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sexta-feira, 1 de julho de 2016

BUENOS AIRES - INVERNO 2016

PARADOXO BUENOS AIRES Caída, suja, empobrecida, esburacada, mais favelizada. A “Paris dos Trópicos” já era? Não. E está mais vibrante e interessante do que nunca, nestes últimos dias de um maio frio e chuvoso de 2016, quando lá estivemos, minha irmã e eu, em cinco noites muito divertidas. A começar pela hospedagem, tentando fugir dos altos preços dos hotéis da capital argentina. Escolhemos um apto Airbnb quase em frente ao Obelisco, na ruidosíssima Avenida 9 de Julho. Quase morremos de frio e enlouquecemos com o barulho da avenida mais larga do mundo, mas valeu a pena. O apto de 2 quartos e 2 banheiros, cozinha acanhada, em localização mais do que perfeita para espetáculos teatrais e curiosos passeios pelo centro, nos custou 80 dólares por noite. Por força de comparação, o Novotel, ali perto, não sai por menos de 200 a noite; um quarto pequeno e desprovido de qualquer atrativo, em hotel sem graça e classe, repleto de brasileiros horrendos e criancinhas correndo descontroladamente. Sou grande fã do sistema Airbnb e já tivemos ótimas experiências em Roma, Rio e Gramado. O segredo, em Buenos Aires, é sempre escolher ruas pequenas e laterais, fugindo do trafego intenso das grandes avenidas. No inverno, certificar-se de que existe calefação. No apto. que alugamos havia ar condicionado quente nos dois quartos, mas não dava conta do frio e do vento, pois as janelas são vagabundas, coisa mesmo de terceiro mundo. Como gastamos pouco com a hospedagem, lá fomos nós aos magníficos restaurantes portenhos, revisitando sempre o estupendo La Cabaña e suas carnes imbatíveis, enfrentando multidões no La Cabrera e chegando cedo no almoço para fugir delas, no chique Fervor. Estas 3 churrascarias top, com preços mais razoáveis do que o maravilhoso restaurante Elena, do igualmente maravilhoso Four Seasons e do sempre divino Tomo I. Almoços com bons malbecs e 3 fartos pratos saem no mínimo 70 dólares por pessoa e no máximo 100. Não é barato para nossos combalidos bolsos brasileiros, mas uma pechincha para quem ganha em moeda forte. Cafés da manhã chiques e tranquilos no La Biela, no Café Tortoni e no Petit Colón, a um quarteirão do famoso teatro. E nos teatros encontramos os pontos altos de nossa viagem, com peças estupendas como Nuestras Mujeres e TOC TOC. A Orquestra de Buenos Aires deu um show inesquecível no Teatro Colón, El Quilombero divertiu muito com uma bobajada relaxante e El Outro Lado de La Cama encheu de energia jovem e vibrante o nosso périplo pelas artes cênicas. O encanto do tango sem turistas dos espetáculos curtos e simples do Centro Cultural Borges completaram a temporada. Em 7 espetáculos só não gostamos de um, o fraco Le Prenom. Bom saldo, completado pelos museus, outro ponto fortíssimo de Buenos Aires. Tanto museus como teatros são baratos, preços razoáveis se comparados aos paulistas. Malba, sempre agradável de visitar, nestes dias desprovido de grandes exibições temporárias, mas intrigante na coerência de sua coleção permanente e na luz natural de sua arquitetura, que mesmo em dias cinzentos e chuvosos, ilumina o espaço de modo impressionante. Artes Decorativas, com o salão principal reformado, lindo. PROA sempre desafiando com sua arte contemporânea sem limites, com homenagem tocante à recentemente falecida arquiteta britânica Zaha Hadid e a exposição Arte em Escena. Desta vez ousamos, visitando o pequeno e curioso Museo Beatle, a maior coleção sobre a banda inglesa que já apareceu pelo mundo. O dono colecionou todo tipo de objetos autênticos ou nem tanto, relacionados aos quatro cabeludos geniais e o resultado é uma mostra concisa e suavemente nostálgica da carreira única destes ingleses. Outra novidade foi o Museu Evita, bastante mais interessante do que podíamos imaginar, localizado em bela casa antiga num parte arborizada e descolada de Palermo. A mostra é total propaganda peronista e é isto que faz do museu um lugar exclusivo; uma espécie de templo oficial ao culto da imagem desta personagem controvertida da historia do país. Na loja do museu, só vendem livros pró-peronismo e artigos condizentes. Mas consegui comprar uma bizarra bolsa com a Evita vestida de Carmem Miranda, envolta na bandeira brasileira! O café-restaurante do museu é delicioso e aconchegante e toda a experiência remete a um passado um tanto fantasmagórico e absurdo. Melhor ir logo antes que mudem o acervo do museu. Em tempos anit-peronistas como os de hoje, com o atual governo Macri mudando o acervo do Museo Del Bicentenário para expelir a herança maldita dos outros peronistas ladrões, a dupla Kirchner, podem decidir contar a história de Evita de modo mais realista. E, talvez, não tão interessante! Dicas atuais: 1- O Uber está iniciando na Argentina e é péssimo. Fuja! 2- Easy Taxi funciona bem, mas os carros continuam caidaços. O melhor e mais caro serviço de transporte continua sendo Manuel Tienda León. Sem erro. 3- Trocar dinheiro continua difícil e os arbolitos ainda existem ao longo de toda Calle Florida. Reais tem boa cotação e sempre prefira as casas de cambio, oficiais, do centro. Passaporte com carimbo de entrada ou RG com o papel de entrada carimbado. Sem isso, só trocando dinheiro com os arbolitos. As cotações estão realistas nas casas de cambio oficiais, mas a burocracia, os intermináveis questionários, filas e tempo perdido são uma cruz. 4- A dica de trocar dinheiro no Banco Nación, na chegada em Ezeiza só vale a pena se não houver fila. Em geral há, grande, lenta e passam argentinos na frente dos estrangeiros. Ao melhor estilo soviético! Para minha irmã, grande companheira de viagem. Valeu Gigi! Zurique, 01 de julho de 2016.

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