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sábado, 16 de julho de 2016

SUL DA BAHIA 2016

SUL DA BAHIA – UPDATE 2016 Voltar a Santo André, Cabrália, Porto Seguro e Arraial da Ajuda é sempre delicioso e neste passado abril levei minha família suíça para conhecer esta região do Brasil que considero uma das mais bonitas. Frequento o entorno desde 1994, voltando, até, várias vezes num mesmo ano. E não enjoo. Até a cafonice do comércio de Porto Seguro me encanta, a simpatia dos baianos é contagiante, o tempo quase sempre lindo, céu claro, mar morno, brisa suave... Em Porto Seguro até encontrei um restaurante viável, o Alecrim. Uma pizzaria de um italiano de verdade, com ótimas pizzas, massas e frutos do mar. Em rua lateral, mais calma, um lugar gostoso, limpo e barato. Em Arraial, as compras me puxaram para as várias lojas de artesanato e tapetes, luminárias e as peças bem originais do Cores da Terra fizeram um rombo na minha conta bancária. O Café da Praça continua ótimo e seu cappuccino e docinhos tipo festa de criança são maravilhosos. O restaurante Cauim segue imbatível na Pousada Pitinga. Caro, mas fenomenal de bom. Fora a proximidade do mar, o serviço, o charme... Santo André continua ostentando a praia mais linda do mundo, Cabrália e Porto Seguro as belas igrejas e monumentos que justificam o nome Costa do Descobrimento. Os suíços adoraram ver que o “berço” do Brasil é nestas praias tão lindas, lugar mais do que adequado às ideias tropicais que os gringos tem do Brasil. Desta vez conferimos, falando de gringos, o hotel da seleção alemã vitoriosa da Copa passada, o magnífico Campo Bahia. Com reserva, pode-se comer no restaurante e visitar o caro e exclusivo hotel. É bonito, luxuoso, confortável e comida e serviço estão à altura das instalações. A pousada Victor Hugo, também agora de proprietário alemão, serve bons petiscos e caipirinhas. Está bem melhor cuidada do que na época dos donos fundadores, mas o restaurante ainda não parece ter se firmado. Na próxima visita conferiremos. El Floridita valeu dois almoços e a cozinha japonês-baiana-paulista da Miki segue vitoriosa. Santo André estava mais cheia e mais movimentada do que o paradeiro de costume, o que é animador. Até nos arriscamos a tentar restaurante mais simples como o Almeja. Deu certo. Como a mítica ave fênix, Santo André dá sinais de vida e renovação. Espero que dure! Zurich, 16 de julho de 2016

domingo, 10 de julho de 2016

VINHOS BRASILEIROS, CANIONS, GRAMADO 2016, LAREIRA, FRIO

VINICOLAS BRASILEIRAS E LINDOS CANIONS NA SERRA GAÚCHA GRAMADO UPDATE 2016 Há 9 anos vamos seguidamente a Gramado, uma média de três vezes por ano. No entanto, como a região das vícolas é meio longe da cidade, ficamos com preguiça e acabamos não visitando mais seguido esta jóia de coragem, qualidade e empreendedorismo que é a cultura do vinho no Brasil. Como competir com os bons e baratos vinhos chilenos e argentinos? Com qualidade e criatividade, como mostra a vinícola Miolo, em Bento Gonçalves; como foco apenas em vinhos top, como é o caso da pequena e vencedora produção da vinícola Don Laurindo. Numa fria tarde de abril, 2016, passamos uma tarde percorrendo as belas estradas da serra e suas cidades limpas, vegetação e flores profusas, vistas lindas. Parando para almoçar na Casa di Paolo, que continua sendo a melhor da rede. Vamos sempre à filial de Gramado, mas a original, nos arredores de Bento continua sendo a melhor, naquela agradável e aconchegante casa de pedra, envidraçada, no meio da floresta. A combinação de frio, lareira, um Don Laurindo tannat e a maravilhosa cozinha da casa tornam a experiência inesquecível. Em nossa segunda vez, não desapontou; pelo contrário, reforçou nossa ótima impressão de muitos anos atrás. A visita a Miolo é organizada e bem explicada, a degustação bastante minuciosa. A loja é um show e os diversificados produtos incluem até cosméticos usando uvas nas fórmulas. O creme de corpo com extrato de semente de uva é campeão. Na Don Laurindo, apenas degustação simples e a sensação de se estar num lugar pequeno, onde os donos curtem, amam o que fazem e a qualidade é mais importante que o lucro. Exemplar. Mostrando o Brasil a nossos parentes europeus, tivemos que ir ainda mais longe e enfrentar estradas de terra onde ficamos com medos das coisas estarem “radicais” para chegar ao canion do Itaimbezinho. Que eles adoraram e nós idem, em nossa revisita invernal. Com chuvas fortes na região, há anos, o canion sensação está verdíssimo e suas cachoeiras enormes. As trilhas são curtas e fáceis e o parque está em bom estado de conservação. O almoço foi no Parador Casa da Montanha, onde já nos havíamos hospedado duas vezes antes. A comida é de fazenda gaúcha, com toques italianos (polenta mole com costela- yum...) dos imigrantes que fizeram da região uma das mais legais do país. Mais vinhos regionais, lareira crepitante, paisagens zen, momentos inesquecíveis. Em Gramado, ousamos este ano ao escolher um apto. Airbnb. Boa decisão para quatro pessoas e nem sentimos falta dos hotéis Hoppner e La Hacienda onde sempre ficamos. Voltamos, no entanto, ao restaurante do La Hacienda, que continua sendo o melhor de Gramado. Duas vezes: um almoço e um jantar. Campeões em preço, qualidade e ambiente. Estávamos apreensivos, pois o La Hacienda foi vendido e as coisas poderiam estar diferentes. Não estão. Estão melhores do que nunca e a equipe é a mesma. Continuaremos prestigiando. Na arena gastronômica o San Tao segue excelente, bem como a pastelaria ao lado da igreja e os suculentos e gigantescos carpaccios do bistrô envidraçado do Casa da Montanha. O Table D’Or anda lotado e vibrante – primeira vez há anos – e a comida e serviço, impecáveis. Também descobrimos os fantásticos alfajores Mukli na estrada para Nova Petrópolis. Não perde para os argentinos, na verdade são melhores e o doce de leite está no melhor nível dos portenhos. A pequena fábrica pertence a imigrantes uruguaios que fazem um trabalho perfeito. Existe um quiosque que vende alguns dos produtos num shopping movimentado de Gramado, o Largo da Borges. Mas o melhor mesmo é pegar o carro e ir até a fábrica. Vale a quilometragem e as calorias! Zurique, 10 de julho de 2016.

sábado, 2 de julho de 2016

VERÃO, FESTA DE RUA E ARTE NA EUROPA - 2016

VERÃO 2016 NA EUROPA COM ARTE, HISTÓRIA E FESTA DE RUA A Suíça no verão se transforma em outro país e a informalidade toma conta deste pequeno país montanhoso, conhecido pelos bancos secretos e a discrição de seu povo. Em Zurique, a cada 4 ano ocorre a Festa de Zurique (Züri Fäscht), como agora, neste primeiro fim de semana de julho 2016. Por toda a cidade, centenas de food trucks, caipirinhas a 50 reais, Havaianas sendo vendidas por 120, barracas promovendo até bolsas fake – coisa impensável em tempos normais – baladas, esportes radicais, parques de diversão, atrações para todos os tipos de gente e para todos os bolsos. Shows gigantes com cantores como Adele e Andrea Bocelli, ao longo do lindo lago de Zurique, são iluminados por 45 minutos ininterruptos de fogos de artificio sensacionais. Por 3 dias consecutivos, tudo limpo, alegre e muito bem organizado. No setor de arte contemporânea, a MANIFESTA 11, uma das exposições mais loucas que já assisti na vida, corre solta durante meses na cidade. É uma mostra de arte europeia, itinerante, uma bienal de rua, cujo propósito é trazer gente que nada sabe de arte, a museus e espaços culturais. Através de peças pouco ortodoxas como esculturas de coelhos engolindo porcos, espaços gigantes preenchidos por cocô dos habitantes de Zurique e um espaço de madeira flutuando no rio, com um bar dentro, para ilustrar como se gasta dinheiro à toa. Apesar da maluquice, é uma iniciativa séria e a prefeitura da cidade dá a maior força. Gastam milhões da valorizadíssima moeda local, trazendo bloggers famosos como Bendrit Bajra, de 20 anos e milhões de seguidores no Facebook, para apreciar o The Zurich Load, o quarto de merda acima citado, do artista americano Mike Bouchet. Já o luxuoso bar flutuante no lago, bem em frente aos famosos e riquíssimos bancos do país, chama-se What people do for Money e o reflexo do lago reflete o desperdício de dinheiro que atormenta o mundo moderno. À uma hora da cidade, visitando Sankt Gallen e seu precioso centro antigo, nos deparamos com a Stadtsbibliotek, uma das bibliotecas mais antigas do mundo, uma jóia encravada em outra, a catedral da cidade. Arte barroca ultra preservada numa cidade que também exibe uma das escolas top de economia. O maravilhoso hotel Einstein, também no centro, torna a estadia de final de semana perfeita. Seu restaurante de uma estrela Michelin é moderno e minimalista. Por toda a Suíça, no verão, existe este contraste forte entre o contemporâneo e o antigo, o formal e o informal, os churrascos de salsichão branco lado a lado com restaurantes engravatados. Os kite surfers que não tem o mar mas se viram com uma tirolesa pelo rio, fazendo acrobacias incríveis ao lado de cisnes brancos e negros, plácidos e elegantes. Os amantes da musica tem ainda a opção bárbara do Festival de Montreaux, na cidade de mesmo nome. Ali, no dia 10 de julho, acontece o Brazilian Dream, com nomes de peso como Maria Rita e Ana Carolina. Como diz a imprensa suíça, “é Copacabana no lago Léman”. Vale tudo e vale a pena! Zurique, 02 de julho de 2016.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

BUENOS AIRES - INVERNO 2016

PARADOXO BUENOS AIRES Caída, suja, empobrecida, esburacada, mais favelizada. A “Paris dos Trópicos” já era? Não. E está mais vibrante e interessante do que nunca, nestes últimos dias de um maio frio e chuvoso de 2016, quando lá estivemos, minha irmã e eu, em cinco noites muito divertidas. A começar pela hospedagem, tentando fugir dos altos preços dos hotéis da capital argentina. Escolhemos um apto Airbnb quase em frente ao Obelisco, na ruidosíssima Avenida 9 de Julho. Quase morremos de frio e enlouquecemos com o barulho da avenida mais larga do mundo, mas valeu a pena. O apto de 2 quartos e 2 banheiros, cozinha acanhada, em localização mais do que perfeita para espetáculos teatrais e curiosos passeios pelo centro, nos custou 80 dólares por noite. Por força de comparação, o Novotel, ali perto, não sai por menos de 200 a noite; um quarto pequeno e desprovido de qualquer atrativo, em hotel sem graça e classe, repleto de brasileiros horrendos e criancinhas correndo descontroladamente. Sou grande fã do sistema Airbnb e já tivemos ótimas experiências em Roma, Rio e Gramado. O segredo, em Buenos Aires, é sempre escolher ruas pequenas e laterais, fugindo do trafego intenso das grandes avenidas. No inverno, certificar-se de que existe calefação. No apto. que alugamos havia ar condicionado quente nos dois quartos, mas não dava conta do frio e do vento, pois as janelas são vagabundas, coisa mesmo de terceiro mundo. Como gastamos pouco com a hospedagem, lá fomos nós aos magníficos restaurantes portenhos, revisitando sempre o estupendo La Cabaña e suas carnes imbatíveis, enfrentando multidões no La Cabrera e chegando cedo no almoço para fugir delas, no chique Fervor. Estas 3 churrascarias top, com preços mais razoáveis do que o maravilhoso restaurante Elena, do igualmente maravilhoso Four Seasons e do sempre divino Tomo I. Almoços com bons malbecs e 3 fartos pratos saem no mínimo 70 dólares por pessoa e no máximo 100. Não é barato para nossos combalidos bolsos brasileiros, mas uma pechincha para quem ganha em moeda forte. Cafés da manhã chiques e tranquilos no La Biela, no Café Tortoni e no Petit Colón, a um quarteirão do famoso teatro. E nos teatros encontramos os pontos altos de nossa viagem, com peças estupendas como Nuestras Mujeres e TOC TOC. A Orquestra de Buenos Aires deu um show inesquecível no Teatro Colón, El Quilombero divertiu muito com uma bobajada relaxante e El Outro Lado de La Cama encheu de energia jovem e vibrante o nosso périplo pelas artes cênicas. O encanto do tango sem turistas dos espetáculos curtos e simples do Centro Cultural Borges completaram a temporada. Em 7 espetáculos só não gostamos de um, o fraco Le Prenom. Bom saldo, completado pelos museus, outro ponto fortíssimo de Buenos Aires. Tanto museus como teatros são baratos, preços razoáveis se comparados aos paulistas. Malba, sempre agradável de visitar, nestes dias desprovido de grandes exibições temporárias, mas intrigante na coerência de sua coleção permanente e na luz natural de sua arquitetura, que mesmo em dias cinzentos e chuvosos, ilumina o espaço de modo impressionante. Artes Decorativas, com o salão principal reformado, lindo. PROA sempre desafiando com sua arte contemporânea sem limites, com homenagem tocante à recentemente falecida arquiteta britânica Zaha Hadid e a exposição Arte em Escena. Desta vez ousamos, visitando o pequeno e curioso Museo Beatle, a maior coleção sobre a banda inglesa que já apareceu pelo mundo. O dono colecionou todo tipo de objetos autênticos ou nem tanto, relacionados aos quatro cabeludos geniais e o resultado é uma mostra concisa e suavemente nostálgica da carreira única destes ingleses. Outra novidade foi o Museu Evita, bastante mais interessante do que podíamos imaginar, localizado em bela casa antiga num parte arborizada e descolada de Palermo. A mostra é total propaganda peronista e é isto que faz do museu um lugar exclusivo; uma espécie de templo oficial ao culto da imagem desta personagem controvertida da historia do país. Na loja do museu, só vendem livros pró-peronismo e artigos condizentes. Mas consegui comprar uma bizarra bolsa com a Evita vestida de Carmem Miranda, envolta na bandeira brasileira! O café-restaurante do museu é delicioso e aconchegante e toda a experiência remete a um passado um tanto fantasmagórico e absurdo. Melhor ir logo antes que mudem o acervo do museu. Em tempos anit-peronistas como os de hoje, com o atual governo Macri mudando o acervo do Museo Del Bicentenário para expelir a herança maldita dos outros peronistas ladrões, a dupla Kirchner, podem decidir contar a história de Evita de modo mais realista. E, talvez, não tão interessante! Dicas atuais: 1- O Uber está iniciando na Argentina e é péssimo. Fuja! 2- Easy Taxi funciona bem, mas os carros continuam caidaços. O melhor e mais caro serviço de transporte continua sendo Manuel Tienda León. Sem erro. 3- Trocar dinheiro continua difícil e os arbolitos ainda existem ao longo de toda Calle Florida. Reais tem boa cotação e sempre prefira as casas de cambio, oficiais, do centro. Passaporte com carimbo de entrada ou RG com o papel de entrada carimbado. Sem isso, só trocando dinheiro com os arbolitos. As cotações estão realistas nas casas de cambio oficiais, mas a burocracia, os intermináveis questionários, filas e tempo perdido são uma cruz. 4- A dica de trocar dinheiro no Banco Nación, na chegada em Ezeiza só vale a pena se não houver fila. Em geral há, grande, lenta e passam argentinos na frente dos estrangeiros. Ao melhor estilo soviético! Para minha irmã, grande companheira de viagem. Valeu Gigi! Zurique, 01 de julho de 2016.