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sábado, 13 de agosto de 2022

INVERNO EM BUENOS AIRES - PARTE 2

INVERNO EM BUENOS AIRES – PARTE 2 Mais frio e vento, mas dias ensolarados no começo de agosto, nada de chuva visto que a Argentina passa por uma de suas secas ocasionais. Bom para os turistas, pois caminhar por Buenos Aires é muito gostoso. Desta vez me hospedei no hotel Palácio Paz, parte da mansão histórica que enfeita a já bela Plaza San Martín. A localização é ótima e silenciosa, lobby um charme, bem movimentado e o restaurante/café é super concorrido, pois é bom e barato. É um hotel onde os argentinos se hospedam, poucos estrangeiros por lá. Preços razoáveis e quartos decentes. Museu, desta vez, só o Bellas Artes que tem sempre algo interessante e meu foco, como sempre, é o teatro, música e dança. Vi também uma mostra bem sem graça na embaixada brasileira, na qual entrei pela primeira vez. Sobre Lygia Clark e Lina Bo Bardi, nomes de peso, mas a pequena exposição deixa a desejar... Espetáculos, como sempre, de primeira: ópera O Elixir do Amor, concerto da Sinfônica de Buenos Aires no meu amado Colón, musical maravilhoso sobre a vida de Edith Piaf no charmoso Teatro Liceo, a casa de espetáculos, privada, mais antiga da América Latina. A atriz Elena Roger ganha prêmios na Europa e EUA constantemente e é superior a Marion Cotillard, que retratou a torturada cantora francesa num filme de peso. Elena canta e interpreta a nível de Meryl Streep e Maria Callas, impressionante. Encontrei jazz bom e barato no Teatro Picadero, em seu bar/restaurante, só gente local, nada de turistas. As empanadas e o vinho, bem bons e incrivelmente baratos. Sempre as terças feiras as nove da noite. Fiz algumas compras interessantes no setor bolsa/sapato, pontos fortes do comércio portenho. Preços do Brasil. Compras boas custam e não se incluem nos tempos módicos para brasileiros, como os dos últimos anos na Argentina. Comida, táxi, hospedagem e entretenimento nos fazem sentir ricos no país vizinhos, mas malas cheias só gastando a nível Real/Dólar e Euro. Não sou de outlets, pode ser que ali os preços sejam atraentes. No comércio a nível de avenida Santa Fé para cima, o cenário está mais para internacional do que local. Idem para as lojas de moda modernosa e bonita de Palermo. O ponto alto desta estadia foi, na certa, os restaurantes. Ando me aventurando por modernidades como Martí, Molusca Bar e Mercado de Liniers, sempre voltando aos divinos Pizza Cero e ao clássico Zum Edelweiss. Martí é impressionante, cozinha totalmente aberta no meio do restaurante que é um espaço moderno e bem decorado dentro de uma loja de roupas. Sua proposta é vegetariana e o resultado é ótimo. Ao lado do Lima Nikkei, na Recoleta, os dois lugares dão uma quebrada bem-vinda ao trio carne-empanada-panqueca de dulce de leche. Me arrisquei com frutos do mar no Molusca, perto do MALBA, adorei. Também moderno, menu de almoço surpreendentemente barato para um lugar sofisticado e descolado como esse. Do mesmo dono, restaurante de autor, bem gourmet, o Mercado de Liniers em Palermo Hollywood. Inesquecível nos seus pratos e combinações perfeitas e exóticas. São bastante generosos nos vinhos e o resultado é uma refeição prazerosa, tranquila, contemporânea, muito diferente. Voltaria aos três, mas o Mercado de Liniers é na certa, desde já um clássico e um dos meus favoritos em Buenos Aires. Lista que inclui todos acima citados, mais Don Julio, Piegari, La Cabaña, El Mirasol, Croque Madame e El Preferido de Palermo. A Argentina, para meu gosto e em minha opinião, tem a comida melhor do mundo. E isto sendo que sou uma gourmet contumaz, foodie confessa e pessoa de grande sorte por viajar o mundo há 66 anos bem vividos, provando do bom e do melhor. Viva a boa mesa que faz de qualquer viagem, um prazer ainda maior na aventura dos acepipes inauditos! São Paulo, 13 de agosto de 2022.