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sábado, 23 de janeiro de 2021

BUENOS AIRES - DEZEMBRO 2020

BUENOS AIRES – DEZEMBRO 2020 UMA JANELA DE OPORTUNIDADE Muito breve, infelizmente... A Argentina reabriu para turismo internacional, restrito aos países limítrofes, por menos de dois meses no final do ano passado e corri a aproveitar a oportunidade de voltar à minha Buenos Aires querida. Por cinco deliciosas noites. Estava apreensiva quanto ao que ia encontrar, visto que o país de Maradona sofre com longa e amarga recessão e inflação terrível, além de um pavoroso governo peronista. A longa e insuportável pandemia, não ajudou, mas fiquei surpresa em encontrar uma cidade alegre e vibrante, clima ótimo no início do verão, meados de dezembro passado. Há muitas placas de vende-se e aluga-se, meu querido restaurante TOMO I fechou, mas Cabaña, Piegari e Don Julio continuam firmes e ótimos. Surpresa foi encontrar tantos hotéis bons fechados, como o Four Seasons e seu espetacular restaurante Helena e até o belo Alvear tinha portas semi-trancadas. Creio que reabrirão quando o país voltar ao normal, espero! A Recoleta parece mais afetada que Palermo, mas não menos agradável e quase todos os cafés e restaurantes tem agora mesas nas calçadas, coisa impensável para lugares tipo Fervor ou El Sanjuanino. O maravilhoso café La Biela continua por lá, firme, sempre animado, sem brasileiros agora o que não é de todo mau, mas a maioria dos clientes senta-se ao ar livre, em baixo da figueira. Museus todos abertos, com agendamento de visita, muito rápido e fácil pela internet. Aliás, tudo dependente de internet na Argentina funciona maravilhosamente, são bem ligados em tecnologia, os aplicativos são excelentes. Destaque para The Fork e Tienda León. Desta vez explorei mais Palermo e suas inúmeras variações, Chico, Malba, Soho e Hollywood. Uma delícia caminhar pelas ruas arborizadas, muito verde nos plátanos antigos, as lojinhas de tralhas, a Avenida Las Heras e suas inúmeras pechinchas, os parques animados, lojas inovadoras e criativas, muita comida boa, gente jovem e bonita, pouco turista, uma festa local testemunhada pela única brasileira no pedaço, eu. Privilégio que nos 50 anos que vou à Argentina, nunca tive. No começo, senti falta do ruído e cafonice dos meus compatriotas, Buenos Aires sem hordas de brazucas é estranho, mas logo me acostumei e aproveitei o cenário genuinamente portenho. Voltei ao Don Julio, agora eleito melhor restaurante da América Latina pelo respeitado ranking da revista inglesa Restaurant. A classificação é super merecida, pois a casa celebra a cozinha tradicional argentina, da fazenda, das estancias, dos gaúchos, da carne, das vacas, do couro, do doce de leite, dos pampas e do vinho deste lindo e fértil país. O Don Julio continua espetacular e por 30 dólares se almoça espetacularmente. No ano passado fiz fila, na rua, de mais de uma hora para entrar. Agora, fui atendida como rainha, imediatamente e me deram uma mesa ótima. O restaurante estava com 60% de capacidade num dia de semana, nada mau para tempos pandêmicos. Aliás, todos os lugares que visitei nesta curta temporada estavam com bom movimento. Nada de lugares fantasma e caras de desespero. Os portenhos estavam saindo, comprando e comendo. E claro, passeando seus inúmeros cães, nesta cidade que é o paraíso universal das quatro patas! Também em Palermo e de propriedade do mesmo dono do Don Julio, um restaurante agradável e divino, o El Preferido de Palermo que está também na lista dos 50 melhores da América Latina. Comida argentina caseira, pratos muito diferentes, privilegiando bifes a milanesa e não churrasco, polenta de grão de bico, coisas não-turísticas que os argentinos comem todos os dias. A poucos quarteirões do Don Julio, também numa esquina de Palermo Soho, também numa casa antiga charmosamente reformada. Preços bem camaradas. Aliás, corram quando a Argentina reabrir de novo, pois os preços estão espetaculares até mesmo para o nosso combalido real. Troquei 600 dólares para seis dias e voltei com troco. Comprei 20 livros nas incomparáveis livrarias da cidade, comprei roupas, presentes, mala, bolsa, mochila, paguei restaurantes, guloseimas variadas para trazer ao Brasil, um montão de coisas legais e me senti como milionária. Conselho: troque em cambistas paralelos. A tarifa é muito mais alta do que o oficial, você sai com um bolo de dinheiro (leve mochila) E FAZ A FESTA!!! Sensação deliciosas para brasileiros que sofrem com moedas de países ricos que nos lembram constantemente o pobre que somos... Os poucos hotéis abertos tinham belas tarifas, como os 90 dólares por quarto espaçoso, confortável e bem mobiliado, no Meliá Recoleta, uma casa linda em que morou Evita. Primeira e temo, única vez que me hospedei bem e barato nesta cidade cujos hotéis são sempre caros. Mesmo os ruins. Um dos pontos altos da estadia foi poder ir ao teatro, coisa que amo na cidade, que tem um dos cenários teatrais melhores do mundo. Vi duas peças excelentes (destaque para La Suerte de la Fea), cada uma com apenas dois atores em cena. Entradas baratíssimas para espetáculos de qualidade e a alegria de fazer algo normal, sonhando com a vida normal e maravilhosa que teremos ainda neste longo e íngreme ano de 2021. Ojalá! Zurich, 23 de janeiro de 2021

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