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quarta-feira, 28 de julho de 2021

VEVEY E MONTREAUX

VEVEY E MONTREAUX Montreaux eu já conhecia de alguns anos e de uma das melhores edições que o Festival de Jazz local já teve. Este evento, famoso mundialmente, reúne as grandes estrelas deste estilo musical e é bastante concorrido. Este ano, só uma versão light, só pequenos espetáculos ao ar livre. Apesar de não ser grande fã da cidade, o que me fez voltar foi uma exibição maravilhosa e enorme de obras do pintor americano Andy Wharhol. Tudo girando, em maior parte, no que o genial artista produziu em relação a musica; capas de discos, cartazes, retratos de cantores e bandas e coisas no gênero. O inusitado da mostra ficou por conta do espaço: dentro de um dos grandes auditórios para concertos, que não sendo utilizado este ano, foi transformado em salão de exposições. Boa maneira de fazer uso de espaço famoso e caro, mesmo em longos tempos pandêmicos como os que estamos vivendo. Adorei Vevey, onde nunca estive. Foi amor à primeira vista, e que vista! O lago de Genève em seu esplendor de azul e montanhas enormes, escarpas de granito infinitas emoldurando uma baía de águas límpidas, jardins floridos, palácios, mansões e castelos. É um dos lugares mais bonitos da Suíça e a sede da Nestlé; que não é gigante, apenas prédios discretos e baixos, nada que chame atenção. Isto fica por conta do lindo museu Alimentarium, beira lago, que a Nestlé diz ser o único museu dedicado à comida no mundo. Pode ser, pois a poderosa empresa suíça está entre as maiores e mais importantes do planeta neste setor. O Alimentarium está instalado em bela mansão antiga, em vez de jardim, horta, espaços infantis, cursos de culinária, exposições acompanhadas de almoços ou jantares e um café divino. Claro, só servindo bebidas Nespresso. Provei o Machiatto gelado sabor piña colada, uma delícia! Há doces e salgados bem bons, o ambiente é claro, ensolarado, mobiliado com classe e conforto, descontraído. Lojas interessantes completam as ofertas comerciais. No lado da mostra permanente, uma exposição interativa sobre a história da alimentação no mundo e como interagimos com ela. Fascinante, bem como a mostra temporária do andar de cima, sobre o movimento Vegan. O vegetarianismo tão em moda, porque e para que; de maneira neutra, didática, sem tomar partido. Um politicamente correto que informa sem radicalismo. Bem suíço... O museu da Confraria dos Vinicultores e o de História de Vevey ficam ali perto, numa mansão maior ainda que já foi, entre outras coisas, hotel. Como a produção de vinhos na Suíça é quase toda localizada na parte francesa, ali está a confraria, sua história muito antiga e detalhes fascinantes sobre a festa anual dos vinicultores (Fêtes de Vignerons), ocorrendo todos os anos na grande praça principal de Vevey. O evento é tão bonito e importante, que é mostrado pelo principal canal de televisão do país, todos os anos. A história de Vevey segue alinhada com a de Lausanne e Genéve, cidades bem maiores em torno do mesmo lago. No mesmo edifício o restaurante famoso Dennis Martin exibe o esplendor da culinária franco-suíça. Só jantar, vou voltar para conferir. No lado artístico, pintura e escultura, gravuras, desenhos e aquarelas, o magnífico museu Jenish deslumbra e é quase todo dedicado a retratos feitos por artistas do calibre, de Rembrant, Picasso, Corot e Kokoshka. Mais crayons, aquarelas, fotos do que pintura desta vez e há sempre exposições de artistas contemporâneos propondo um contraponto ao clássico e antigo. Estes museus são apenas os que escolhi visitar, pois Vevey tem bem mais a oferecer, apesar de ser cidade pequena. Voltarei para pernoitar, conferi novidades, curtir e caminhar pelas ruazinhas antigas, mercados, praças, parques e a praia do lago. No setor culinário o restaurante belga Le Carré é ótimo para almoços ou aperitivos beira-lago, seus waffles e mariscos são quase tão bons quantos os da Bélgica in loco. Chocolates brilham nas maravilhas do chocolateiro David e sua loja de sonho. O toque gourmet estrelado foi o restaurante Les Ateliers, onde num dia de verão provei tartare de carne vermelha de entrada e de salmão como praço principal. Seguidos de pana cotta modernosa com cerejas semi-cozidas. Tudo regado a um bom chardonnay da região. A casa famosa, bem moderna e extremamente profissional, encontra-se em espaço inusitado, ao lado da simpática estação de trem, em antiga fábrica de máquinas, reformada e interessante. Vale aguentar a demora e o serviço antipático. Reserve. Eu fui sem e me puseram perto da cozinha e me ignoraram por bom tempo... Vevey é tão rica, interessante, pacífica, charmosa e encantadora que vários famosos se instalaram por lá através dos tempos. O mais famoso, claro, o comediante e cineasta inglês, Charles Chaplin, entronizado em estátua de bronze em frente ao Alimentarium da Fondation Nestlé. Ele tinha bom gosto! Para minha irmã Monica que me indicou Vevey. Zurich, 28 de julho de 2021.

domingo, 25 de julho de 2021

YVERDON - LES - BAINS E OUTROS LUGAREJOS BONITOS NA SUÍÇA FRANCESA

YVERDON-LES-BAINS, GRANDSON, CREUX DU VENT E SAINT URSANNE Não conheço tão bem a Suíça francesa como conheço a alemã, então nas poucas vezes que tenho estado na região, me delicio com o charme da cultura francesa, a língua, a culinária. Yverdon é um paraíso de spa e águas termais, além de muito verde e um centro histórico adorável, com direito a castelo-museu bem na praça principal, uma infinidade de bons cafés, restaurantes e lojas charmosas. O restaurante do teatro principal da cidade, no verão ao ar livre, serve pratos rápidos e simpáticos. Ali perto tomanos o trem que em cinco minutos leva ao vilarejo Grandson, onde um mega castelo bem interessante nos esperava. Com apenas 1000 de história, o lugar foi salvo por fundação de milionários locais que restauraram tudo com perfeição. Alugam o magnifico castelo para festas e eventos e assim conseguem custear a manutenção. Se os turistas estiverem dispostos, a caminhada de cinco quilômetros entre Grandson e Yverdon é uma boa maneira de queimar as calorias adquiridas após o consumos de tortas fabulosas na confeitaria Schneider, em Yverdon. Após duas noites no Hotel de la Source, percorremos o pitoresco trajeto até Creux du Vent, o “Grand Canyon” suíço. Não chega aos pés do americano, mas é um lugar lindo, com caminhadas fáceis e vistas grandiosas. Assim como linda é a estrada até a mini-vila Saint Ursanne, uma coisinha de contos de fada. Umas casinhas pintadas em cores pastel, uma igreja de sonhos e um restaurante típico onde só as batatas fritas e a Coca Cola não são feitos lá. Os donos se orgulham em dizer que até os sorvetes são feitos na casa e os ingredientes são todos fornecidos por produtores da região; vinhos, licores e destilados também. Chama-se Hotel du Boeuf, lugar simples e sem grandes atrativos, mas comida boa e verdadeiramente caseira. O filé a milanesa recheado com presunto e o maravilhoso queijo tete de moine, é realmente especial. Viajar de carro na Suíça é uma delícia e as paisagens deslumbrantes compensam as despesas salgadas em francos suíços! Zurique, 25 de julho de 2021

terça-feira, 13 de julho de 2021

RIEDERALP E AS VAQUINHAS SUÍÇAS

RIEDERALP – O VILAREJO MAIS TÍPICO DA SUÍÇA Quando pensamos neste país logo imaginamos vacas, queijos, chocolates, relógios e bancos. Pastos verdejantes, muitas flores do campo, calma, segurança. E muito dinheiro. Sim, é tudo isso e bem mais e neste fim de semana de meados de julho – 2021 - passamos cerca de quatro dias em Riederalp, que mais parece um cartão postal do que uma cidadezinha a dois mil metros de altitude, aonde se chega só por teleférico. E tudo chega por teleférico: pessoas, cães, gatos, bagagens e todos os suprimentos e materiais de construção. Uma operação impressionante que envolve sete enormes estruturas de teleféricos, pois não há estradas nestes lugares tão altos. Desnecessário dizer que tudo funciona muito bem, mesmo com chuva forte ou nevascas. E contribui com o toque especial de se estar semi-isolado bem perto do céu, do Aletsch, glaciar maior da Europa continental e do pico Matterhorn, símbolo majestoso do país. Num dia ensolarado o show das montanhas, da neve e do gelo, somados a florestas antigas, a lindos chalés centenários, as vacas gordas e as flores diversas e coloridas do verão, formam o cenário idílico deste lugar tão especial. Especialmente para casais enamorados e famílias. Bons hotéis e restaurantes ajudam também; para quem aprecia golfe de altitude o Golfhotel exibe um campo dos mais desafiadores e um restaurante bem bom. Ali perto há outros povoados um pouco maiores e outros menores e várias opções de trilhas e lagos. É possível nadar nos lagos no verão e há também os rasinhos para crianças, além de pesca de truta para os apreciadores de tais atividades. Bicicletas para alugar e vários playgrounds públicos para as várias crianças que lá passam o verão. Alugar apartamentos e casas é muito fácil e os tais chalés centenários são em geral bem modernos e confortáveis por dentro. Os supermercados da região são pequenos, mas bem sortidos e táxis elétricos e ônibus idem facilitam o transporte nesta área sem carros. E sem poluição ou barulho. Só paz, beleza, natureza respeitada e até um belo museu com exposições relacionadas ao meio ambiente, café, loja e museu de flores ao ar livre; instalado na mansão Cassell, de um inglês rico que amava a Suíça, Riederalp em especial. No inverno tudo é coberto por metros de neve e os esportes como esqui, snowboarding e todo o resto dominam esta área. Deve ser lindo, mas a estrutura de esportes de inverno não se compara a Flims, Zermatt, Gstaad ou Saas Fee. Eu voltaria no verão para me sentir parte do cartão-postal. Eu e as vaquinhas com sinos! Zurique, 13 de julho de 2021

quinta-feira, 8 de julho de 2021

ARTE NA SUÍÇA E PORQUE VISITAR O PAÍS JÁ!

ARTE EM FESTA NA SUÍÇA PÓS-PANDEMIA Tudo aberto, volta ao normal, uma tentativa de dar crédito a uma campanha de vacinação bem sucedida. Otimismo exagerado? Pode ser, mas neste pequeno e rico país europeu, o primeiro a abrir suas fronteiras a brasileiros, depois de quase um ano e meio de portas fechadas, os museus apresentam novas exposições, lotadas, maravilhosas e vibrantes. Vale muito a pena enfrentar os preços altos deste país tão lindo e vir conferir as exposições magníficas que são um sopro de ar fresco neste ar pandêmico tão contaminado e árido. Em Basel, um dos centros artísticos mais respeitados do mundo, a exibição magistral de mais de cem obras do artista inglês de rua, Banksy. Nunca pude imaginar que sua obra fosse tão intrigante e controversa, tão estimulante. Para mim, uma espécie de Andy Wharhol britânico, bem mais talentoso, bem menos comercial. Por ali também, o luxo absoluto de se alagar um museu caríssimo em água verde brilhante e plantas aquáticas, travessura de Oláfur Eliasson, o ”darling”, enfant terrible da arte contemporânea. Fabuloso! Como ousada também a sala do Beyeler empilhada com exemplares de toda a extensa coleção, acervo do museu. O Beyeler e seu belo prédio projetado por Renzo Piano, se orgulha de poder exibir, confortavelmente, enormes trabalhos de arte contemporânea; tipo um quadro gigante por sala. Esta nova iniciativa enche três paredes do topo ao chão com Picassos, Richters e Tungas, todos grudados. Um efeito inusitado, estranho, num museu que não para de ousar e desafiar. Ainda em Basel, na vetusta e respeitada catedral das artes, o Kunstmuseum, a irreverencia agressiva e bastante incomoda da artista plástica negra, Kara Walker. O museu que abriga tesouros impensáveis e que recentemente abriu uma divisão caríssima em mármore cinzento, o Neubau, totalmente dedicado à arte moderna estabelecida, ousa em exibir a contundência da Sra. Walker. Em Zurique, na Kunsthaus, a casa das artes por excelência, prestes a inaugurar mais um prédio-show dedicado às artes plásticas, a cereja do bolo: a exposição do artista vivo mais caro do planeta, Gerhard Richter. Alemão de Dresden, este gênio atual pinta paisagens como ninguém, misturando diversas técnicas com efeitos fotográficos, mas curiosamente borrados, fora de foco. Embasbacante. Para mim redentor, pois perdi a exposição de suas obras na agonia do finado museu nova-iorquino, Met Breuer. Lugar que eu amava, inexplicavelmente fechado para sempre. Richter estava iniciando uma mega exposição ali quando a pandemia atacou e seus trabalhos ficaram trancados por lá. Lástima... Ali também uma exposição comparando Ferdinand Hodler a Gustav Klimt, no que se refere a mobiliário e decoração art-nouveau. Coisas que só podem ser vistas em museus do calibre da Kunsthau, pois misturam decoração com pinturas valiosíssimas, numa iniciativa que envolveu o governo austríaco e museus daquele país. E para completar a visitação e o deleite de ver coisas novas após os quase dois sombrios anos pandêmicos, a inusitada exposição de arte norte coreana em Berna, capital da Suíça. Quis ver esta mostra para conferir o que significa arte norte coreana, deste país tão fechado, controverso, violento e misterioso. Como imaginava, é só propaganda comunista radical e nove entre dez obras exibem a figura do líder político atual. O interessante da mostra é a comparação com arte chinesa e sul coreana contemporâneas, que não podem ser mais modernas, polemicas e desafiadora. Triste ver como um regime político louco e radical pode sufocar a criatividade dos artistas, fazendo de suas obras nada mais do que fotografias pintadas de uma realidade infeliz. No museu alpino, ali perto, há uma mostra paralela de documentários feitos por cineastas e cientistas suíços, que retratam as condições difíceis de vida na Coréia do Norte atual. Com depoimentos de nativos completamente fanáticos pelo regime e seus dirigentes. Coisa para pensar... Zurique, 8 de julho de 2021