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domingo, 26 de fevereiro de 2023

VIENA E O VAMPIRO - PARTE 2 - FEVEREIRO 2023

VIENA E O VAMPIRO – PARTE 2 Fevereiro 2023 Vinte e quatro anos depois de minha primeira visita a capital austríaca, passei uma feliz semana nesta verdadeira Paris que fala alemão. De arquitetura tão grandiosa e magnífica quanto a capital francesa, mas muito mais limpa, justa e ativa culturalmente que Paris. Além do fato incontestável de Viena (número 1, dez vezes) estar sempre na lista ou listas de melhores cidades para se viver no mundo. Paris está bem longe. Viena é justa, muito preocupada com o bem estar social, com vida de qualidade a todos. E por todos, quero dizer todos mesmo, pois há muitos imigrantes e refugiados por lá e todos vivem em condições decentes, com violência mínima e pleno emprego. Isso sem falar de creches públicas, educação de primeira, políticas ambientais das mais modernas e por aí vai. A cidade me encantou da primeira vez e me deslumbrou da segunda. Idade? Pode ser, mas após 23 anos de Suíça, meu alemão melhorou bastante e minha compreensão dos três países com mais de 100 milhões de habitantes de língua alemã, ajudou a respeitar e admirar o quanto a Áustria tem avançado e o quanto tem feito por justiça social, talvez uma maneira de compensar as atrocidades do nazismo, que ali teve muitos admiradores. Hitler, o expoente máximo, era austríaco. Hoje em dia se vê judeus ortodoxos por toda a parte em Viena e o museu dedicados aos judeus ilustres da cidade conta uma história interessante e sofrida. Viena já impressiona de cara, pelo número de palácios, monumentos e estátua faraônicas por toda parte. Não visitei os famosos palácios Hoffburg (Sissi) e Schönbrunn (desta vez só enormes caminhadas pelos jardins, que são parques públicos monumentais), mas me encantei com a quantidade de parques e espaços públicos. Mesmo no desfolhado e desolado inverno, os lugares são cheios de jovens e crianças e tudo que a poderosíssima dinastia dos Habsburgos construiu é atualmente acessível e aberto a todos. O que foi residência de luxo é agora museu, teatro, espaço cultural. Os jardins imperiais onde outrora só os nobres caminhavam, são agora de pais e seus bebês, dos idosos, da moçada, do povo. Muito legal. Mesmo a fantástica Ópera de Viena, onde assisti 4 espetáculos fabulosos, é inclusiva no acesso quase grátis a jovens e pessoas de poder aquisitivo restrito. O governo investe pesado em educação e cultura e nunca vi tanta música, teatros, museus e igrejas de qualidade, de acesso tão fácil, moderno e barato. Viena surpreende e encanta. Para o visitante de primeira vez, vale fazer um city tour com o Big Bus e se ter uma ideia da majestade e amplidão do lugar. Para quem gosta de parque de diversões o Prater, no bairro de mesmo nome, é uma Disney antiguinha e bem europeia; com direito a uma roda gigante que funciona perfeitamente há quase 150 anos! No quesito igreja, fico com a Peterskirche e a Karlskirche. A primeira com um teto incrível e a segunda um show de simplicidade e luz natural. A catedral eu visitei novamente, mas me pareceu mais bonita no gótico exterior do que no interior, rebuscado demais. Museus foram o moderníssimo MUMOK, e o chatinho Albertina Modern, o indescritível Albertina, o super Leopold, a apoteose que é o Belvedere e a constatação de que meu preferido, dentro e fora foi o Secession. A linda caixa branca com decoração art-noveau e um domo de folhas e flores douradas é uma pequena joia delicadíssima em meio a tantas construções gigantescas. Os frisos de Klimt, numa sala especial do Secession, enternecem pela beleza e o fascínio da história que contam. Se tiver que escolher pinturas-chave em Viena, o palácio Belvedere e o Secession são suficientes. O resto é secundário de categoria impressionante! No setor gastronômico, fuja de cafés manjados e populares nas ridículas redes sociais, como o pobre Sacher e o Central, não perca tempo com modismos e coma a mesma famosa torta Sacher, no prédio do hotel de mesmo nome, no café Mozart, por exemplo. Café vienense dos mais autênticos com torta idêntica e sem turistas cretinos. Invista seu tempo, dinheiro e paladar, no Buxbaum, no Figlmüller, no 12 Apostles, na Trattoria Martinelli e no chiquérrimo Vestibüle. Economize nas diárias bem salgadas da cidade no hotel MOOONS, transadinho e bem localizado. Lembrem-se que a Áustria tem doces tão bons que em francês, a palavra para doces finos de confeitaria é viennoiserie, em homenagem a delicia das confecções austríacas. Os quentinhos Kaiserschmarnn e o Palatschinken que maravilhas reconfortantes nos dias frios. O melhor bife a milanesa do universo, de vitela de preferência, é o inconcebível Wiener Schnitzel, sempre acompanhado de saladas de batatas e molho de maçã delicadíssimo e uma compota de frutas vermelhas que cai muito bem com o salgado da carne. Redescobri Viena aos 67 anos e cheguei à conclusão de que perdi muito tempo indo a Nova York com tanta frequência e tão pouco a Viena. Menos Paris e Londres e mais Viena. Tem tudo o que eu gosto, toneladas de cultura, boa comida, beleza, limpeza, segurança. E de quebra, se parece muito com Paris! Paris só ganha no idioma e na gastronomia. Só. Zurique, 26 de fevereiro de 2023.

24 horas em AMSTERDAM -fevereiro 2023

24 horas em Amsterdam -fevereiro 2023 Estando na bela Viena, cidade intensamente cultural, me inspirei nos museus e tomei um voo curto ( para padrões brasileiros, claro) até Amsterdam para ver a sensacional exposição das 28 obras de Vermeer, aquele pintor misterioso do século 17; aquele mesmo do filme A Moça com Brinco de Pérola, com a bela Scarlet Johanson. Pouco se sabe sobre a vida do genial pintor e estima-se que tenha pintado menos de 40 quadros. Esta exposição no vetusto Ryksmuseum em Amsterdam é um verdadeiro feito histórico, jamais instituição alguma conseguiu reunir tantas obras dele em evento único. Só até 4 de junho. Imperdível. O quadro do filme, um dos mais lindos, volta para Haia em março, então corram para ver os 28 quadros de Vermeer, que em breve serão apenas 27. Valeu a pena voo, hotel e outras despesas para ver tal mostra? Muito. Curadoria perfeita, enormes espaços dedicados a poucas obras, tudo muito bem explicado, pode-se realmente ver bem os detalhes, maravilhar-se com as técnicas de luz deste grande mestre holandês. DICA PRECIOSA: no site do museu os ingressos estão esgotados, mas no aplicativo de vendas de ingressos internacionais, Tiqets, a coisa é mais fácil. A noite, concerto de piano da divina Olga Paschenko, jovem russa mega talentosa, ali pertinho do museu, na belíssima sala de espetáculos do Concert Gebouw. As outras horas do dia foram preenchidas com longas caminhadas belos canais da cidade, animadíssima e jovem, maluca no tráfego intenso de bicicletas, muito atual nas inovações hipsters como o De Hallen, centro cultural e gastronômico bem descolado. Até museu novo descobri, ao lado do Van Gogh, que voltei a visitar e admirar. O museu Stedelijk é outro show de arquitetura, organização e modernidade, mais voltado a arte contemporânea. Este dia frio, chuvoso e ventoso na capital holandesa foi uma viagem cultural de três museus impactantes, música clássica, novos projetos, comida inovadora no restaurante vegetariano do De Hallen e muita diversão pelas ruas desta cidade europeia tão diferente de qualquer outra, abaixo do nível do mar, multicultural, super antiga, ainda que tão moderna! Vale bem mais do que minhas míseras 24 horas... Zurique, 26 de fevereiro de 2023.