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domingo, 26 de julho de 2009

LAS VEGAS 2009

Minha ultima vez na SIN CITY (cidade do pecado), havia sido há dez anos e em 1999 já achava Las Vegas espetacular. O que mais construir? Impossível restaurantes melhores, shows mais espetaculares, luzes mais brilhantes, cassinos mais fulgurosos. Por que mexer em cavalo que está ganhando? Mas a cidade encravada entre as belas montanhas, no deserto, no estado de Nevada, não para. Nunca.
Começando pelos hotéis, que já enormes, dobraram de tamanho e quase todos construíram mais quartos, lojas, espaços de lazer e parques de diversões. Na cidade, o novo vira velho em pouco tempo e 10 anos atrás, o maravilhoso Bellagio não tinha concorrente. Agora tem dois e já parece um tanto ultrapassado. Fósseis como o MGM Grand sacudiram a poeira e exibem hoje uma coleção estonteante de bares, boates e restaurantes. Os cassinos continuam lá, com caça níqueis mais silenciosos, menos espalhafatosos e pasmem: sem moedas! Operados por notas de dólar ou tíquetes especiais. O barulho das cascatas de moedas faz falta? Não. Porque Las Vegas virou balada, o foco é o público jovem e o som discoteca impera nos cassinos. Quanto mais sofisticado, melhor o DJ; e melhor a boate nos hotéis e cassinos. As casas noturnas são muito bonitas, enormes, repletas de jovens vestidos de maneira muito sensual e moderna, renovaram o ar um tanto “velha Máfia” do lugar. A velharia, que imperava em Las Vegas, já não dá mais as cartas, as famílias concentram-se nos hotéis mais baratos e bregas e o forte mesmo é o público das enormes e freqüentes convenções de negócios que impulsionam a economia local e a moçada bonita.
No momento, julho de 2009, os hotéis mais cool são o Wynn e Encore, do mesmo dono, o genial Steve Wynn. O Encore, mais novo, onde nos hospedamos, é sensacional em sua decoração vermelha, seus restaurantes bárbaros, piscinas muito agradáveis, lojas chiquérrimas e apartamentos fabulosos. Por US$ 200 nos hospedamos em uma grande suíte munida de TV gigante, bem decorada e com vista panorâmica. Mas o preço do quarto engana; idem para a passagem aérea em preço promocional. Prometem férias baratas e Las Vegas pode ser TUDO, menos barata. E não é por causa do jogo (eu gastei míseros US$100 no vício) e sim pelos espetáculos, restaurantes, passeios, táxis, bares, exposições, discos e por aí vai. Por pessoa, fácil, sem compras, 500 dólares por dia para estes últimos itens citados. Parece muito? Façamos as contas:
Assistimos a 5 shows: LOVE (fantástico), Jersey Boys (ótimo), Le Rève (lindo), Blue Man Group (ridículo) e Phantom (grandioso). Preços variando entre 180 a 90 dólares por assento – e em nenhum deles compramos os mais caros, que com direito a champanhe e morangos com chocolate podem bater fácil nos 300 por cabeça. Para ver tigres e golfinhos no Mirage (altamente recomendável), outros US$ 15; se emocionar com a magnífica exposição de partes e objetos resgatados do naufrágio do Titanic, adicionais US$ 30. Qualquer corrida de taxi não sai por menos de 15 levando em conta o transito lento da cidade e não se bebe nada alcoólico decente por menos de 10 a taça ou dose. Discotecas cobram fácil US$ 100 a entrada e há enormes filas as sextas e sábados, os dias “hot”. Nenhum restaurante bom cobra menos do que 80 por pessoa. Portanto...
Vale? Totalmente. É a Disney dos adultos, um lugar onde divertir-se é a sua única obrigação como turista.
Para nós, grandes fãs da boa mesa, Las Vegas não fica atrás dos grandes centros gastronômicos internacionais. Seria exagero afirmar tal coisa, não fosse o fato incontestável de que a “bíblia gourmet” mundial, o respeitado Guia Michelin, publica agora anualmente um Guia Las Vegas. O guia francês ignora São Paulo, mas distribui nada menos do que 17 estrelas a casas de Las Vegas. Os três chefs top da França possuem estabelecimentos lá, em variados graus de qualidade. O mago das panelas, Joel Robuchon não faz por menos e exibe 1 casa com uma estrela e a outra, a jóia de sua coroa, com 3 estrelas – cotação máxima no Michelin. Guy Savoy ostenta restaurante com duas estrelas e Alain Ducasse brilha no Mix, com uma estrela.
Com tantas opções maravilhosas, nos deliciamos com a comida chinesa mais do que perfeita do Wing Lei, com a modernidade americana da churrascaria-chique SW, com os Picassos genuínos que enfeitam as paredes do restaurante de mesmo nome, com a inovação de uma cadeia de restaurantes deliciosa, The Capital Grille; com o hambúrguer-Nova York-sensação do Daniel Boulud Brasserie; com o brunch elegante do Tableau. E deixando o melhor para o final: com a comida, ambiente e serviço mais que perfeitos do Joel Robuchon. Tudo variando de 80 a 300 dólares por pessoa. Para fanáticas por cozinha de ponta como nós, sem dúvida!
Todos valeram as “facadas”? Sim, com exceção do Picasso, misteriosamente adornado por 2 estrelas Michelin. O ambiente é bonito, mas o serviço é esnobe e a comida, apesar de boa, não vale o que cobra. Também não ajuda o fato de estar localizado em frente às “fontes de águas cantantes” do hotel Bellagio, o que dá um tom artificial, meio Epcot Center à casa. Os garçons ostentam falsos sotaques franceses, o chef chama-se Julián Serrano, mas ataca sem piedade os clássicos da gastronomia francesa ao invés de ater-se a especialidades ibéricas, o que seria mais adequado. É pretensioso, fuja.
Do que mais gostamos? Joel Robuchon.
Decoração espetacular em tons de roxo, lilás, vermelho e preto. Um festival de bom gosto, flores e candelabros de sonho. Pequeno, intimista, serviço onde os garçons não andam, deslizam pelo ambiente. A formalidade é quebrada pelos carrinhos de pães e doces e suas escolhas divertidas, coloridas,engraçadas; pelo bolo de cerejas que o freguês ganha de brinde após o banquete, a gentileza dos funcionários. A comida é o melhor do melhor que a França tem a oferecer: inovadora, moderna, deliciosa, surpreendente, muito bem apresentada e honesta. Honesta por oferecer 5 opções de menu em restaurante onde normalmente as coisas começam em 300 dólares. Voce gasta os 300, ou bem mais, se quiser, mas pode-se experimentar este restaurante ímpar gastando 140, por exemplo. É uma maneira inteligente de tornar um pouco mais acessível a altíssima gastronomia de um 3 estrelas. Pontos para o Sr. Robuchon!
Dias de sonho em Las Vegas atualmente, em minha opinião, incluiriam estadia no Encore, preguiça nas piscinas do Wynn, panquecas de blueberry, gordas e fumegantes de café da manhã no Tableau bebericando champanhe,exposição do Titanic (fica em Las Vegas até 2018), a alegria do LOVE e a salada de pato de Peking do Wing Lei. E tenho dito...