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domingo, 14 de junho de 2015

MONTEVIDÉU - JUNHO 2015

MONTEVIDÉU – URUGUAI 2015 No firme propósito de conhecer todas as capitais sul americanas, ou quase todas, resolvi conferir a capital uruguaia que se revelava misteriosa e desconhecida; não porque o seja, mas porque praticamente todas as pessoas que conheço nunca lá estiveram. Muitas visitaram Punta del Leste, mas a capital de um país tão próximo, só escala de aeroporto mesmo. Injusto, pois Montevidéu é bem mais interessante do que Punta, mais barata e de fácil acesso. Uma Buenos Aires menor, mais tranquila. Não tão bonita e rica, mas vibrante e definitivamente cheia de atrativos únicos, como o Museu do Carnaval. E muitos outros, pois o setor cultural da cidade é surpreendentemente agitado para um país de 3 milhões de habitantes. Montevidéu é surpreendentemente praiana, exibindo um bonito e enorme calçadão de mais de 20 quilômetros as margens do Rio da Prata, que os nativos chamam de mar e parece mar mesmo. Há praias bonitas de areias brancas e até dunas! Tudo limpo e organizado, muita gente caminhando e correndo pela orla; playgrounds, áreas verdes com jardins bem cuidados, alguns bares e restaurantes e até um belo monumento as vitimas do holocausto nazista. Na ponta mais próxima ao aeroporto, casas bem bonitas, mais residencial, na outra, o movimentado e interessante porto da cidade. Com direito a mercado de churrasco e ao acima citado Museu do Carnaval. Os uruguaios celebram esta festa que pensamos ser brasileiríssima de maneira muito diferente e visitar o museu dá uma ideia do que eles chamam de carnaval. A musica é outra, fantasias idem e uma das poucas semelhanças com o brasileiro é um grupo de bonecos gigantes, como os que exibe o carnaval de Olinda. Fiquei no My Suites, hotel bem localizado na divertida Pocitos, uma espécie de Jardins uruguaio. Quartos grandes e bem decorados, serviço péssimo. Está na moda entre brasileiros, pois promove degustações diárias dos bons vinhos uruguaios. Para mim valeu pelo bairro, mas o serviço é triste e fica um tanto longe do centro. E o centro é bastante interessante. Museus e praças em meio a construções bonitas, ruazinhas e lojas charmosas. O melhor restaurante da cidade é parte do Teatro Solís, uma espécie de Teatro Municipal, grande e bonito. Totalmente reformado, lá assisti a duas peças muito loucas, baratas e divertidas: Stefano e War. Teatro bastante acessível, de qualidade. Uma das poucas coisas baratas do país. Me surpreendeu a quantidade de turistas brasileiros e também a qualidade do portunhol dos uruguaios, que são disparados os cidadãos latino-americanos que melhor falam nossa isolada língua. Simpáticos, eficientes e educados. Voltando ao cenário cultural, além de teatros e shows, os museus brilham com suas instalações pequenas e importantes, como é o caso do Museo Figari, do Torres Garcia, do Precolombino e da linda mansão que abriga a coleção do Artes Decorativas. Tudo pode ser feito a pé, fácil de encontrar, bem sinalizados. Todos no centro e área do porto. Uma delícia andar pelas ruazinhas charmosas, repletas de bancos chiques e órgãos governamentais que estão mais para Europa do que para América do Sul; não só no estilo das construções, como também na segurança de poucos roubos e uma sociedade menos desigual. Nestes passeios pelo centro encontrei os restaurantes Rara Avis e Parilla Solís. O primeiro, dentro do teatro de mesmo nome e o outro em frente. Um é luxo clássico de veludos vermelhos e negros, cardápio espetacular de foie gras e tartares, sobremesas luxuriantes. O segundo é uma churrascaria simples e tradicional, daquelas parrilllas fumegantes e acolhedoras. O primeiro caro, o outro mais em conta. Os dois valem a visita, principalmente se acompanhada dos maravilhosos tannats uruguaios, aquele vinhos-tinto-bomba-alcoólica; cartão postal do país, como o malbec para a Argentina e o carmenére no Chile. Rótulos bons: Pisano, Viejo e Amat. Em Pocitos, o badalado Francis justifica a fama com ótimas carnes e uma mousse de doce de leite gigante e divina. Preços paulistanos por toda parte: não é o roubo de Punta, mas Montevidéu é mais cara do que Buenos Aires. Não sei nada sobre compras, pois só adquiri livros nas belíssimas livrarias do centro. Há muitos shoppings que não visitei, mas em lojas finas do centro e Pocitos, os preços nas vitrines não são convidativos. Como na Argentina, belos artigos em couro, mas nenhuma pechincha. Passei um dia inteiro numa excursão a Colonia del Sacramento, a 180 quilômetros de Montevidéu. Lindo passeio num dia ensolarado de outono, com parada em fazenda e no hotel Nirvana, um lugar tipo máquina do tempo, cenário nostálgico de filmes históricos. Colonia é uma Parati-Tiradentes encravada numa linda baía, com Buenos Aires a apenas 50 quilômetros de distancia, numa pequena baia do Rio da Prata. Neste dia abençoado de sol, pude ver os prédios de Puerto Madero ao longe. Colonia é de grande importância histórica (a cidade mais antiga do Uruguai), fundada por um intendente português que governava o nosso Rio de Janeiro lá pelos idos de 1680. Preservada e calma, um prazer andar por suas ruas floridas e curtir a brisa do rio nos jardins públicos. O restaurante Mesón de la Plaza completa o passeio. Colonia é acessível de Buenos Aires por balsa, a famosa BuqueBus que sai de Puerto Madero, apenas uma hora de trajeto. Voltarei por esta via. Saindo de Montevidéu, o trajeto é longo, mas bonito ao longo das imponentes fazendas uruguaias. Melhor alugar carro ou contratar um táxi se não se quiser gastar as 12 horas em excursão de ônibus de dia inteiro como foi meu caso. Valeu pela oportunidade de ver o interior do país, mas perde-se o dia. Como fiquei apenas 4 noites em Montevidéu e longe de ver as atrações principais da cidade, Colonia acabou roubando um pouco do meu precioso tempo na capital. Voltarei a Montevidéu para aproveitar mais a parte cultural e o clima pacifico e civilizado do Uruguai. Com mais caminhadas “praianas” e hospedagem beira-rio para curtir a vista “del mar”! São Paulo, 14 de junho de 2015