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domingo, 24 de janeiro de 2016

BERNA - CAPITAL DA SUÍÇA

Berna – os encantos da capital Suíça Um fim de semana surpresa para comemorar meus 60 anos bem vividos, foi assim que meu marido suíço me mostrou os encantos da jóia histórica e arquitetônica que é a capital de seu pequeno, rico e influente país. Na semana em que as pessoas mais poderosas do mundo se reúnem em Davos, não muito longe de Berna, para discutir assuntos “leves” como economia mundial, refugiados e terrorismo, lá fomos nós ao coração da Suíça visitar esta cidade fundada no século 12 por um duque cujo objetivo era transformar a região em grande centro comercial. Numa colina a beira do lindo e limpíssimo rio Aare, Berna surge majestosa em suas construções preservadas e uniformes; completas com mais de seis quilômetros de arcadas cheias de lojas bonitas e bares subterrâneos, para deleite dos milhares de turistas que visitam a cidade todos os anos. Faça chuva ou sol, com a proteção das passagens cobertas, Berna é a precursora dos shoppings em lindas casas cinza esverdeadas, algumas pintadas com cenas locais, de cerca de 1400, torres com relógios majestosos, fontes curiosas, representando motivos do religioso ao bizarro- a mais famosa exibe o “comedor de crianças” devorando os petizes menos comportados! A imponente catedral gótica tem uma fachada delicadamente esculpida com cenas do Juízo Final, aonde o prefeito de Berna vai para o céu e o de Zurique para o inferno. Rivalidade antiga... Caminhar pelos arborizados e elegantes bairros das embaixadas e residências diplomáticas é um grande programa. As mansões de 1800, pertencendo a ricos comerciantes da época, são agora representações de vários países e é curioso ver um país como a China localizado em castelo gênero transilvanico, o Peru, modesto, em pequeno edifício sem luxo algum, a Itália ocupando três palácios rodeados de jardins maravilhosos e o Vaticano exibindo a casa mais suntuosa, coberta de toques dourados por toda parte. Andar beira rio, além de agradável, é surpreendente na parte em que um pequeno zoológico abriga lontras, javalis, focas e cinco ursos, estes últimos, tratados como reis. Sendo o símbolo da cidade, os cinco felizardos peludos contam com área verde espaçosa, cavernas, playground, espaços aquecidos, fofas camas de feno e até enorme piscina para exercícios. Só mesmo em país cujo PIB é um dos mais polpudos da Terra! Além das mordomias animais, no verão há piscinas públicas para seres humanos, impecáveis, com day use de preço modesto e praia fluvial. As piscinas são aquecidas, mas o rio não e a correnteza forte. Mas é um programa diferente e divertido em cidade onde não se imagina biquíni a poucos metros do Palácio do Governo (outra construção dourada e verde, majestosa). Por ser pequeno e montanhoso, o país sempre mistura tudo de forma inusitada e criativa; não há desperdício, cada metro conta. Caminhadas e ótimas compras juntam-se a uma coleção estupenda de museus. Destaque para o Museu Einstein, o Histórico Nacional, o Alpino, o das Comunicações e o de Belas Artes; este último, presenteado recentemente com a coleção controversa e milionária do Sr. Gurlitt. O recluso filho de um nazista de mão cheia, que roubava dos judeus suas obras de arte a mando de Hitler, o eremita vivia isolado em meio a centenas de preciosidades sem preço. Morreu recentemente e deixou tudo para a Kunsthaus Bern. No ano que vem começarão a exibir parte dos quadros e esculturas sensacionais. Bom motivo para voltar, bem como os restaurantes maravilhosos e confeitarias de sonho. No Jack’s Brasserie comemos o melhor bife à milanesa do mundo (Wienerschnitzel), em luxuoso ambiente de brasserie francesa. Um dos melhores restaurantes da Suíça e carta de vinhos estonteante. O Kornhauskeller, atração turística pela maravilhosa arquitetura e o fato de estar há séculos num velhíssimo depósito de milho nas profundezas dos subterrâneos bernenses, não tem cozinha tão sofisticada, mas a comida é moderna, italiana, gostosa e a clientela é bonita e descolada. Vale a experiência e o visual. Para vistas incomparáveis dos Alpes, em dias claros e céu azul, o Vu, bar e restaurante do fantástico hotel Belllevue, é o lugar ideal. Para opção da mesma vista, mais em conta na modéstia dos cinco francos, suba os 334 degraus da torre da catedral. Em noites de lua cheia organizam aperitivos lá por 30 francos. Nunca vi a mescla de bebida alcoólica com igreja, “bar religioso”, mas a prática filosofia protestante une o útil ao agradável. Why not? Para os loucos por doces, como eu, a confeitaria Beeler é uma festa. Pão de mel com avelãs, biscoitos fofos molhados em licor de cereja, trufas ovais oferecidas em embalagens intrigantes e copinhos de chocolate recheados com tudo o que há de bom no venenoso mundo do açúcar, são mais uma razão para voltar a Berna. Hospedagem é, infelizmente, bastante cara na cidade, culpa das embaixadas e consulados do mundo todo que ali competem pelo precioso espaço. Dicas: Airbnb e o hotel Sternen, na vizinha Muri. O Sternen tem quartos corretos, bom café da manhã e transporte publico impecável na porta. Ou se anda os bonitos quatro quilômetros até o centro, ou se toma o bonde perfeito que passa a cada dez minutos: de graça, a passagem é incluída na diária do hotel. Zurique, onde moro parte do ano, é minha cidade preferida na Suíça. Basel e Genéve seguem de longe, mas Berna fica no coração pelo muito que oferece num cenário e sonho e encantamento. Segura, fácil, alegre, jovem, pitoresca, muito interessante e calma; paraíso possível em mundo tão violento e conturbado neste início de 2016. Zurique, 24 de janeiro de 2016.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

ANO NOVO EM ROMA

ANO NOVO EM ROMA 2015/2016 Ponto final de nossa viagem de fim de ano à Itália, cidade onde tinha estado apenas uma vez quando era adolescente. E não é que todos os caminhos, como diz o velho ditado, levam a Roma? Ainda bem, pois a capital italiana é um tesouro histórico, gastronômico, artístico. Além de ser muito divertida! Na simpatia de seu povo, no barulho, no agito, na sujeira das ruas, no transito pesado, carros estacionados em lugares improváveis, na confusão geral. Tudo mesclado às construções deslumbrantes, luxo descomunal, tesouros que poucos países podem exibir. Ficamos num apartamento alugado no Airbnb, bem localizado e espaçoso, perto do Vaticano e do majestoso e misterioso Castel San Angelo. Em cidade cara e lotada como Roma, um grande negócio. Muito espaço e conforto por 170 euros por dia. Sou cada dia mais fã do Airbnb, que usamos também com grande sucesso no Rio de Janeiro, no ano passado. Adeus definitivo a quartos minúsculos e preços extorsivos; viva a sharing economy! Só fizemos programas bem turísticos, como Fontana di Trevi, Panteão, Coliseu e gigantesco complexo de ruínas históricas que cerca este último. Uma maravilhosa maratona por mais de 2000 anos de história. Apesar das multidões, tudo interessantíssimo. Sem tempo, não visitamos os Vaticano e seus museus: bom motivo para voltar à cidade Eterna e quem sabe ter a sorte de assistir um espetáculo no Teatro di Marcello, um mini Coliseu semi restaurado e palco de shows espetaculares e condomínio de luxo. A verdadeira ruína-histórica-multiuso! Mas talvez o mais bonito, preservado e pacífico passeio por Roma, foi às reformadas e espetaculares Termas di Caracalla. O lugar é uma mistura de parque e história, o verde, os papagaios e a natureza integrados ao que restou deste mega-spa do Império Romano e sua fabulosa história. No último dia de 2015, foi dali que partiu a corrida We Run Rome, 10 quilômetros percorridos pelas sete colinas de Roma, de profissionais africanos a cadeirantes, uma delícia acompanhar a largada desta prova em que todos tinham a sua vez e o bom humor predominava e vencia o frio do inverno local. O campo gastronômico dispensa apresentações na Itália, em minha opinião, a melhor comida do mundo. A francesa não fica atrás, mas a italiana, para nós brasileiros de São Paulo “para baixo” (sul do país), é tão familiar, tão gostosa, tão comida-aconchego como dizem os americanos... Optamos por restaurantes modernos como Ted e Vinando, para fugir à batida fórmula de cantinas, tratorias, osterias e outros estabelecimentos do tipo, muitos deles, pega-turista. O Vinando, perto da Piazza Venezia, numa daquelas ruazinhas adoráveis de Roma, interpreta clássicos da cozinha local, com bom humor e criatividade. Por exemplo, lasanha verde cuja massa vem em formato de trouxa de roupa e o recheio maravilhoso explode ao primeiro contato do garfo, saborosa combinação de queijos e nozes. O Ted Burger & Lobster, moderninho, tipo diner americana com interpretação italiana. Combinação vencedora, nos hambúrgueres com foie gras e cebolas carameladas, cheesecake que está mais para pana cotta, lobster rolls com toques mediterrâneos, ceviches temperados com limão siciliano. Gente jovem , bonita, simpática servindo e clientela descolada. E o mais bacana de Roma é esta dobradinha divina de antigo e moderno, reinvenção constante. No museu dentro do gigantesco monumento que é a peça central da Piazza Venezia, visitamos uma exposição de arte coreana Hanji. Apesar de técnica milenar, as peças da mostra Bagliore di Hanji são moderníssimas e as instalações de papel super ousadas. Raviólis de papel e luz flutuando no meio do salão semiescuro. Tudo isso bem ao lado de uma das igrejas mais singulares da cidade, Santa Maria in Aracoeli. Em país com centenas de igrejas espetaculares, esta basílica se destaca pela profusão infindável de lustres de cristal, muito diferente das outras, criando uma iluminação surreal, ao mesmo tempo luxuriante e fantasmagórica. Como é também surreal a opulência de nossa embaixada na bela Piazza Navona... Zurique, 18 de janeiro de 2016

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

FIRENZE - NATAL 2

NATAL 2015 – Parte 2 – Firenze Após os lindos dias na bela e tranquila Veneza, a agitação de uma cidade bem maior, Firenze. E bem mais movimentada, com milhares de turistas e locais entupindo as ruas principais. Mas é Natal e tudo se perdoa. Procuramos um bom restaurante para a ceia do dia 24 e fomos contemplados com o excelente Il Borro, lugar pequeno, charmoso, romântico. Comida modernosa e de qualidade. Hambúrguer de tartare de atum, massas super al dente com ragu de javali, tortas de mação com canela, fumegantes, derretendo na boca e a estrela máxima, uma fondue de queijo pecorino com polenta frita. Melhor, só no céu. E espero que no céu também exista o “vinho da casa”, pois Il Borro é o carro-chefe da vinícola de mesmo nome. O restaurante serve apenas como um showroom para que os clientes, junto à boa comida, provem seus vinhos celestiais. Gostamos tanto que voltamos a jantar lá uma vez mais. Preços bem mais camaradas do que os de Veneza, apesar da qualidade e sofisticação. E para resgatar nossas almas pecadoras (o pecado da gula, um dos piores), assistimos à maravilhosa Missa do Galo, cantada, na catedral de Firenze, a espetacular Santa Maria del Fiore. Foram 3 horas em italiano e latim, num frio excruciante, ritos tradicionais celebrados por um cardeal e dezenas de padres, igreja lotada, experiência inesquecível. A primeira de uma sucessão infinita de igrejas-museu por toda parte. Arte é o forte da cidade e os jardins Boboli, Palazzo Vecchio, praças, vias e ruelas, estátuas e construções, exposições temporárias inebriantes como a Beleza Divina, no Palazzo Strozzi, o David de Michelangelo na Accademia e o melhor de tudo, o top do top: Galeria Uffizi. Nestas duas ultimas, as filas, em dias comuns, vai de uma a três horas. De pé, na rua, no frio. Vale. E muito. A Galeria Uffizi exibe o que há de melhor em arte renascentista, em ambiente lindo, bem iluminado, respeitoso. Para combater a exaustão, há um restaurante com petiscos finos e proseccos borbulhantes no ultimo andar, com direito à vista para torres e domos. Sem preço! No setor moderno, a Opera de Firenze brilha sem rival. Mesmo que a apresentação não seja do seu gosto, vá para ver a surpresa arquitetônica que enriquece ainda mais uma cidade que já é perfeita. Para quem gosta de fino agito, o Café Gilli é o lugar para ver e ser visto. Boa comida, bom serviço, boa musica, apesar dos altos preços pega-turista. Em ambiente envidraçado no meio de uma praça alegre e divertida. O Café Gucci é do tipo mais descolado, oferecendo pratos orgânicos com certificados de procedência. O restaurante Obicá segue nesta linha, ainda mais transado, muita gente bonita, música eletrônica, poucos turistas e bar para degustação de mozzarellas cool. Também preços aceitáveis, o que torna tudo ainda mais atraente. A Via dei Tuornabuoni é o lugar para gastar muuuuuiiiiito dinheiro nas lojas alucinantes das grandes marcas da moda italiana. Há até museu Ferragamo e museu Gucci! Como há muito que ver, gastar umas horas naqueles ônibus turísticos pela cidade é uma boa ideia. Caminhar é bom, mas as partes mais montanhosas do lugar podem tomar mais tempo do que o previsto. E Firenze, para quem gosta de arte e história, é essencial ficar , no mínimo, uma semana inteira; é mais do que recomendado, além de ser uma delícia! Zurich, 8 de janeiro de 2015

TOSCANA BREVE

Uma noite na Toscana Em Montepulciano. Vindos da interessante Firenze, paramos em Pisa, tiramos fotos politicamente corretas contrastando com o raro céu azul do inverno italiano; nos surpreendemos, de novo, com sua sempre intrigante Torre, fugimos das hordas de turistas asiáticos que lotam o complexo histórico e nos concentramos mais em Siena, de longe, minha cidade favorita na Toscana. Siena, como grande parte das cidades e vilas desta parte da Itália, foi construída no topo de um morro bastante íngreme e caminhar por lá não pe para qualquer um. Mas é tão linda e misteriosa, que vale a pena o esforço físico. O mental estará reservado para a catedral de Siena e seus inúmeros museus, a praça central e o pescoço semi-quebrado de tanto admirar construções antigas e muito altas em tijolo escuro, das mais bem preservadas da Itália. No Duomo de Siena, consegui o grande, enorme privilégio de entrar pela Porta da Misericórdia, sozinha, e ver, com privacidade total, a imagem da Madona do Voto, feita por Guido da Siena, sob a batuta do genial escultor, Bernini. Imperdível. Para quem não conseguir isto, pois as capelas são geralmente reservadas aos fiéis católicos que ali vão confessar, a catedral, em si, é uma obra de arte estonteante. Vale horas de embasbacante visita, por seus vários trabalhos em mármore e pinturas maravilhosas. Volto a Siena, para ficar pelos menos três dias e me perder nas ruelas divinas, explorar farmácias que vendem produtos sofisticados em ambientes do século 18. As delicatessens são uma festa de produtos locais, que vão do ótimo panforte ao queijo pecorino mais forte ainda, passando por chocolates amargos com frutas do bosque e hóstias cheadas com ovos moles e toques de limão siciliano. Finalmente, após muito frio e neblina, encontramos nosso hotel, também no topo de outro morro, na cidade-bege, verdadeiro cenário de filme, Montepulciano. Dos vinhos famosos, do frio intenso, de lugares preciosos como a Locanda San Francesco e seus deliciosos quatro quartos. Suítes de luxo numa casa bem antiga, de propriedade da Vinícola Tenuta Valdipiata. O restaurante é um wine-bar aconchegante e massas, mais frios e queijos são totalmente perfeitos neste lugar. Que faz de elegante showroom para os vinhos, grappas e azeites desta vinícola chique. Saímos da Toscana com destino a Roma, no dia seguinte, quase chorando. A região é tão linda, rica, interessante, bucólica, refinada, que voltaremos em setembro ou outubro. Sem névoa e frio e com bem mais tempo para curtir este pedaço abençoado da Itália. Zurich, 12 de janeiro de 2016

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

NATAL EM VENEZA

NATAL 2015 – VENETO E TOSCANA Parte 1 - Veneza Começando no dia 21 de dezembro pela bela Veneza, onde tinha estado pela ultima vez em maio de 1998. Adorei voltar no inverno, cidade mais limpa, mais vazia, só cheirando a mar, bruma e garoa envolvendo as ruas e vielas misteriosas, um frio de rachar. Uma cidade mais sofisticada, prédios e monumentos mais bem preservados, o Teatro La Fenice reluzindo em ouro e veludo da triunfal reabertura. Decoração natalina apenas uma árvore na Piazza San Marco, nada mais e nada de Papai Noel e cafonices correspondentes. Veneza á chique demais para tais breguices. Mas simples e alegre o suficiente, para cenas da vida local, como na Piazza San Stefano, onde os locais se encontram para passear seus cachorros, visitar o sapateiro, o banco e conversar no animado tom de voz dos italianos. Nada de gondolas, mas a alegria e eficiência do único ônibus que gosto no mundo, o vaporetto. Outros trajetos em lanchas privadas, caros mas necessários para o aeroporto e estação de trem. Veneza é uma cidade cara, mas por ser lugar único e especial, vale investir num bom hotel como o NH Palazzo Barocci; que no inverno cai muito de preço e tem quartos ótimos e café da manhã gourmet. Neste setor, prestigiamos o ótimo Rosa Rossa duas vezes e o descolado Le Chat qui Rit. “Em Murano, no hotel La Gare, apenas um copo de Brunello e o melhor misto quente do planeta, que na Itália chamam estranhamente de ‘toast”. Vai saber... Caminhamos muito e nos perdemos mais ainda, pelo labirinto que é Veneza, a delícia que é seguir umas placas toscas que nenhum GPS consegue precisar, entrar para a história do lugar ao lado dos fantasmas de Keats, Byron e Marco Polo. Visitar as magnificas basílicas de San Marco e Santa Maria della Salute, o Palácio dos Doges e sua história rica em sangue, crime e intrigas. Ver os originais dos cavalos majestosos que adornam do alto da igreja de San Marco, no museu de mesmo nome. Acender muitas velas, orar pelos queridos, por nós, por este mundo louco e perdido. Ir a Murano curtir as lojas com objetos lindos e incomparáveis, aqueles lustres que sonhamos se morássemos em palácios condizentes. No Museu do Vidro, se vê tudo, da pré-história aos dias de hoje, num espaço perfeito, com vídeos interessantes e exposições de artistas contemporâneos que esculpem em vidro. Tão bem que não se sabe que é vidro. Maravilhas de Veneza... Voltar a San Marco e descobrir o minúsculo Museu Olivetti, exibindo fotos da cidade e gigantescos navios de cruzeiro passando por ali, que mais parecem gigantes prontos a engolir tudo; o absurdo contraste de embarcações que não condizem com a fragilidade e delicadeza deste patrimônio da humanidade. Depois da indignação com as fotos, o divertimento de ver as velhas máquinas de escrever da famosa marca italiana;, calculadoras, peças importantes de um passado recente, obsoletas com a invenção dos computadores Manhã do dia 24, fria e razoavelmente ensolarada, expondo as lindas cores das construções locais, dia perfeito para visitar os jardins adoráveis do museu Peggy Gugenheim, xeretar a lojinha, tomar um cappuccino no agradável café curtindo as esculturas e fechar tudo com chave de ouro, vendo a embasbacante exposição dos quadros do pintor indiano V.S. Gaitonde, no estilo Mark Rothko, mas infinitamente melhor do que o artista americano. Um show de cores, estilos, técnicas, luz, materiais. Moderno, antigo, contemporâneo. Atemporal. Pintura como processo, pintura como vida. E neste belo meio dia na véspera do Natal, tomamos o trem para Firenze. Mas esta já é outra história, a parte 2. Zurich, 06 de janeiro de 2016