, aquelas pastilhas de chocolate cobertas por confeitos coloridos. Na Sprüngli, braço chique e confeiteiro da industrial Lindt, descobri mini-trufas Liliput e os marzipãs de frutas mais caros e mais saborosos do país. Nível dos belgas. Na Sprüngli, na hora do almoço exclusivamente, se compra sanduíches take-away maravilhosos e o melhor müsli deste país que inventou a iguaria. O de frutas vermelhas é uma refeição por si só, saudável e deliciosa. A bordo dos confortáveis, limpos e quentinhos trens suíços, conheci Fribourg, uma linda cidade na parte francesa da Suíça. O centro antigo, maravilhosamente preservado, ostenta uma catedral que é verdadeira miniatura da Notre Dame de Paris. Fui lá por causa da chocolateria Fleur de Cacao, artesanal. Seus caramelos, na verdade mais para ganache francês ao leite, são diferentes e deliciosos. Mas como estas coisas artesanais não fazem bem meu gênero, voltaria a Fribourg pela cidade, museus, passeios, restaurantes e atmosfera histórica. A Fleur de Cacao é para quem gosta de ver os donos fazendo os chocolates numa fabriqueta em meio à loja, coisa bonita mas que compromete um pouco a qualidade dos produtos, altamente perecíveis. Lucerne, onde já estive muitas vezes, me apresentou a chocolateria Max KÖNIG, a única das acimas citadas que só vende chocolate, nada mais. Na Suíça, confeitaria é mescla de padaria, doceira e chocolateria. Noventa por cento é assim e estranhei a loja bonita, chique e discreta Max König. Mini bombons do gênero chocolate-moderno, com recheios exóticos e sabores alucinantes. Vale muito os 52 francos por modesta caixinhas com 24 micro-bombons. Em reais, nos tempos que correm, mais de 300 reais por tal mimo... Vale? Para viciados como eu, muito! Ultima parada: Lugano e a confeitaria-restaurante Al Porto. Panetone pesado e rico na fartura de frutas e nozes, biscoitinhos Amaretti fofinhos, derretendo na boca e castanhas confeitadas. Além de quiches de tomate e abobrinha, “to go”. É um café elegante e antigo, com mesas bloqueadas pela pandemia, vitrine de estontear. Vale visitar Lugano nem que seja para “estacionar” em frente a Al Porto e maravilhar-se com os acepipes. Na próxima vez irei a Genebra, Perroy e St. Gallen conferir outros locais mencionados no jornal. Também tentarei visitar a Bertram’s onde supostamente se encontram os melhores profiteroles da Suíça. Fui e estava fechada. Espero que não permanentemente nestes tempos em que este vírus maldito destrói vidas e lugares... Lufingen, 6 de fevereiro de 2021

LUGANO E ASCONA - FEVEREIRO 2021

LUGANO E ASCONA Fevereiro 2021 Fugindo do frio, da neve e do cinza do inverno em Zurique, dirigimos cinco horas por estradas perigosas e nevadas, muitos desvios e confusão, para chegarmos até o sul da Suíça, fronteira com a Itália. Tudo isso para curtir um pouco de sol, sempre presente nesta região, apesar do frio da estação. Nos hospedamos na Villa Sassa em Lugano, uma mistura de hotel e apartamentos com serviços, amplo, vista linda, jardins de sonho, SPA poderoso, serviço de primeira e comida deliciosa. Em tempos pandêmicos e com todos os restaurantes, bares e cafés do país fechados, aproveitamos a brecha abençoada dos hotéis poderem servir alimentos a seus hóspedes, fartos de cozinhar. Na Suíça, só há delivery de restaurantes nos centros das três ou quatro cidades maiores, tudo com horários muito limitados, preços astronômicos. Os suíços não tem o hábito americano e brasileiro do delivery ou do take away. Gostam de comer fora, mas sempre em restaurantes, com serviço. Buffets, quilos e self services são muito raros. Ou cozinham ou vão a restaurantes. Entrega é só pizza mesmo... Por isso, além do sol, da mudança de aires e paisagem, sem contar parar de ouvir o bizarro suíço-alemão e deliciar-me com a beleza do idioma italiano, ficar num hotel com serviços nos pareceu um sonho, um luxo indefinível. Coisas da pandemia... Caminhar é a única coisa que é possível aproveitar atualmente em Lugano e seu lindo lago e calçadas bem cuidadas, além de parques e praças são adoráveis. Dar comida aos cisnes e patos completa o quadro bucólico das tardes de inverno. Cobiçar visitas a museus fechados, que devem ser bem interessantes, como o moderníssimo Arte e Cultura. Ao lado dele, uma igreja linda do século treze, exibindo os afrescos mais antigos do pais e maravilhosamente restaurados. Pelo menos a igreja estava aberta e rezar ainda não foi proibido pela patrulha pandêmica. Ufa! O mesmo em Ascona, que é menor e mais bonita do que Lugano. Já estivemos lá há uns anos, no verão fumegante. Desta vez caminhamos bem mais e exploramos belas áreas residenciais onde milionários locais e internacionais tem a sorte de possuírem lindas propriedades. Nada como tomar um prosecco beira lago, nem que seja sentados numa mureta e em copo de plástico. Apesar da limitação de nossa experiência, foram quatro dias muito agradáveis e relaxantes, uma mudança milagrosa em meio ao mundo-corona em que vivemos. Vai passar e voltaremos ao sul da Suíça em tempos normais. E livres! Lufingen, 6 de fevereiro de 2021

sábado, 23 de janeiro de 2021

BUENOS AIRES - DEZEMBRO 2020

BUENOS AIRES – DEZEMBRO 2020 UMA JANELA DE OPORTUNIDADE Muito breve, infelizmente... A Argentina reabriu para turismo internacional, restrito aos países limítrofes, por menos de dois meses no final do ano passado e corri a aproveitar a oportunidade de voltar à minha Buenos Aires querida. Por cinco deliciosas noites. Estava apreensiva quanto ao que ia encontrar, visto que o país de Maradona sofre com longa e amarga recessão e inflação terrível, além de um pavoroso governo peronista. A longa e insuportável pandemia, não ajudou, mas fiquei surpresa em encontrar uma cidade alegre e vibrante, clima ótimo no início do verão, meados de dezembro passado. Há muitas placas de vende-se e aluga-se, meu querido restaurante TOMO I fechou, mas Cabaña, Piegari e Don Julio continuam firmes e ótimos. Surpresa foi encontrar tantos hotéis bons fechados, como o Four Seasons e seu espetacular restaurante Helena e até o belo Alvear tinha portas semi-trancadas. Creio que reabrirão quando o país voltar ao normal, espero! A Recoleta parece mais afetada que Palermo, mas não menos agradável e quase todos os cafés e restaurantes tem agora mesas nas calçadas, coisa impensável para lugares tipo Fervor ou El Sanjuanino. O maravilhoso café La Biela continua por lá, firme, sempre animado, sem brasileiros agora o que não é de todo mau, mas a maioria dos clientes senta-se ao ar livre, em baixo da figueira. Museus todos abertos, com agendamento de visita, muito rápido e fácil pela internet. Aliás, tudo dependente de internet na Argentina funciona maravilhosamente, são bem ligados em tecnologia, os aplicativos são excelentes. Destaque para The Fork e Tienda León. Desta vez explorei mais Palermo e suas inúmeras variações, Chico, Malba, Soho e Hollywood. Uma delícia caminhar pelas ruas arborizadas, muito verde nos plátanos antigos, as lojinhas de tralhas, a Avenida Las Heras e suas inúmeras pechinchas, os parques animados, lojas inovadoras e criativas, muita comida boa, gente jovem e bonita, pouco turista, uma festa local testemunhada pela única brasileira no pedaço, eu. Privilégio que nos 50 anos que vou à Argentina, nunca tive. No começo, senti falta do ruído e cafonice dos meus compatriotas, Buenos Aires sem hordas de brazucas é estranho, mas logo me acostumei e aproveitei o cenário genuinamente portenho. Voltei ao Don Julio, agora eleito melhor restaurante da América Latina pelo respeitado ranking da revista inglesa Restaurant. A classificação é super merecida, pois a casa celebra a cozinha tradicional argentina, da fazenda, das estancias, dos gaúchos, da carne, das vacas, do couro, do doce de leite, dos pampas e do vinho deste lindo e fértil país. O Don Julio continua espetacular e por 30 dólares se almoça espetacularmente. No ano passado fiz fila, na rua, de mais de uma hora para entrar. Agora, fui atendida como rainha, imediatamente e me deram uma mesa ótima. O restaurante estava com 60% de capacidade num dia de semana, nada mau para tempos pandêmicos. Aliás, todos os lugares que visitei nesta curta temporada estavam com bom movimento. Nada de lugares fantasma e caras de desespero. Os portenhos estavam saindo, comprando e comendo. E claro, passeando seus inúmeros cães, nesta cidade que é o paraíso universal das quatro patas! Também em Palermo e de propriedade do mesmo dono do Don Julio, um restaurante agradável e divino, o El Preferido de Palermo que está também na lista dos 50 melhores da América Latina. Comida argentina caseira, pratos muito diferentes, privilegiando bifes a milanesa e não churrasco, polenta de grão de bico, coisas não-turísticas que os argentinos comem todos os dias. A poucos quarteirões do Don Julio, também numa esquina de Palermo Soho, também numa casa antiga charmosamente reformada. Preços bem camaradas. Aliás, corram quando a Argentina reabrir de novo, pois os preços estão espetaculares até mesmo para o nosso combalido real. Troquei 600 dólares para seis dias e voltei com troco. Comprei 20 livros nas incomparáveis livrarias da cidade, comprei roupas, presentes, mala, bolsa, mochila, paguei restaurantes, guloseimas variadas para trazer ao Brasil, um montão de coisas legais e me senti como milionária. Conselho: troque em cambistas paralelos. A tarifa é muito mais alta do que o oficial, você sai com um bolo de dinheiro (leve mochila) E FAZ A FESTA!!! Sensação deliciosas para brasileiros que sofrem com moedas de países ricos que nos lembram constantemente o pobre que somos... Os poucos hotéis abertos tinham belas tarifas, como os 90 dólares por quarto espaçoso, confortável e bem mobiliado, no Meliá Recoleta, uma casa linda em que morou Evita. Primeira e temo, única vez que me hospedei bem e barato nesta cidade cujos hotéis são sempre caros. Mesmo os ruins. Um dos pontos altos da estadia foi poder ir ao teatro, coisa que amo na cidade, que tem um dos cenários teatrais melhores do mundo. Vi duas peças excelentes (destaque para La Suerte de la Fea), cada uma com apenas dois atores em cena. Entradas baratíssimas para espetáculos de qualidade e a alegria de fazer algo normal, sonhando com a vida normal e maravilhosa que teremos ainda neste longo e íngreme ano de 2021. Ojalá! Zurich, 23 de janeiro de 2021

sábado, 16 de janeiro de 2021

FLIMS - NEVE E ESQUI - JANEIRO 2021

FLIMS – ESTAÇÃO DE ESQUI NA SUÍÇA - JANEIRO 2021 Pouco conhecida dos brasileiros, Flims é uma cidadezinha de fácil acesso do aeroporto de Zurique, coisa rara em termos de lugares para pratica de esportes de neve. Em qualquer lugar do mundo, noventa por cento dos bons centros de esqui, de belos povoados nevados, picos íngremes, vistas incríveis e coisas do gênero, é de acesso muito difícil. Além das muitas horas de voo, em geral, outras muitas horas de carro, trens, ônibus, voos em temerosas avionetas e por aí vai... Flims foi uma grata surpresa, pois de Zurique, se chega confortavelmente até lá, de carro, em cerca de noventa minutos. Sem estradas com curvas tremendas e outros complicadores. Mesmo nesta pandemia infindável, o povoado estava lotado entre o Natal e Ano Novo, muitas famílias e jovens escapando das restrições e chatices que infelizmente marcaram 2020 e se estendem por 2021. Alugamos um apartamento com lareira, “enterrado” na neve, central sem barulho, conveniente para tudo. Como não esquiamos, nossas caminhadas e prática de snowshoeing nos levaram a lindo lagos congelados, como o Caumasee e o Crestasee. Andando horas por florestas geladas, trilhas bem marcadas, subindo e descendo morros branquinhos e nos extasiando com a beleza das paisagens invernais e dos picos enormes que fazem da Suíça um dos países mais bonitos do mundo. Não é só fama por conta das fotos de caixas e embalagens de chocolate, mas realidade enquadrada pelo sol fraco do inverno, o azul do céu, o silencio sepulcral da neve caindo sobre neve e cobrindo tudo de um manto brilhante. A caminhada até a cidade, vizinha, Laax, é também um mega exercício e uma forma de se conhecer melhor a região e queimar as muitas calorias das fondues, raclettes e sobremesas divinas. Para quem não tem medo de altura, o trekking até a plataforma Il Spir oferece a experiência de precipício em passarela de arame e cabos de aço, a sensação de pairar sobre enormes paredões e rios lá bem longe, no fundo da profunda garganta destes muros gigantescos de granito que formam os cânions de um braço do rio Reno. Flims tem lojas muito boas, belas roupas e artigos de decoração para casa, além das infalíveis lojas de artigos esportivos. Conta idem com um numero altíssimo de cabeleireiros e ótimos bares, restaurantes e cafés. Isto sem falar das maravilhosas padarias e confeitarias que são estabelecimentos clássicos deste pequeno e rico país alpino. Hotéis luxuosos completam o panorama urbano. No final de dezembro de 2020 e início de 2021, vários lugares estavam fechados devido ao temível Coronavírus e fila mesmo, só nos transportes de esqui, no supermercado central e numa das farmácias, onde bastante gente fazia o teste PCR. Sinal dos tempos... Mesmo restrita, Flims é linda e não há vírus que atrapalhe o ar puro, a paz, o silencio e a beleza das montanhas nevadas. Lugar para descansar, pensar, ler, caminhar e esquiar. Lufingen, 15 de janeiro de 2021.

sábado, 9 de janeiro de 2021

GONÇALVES - NATAL 2020

GONÇALVES – MINAS GERAIS – DEZEMBRO 2020 A nova Monte Verde? Há apenas 18 dias estive pela primeira vez em Gonçalves, em minha eterna curiosidade e eventual procura por lugares “perto” de São Paulo. Não se aplica, pois mesmo com transito moderado, é projeto de pelos menos 4 horas de direção. Como fomos por seis noites, valeu a pena. Estrada boa, tudo asfalto, trechos bonitos e sinuosos nos últimos 60 quilômetros finais. Alugamos uma linda casa perto do centro, com vista espetacular, pelo Airbnb. Quem quiser pode me perguntar que dou a dica. Piscina, paz, conforto. O que mais se pode querer nestes tempos tão infelizes? Ah! Talvez segurança. Sensação que tive o tempo todo na região de Gonçalves; coisa de se dormir com a porta da frente da casa e carro destrancados, delícia rara neste Brasil tão violento... Gonçalves é limpa, simples e organizada e apesar de destino turístico, não é “turisteba” como Monte Verde. Há lojinhas interessantes, restaurantes nem tanto, cantinhos curiosos, uma certa “tranquilidade de roça”, com conforto. O conforto se aplica a bom acesso, bons supermercados, farta oferta de produtos frescos e orgânicos e apesar de estar em Minas tem um certo toque paulista, pela proximidade das fronteiras. É mais mineira do que Monte Verde, pela produção de laticínios e as vaquinhas fofinhas nos sítios verdinhos da região. Consegui comprar lá um maravilhoso queijo da Serra da Canastra que não havia encontrado anos atrás na própria Serra da Canastra. Região fria, muita chuva, geografia íngreme, bonitas paisagens e, ouvi dizer, trilhas desafiadoras e grande fartura de cachoeiras. Ficam todas estas aventuras para a próxima vez, minha primeira visita foi coisa de família, sem tempo para caminhadas que adoro. Visitei o hotel Vida Verde que parece bom, dirigimos bastante pelas estradas de terra da região, com verde intenso neste começo de verão. Carro é essencial em Gonçalves, pois tudo é distante e veículos resistente a estradas de terra são aconselhados. Como nossa casa alugada era muito confortável e meu genro é bom churrasqueiro e gosta de cozinhar, só conheci dois restaurantes locais, o Ao Pé da Pedra e o Sauá. O primeiro é simples e ruim, o segundo mais sofisticado e bom. O Sauá conta com carta de vinhos surpreendente a preços incrivelmente convidativos e pratos ousados como strogonoff flambado na cachaça, filé ao molho de café, linguiça supostamente considerada a melhor do Brasil e outras delícias. Valeu a viagem de 11 quilômetros de nossa casa até lá. Bom GPS e coragem também são uteis nesta região onde sinal de celular pode falhar com certa frequência. Comparando Campos do Jordão, Monte Verde, Santo Antônio do Pinhal e Gonçalves, todas elas na Serra da Mantiqueira e relativamente próximas, há de tudo para todos os gostos: Campos para agito urbano e mais opções de hotéis e restaurantes. Monte Verde para trilhas ótimas e óbvias, em grande variedade do mais fácil até o muito difícil. Boas compras e atualmente, farta oferta gastronômica, em região pequena, onde tudo é mais ou menos perto. Santo Antônio do Pinhal tem o melhor acesso das 4 cidades, bons restaurantes e pousadas sofisticadas. Mas o centro é sem apelo e a geografia não ajuda. Gonçalves é a mais genuína, “roots”, menos turística, mais alternativa e eu voltaria com certeza para explorar as belezas naturais. Voltar às outras três que já conheço melhor, não sei... Aos queridos Melman, companheiros de Gonçalves. Lufingen, 3 de janeiro de 2021.

domingo, 3 de janeiro de 2021

ARRAIAL D'AJUDA E SANTO ANDRÉ - BAHIA DEZEMBRO 2020

BAHIA – DEZEMBRO 2020 – ARRAIAL D’AJUDA E SANTO ANDRÉ Sugestões para o verão pandêmico 2021 Volto à Bahia todos os anos, há quase trinta anos e no confuso 2020 a volta se limitou a uma extremamente limitada Praia do Forte em Maio e mais recentemente, há menos de um mês, ao sul do Estado, minha região preferida que é melhor e mais simples chamar de “Trancoso”. Apenas três dias, passagem de milhas, Airbnb por duas noites no centro de Arraial, um bate e volta que no passado era mais fácil por ser Congonhas. Mas em tempos de pandemia, qualquer escapada é lucro e a Bahia vale o sacrifício do voo lotado, repleto de gente feia, crianças urrando, etc. Para amenizar os horrores do voo, já fui direto passar o dia na bela Santo André que a pandemia em nada afetou. Continua “tudo como antes no quartel de Abrantes”; a praia show, um oásis de paz e isolamento, ninguém por ali. A Pousada Victor Hugo segue firme, boa comida, uma almoço delicioso de lulas e siris e caipirinhas para relaxar... Arraial bem cheia para minha surpresa e, de novo, nada fechou ou faliu. Aproveitaram para consertar coisas, limpar a cidade e melhorar os jardins. Alguns bares da praia parecem ter parado de operar, mas há novos e os antigos, como o restaurante da Pousada Pitinga, seguem excelentes. O restaurante do adorável hotel Maitei está melhor do que nunca e é a opção número 1 de comida e ambiente sofisticados no centro de Arraial. A caipirinha campeã ainda é a de abacaxi do Café da Santa e o serviço é o melhor da cidade. O aeroporto de Porto Seguro continua a mesma velha porcaria, mas com menos gente, o que é sempre bem vindo e o importante, os recursos naturais da região, permanecem intactos. A única coisa da qual não gostei foi uma atitude um tanto relaxada e complacente quanto às máscaras. Estava todo mundo em “clima verão” e não pareciam preocupados com o vírus. Outras coisas não afetadas pelo Corona vírus, são os preços da região. Pandemia, quarentena e outros quetais em nada afetaram o alto custo de viagens por lá. Tudo caro, qualquer almocinho singelo não sai menos do que R$ 200,00 por pessoa e o preço das passagens aéreas segue sendo dos mais altos do país. Bem, o Paraíso tem um preço, certo? Este, pelo menos, é em Reais. Lufingen, 03 de janeiro de 2021.