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domingo, 30 de novembro de 2014

PRAIA LINDA IPIOCA

IPIOCA – ALAGOAS Parece nome de cachaça, mas é também o nome de uma praia linda e tranquila a cerca de 25 quilômetros de Maceió. E lá fomos parar por indicação de uma amiga de muito bom gosto, que já tinha se hospedado no verão anterior no ótimo Residence Waterfront. Se não fosse por isso, não teríamos conhecido Ipioca, pois não sou nada fã de Maceió. Já havia estado em Alagoas duas outras vezes, mas o único lugar do qual realmente havia gostado era São Miguel dos Milagres. Agora Ipioca agrega valor ao pequeno estado nordestino, com fácil acesso e o hotel acima citado. Bom custo-benefício, por volta de 400 reais a diária, nos hospedamos em apartamento de duas suítes, sala grande, cozinha, dois terraços e jacuzzi. Limpo e bem decorado, uma profusão de toalhas grandes, brancas e fofas. E uma das vistas mais espetaculares de praia, pois o mar mais bonito da costa brasileira parece que entra pelos terraços e enormes janelas e você flutua na imensidão verde e azul do oceano morno e convidativo. Na maré baixa, pois na alta é um tanto bravo e só um pouquinho mais frio. Os outros quartos, todos suítes, são bons também, mas esta em que ficamos faz TODA a diferença. A praia é abençoadamente vazia, não há vendedores chatos e a piscina do hotel, mais pé na areia impossível, garante privacidade total. Estivemos lá em meados de novembro e pentelhas criancinhas, só algumas poucas no sábado e domingo. Não chegou a incomodar, mas vale o aviso para quem, como eu, não aprecia a petizada berrando em volta. Como as áreas comuns do hotel são pequenas e estão construindo mais 18 apartamentos em expansão que quase dobrará a capacidade do hotel, as coisas no verão, alta e fumegante temporada, podem ficar menos idílicas. Visitamos outra parte de Ipioca, onde fica a famosa barraca de praia, Hibiscus. Este trecho é ainda mais bonito e delicioso que o do Residence e a barraca é confortável sem agito e muito menos axé, funk e farofeiros. Como paga-se para entrar, isso serve como intimidador dos amantes do barulho-brega. Passamos o dia em baixo dos coqueiros, a brisa suave, boas lulas a dore, agua de coco e caipirinhas. Altamente recomendável. No campo gastronômico, o restaurante e o serviço do Residence não decepcionaram apesar do café da manhã fraco. O almoço brilhou no arroz com frutos do mar e no petit gateau de chocolate. O melhor restaurante do bairro, Villa Chamusca, morro acima numa semi-favela com vista maravilhosa, foi uma boa surpresa com seu cardápio interessante e frutos do mar saborosos e bem preparados. Ali perto, o Ocara decepcionou. Cheio e bem sucedido, mas péssima comida. O jantar-estrela foi mesmo no centro de Maceió, no restaurante premiado pelo Guia 4 Rodas, o Sur. Seus chefes foram eleitos como revelações do ano e o cardápio super criativo privilegia ingredientes locais. Fettucine com lagosta e risoto da mesma estavam sensacionais. O serviço é esplendido, o ambiente grande e bem decorado, a sobremesa de chocolate uma maravilha indescritível. Vale o taxi até Maceió, tempo e dinheiro bem gastos. Ainda voltarei para enfrentar o menu-degustação de 7 pratos. Ipioca, Maceió e arredores ainda tem preços convidativos, coisa rara no Brasil. Do táxi aos restaurantes, com passada pelos hotéis, os valores são de razoáveis a baratos. O serviço é em geral muito eficiente e amável, os taxistas ótimos e o aeroporto decente. Da próxima vez o destino será Patacho, praia belíssima perto de São Miguel dos Milagres. Uma alagoana, amiga da paulista de bom gosto nos disse que é o lugar mais bonito do estado. Volto em 2015 para conferir! A Maria Emília Cunali, obrigada pela preciosa indicação. São Paulo, 30 de novembro de 2014.

domingo, 9 de novembro de 2014

Polonia e Romenia

POLONIA E ROMENIA- OUTONO 2014 Belas surpresas, os dois países do Leste Europeu são muito interessantes e totalmente inusitados, uma explosão de cores, sentidos, experiências e gente simpática, num torvelinho de história sofrida e superação, fazendo de nossas parcas oito noites por lá uma viagem muito bem sucedida. Aquele tipo de viagem em que se quer voltar, sensação de ter visto pouco; de que estes países têm muito mais a oferecer. Além de ser a equação perfeita e rara no mundo atual: bons e baratos. Fomos da Alemanha para Cracóvia, voo curto de cerca de uma hora e pouco; aeroporto em reforma, bons taxis. Nosso hotel, o Wit Stwosz, era simples, mas bem localizado, pertinho da praça central. Que é linda, movimentadíssima, vibrante. É a maior praça medieval da Europa, o centro antigo, parecida com Praga. Mas Cracóvia é bem mais interessante do que a capital tcheca, que é linda, mas pequena e limitada. Cracóvia foi a capital do país e ainda é seu centro cultural, oferecendo uma infinidade de shows, concertos, espetáculos, exposições, arte por toda parte e história. Muita história! De um país sofrido, corajoso, espremido geograficamente entre a Rússia e a Alemanha, periodicamente invadido por ambos e aparentemente imbatível. Na alegria e coragem de um povo que poderia ser sombrio, como os russos, mas é alegre como os brasileiros e eficientes como os americanos. Ensino de qualidade dá aos poloneses uma prontidão e um estado de alerta permanente. Falam varias línguas, são amáveis com os turistas, se esforçam para ajudar e os serviços turísticos são ótimos. Reservas nunca são problema, passeios lotados também não, uma maravilha. Começamos pelo castelo Wawel, lindo e fácil de chegar. O visitamos duas vezes, pois há muito que ver. E nem vimos tudo, tão rico e diverso o lugar. Tivemos a sorte de ver uma sala especial com um quadro espetacular de Leonardo da Vinci. Uma tela feminina, como a Mona Lisa, maior e mais bonita. Sem gentarada enchendo, uma experiência zen, apenas uns minutos de paz completa, apreciando uma obra imperdível. No café do castelo tivemos nossa introdução ao maravilhoso chocolate polonês, quente, grosso e fumegante. Seria o inicio de uma série aparentemente infindável de doces e sobremesas do outro mundo e de vários quilos a mais! Valeu. Kazimierz encantou pelas construções e clima boêmio, pela nostalgia dos tempos em que a comunidade judaica era a maior e mais prospera da Europa. No dia seguinte, o horror indescritível de Auschwitz. Passeio acachapante de um dia inteiro. A tristeza é compensada pelo fato de que todo o ser humano deveria visitar antigos campos de concentração pelo menos uma vez na vida e tentar nunca mais repetir tal atrocidade. O lugar que sediou a fabrica de Oskar Schindler, o ser humano extraordinário em quem se baseou o filme A Lista de Schindler, é igualmente triste e importante. Experiência mais leve e até mesmo razoavelmente divertida, a mina de sal Wieliczka ganha o troféu armadilha-para-turista. Restaurante bom é o que não falta na Polônia e velhas-damas como o Wentzl dão o toque chique e o clima do século 19. Tomamos até vinhos poloneses, que não são bons, para prestigiar este país extraordinário e as pessoas tão legais. Drinques nos cafés da praça principal são ótimas desculpas para se observar o movimento incansável do lugar e bom prelúdio a uma visita aos subterrâneos (Rynek) da praça que abrigam ruínas bem antigas da cidade. Visita agendada e auto guiada. Por toda parte, confeitarias alucinantes e os doces mais bem apresentados e dos mais gostosos que já comemos, minha irmã e eu experts internacionais em sobremesas. Mesmo se o restaurante não for tão bom, como o famoso, divertido, lotado e bem localizado Miod Malina, as sobremesas sempre serão. O ainda mais lotado Szara capricha nos salgados e doces, com fartas porções de peixes e até mega burgers deliciosos. Sem falar da maravilhosa localização e o prédio antigo e bem decorado. O serviço então, como sempre na Polônia, rápido, esperto, simpático e eficiente. Deixando Cracóvia com tristeza, partimos à capital polonesa, Varsóvia. Ainda mais grata surpresa, sabendo que nada se compararia à cidade anterior. Adoramos a vibrante capital cheia de magnificas embaixadas, avenidas largas, estonteantes edifícios modernos, dinossauros soviéticos de grande porte, castelo reconstruído do zero com dinheiro de doações populares, bonito centro histórico e mais comida boa. Depois do passeio no ônibus turístico, de duas horas, percebemos que erramos feio em só ficar uma noite em Varsóvia. Temos que voltar! E andar mais de trem, pois fomos de uma cidade a outra tomando este meio de transporte relaxante e confortável. Boas estações, bons vagões, tudo limpo e fácil. E na certa voltaremos ao mesmo hotel, o lindo Bristol de cintilantes cinco estrelas, perto do castelo e do centro antigo. Wine bar, café, decoração em tons de roxo art decô, gente bonita; uma festa. Por toda parte, o mesmo clima de alegria e descontração, um raro domingo ensolarado, uma multidão de gente feliz pelas ruas. De novo, café estrategicamente localizado para observação do movimento local e degustação de um estrogonofe polonês, divino. O pouco que sobrou do casario antigo da cidade pode se ver pelas ruas adjacentes e suas lojinhas pitorescas. Numa delas provamos os waffles típicos poloneses, uma maravilha fumegante que os nativos comem pelas ruas como se fosse pipoca. Coberturas de frutas, caldas de chocolate, creme e sorvete fazem da experiência uma lambança master! Fomos também a um bom cabeleireiro cujas espertas funcionarias mal falavam qualquer língua que não o indecifrável polonês, mas tudo bem. Manicure e stylist das melhores e mais baratas da Europa. Indicação do concierge do Bristol que tudo sabe e tudo pode. Até conseguir reserva de ultima hora no único restaurante merecedor de estrela (uma)do esnobe Guia Michelin. Eu já havia tentado por e-mail e nada. O genial Atelier Amaro é pequeno e concorrido, te esnobam mesmo. Mas respeitam o concierge do Bristol e lá jantamos magnificamente, combinando aqueles infinitos menus degustação de mil e um pratos com mil e uma vodcas locais. Um festim borracho e delicioso. O restaurante está a caminho de mais estrelas e sua desconstrução de ingredientes dá crédito a chata cozinha molecular. No Amaro tudo é maravilhoso e muito bem apresentado. Desesperadas por deixar este país intrigante sem ver quase nada, fomos arrastando pé (voando) até a capital romena, Bucareste. Que mesmo caiodona e semifalida (a Romênia é o segundo país mais pobre da Europa) tem lá seus encantos e seu esplendor máximo na maior construção que já vi na vida. O antigo palácio construído pelo tirano Nicolae Ceausescu é a segunda maior edificação do mundo depois do Pentágono em Washington e certamente mais espetacular na sua enormidade brega e tremendo desperdício de materiais nobres e caros, como o mármore. Tudo romeno pois o Drácula moderno não queria nada estrangeiro em seu precioso palácio. O tour guiado de uma ou duas horas só visita uma parte ínfima do lugar, tais as dimensões da megalomania do dito cujo. É na certa uma das coisas mais impressionantes e interessantes de minha longa carreira viageira. Vale a ida à Romênia SÓ para ver tal coisa! Contudo, não ficamos mais do que apenas uma noite em Bucareste. Em hotel escuro e sombrio, clima que domina a cidade e felizmente, não domina a Transilvânia, nosso objetivo máximo de toda a viagem. Minha irmã e eu sempre fomos fanáticas por Drácula, tudo relacionado ao conde-vampiro e organizamos o trajeto em função da visita ao castelo do funesto assassino e suas histórias mirabolantes. Com um culto guia-motorista que não parecia vampiro e sim um hobbit munido de confortável carro, todo o esquema eficazmente organizado por meu agente de viagens suíço. E então fomos nós pelos caminhos transilvanicos e seus inúmeros castelos. Começando por Peles, o mais bonito e luxuoso deles. Um show de bom gosto austro-húngaro, nacionalidades que dominaram a Romênia por séculos. Deixaram um legado de belas cidade e construções magnificas como o suposto castelo do Drácula, o Bran Castle. Decepcionante e um tanto acanhado perto do Peles e com nada do clima vampiresco ao qual almejávamos tanto. Valeu pelas boas risadas que demos no belíssimo trajeto montanhoso até lá e pelos ridículos artigos que compramos nas barraquinhas para turistas que cercam o castelo. Nosso guia também nos levou às ruinas da fortaleza de Rashnov, imponente e ameaçadora sobre uma montanha que domina o vale. Esta sim fazendo o papel que Bran não faz e antecedendo o pernoite na bonita cidade de Brashov, parte das Sete Cidades Saxônicas da Transilvânia, tesouros arquitetônicos belamente conservados. Nos hospedamos, em três delas, em casas tombadas pelo Patrimônio Histórico romeno e hoje servindo como hotéis. Baratos e confortáveis, desafiadores lugares só alcançados após infindáveis escadarias e consequente arrastação de mala por elas. Nada de elevadores, muito exercício e alguns palavrões... A comida na Romênia não é tão espetacular como na Polônia, mas não faz feio. E os vinhos compensam tudo, particularmente algumas safras e rótulos da uva feteasca neagra. Poderoso liquido quase roxo batata com graduação alcoólica de 14.5%. Poderosa motivação para uma volta ao país. Os chardonnays locais também valem como desculpa ao eventual regresso. No dia seguinte, reserva de ursos perto da fortaleza. Uma descoberta de minha irmã que pensou que o lugar era zoológico e se revelou uma poderosa reserva particular de 60 hectares e 80 ursos recolhidos de circos, bichos anteriormente maltratados que agora vivem soltos e podem ser observados com tranquilidade. Um projeto bem sucedido, um exemplo. Mais informação sobre este lugar único, no www.ampbears.ro Na sequencia e impressionantemente belo trajeto até a próxima parada, o vilarejo Viscri, onde visitamos uma igreja fortificada que parece cenário de filme. Faz parte das várias igrejas que eram também fortificações e serviram múltiplos propósitos durante a conturbada historia do pais. O povoado tem grande importância arquitetônica pela preservação de estilos únicos (o príncipe Charles da Inglaterra é proprietário de várias delas como parte de um projeto de proteção) e suas ruas de cascalho lembram tempos de outrora e calma absoluta. Destino encantador e também bom lugar para ver, sem sair do carro, bairros ciganos com os ditos em trajes típicos; caras fechadas e ameaçadoras. Apesar de serem a parte mais pobre da população, alguns deles mais abonados constroem verdadeiros palácios de uma cafonice impressionante. Em geral, não rebocam e pintam tais monstrengos para não terem que pagar impostos de imóveis considerados acabados. Curiosidades locais... E como a meta romena era o mundo dos malvados, não poderíamos ter deixado de ir a casa onde nasceu Vlad Tepes, nobre romeno da vida real que supostamente serviu de base a Bram Stoker para escrever Drácula. O príncipe foi bom para a Romênia ao livrar o país dos turcos, mas incrivelmente sanguinário, fazendo de espetinho seus inimigos e exibindo os cadáveres empalados por toda a parte. Dizem as más línguas, romenas ou não, que bebia o sangue dos inimigos para fortificar-se. Tática que não funcionou tão bem, pois morreu moço, igualmente “espetificado” por seus inimigos. A casa-Vlad , ao lado de nosso hotel, a pitoresca Casa do Cervo, hoje em dia é restaurante brega, chamado Drácula, claro. Não comemos lá, mas pagamos cerca de 1 real para ver um fulano se fazendo de morto em um caixão e pulando dele para “assustar” os turistas. Tudo justificável pelo prazer infinito de viajar e pelo cenário belíssimo da cidadela de Siguishoara onde tudo isto se localiza. É a menor e mais bonita das três que visitamos, completa com bruma vampiresca, cemitério arrepiador, igreja no alto da colina; clima “morro dos ventos uivantes”. A Torre do Relógio oferece vistas panorâmicas, mais escadas infernais e muita historia em seu museu. Pizza e vinho na praça da parte moderna da cidade serviram como base de observação dos famosos ciganos do país, cuja má fama roda o mundo há séculos. A ultima noite nesta região foi passada em Sibiu, a maior e mais importante cidade entre as sete do circuito transilvanico. Por ser uma das capitais culturais da Europa, oferece espetáculos de musica e teatro frequentemente. Fomo ao festival de jazz Sibiu 2014 onde por mais de quatro horas nos deliciamos com a musica descolada de Chico Freeman e a genialidade da cantora de língua portuguesa, Carmem Souza (nascida em Cabo Verde). Fascinante, bonita e talentosa, fechando com chave de ouro nosso circuito romeno e compensando um pouco a chuva e frio de Sibiu. Condições climáticas amenizadas também por ida a um bizarro cabeleireiro local, péssimo, e por saborosa e pesada refeição no Kulinarium. E viva o vinho romeno! Voltaria à Transilvânia amanhã, cuja natureza, mistério e historia são verdadeiramente únicos. Ficaria mais tempo em Bucareste, explorando sua decadente memoria dos tempos de dominação soviética e bela arquitetura em estilo francês. Visitaria também o verdadeiro castelo do infame Vlad, situado em ponto remoto da desafiadora estrada Transfaragasan, cantada em prosa e verso pelo programa televisivo da BBC, Top Gear. Com meu competente marido suíço ao volante, com tempo e calma para curtir e aproveitar muito esta parte do leste europeu. Mais dez dias na Romênia e outras duas semanas na Polônia não cairiam mal. Bons projetos futuros. São Paulo, 09 de novembro de 2014

BASEL - SUIÇA - MUSEUS E GASTRONOMIA

DICA SUÍÇA – BASEL Pode não ter o charme de Genéve, o centro financeiro de Zurique e nem a badalação de Gstaad, mas o forte de Basel são os museus. Como toda a cidade Suíça, Basel é limpa e organizada e conta com um centro histórico bonito e preservado. É uma cidade rica, coração da poderosa indústria farmacêutica suíça; coisa sem importância para turistas, mas que se reflete muito positivamente na oferta de bons hotéis e restaurantes. Estivemos lá dois dias em outubro de 2014 para conhecer a famosa Fondation Beyeler. Museu pequeno, mas robusto em sua coleção de obras contemporâneas e impressionistas, a construção moderna em tijolo e vidro está no meio de um verde parque em bairro residencial da cidade. As exposições temporárias são sempre de peso e lá vimos uma retrospectiva do caríssimo pintor Frances, Gustave Coubert. Apesar de não ser central, o Beyeler é facilmente acessível pelo ótimo sistema de bondes que faz do transporte suíço, juntos com os trens, um dos melhores e mais pontuais do mundo. Nosso hotel nos forneceu passe de transporte grátis e lá fomos nos por este meio de locomoção rápido, silencioso e ameno ao meio ambiente. No Sipelzeug Welten Museum (Museu do Brinquedo) apreciamos uma mostra contando os 3000 anos da história do sapato. Exemplares antiquíssimos se contrapõem a interpretações ultramodernas dos calçados, ideias de artistas de várias partes do mundo. Com penas, personagens de desenhos animados, cabelo e até dentes, uma exposição singular em sua compacta e bem curada uniformidade. Tudo super didático, cada par pode ser apreciado devagarinho e o enorme livro disponível ao publico conta a história de cada um e faz as vezes de professor. Minha irmã, fanática por sapatos, lá ficou horas apreciando e lendo tudo. Eu já preferi gastar o resto do tempo no café do museu e apreciar um copo de bom prosecco suíço e a sobremesa estrela do outono, os vermicelles. Pasta divina de castanhas portuguesas, com creme das inigualáveis vacas do país e sorvete. Melhor, impossível! E a lojinha do museu vende bolsas artísticas e bem modernas, diferentes de todas as que já tinha visto neste canto charmoso da Europa. O museu de arte, Kunstmuseum é grande e precioso e está sendo expandido por mais um quarteirão. Peças clássicas se somam a exibições malucas misturando peças religiosas a artigos pornográficos, tudo organizado e fácil de compreender. Contudo, com nossa curta estadia em Basel, só pudemos ver estes três museus, em meio aos 36 de uma cidade de menos de 180.000 habitantes. País rico é outra história... Ficamos hospedadas no melhor hotel da cidade, o caro e bonito Les Trois Rois, muito bem localizado às margens do rio Reno, aquele longo que corta parte da França e da Alemanha. O serviço é muito bom, o quarto ótimo e o bar animadíssimo com um pianista genial à noite. O restaurante do hotel é o melhor da cidade e conta com duas estrelas no Guia Michelin. Não é pouca coisa e nem pechincha. Caro como previsível para este nível de estabelecimento, oferece comida, serviço e ambiente impecáveis. Um salão clássico e dourado, inteiramente coberto por magnificas rosas vermelhas, propõe cozinha moderna com toques franceses clássicos. Este ano, seu chef foi considerado o melhor da Europa. Os garçons de fraque intimidam um pouco no inicio, mas são tão simpáticos e agradáveis, que no fim da refeição, o vinho e a amabilidade descontraem tudo. Vieiras com trufas brancas, rodeadas por sopa com leve toque de repolho branco foram as estrelas da noite. As porções pequenas não deixam os comensais passarem fome, pois a fartura de amuses-bouches, um deles de tapioca, compensa o tamanho dos pratos. O Le Cheval Blanc é com certeza um dos melhores restaurantes do continente europeu nos tempos que correm. Ainda no quesito gastronômico, o café da manhã do Les Trois Rois é uma festa para os sentidos e completa a soberba experiência da hospedagem ali. Só o concierge foi um tanto imprestável e antipático e nos recomendou um restaurante supostamente típico no centro, que nada tem de mencionável ou especial. Mas voltaremos a Basel para conferir os outros 33 museus, fazer umas comprinhas em seu centro comercial movimentado e tentador e experimentarr os outros restaurantes estrelados da área. São Paulo, 09 de novembro de 2014

domingo, 28 de setembro de 2014

CURITIBA ROCKS! - SETEMBRO 2014

Grandes Cidades Brasileiras CURITIBA – primavera 2014 Rio e São Paulo são as mais obvias, Salvador seduz pelo mar e importância histórica, Porto Alegre como centro cultural. Não ia a Curitiba há mais de 12 anos e resolvi incluí-la na lista VIP pelas razões abaixo e várias outras. Curitiba encanta pela limpeza, organização e eficiência de seu povo. Ótimos hotéis a preços camaradas, restaurantes gourmet, shoppings de primeira, parques, museus, shows e teatro. Ok, o tempo não é lá destas coisas. Chove muito, mas os prazeres urbanos da cidade podem ser apreciados a portas fechadas, como é o caso do esplendido Museu Oscar Niemayer. Aquele mesmo do olho. A arquitetura de nosso grande mestre brilha ali neste museu que, grande, engloba mostras de arte ultramoderna, fotos, arte clássica, café e loja. Em meio a um parque verde e muito espaço. Vi uma excelente exibição de fotos da artista mexicana Frida Khalo. O artista paranaense João Turin brilhava com suas esculturas poderosas dentro do “olho” e diversas mostras contemporâneas se misturavam ao acervo pequeno e clássico do museu. Havia até feira de cerâmica, um café delicioso e uma loja bem sortida onde comprei duas blusas sensacionais. A velha e extinta revista O Cruzeiro merecia uma exposição de seu importante foto jornalismo e até plumária indígena encontrava espaço no museu. Um exemplo de como também usar um museu que toma área de 35 000 m2 como espaço para workshops e manifestações de arte popular. Deve-se reservar pelo menos 4 horas para este museu; grande, com mostras de vídeos das mais intrigantes e muito chão a percorrer. Um dos museus mais ricos e interessantes do Brasil. No campo teatral Curitiba oferece o festival de teatro mais concorrido do pais, geralmente em março, mas fora de época é possível ver bons espetáculos como o louquíssimo texto inglês, muito bem adaptado por Miguel Falabella, O Que o Mordomo Viu. Com o próprio e Marisa Orth. No enorme e histórico Teatro Guaíra, numa praça central em frente à belíssima mansão que a briga a Universidade do Paraná. Compras ficam por conta dos vários shoppings da cidade, destaque máximo para o Pátio Batel, novo e chiquérrimo, uma espécie de JK menor e mais agradável. Muita iluminação natural tira aquele sentido de shopping-prisão que impera em São Paulo. O restaurante Pobre Juan de lá é melhor que os de SP e o serviço incomparavelmente mais atencioso e eficiente. Há uma confeitaria que vende macarrons e brigadeiros, que além de linda vende confeitos maravilhosos. Também abriga o maior, mais eficiente e melhor cabeleireiro do Brasil, o Torriton. São 2000 metros quadrados de área bem decorada e só manicure, há 30! Fiz depilação, mão e escova por 150 reais. Em 45 minutos. Eficientíssimos, simpáticos. E olha que era um sábado e o salão estava lotado! Ali perto, a Arena da Baixada, estilo Curitiba. Chique, sóbria, parece em centro cultural e nada lembra que é um estádio de futebol. Sobriedade e bom gosto. Na gastronomia, o Terra Madre brilha e a adega é genial, pois o restaurante faz parte de uma loja de vinhos. Foie gras e camarões precedem uma sobremesa sensacional, meio tiramissu, meio pavê. Imperdível. Ambiente agradável, bom serviço. Para quem quer chique e moderno, o Manu é certamente um dos melhores do Brasil. O mínimo que se come são 10 pratos e são todos surpresa, privilegiando ingredientes bem brasileiros, apresentados de forma bonita e criativa. Para os ousados é uma opção imperdível. Ambas as casas acima citadas contam com uma estrela no Guia 4 Rodos, mas suspeito que o Manu, pelo fator inovação, será alçada a duas num futuro não muito distante. Pela inovação e originalidade. Eu fico com o aconchego e a cozinha mais europeia do Terra Madre. E os vinhos! São Paulo, 28 de setembro de 2014

domingo, 14 de setembro de 2014

VIAGEM MICO - COMO GASTAR MUITO DINHEIRO SEM APROVEITAR NADA. OU QUASE...

AGUAS DO TREME, SERRA DO CIPÓ E DIAMANTINA NORTE DE MINAS GERAIS Após bem sucedida e aprazível viagem às cidades históricas mineiras (Ouro Preto, Tiradentes, Mariana, São João Del Rey e Congonhas do Campo) em setembro de 2010, resolvemos voltar a Minas para conhecer a famosa Diamantina, terra de Juscelino Kubistchek. Infelizmente, não vale a viagem. Muito distante de Belo Horizonte e de qualquer outra coisa de grande interesse, o bonito e razoavelmente preservado casario de Diamantina é como um cenário de teatro: interessante mas oco. Não há o que fazer e em três ou quatro horas, se visita tudo e fica-se com a sensação de viagem-desperdício. As igrejas são mais ou menos, o Museu do Diamante não ostenta qualquer pedra, a “suíte Master” do melhor hotel da cidade mais parece quarto de hospital e os restaurantes são ruins e sujos. Não há o que comprar e ainda não ouviram falar de souvenires, artesanato e nem sequer cartões postais por aqueles cantos. A região da Serra do Espinhaço é naturalmente bela, mas inexplorada em matéria de turismo. A coisa toda é um tédio geral. Fuja! Os outros dois lugares visitados neste périplo de oito dias em agosto de 2014, foram Águas do Treme (com posterior parada legal na imponente Gruta do Maquiné)e Serra do Cipó. O primeiro, a cerca de 70 km de Belo Horizonte, é na verdade o nome do resort plantado numa enorme fazenda. O hotel é bem decorado e muito confortável, mas caro e com comida ruim; serviço amável mas amador. Só vale a viagem para quem quer fazer algo perto da capital mineira. Serra do Cipó, a 100 km de BH é mais interessante e o parque nacional de mesmo nome oferece caminhadas bonitas e trilhas bem sinalizadas. O hotel Capim do Mato dá o toque de sofisticação, com spa de grife francesa famosa, ótimos quartos e boa comida. A vila do Cipó, ali pertinho, exibe lojinhas olháveis e alguns restaurantes dignos do nome, como o Menu Gastronomia. Repetindo: os dois lugares só valem o gasto e a visita se conectados à capital de Minas ou à sua atual estrela máxima, Inhotim. Do contrário, nem pensar. Voar ou dirigir até lá é longe e caro e os dois hotéis acima citados estão com diárias iguais ou superiores a R$ 1000,00 e refeições com preços quase paulistanos. Fique com Tiradentes, Inhotim e Ouro Preto. Mineirices que valem a pena!

quarta-feira, 25 de junho de 2014

NEW YORK - VERÃO 2014

New York – verão 2014 Verão só é minha praia na praia mesmo e há muitos anos não retorno à minha amada Nova Iorque nesta horrível estação quente, cheia de gente cafona. Sim, não é ranzincise e sim fato: as férias americanas começam e com ela vem as horadas de obesos, crianças e adolescentes mal vestidos, barulhentos e cretinos. Como esta cidade é incrivelmente interessante, dá para superar o incomodo em um dia. O primeiro impacto do calor de 32 graus do primeiro dia, o fedor pavoroso das ruas, as multidões e o transito impossíveis, se foi logo que reaprendi a não andar pela 7 e Broadway para ir aos teatros, evitando a plebe ignara. A temperatura amenizou no segundo dia e agora é tudo sol e variações prazenteiras entre 27 e 16 graus. Civilizado. Na área cênica vi Bryan Cranston, o infame e famoso Mr. White da serie Breaking Bad, em atuação magistral na peça All The Way. Ele faz o papel do ex-presidente americano Lyndon Johnson e brilha por quase 3 horas no palco. Fala com perfeito sotaque texano e parece incorporar o politico. Nunca vi atuação igual. De certa forma, estragou um pouco minha grande expectativa de ver Michael C. Hall na ótima peca The Realistic Joneses. Ele é divino, mas empalidece perto de Bryan Cranston. Mençãohonrosa a Casa Valentina e seu texto extremamente inteligente. Nada como ver a historia baseada em fatos verídicos, de 7 homens que gostavam de se vestir de mulher, nos idos dos anos 60, negando que eram homossexuais. A maior parte deles, casados. Filmes magistrais como Words and Pictures e o ultimo, denso e absolutamente sensacional Polanski, Vênus in Fur, serviram de introdução à obra-prima de Clint Eastwood, Jersey Boys. Do divertido, mas brega musical de mesmo nome, o genial diretor fez um filme delicado, sensível, com fotografia em tons de sépia. E ao mesmo tempo violento, focando a relação de Frankie Valli e seu grupo Four Seasons com a Máfia. Uma espécie de Good Fellas com musica e coração! E o estomago fica por conta do divertido, delicioso filme francês, Le Chef. Nos 3 cinemas que adoro na cidade: o Paris, colado ao Plaza, o Ziegfeld majestoso perto do MoMa e o pulgueiro em frente ao Lincoln Center. Gastronomia em alta e preços em baixa. Há alguns anos decidi não investir em restaurantes caros em Nova Iorque, pois vou muito a Europa e nada se compara. Sem mencionar o serviço americano, sempre apressado e estressado, com os garçons sempre querendo enxotar os fregueses, trazendo a conta antes da hora e pronunciando a suprema inanidade: ready when you are. Traduzindo: estou pronto para você pagar e se mandar daqui! Por essa e por muitas outras continuo indo ao P.J. Clarkes’s do Lincoln Centre, ao Benoit e agora voltarei ao Bar Bolud. Nunca havia estado neste ultimo e comida + atendimento me impressionaram. Com gorjeta generosa você come 3 maravilhosos pratos com couvert e dois copos de bom Beaujollais Village (perfeito tinto para dias quentes) por 80 dólares. Com cappuccino para arrematar. Ambiente alegre, Luísa Brunet sentada na mesa ao lado. É um dos poucos restaurantes da cidade que conta com mesas agradáveis na calcada. Com o Benoit, finalmente Alain Ducasse acertou na mosca difícil de alvejar no cenário gastronômico da Big Apple. Bom, bonito e barato. Comida francesa clássica, sem frescura. Muitos franceses genuínos no serviço e na clientela. Bom sinal. P.J’s continuo indo pelo melhor cheeseburger do mundo, mas o “zoológico” nova iorquino do verão não poupa o lugar, bastante barulhento. Não afeta os gracos muito simpáticos e experientes. O croque monsieur do Cognac continua leve e delicioso e o China Grill brilha na adaptação de clássicos americanos aos toques asiáticos: Caesar’s Salada com castanhas de caju e molho picante, crab cakes com ovos Benedictine com toques fortes de mostarda acompanhado de arroz frito e cinco vegetais. Arrematando, a monstro-sobremesa The Great Wall; maravilha imensa de sorvete, banana e caramelo. Bom demais... Novidade para mim foi o pequeno e charmoso Caffe Grazie,na 84, perto do Metropolitan e quase esquina com a Madison. Fritata de aspargos deliciosa e o melhor tiramisu que já comi na minha vida. O lugar existe desde 1993 e vive lotado. Mas o serviço gentil não discrimina e aceita comensais sem reserva numa boa. Coisa que nesta região chique de Nova Iorque não é tão comum. Serafina Broadway lotado, muita gente interessada no telão mostrando o jogo Italia VS Uruguay. Para os amantes dos musicais, dois deles brilham de forma muito especial: Lady Day at Emerson’s Bar and Grill e A Gentleman’s Guide do Love and Murder. O primeiro é sobre a grande cantora Billie Holiday e o desempenho de Audra McDonald é sensacional. Para quem gosta de jazz, um prato cheio. O outro, uma espécie de Downton Abbey amalucada, divertidíssima e com elenco e figurinos espetaculares. O ator principal, Jefferson Mays, desempenha oito papeis e é incrivelmente perfeito, engraçadíssimo, em todos eles. As duas cantoras são lindas e suas vozes, celestiais. O toque histórico cultural ficou com a NeueGalerie e sua exposição sobre Arte Degenerada, ou o que o infame Adolf Hitler considerava depravado. O que não o impediu de saquear museus e confiscar tudo em beneficio próprio. Parte do confisco é o que vi nesta imponente exposição na belíssima casa que já foi de uma Vanderbuilt e agora virou museu especializado em arte alemão do inicio do século 20. Bonita e chique, a NeueGalerie é um capricho do dono da multimilionária marca de cosméticos, Estée Lauder. Interessado em arte, Ronald Lauder comprou esta linda mansão na Quinta Avenida e lá exibe arte que lhe apetece. Deve ser muito bom ter tanta grana para se dar a estes luxos e contribuir para o patrimônio cultural de onde se vive. MoMa sempre, desta vez com mega retrospectiva sobre nossa Lygia Clark. A outra visita, que venho adiando há mais de 12 anos, foi ao Ground Zero, lugar das finadas Torres Gêmeas. Como eram minha referencia do aeroporto até Manhattan, eu sempre sabia que estava chegando à minha amada cidade ao avista-las. Pela ultima vez em abril de 2001. Nunca mais. Alguns anos antes, com meu ex-marido e filhas pequenas, visitamos as torres por fora e “deixamos para depois” um jantar no Windows on the World e uma visita ao observatório. Afinal, ”eles sempre estariam lá” e não faltaria oportunidade. Pois faltou. Dentro do museu, extremamente comovida, vi a placa do restaurante. Foi o que sobrou.... O memorial e o museu são belos e tristes. Fontes negras nos buracos dos dois edifícios e os nomes das quase 3000 pessoas que ali morreram. Chorei do começo ao fim da visita. O museu é acachapante e está muito bem montado. O pouco que sobrou esta lá, vídeos, fotos e mapas contam a historia da tragédia americana que matou gente de 90 países. Pague os 24 dólares do ingresso, encare as longas filas, se emocione com o lugar e a maravilhosa torre futurista, quase pronta do One World Trade Center e lembre-se de que Nova York não é só compras e gastronomia. É antes de tudo o centro do mundo, um vértice de culturas e o reflexo alucinado de um país poderoso e complexo como os meus queridos Estados Unidos da América. New York, 24 de junho de 2014.

WASHINGTON - VERÃO 2014

WASHINGTON 2014 Com certeza minha segunda cidade favorita nos EUA. A primeira sempre foi e será Nova Iorque. São Francisco e Seattle completam a lista. Odeio Miami! Mas o que eu gosto ou não a ninguém interessa e é muito pessoal, questão de gosto... Washington foi uma bela surpresa, pois esperava uma Brasília americana e encontrei uma cidade alegre, cheia de vida nas ruas e repleta de jovens. Bonita eu sabia que era, pois filmes e series da TV americana nos fazem conferir tal beleza continuamente. Mas, projetada para ser capital, teve a sorte de ter sido desenhada por um francês de extremo bom gosto e bom senso e o resultado é um conjunto de edifícios modernos e antigos, muito harmoniosos. Repleta de parques e a brisa do rio Potomac que suaviza o calor do verão local. Também me surpreendeu o fato de se poder caminhar por todos os pontos principais; sem precisar de carro. Taxis em abundancia, bom metro e sistema de ônibus. Que outra cidade americana pode se gabar disso? É a cidade monumental nos dois sentidos: majestosa e repleta de monumentos, um mais bonito que o outro. Começando pelo Lincoln Memorial, indo do serio e novo a Martin Luther King, o tocante muro negro com os nomes dos inúmeros caídos na guerra do Vietnam, o soturno e inusitado à guerra da Coréia, o plácido e sereno a Thomas Jefferson. O severo e grande monumento a Segunda Guerra Mundial toca pela tristeza e enormidade de suas conseqüências, do que representa. O obelisco e é um gigante como nem no Egito já fizeram igual e o Capitólio é verdadeiramente majestoso. A Casa Branca é menor do que se imagina e a pé, pode-se chegar relativamente perto da mesma. De carro, nem pensar. Os museus são espetaculares, uma coleção aparentemente infinita de tesouros enfileirados na mesma região. O do Holocausto é impressionantemente horrível e necessário, o Hirshorn é o de arte contemporânea em edifício similar ao Guggenheim de Nova York, o do National Geographic é um sonho de viagens e aventuras infindáveis e o Air and Space, indescritível. Tao interessante que ignorei multidões de ruidosas crianças para me fascinar e embasbacar com aviões de todos os tipos, naves espaciais, robôs que exploram Marte e filmes Imax em planetários majestosos. Há anos que não comia em um McDonalds . No Air and Space, para não sair de lá e não perder um minuto do fascínio que tudo aquilo exerce sobre mim, enfrentei a comida plastificada e valeu o sacrifício. O museu merece um dia inteiro e não cansa, só embasbaca. Nem a NASA na Florida enfeitiça tanto quando o Air and Space. Imperdível! Não tive tempo para muito mais, pois meus amigos americanos, Alva e Ken, me levaram ao famoso cemitério de Arlington onde está o finado John Kennedy, uma experiência tocante. Perto dali, a enormidade do Pentágono e o charme de uma cidade vizinha, a antiga e historicamente importante Alexandria. Suas ruas arborizadas e coloridas, mostram uma arquitetura que só rivaliza com a de Savannah, na Geórgia e com Georgetown, maravilhoso bairro residencial de Washington. Uma coleçãoimprovável de casas de todos os tamanhos e estilos, harmoniosas e bem cuidadas; townhouses e brownstones de Nova Iorque são primas pobres perto das residências de Georgetown e arredores. Que também abrigam inúmeras embaixadas, que pela importância dos EUA, fazem questão de competir uma com a outra em luxo e bom gosto. No lado boemia, a região da U Street, bairro negro que está se tornando cada vez mais estiloso e interessante. No seu renovado Howard Theater, apreciamos a musica Gospel a bordo de um brunch bem ruim, mas astral muito alto pela musica ótima e a plateia majoritariamente negra, muito animada. Há bons restaurantes na cidade, claro, mas nos quatro dias lá nenhum me impressionou. Só mesmo os crab cakes, especialidade local, do clube de golfe dos meus amigos. O Chef Geoff tem 4 casas na cidade e e razoável. Gostei mesmo do café da manha do hotel W, aquela famosa cadeia de hotéis transados mundo afora. Panquecas, omeletes e waffles divinos em ambiente decorado em tons de branco, preto e vermelho. O italiano Aria quebra o galho no Reagan Center, mas os três pontos centrais da cidade e que realmente fazem dela um lugar especial: parques, museus e vistas. Ou seja: ar livre, qualidade de vida andando ou bicicletando com segurança e muita cultura. E claro, com o toque adicional de se estar na capital mais importante do mundo, testemunhando cenas dignas de Jack Bauer, na serie 24 Hours: carros oficiais em escoltas ruidosas, helicópteros da Casa Branca e exercito voando por toda a parte, aquele clima de importância e urgência que os filmes transmitem tão bem. Divertimento certo para toas as idades e programa genial para crianças, pois há vários museus com atividades ótimas para os pequenos. Para os adultos, muitos teatros e agitada vida noturna. E diurna. Sempre. Para Ken e Alva, anfitriões perfeitos. Washington, 18 de junho de 2014

sábado, 3 de maio de 2014

GRAMADO COM NEVE - 2014 - ESQUIE NO BRASIL!!!

Gramado 2014- Neve e Gastronomia Os restaurantes neste outono que corre, luzem esplendorosos numa Gramado rica e prospera, imune aos males brasileiros: seca, Copa, politica, bandidagem e corrupção. Gramado ferve de gente, negócios e turismo. Numa simples quarta feira, a Cantina di Paolo (continua fazendo jus a estrela que há anos mantem firme no Guia 4 Rodas), nosso amado ex-Giuseppe, está lotada de homens e mulheres de negócios que ali se encontravam para uma das numerosas exposições, conferencias e convenções que acontecem na região. Gramado é um dos destinos turísticos mais concorridos do Brasil, mas é também polo agroindustrial e tem vida própria fora dos ônibus da CVC. A Festa da Colônia, organizada exposição anual dos produtos caseiros locais brilhou no novo espaço, a Expo Gramado. E uma gastronomia sofisticada, como a do La Hacienda e Table D’Or dando o toque fino, agora aliados ao Le Sens, restaurante que em menos de um ano de existência já exibe uma estrela do Guia 4 Rodas. Merecida. O lugar é calmo, chique, bem decorado. Pratos pequenos e muito criativos completam um jantar sofisticado. Risoto de brie com figos turcos, creme de abobora com lascas de frango com gengibre, veloutes de aspargos, costelas desfiadas acompanhadas de rigatone crocante. Panna cota que esta mais para sorvete do que pudim, uma delicia. Os três restaurantes acima citados cobram cerca de 200,00 por pessoa, com bom vinho; não é barato, mas razoável perto dos preços paulistas e do preço absurdo que cobra o péssimo restaurante do suposto e autointitulado “único hotel 6 estrelas” do Brasil. O Saint Andrews, ali mesmo em Gramado, se auto nomeia “6 estrelas”. Serviço, quartos e ambientes podem até ser; o restaurante não vale nada. É tudo “hype” criada pelo poderoso marketing da medonha CVC ,empresa gaúcha que domina o turismo brega no Brasil infelizmente proprietária do hotel, querendo ter um reduto exclusivo em Gramado. Para os ostentadores, hospedar-se lá pode ser uma opção, mas comer lá não é. Fuja! O Bistrô da Lu em Canela segue firme e forte, servindo pratos divinos em ambiente pequeno e aconchegante. Continua sendo o melhor custo-benefício da Serra Gaúcha. Desta vez, conferimos o Le Petit Clos, outro restaurante estrelado de Gramado que não vale a estrela. Antigo, resistindo firme desde 1977, a casa é apenas outra porcaria das muitas que servem “rodízios de fondue” na cidade. Cara, fedorenta e pretenciosa. Para quem quer fugir dos buffets e sequencias de fondues, praga gramadense, e comer algo saboroso sem gastar muito, O Pasteleiro vende o melhor pastel do Brasil: chama-se O Quatrilho em homenagem ao famoso filme; enorme, suculento e fumegante, recheado de calabresa e queijo, uma bomba calórica que vale o aumento de colesterol imediato. O Pasteleiro, na verdade, é um pequeno restaurante, limpo e bem montado, serve vinhos e tem boa musica. Pastel VIP, só em Gramado mesmo... Mas talvez a grande estrela da estação seja mesmo a neve brasileira, o Snowland. Como Gramado já tem produção própria de vinhos e cerveja, resolveu produzir neve também. São Pedro não ajuda, pois não neva na cidade há mais de 20 anos. No problem! O enorme parque Snowland produz neve artificial e lá se pode patinar, esquiar, praticar snowboarding e varias outras atividades. Por enquanto, é o única das Américas e rivaliza com Dubai, que foi a pioneira em pistas de esqui cobertas. Há lojas e restaurante, tudo limpo e organizado, enorme estacionamento. Não é barato esquiar no Brasil: para entrar, patinar e fazer esquibunda, R$79,00. Esquiar e snowboarding são cobrados a parte. Crianças pagam R$ 59,00. Vale pelo inusitado da coisa, pelo diferente. Afinal, quem já esteve em parque artificial de neve? Destaque também para a novidade dos Bus Tour, aquele tipo vermelhão, de 2 andares, que faz circuitos urbanos mundo afora. Vale os 39,00 do circuito. Uma boa maneira de se ter uma ideia do que são Gramado e Canela numa primeira visita. Hospedagem maravilhosa no La Hacienda, que continua sendo o melhor lodge do Brasil, não só em minha opinião, como também na da chiquérrima organização Conde Nast Johansens, benchmark da hotelaria mundial. Este tipo de hotelaria fina, tranquila, exclusiva e bem decorada. Nada de CVC e grupos brega. Paz e elegância na fazenda mais bonita do Brasil, com uma comida dos deuses e serviço amabilíssimo. Custa menos que ir à cafona Miami, paixão de todo brasileiro idiota que começa a ganhar mais dinheiro. Vamos prestigiar nosso pais que tem lugares maravilhosos, comida quase sem rival e a gente mais simpática do globo! Gramado, 03 de maio de 2014

segunda-feira, 28 de abril de 2014

A MELHOR COMIDA ITALIANA DO BRASIL MORA NA BAHIA!

LA DOLCE VITA – ARRAIAL CHIQUE EM 2014 Jurei que não voltava tão cedo, absolutamente farta do frio e chuva de julho 2013, do interminável subir e descer falésia para se ir à praia; Arraial só na próxima década. Tinha tomado um bode total, apesar de reconhecer e elogiar o progresso de Arraial da Ajuda, sul da Bahia amado... Pois nunca se deve dizer nunca e voltei ao lugar sem planejar, ou sequer querer. E tudo por causa de meu amigo e total ídolo gastronômico, que carinhosamente chamo de Stefano Jacumã (não sei até hoje o sobrenome deste careca alto e charmoso), um chef italiano que conheci em Santo André, Bahia, há cerca de sete anos. Sua habilidade culinária me encantou, amor à primeira vista. E garfada, claro. Desde 2007 descrevo as maravilhas que ele prepara, em meus artigos sobre a bela Santo André. Não mais. Ele escapou do jugo alemão da Santo André dos dias que correm; sabiamente, instalou-se de mala e cuia em Arraial. E por isso, enfrentei uma ida a infernal Porto Seguro, lugar que detesto, para conhecer seu novo restaurante, o Café da Praia. Como sempre, um espaço charmoso e comida espetacular. Localizado estrategicamente, ao lado do Arraial da Ajuda Resort, a beira do rio com vista mar e também em frente ao bonito casario antigo e colorido de Porto Seguro (sem a bagunça, cheiro e barulho), o restaurante fica numa pequena marina, todo aberto, lugar perfeito para o banquete que se iniciou com pitús crus, tartare de polvo, lulas em cama de batatas, uma combinação inusitada e original. Isso tudo servido em pequenas e bem decoradas porções, camarões de rio e mar contrastando com o sabor forte do polvo, a lula mais suave, tudo precedido de um drinque que misturava champanhe a Aperol, bem refrescante. O vinho branco, um sauvignon blanc italiano, Favorita, deu o toque alcoólico a uma refeição coroada por massa ao molho levemente cremoso de trufas brancas e ótimo parmesão. A sobremesa foi uma pequena e tradicional mousse de chocolate, só para adoçar o paladar mesmo, pois o requinte dos pratos anteriores dispensava doces. Maravilhas servidas por uma elegante argentina, fazendo relembrar o quão internacional este pedaço do Brasil pode ser; feliz mistura de raças e nacionalidades que os franceses chamam de “couleur locale”... O inacreditável da culinária do Stefano é a leveza dos pratos. Se come muito, bem e leve. Nada de manteiga, só azeite de oliva; italiano, claro. Creme de leite não passa perto e o parmesão reina absoluto e dá o toque aveludado. Truques de um grande chef... A coisa não parou por aí e dois dias depois largamos Santo André definitivamente e nos mudamos, por uma só noite (pena) para um hotel em Arraial, que não conhecia: o novo Legian Villa Hotel. Ideia do Stefano, que nos quis mostrar o “lado oculto-chique” de Arraial. Eu até então, nos muitos anos frequentando Arraial, só havia me hospedado em hotéis com vista mar e sempre me recusei a conhecer hotéis e pousadas que se multiplicavam perto da praia, mas não pé-na-areia. Atitude aceitável em pessoa nascida e criada em São Paulo e sedenta por mar! Para mim, só no topo das falésias e suas vistas deslumbrantes, ou pé-na-areia, bem ali com os siris e caranguejos. Pois em Arraial, hoje em dia, o custo-benefício de se ficar a 200 metros da praia, sem subir e descer ladeira para um banho de mar, compensa. E o silencio é maravilhoso, pois tais hotéis e pousadas se encontram fora do alcance auditivo de barracas de praia, bares e similares. Estão localizados em áreas residenciais e o Legian é um exemplo perfeito. Uma ideia interessante de um casal paulista que viajou o mundo e decidiu se fixar em terras baianas. Raquel e Pedro já tiveram restaurantes em Bali e Ibiza (um descolado sushi-spot na badalada Paxá espanhola), moraram em Arraial e quando voltaram de seus périplos internacionais decidiram fazer de sua bela casa, um hotel com cinco suítes lindas e potencial para mais duas. Tudo em jardim estilo indonésio, piscinas que se encaixam perfeitamente à vegetação exuberante que ora lembra o próprio Brasil, ora terras asiáticas. Tudo em madeira, uma mescla contemporânea e antiga de materiais dos dois continentes, tudo aberto, amplo e arejado. Poucas portas e divisórias, todo integrado à natureza. Com conforto e elegância. E super custo-benefício; luxo, privacidade, bom gosto e exclusividade por bem menos do que a media das pousadas top beira mar. Hospedaria perfeita para casais, gente que procura paz e grupos pequenos querendo espaços exclusivos. O café da manha é servido no terraço das suítes e bolos de goiabada aliados a tortas salgadas dão o toque gostoso aos outros ingredientes mais politicamente corretos do cardápio. O dono gosta de cozinhar e a cozinha é aberta, ao lado da recepção, dando para a piscina. Ele pode preparar jantares especiais, mas por enquanto, só café da manha e lanchinhos. E como Arraial possui bons restaurantes e agora o Stefano reina por lá, não é necessário que Legian e outros tenham seu próprios restaurantes. Perto do Legian, Stefano também organiza jantares em sua própria casa, um ambiente informal a beira de sua gostosa piscina com jacuzzi, massagista e outro banquete monumental. Dentro da agua você disfruta de bruschettas crocantes, torradas quentes com queijo e trufas, presunto cru para dar o toque carnívoro e até mojitos bem feitos para acompanhar ou finalizar. Uma massagem pode preceder estes acepipes, todos relaxados passamos à mesa ao ar livre, para saborear lagosta crocante com alho e nos maravilhar com um risoto-paella que só mesmo um gênio das panelas pode criar! A proposta é risoto de pitú, aquele camarão de rio mais magrinho e saudável que o de mar; mas não por isso menos saboroso. O caldo para o preparo do prato é feito com carcaças de frutos do mar, o sal é fornecido pelo parmesão que inusitadamente acompanha o prato e, como diz o Stefano, o “levanta”. Parece abrir o sabor da mistura de arroz e pitú, um “efeito especial” impensável em situações gastronômicas comuns. Mas de comum, Stefano não tem nada e sua arte tem poucos rivais no Brasil. Santo André perdeu, Arraial ganhou e os paulistas que lotam Trancoso deveriam sair de suas zonas de conforto e “arriscar” um jantarzinho no italiano exótico e brincalhão. Para quem não quiser sair de Trancoso, Stefano vai até os clientes e organiza eventos imperdíveis. Gramado, 28 de janeiro de 2014

domingo, 27 de abril de 2014

SANTO ANDRE - BAHIA - 2014

SANTO ANDRE – 2014 – A VIRADA? No ano passado eu estava muito desanimada com o retrocesso da minha amada Santo André e sua “praia mais bonita do mundo”. Restaurantes fechando, gente legal se mudando de lá, nada de sessões de cinema divertidas com os impagáveis Pablo e Amadeo. Uma tristeza. Este ano, a coisa está ainda pior, com o fechamento da divina pousada Vitor Hugo e a debandada do incrível chef Stefano, levando embora com ele seu restaurante maravilhoso e sua charmosa hospedaria Jacumã. Acabou a esperança de Santo André virar Arraial ou Trancoso? Talvez não, pois neste nosso misterioso, para não dizer, bizarro país tropical, as coisas raramente são o que parecem. E não é que a poderosa seleção alemã de futebol escolheu este povoado pobre e feio no sul da Bahia para lá instalar seus musculosos e milionários jogadores de futebol para a Copa 2014? Constrói aos trancos e barrancos condomínio de luxo e campo de treino para arquitetar e possivelmente executar uma vitória no nosso malfadado campeonato máximo do esporte nacional? Por que Santo André? Só Deus e quiçá, o Diabo, sabem a resposta... Fala-se de “máfia alemã”, de futura colônia de férias para pálidos teutônicos, os italianos do lugar estão em pânico com uma imaginada “dominação germânica” na área. E por aí vai a fofoca... Pessoalmente, não acho que vai ocorrer nada disso. Em minha opinião de apaixonada e fiel frequentadora, há 12 anos e meio de Santo André, penso que o região se tornará mais residencial e menos turística. Imagino que o valente pessoal do Gaivota, Sant Ana’s e Miki da Pousada do Corsário, ali continuarão, lutando para sobreviver em local tão bonito, mas desprovido de infraestrutura, a cara de nosso sofrido Brasil nos dias que correm. Turistas que puderem alugar casas, assim o farão, não se importando com a penúria de serviços, fieis a natureza belíssima da costa, do charme do rio, da lua dourada, de uma das praias mais lindas e mais abençoadamente vazias deste nosso globo de mais de 7 bilhões de seres humanos. Minha aposta é que Santo André continuará sendo um santuário para gente que valoriza estas coisas e vai espalhar tal filosofia pelo Guaiú e outras praias pela frente. Serviços e infra só se o Brasil deixar de ser o país do futuro e virar o país do presente. Santo André só vira Arraial ou Trancoso se Cabrália deixar de ser o vilarejo sem graça e enfadonho que é. Para os iniciados, o restaurante da Pousada do Corsário continua melhor do que nunca, brilhando em gordos camarões com manteiga de castanha de caju, saladas frescas e criativas e as melhores cocadas da Bahia. O espaço está ampliado e adorável, bom serviço. O outro Stefano , dono do Sant Ana’s , fez falta por lá, mas sua singela equipe ainda dá conta de calzones, massas e tortas de limão. A Casa Praia luta bravamente por uma possível sobrevivência até o verão 2015, preparando boas caipirinhas, camarões estilo asiático, iscas de peixe crocantes ao estilo britânico com fritas sequinhas e deliciosas lulas empanadas. Mas a melhor comida da Costa do Descobrimento está 2 rios mais ao sul, em Arraial da Ajuda, para onde o Stefano Jacumã se mudou. Mais bombásticos detalhes em meu artigo que segue: LA DOLCE VITA – ARRAIAL CHIQUE EM 2014. Confiram! Gramado, 27 de abril de 2014. SANTO ANDRE – 2014 – A VIRADA? No ano passado eu estava muito desanimada com o retrocesso da minha amada Santo André e sua “praia mais bonita do mundo”. Restaurantes fechando, gente legal se mudando de lá, nada de sessões de cinema divertidas com os impagáveis Pablo e Amadeo. Uma tristeza. Este ano, a coisa está ainda pior, com o fechamento da divina pousada Vitor Hugo e a debandada do incrível chef Stefano, levando embora com ele seu restaurante maravilhoso e sua charmosa hospedaria Jacumã. Acabou a esperança de Santo André virar Arraial ou Trancoso? Talvez não, pois neste nosso misterioso, para não dizer, bizarro país tropical, as coisas raramente são o que parecem. E não é que a poderosa seleção alemã de futebol escolheu este povoado pobre e feio no sul da Bahia para lá instalar seus musculosos e milionários jogadores de futebol para a Copa 2014? Constrói aos trancos e barrancos condomínio de luxo e campo de treino para arquitetar e possivelmente executar uma vitória no nosso malfadado campeonato máximo do esporte nacional? Por que Santo André? Só Deus e quiçá, o Diabo, sabem a resposta... Fala-se de “máfia alemã”, de futura colônia de férias para pálidos teutônicos, os italianos do lugar estão em pânico com uma imaginada “dominação germânica” na área. E por aí vai a fofoca... Pessoalmente, não acho que vai ocorrer nada disso. Em minha opinião de apaixonada e fiel frequentadora, há 12 anos e meio de Santo André, penso que o região se tornará mais residencial e menos turística. Imagino que o valente pessoal do Gaivota, Sant Ana’s e Miki da Pousada do Corsário, ali continuarão, lutando para sobreviver em local tão bonito, mas desprovido de infraestrutura, a cara de nosso sofrido Brasil nos dias que correm. Turistas que puderem alugar casas, assim o farão, não se importando com a penúria de serviços, fieis a natureza belíssima da costa, do charme do rio, da lua dourada, de uma das praias mais lindas e mais abençoadamente vazias deste nosso globo de mais de 7 bilhões de seres humanos. Minha aposta é que Santo André continuará sendo um santuário para gente que valoriza estas coisas e vai espalhar tal filosofia pelo Guaiú e outras praias pela frente. Serviços e infra só se o Brasil deixar de ser o país do futuro e virar o país do presente. Santo André só vira Arraial ou Trancoso se Cabrália deixar de ser o vilarejo sem graça e enfadonho que é. Para os iniciados, o restaurante da Pousada do Corsário continua melhor do que nunca, brilhando em gordos camarões com manteiga de castanha de caju, saladas frescas e criativas e as melhores cocadas da Bahia. O espaço está ampliado e adorável, bom serviço. O outro Stefano , dono do Sant Ana’s , fez falta por lá, mas sua singela equipe ainda dá conta de calzones, massas e tortas de limão. A Casa Praia luta bravamente por uma possível sobrevivência até o verão 2015, preparando boas caipirinhas, camarões estilo asiático, iscas de peixe crocantes ao estilo britânico com fritas sequinhas e deliciosas lulas empanadas. Mas a melhor comida da Costa do Descobrimento está 2 rios mais ao sul, em Arraial da Ajuda, para onde o Stefano Jacumã se mudou. Mais bombásticos detalhes em meu artigo que segue: LA DOLCE VITA – ARRAIAL CHIQUE EM 2014. Confiram! Gramado, 27 de abril de 2014. SANTO ANDRE – 2014 – A VIRADA? No ano passado eu estava muito desanimada com o retrocesso da minha amada Santo André e sua “praia mais bonita do mundo”. Restaurantes fechando, gente legal se mudando de lá, nada de sessões de cinema divertidas com os impagáveis Pablo e Amadeo. Uma tristeza. Este ano, a coisa está ainda pior, com o fechamento da divina pousada Vitor Hugo e a debandada do incrível chef Stefano, levando embora com ele seu restaurante maravilhoso e sua charmosa hospedaria Jacumã. Acabou a esperança de Santo André virar Arraial ou Trancoso? Talvez não, pois neste nosso misterioso, para não dizer, bizarro país tropical, as coisas raramente são o que parecem. E não é que a poderosa seleção alemã de futebol escolheu este povoado pobre e feio no sul da Bahia para lá instalar seus musculosos e milionários jogadores de futebol para a Copa 2014? Constrói aos trancos e barrancos condomínio de luxo e campo de treino para arquitetar e possivelmente executar uma vitória no nosso malfadado campeonato máximo do esporte nacional? Por que Santo André? Só Deus e quiçá, o Diabo, sabem a resposta... Fala-se de “máfia alemã”, de futura colônia de férias para pálidos teutônicos, os italianos do lugar estão em pânico com uma imaginada “dominação germânica” na área. E por aí vai a fofoca... Pessoalmente, não acho que vai ocorrer nada disso. Em minha opinião de apaixonada e fiel frequentadora, há 12 anos e meio de Santo André, penso que o região se tornará mais residencial e menos turística. Imagino que o valente pessoal do Gaivota, Sant Ana’s e Miki da Pousada do Corsário, ali continuarão, lutando para sobreviver em local tão bonito, mas desprovido de infraestrutura, a cara de nosso sofrido Brasil nos dias que correm. Turistas que puderem alugar casas, assim o farão, não se importando com a penúria de serviços, fieis a natureza belíssima da costa, do charme do rio, da lua dourada, de uma das praias mais lindas e mais abençoadamente vazias deste nosso globo de mais de 7 bilhões de seres humanos. Minha aposta é que Santo André continuará sendo um santuário para gente que valoriza estas coisas e vai espalhar tal filosofia pelo Guaiú e outras praias pela frente. Serviços e infra só se o Brasil deixar de ser o país do futuro e virar o país do presente. Santo André só vira Arraial ou Trancoso se Cabrália deixar de ser o vilarejo sem graça e enfadonho que é. Para os iniciados, o restaurante da Pousada do Corsário continua melhor do que nunca, brilhando em gordos camarões com manteiga de castanha de caju, saladas frescas e criativas e as melhores cocadas da Bahia. O espaço está ampliado e adorável, bom serviço. O outro Stefano , dono do Sant Ana’s , fez falta por lá, mas sua singela equipe ainda dá conta de calzones, massas e tortas de limão. A Casa Praia luta bravamente por uma possível sobrevivência até o verão 2015, preparando boas caipirinhas, camarões estilo asiático, iscas de peixe crocantes ao estilo britânico com fritas sequinhas e deliciosas lulas empanadas. Mas a melhor comida da Costa do Descobrimento está 2 rios mais ao sul, em Arraial da Ajuda, para onde o Stefano Jacumã se mudou. Mais bombásticos detalhes em meu artigo que segue: LA DOLCE VITA – ARRAIAL CHIQUE EM 2014. Confiram! Gramado, 27 de abril de 2014.