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domingo, 21 de março de 2010

CINCO PEQUENAS CIDADES EUROPÉIAS – 2010









... Ou melhor: como aproveitar o frigorífico inverno europeu com
dignidade E diversão

Janeiro/fevereiro é boa época para férias brasileiras no exterior. Por aqui, calor horrível, preços nas nuvens, tudo lotado. Ir à Europa pode até sair mais em conta. O ponto negativo é o frio, mas a neve é o charme; mesmo para quem não esquia.
Minha primeira parada, dia 23/01/2010, foi Saas Fee, lindo vilarejo nas montanhas suíças do Valais. É dessa região a fondue, a raclette, os bons presuntos crus, o melhor esqui do país, os lugares dos bilionários como Gstaad, por exemplo.
Saas Fee é linda, nevada e seus restaurantes e possibilidades de
hospedagem, incomparáveis. Por meros 300 reais ao dia aluga-se um apartamento muito bem equipado, espaçoso, com lareira,
quarto, sala e banheiro, com varanda e vista espetacular. Em alta temporada; na Suíça, um dos países mais caros do universo.

Tal paraíso faz parte do hotel Hohnegg, que além de tudo conta com três ótimos restaurantes. Em bonita caminhada por uma floresta nevada, chega-se ao estrelado restaurante Fletschorn e saboreia-se uma das comidas melhores deste pequeno país alpino. Morro abaixo, por outra floresta igualmente nevada, a pedida é o Schäfferstube, uma cabana minúscula em pedra e madeira que oferece as carnes de caça mais intensas e perfumadas que se possa imaginar. Acompanhadas dos ótimos vinhos da região. Não se sente o frio em Saas Fee. Só se vê a beleza dos enormes glaciares que brilham azuis a altitudes de mais de 4000 metros e em noites claras e estreladas parecem espelhar o brilho delas. A vilazinha é um charme, pequena e aconchegante, contando com excelente comércio. Uma semana de pura paz...
Dornstetten, no sul da Alemanha, ganha o premio cidade-onde-neva-sem-parar e ninguém parece se importar! A curiosa cidade ganha metros e metros de neve durante o longo inverno alemão e ninguém está nem aí. Nem sequer gorro de lã usam. Muito curioso observar as crianças brincando no recreio das escolas, naquele frio impossível para nós brasileiros, parecendo não se importarem com nada e curtindo as batalhas de neve. O centro histórico é um primor de arquitetura típica do sul deste país e as igrejas são lindas. Sem falar nas casas “enxaimel”. Casa de bonecas é pouco, nevadas mais ainda.
Zurich é bem maior do que as acima citadas, claro. A maior metrópole suíça conta com quase 400 000 habitantes, coisa risível em termos brasileiros. Mas é uma metrópole micro com tudo o que uma grande pode oferecer. Em fevereiro de 2010 exibia uma exposição de arte impressionista da coleção Bührle, no perfeito museu Kunsthaus, que deixa outras, a não ser Paris, no chinelo. Se o museu construir nova ala, a coleção é deles e o Kunsthaus de Zurich será o maior centro impressionista fora de Paris.
No campo gastronômico Zurich continua rica. Trufas brancas no Contrapunto, mariscos no Mère Catherine, salsichões suculentos no Kronenhalle, carpaccios ferozes no Commercio e os mais perfeitos bifes a milanesa no Vorderer Sternen fazem da cidade um altar à alta cozinha do continente.
Os cinemas sempre muito atualizados e o incrívelmente eficiente transporte público fazem da cidade um lugar super agradável de se estar. Mesmo a muitos graus abaixo de zero. Isso sem mencionar as compras de alto nível em suas boutiques e lojas de departamento alucinantes. Fora os chocolates e capuccinos fumegantes. Sem mencionar as tradicionais raclettes e fondues, Zurich conta agora com um restaurante moderníssimo, localizado no aeroporto, eleito sem parar o melhor da Europa.
Vale a pena conhecer o Blue, no hotel Radisson. Mesmo para quem está no centro de Zurich, o trajeto até o aeroporto para desfrutar dos prazeres inusitados do Blue, vale a pena. Não há transito à noite. O restaurante é dividido em dois: italiano e churrascaria-chique. O primeiro é ótimo e o segundo é louco, comida moderníssima para quem gosta de espumas em lugar de sopas e macarrão doce se passando por sobremesa. Os dois se localizam ao lado de uma enorme torre de vidro que serve de adega. Os vinhos que os comensais escolhem são “fisgados” por bonitas moças vestidas de branco, “anjos” com asas e tudo que fazem acrobacias por cabos metálicos ao som de música cool e trazem os vinhos à mesa. Música e luzes mudam o tempo todo e o efeito é muito bonito e divertido. De bom gosto, chique. Como Zurich.
Na França, voltamos a Strasbourg, na Alsácia. Linda cidade do norte gelado da França, importante sede do parlamento europeu, vice de Bruxelas. Desta vez só comemos comida típica, pesada e muito saborosa. Os vinhos da região aquecem corações e estômagos combalidos pelo vento que sopra implacável nesta cidade de cerca de 300 000 almas. Também visitamos dois museus muito interessantes: o da cidade, que conta a louca história de um lugar que sempre foi ora alemão, ora Frances e fala as duas línguas até hoje. O novo e moderno, Arte Contemporânea, é sensacional em sua arquitetura em vidro, vistas e acervo. Mesmo geladas, as ruas da cidade, seus rios e canais são um charme. Sem falar da catedral, totalmente restaurada, uma das mais bonitas e importantes da França. Vale escalar os muitos degraus da apertada escadinha e aproveitar a vista quando o tempo permitir. De um mirante flanqueado por gárgulas sinistras e clima de mistério...
Última parada: Reins. E uma esticadela a Epernay para visitar a vinícola Moet Chandon.
Reins está a confortáveis 45 minutos de Paris no rápido trem TGV e é a capital daquela bebida fantástica que é o champanhe. O verdadeiro, nada de espumante ou cava. O orgulho Frances. Ali perto, a 10 minutos no fofinho “trem do champanhe”, a pequena Epernay oferece as visitas às caves mais importantes. A da Chandon é um deslumbre digno dos donos da empresa a que hoje em dia pertence, LVMH. Pois é, tudo padrão Louis Vuitton mesmo. Por 60 euros você faz o tour da embasbacante adega, com guia simpática, bem vestida e perfumada. Visita a loja deslumbrante, a sede mais ainda e degusta duas grandes e generosas taças de milesime tradicional e o rose. Vale cada borbulha desta bebida dos deuses.
E totalmente embriagadas e felizes, minha filha e eu voltamos a Reins para um almoço campeão no Les Millenaires, uma abençoada estrela no Guia Michelin. Bêbadas, mal vestidas, congeladas pelo frio e o vento implacáveis da região, descabeladas e descompostas. Receberam-nos com relutância, mas como dinheiro é língua internacional e fala mais alto, ali desfrutamos de um almoço fabuloso. Quatro pratos celestiais acompanhados de uma garrafa gigante de champanhe rose da região, é claro. Estava tudo tão bom e chique e nosso nível etílico, tão alto, que não tenho a menor idéia do nome da bebida. Deveria ter anotado...
Mesmo “nas nuvens”, nos maravilhamos com a catedral onde todos os reis franceses foram coroados. Um milagre de simplicidade e beleza, iluminada pela luz pálida de inverno filtrada pelos vitrais delicados. Reins é alegre, muito simpática e acolhedora, um clima festivo o tempo todo. Deve ser o champanhe...
E viva o frio, o inverno, a Europa e os alcoólicos locais!!!
Para meus companheiros de jornadas alegres e geladas, Urs e Paola.

São Paulo, 21 de março de 2010.

PARIS 2010 - Inverno gelado e delicioso na Cidade Luz

Seis dias em Paris, mãe e filha. Seis dias de gastronomia perfeita, museus incríveis, exposições especiais, caminhadas intermináveis pela beleza das ruas e construções de Paris. Nem o frio que marcou o inverno mais rigoroso na cidade, nos últimos 30 anos, prejudicou uma estadia feliz, agradável e cara. Compras e cinema ajudaram nas despesas viageiras, que em minha opinião de turista profissional há 21 anos, são o melhor investimento em qualidade de vida que existe. Não sou de jóias, imóveis, carros e roupas de marca. Prefiro viajar e ir a bons restaurantes, me hospedar em lugares confortáveis, comprar coisas sem me preocupar com as faturas dos cartões de crédito. Aproveitar o aqui e agora: carpe diem! É o meu lema. Em inglês, seize the Day: agarre o dia.
E agarrei os seis com vontade. A começar pela hospedagem no Hotel de Suède, no 7ème arrondissement, bairro chique da margem esquerda do rio Sena. Pertinho do adorável museu Rodin, do descolado Café Mucha (adoro a decoração de veludo roxo, muito Toulouse Lautrec), do Boulevard Saint Germain. Bom, barato, muito francês. E o que quer dizer “barato” em uma das cidades mais caras do mundo? Quarto individual, minúsculo, charmossísimo, limpo e bem equipado, por 100 euros sem café da manhã. Para Paris, pechincha.
Visitei um novo museu, dentro do enorme Louvre, mas com entrada independente – o Museu de Artes Decorativas. No acervo permanente, uma exposição sobre materiais usados em jóias através dos séculos. Imperdível e fascinante. No terceiro andar, uma exibição sobre publicidade, não sei se permanente ou temporária, mas interessantíssima de qualquer maneira. No térreo, mostra temporária sobre os brinquedos Lego. A criançada fazendo a festa. Dentro deste canto abençoadamente vazio do Louvre, um restaurante moderno e atraente, o Sauf Du Loup. Lá pedi um steak tartare que veio sem qualquer preparação. O freguês adiciona os ingredientes que são fornecidos junto com a carne crua. Uma experiência inovadora. A sobremesa veio pronta e maravilhosa. No verão e em dias mais amenos, o restaurante possui mesas fora, no jardim pré-Louvre. Deve lotar.
Musée D´Orsay e Orangerie encantam pelos magníficos acervos e as temporárias também. As filas são chatas, mas vale a pena o sacrifício. Um que não tem fila e é um oásis de tranqüilidade na movimentada região da Avenida Champs Elysées, é o Petit Palais. Grátis, lindo e silencioso. No Rodin, a itinerante estava chata desta vez e o acervo já cansei de ver, mas os jardins com as famosas “Portas do Inferno” são sempre magníficos, não os canso de admirar. No minúsculo Maillol, uma mostra fabulosa sobre um tema difícil, a morte. De Caravaggio a Damien Hirst. Sensacional!
Mas talvez minha visita mais impactante tenha sido à Opera Garnier. Nunca havia entrado no maravilhoso palácio dourado, cenário do livro de Gaston Leroux e do musical Fantasma da Ópera. É o teatro mais lindo do mundo, os detalhes são estonteantes e o clima é de total mistério e luxo. Dispense visitas guiadas e perca-se nos labirintos desta que é na certa uma das mais emblemáticas construções da cidade. Com direito à exibições sobre óperas, balés e concertos. A reforma externa ainda continua, mas o esplendor dourado cúpula e da fachada estão à mostra, enfeitando a região.
O inverno não é boa época para visitar Paris, pois o frio e o vento, sem mencionar a neve neste duro ano, tiram um pouco a vontade de caminhar. Por outro lado, a boa comida e os vinhos divinos dão forças aos turistas para admirarem a arquitetura maravilhosa da cidade, as vitrines, as mulheres chiques, o esplendor total da capital francesa. Desta vez, não prestigiei estabelecimentos estrelados e ficamos felizes com restaurantes de nível médio. Que na cidade estão entre 70 a 100 euros por cabeça.
No quesito moderno, adoramos o Café de L’Esplanade, do grupo Costes, e o Les Editeurs. Ambos alegres, jovens e movimentados. Bom serviço e ambientes aconchegantes. Odiamos o famoso L’Ombre, cujo nome deriva de sua localização “à sombra” da torre Eiffel. Jantamos praticamente no escuro, comida fraca e porções ridiculamente minúsculas. O serviço, indecente. Total perda de tempo...
O lugar que eu sempre amei e por anos considerei como o “melhor restaurante do mundo”, não é o mesmo. Infelizmente. Mudou de dono, a famosa galinha não é mais tão suculenta, os carrinhos de especialidades já não circulam por lá e os preços dobraram. Perdeu o charme e a autenticidade. O D’Chez Eux já era. Está no Zagat’s e virou coisa para americano trouxa que pensa estar comendo a “única e verdadeira” comida francesa e pagando 85 euros por frango para dois. Fuja!
A boa surpresa e lugar que voltarei com certeza, é o minúsculo Fines Gueules. Sem turistas, menu pequeno, vinhos diferentes, um lugar muito aconchegante. O carpaccio (de vitela-para iniciados pois as fatias rosadas são grossas) é quase melhor do que o do Harry’s Bar de Veneza- que inventou tal iguaria - e os pratos generosos de presuntos crus especiais são maravilhosos. A sobremesa é uma nova versão do petit-gateau e se chama mi-cuit; mais quente, mais mole e com chocolate mais amargo. Coisa para chocólatras como eu. Não é para os fracos de espírito.
Nosso almoço mais barato e um dos melhores, na certa foi no Resto Med, na Ile Saint Louis. Conduzidos por 3 senhoras eficiente e simpáticas, servem patê de foie gras ótimo, risotos perfeitos e outros pratos que misturam bem o toque mediterrâneo das culinárias francesa e italiana. Com uma garrafa de vinho e fumegantes tortas de maçã de sobremesa, não passou dos 45 euros por pessoa. Outra barganha parisiense.

Para Paola, minha alegre e querida companheira de Paris.

São Paulo, 21 de março de 2010.

domingo, 14 de março de 2010

CHILE 2010

Huilo Huilo e Pucón

Premio para quem já ouviu falar de Huilo Huilo!
Pois se não soa familiar, nenhum problema. É um lugar bastante remoto no Chile, geograficamente isolado pela Cordilheira dos Andes, inúmeros lagos, outras montanhas diversas e alguns vulcões. Olhando o mapa do Chile e da Argentina, é um lugar obscuro e perdido na parte chilena do que é San Martín de los Andes (norte de Bariloche), na Argentina.
O melhor acesso é voando até Santiago e outro vôo até Temuco. De lá, mais 4 horas de carro. As estradas são razoáveis e a parte de terra está sendo pavimentada.
Mas, de novo, o que é Huilo Huilo? Um povoado, uma cidade, praia. O que? Na verdade, Huilo Huilo é uma reserva florestal privada, coisa que soa, pelo menos para nós brasileiros, estranho. Não é fazenda, sítio e nem parque nacional ou estadual. É o sonho de um louco chileno com sobrenome alemão, endinheirado, claro, que resolveu ter sua própria “reserva da biosfera”. Comprou um montão de terra com belíssimas florestas centenárias e até vulcão particular e resolveu criar uma Disney ecológica. Um sonho tão bizarro como o de Fitzcarraldo (aquele demente do genial filme de Werner Herzog) e seus devaneios amazônicos.
Após as ditas 4 horas de carro acima citadas, chega-se a um hotel inteiramente construído em madeira, no meio de um bosque, que supostamente faz os turistas se sentirem vivendo em uma cabana-gigante em cima de uma árvore. Não entendeu? Pois o jeito é tentar decifrar o site do lugar e as poucas reportagens e fotos existentes sobre o Hotel Baobab. A revista Viaje Mais, no exemplar de janeiro de 2009, exibe fotos e uma reportagem bastante otimista sobre tal estabelecimento.
O hotel é estranhíssimo por fora, em forma de cone invertido, projeto arquitetônico que parece ter sido maquinado por estudantes do primeiro ano de arquitetura da pior universidade do planeta. A intenção é “copiar” uma árvore. Não funciona.
Mas, por dentro, é muito bonito, de bom gosto e confortável, misturando madeiras variadas com vidro e couro. Os quartos são bastante confortáveis, alguns deles beirando o luxuoso. Nos hospedamos nos chalés espalhados pela área do hotel que faz fronteira com a reserva florestal propriamente dita. Não é boa escolha; apesar de baratos e espaçosos, são frios e a lareira da sala não dá conta da umidade eterna da região mais chuvosa do planeta. Estamos na Selva Valdiviana, onde chove 330 dias por mês! E faz frio pelos menos nove meses por ano.
Portanto, se aventura, natureza e lugares exóticos (onde não há TV e o celular não pega – há Wi Fi) são a sua praia, rume a Huilo Huilo, hospede-se nas suítes maiores, nos andares mais altos do Hotel Baobab e desfrute do verdadeiro clima “floresta da Branca de Neve”, caminhadas estupendas e passeios por neve e geleiras muito interessantes. Sim, é isso o que oferece Huilo Huilo. Arvorismo, pesca, esqui, brincadeiras na neve do vulcão Mocho (topo permanentemente nevado), caminhadas, escaladas, descanso, um bonito SPA e boa comida. Este último item, uma das melhores coisas do Hotel Baobab. Variada, sofisticada e bem executada e apresentada (opte por estadia sem café da manhã se for mais barato, pois o dito é inexplicavelmente fraco); um ritual agradável e sensual depois de dias repletos de exercícios físicos através da imensidão da reserva e da imponência do vulcão Mocho. Almoços e jantares celestiais, mais abençoados ainda se acompanhados pelos vinhos chilenos que cada dia estão melhores. Os preços são razoáveis para refeições de tão alto nível. E nem é bom tentar comer algo nas duas vilas perto do hotel, feias e pobres. Numa delas, Puerto Fuy, às margens de belo lago, há um hotel com cara simpática e pode ser que seja uma opção para almoço. Não arriscamos, pois perder os menus descolados do Baobab seria uma pena, um risco que preferimos não correr!
O complexo inclui ainda o hotel Montanha Mágica (quartos menores e mais sim ples), verdadeira maluquice que mais parece uma invenção de Tolkien e seu famoso O Senhor dos Anéis .
O projeto megalomaníaco inclui haras, cervejaria, centro de esqui e coisas do gênero. Alguns destes itens já estão em andamento, mas tudo parece um tanto abandonado e com cara de que “está faltando grana” para terminar.
De duas, uma: ou a coisa vai para frente e realmente se transforma em parque de entretenimento natural e único, ou fica no estágio atual de “hotel no meio da floresta”.
É interessante? Vale a pena?
Adoramos por três noites e voltaríamos daqui há uns cinco ou sete anos para conferir os progressos. Se houver...
Aliás, o Chile é um país que oferece algumas destas atrações “exclusivas”. Deserto do Atacama e sua pitoresca cidade-base San Pedro de Atacama, o magnífico hotel Explora no sensacional Parque Nacional Torres Del Paine, a mágica e mística Ilha de Páscoa e agora, Huilo Huilo.
Na segunda parte de nossa viagem que aconteceu entre Natal 2009 e primeira semana de janeiro 2010, fomos a um destino perto de Huilo Huilo (nada é perto, só maneira de falar – seis horas de carro!), mais acessível e com clima um pouco melhor, Pucón. A deliciosa cidadezinha às margens do belo lago Villarica, mereceu nossa terceira visita em nove anos. Maior e com mais oferta turística (apesar de piora sensível na pavimentação de ruas e o lamentável incêndio de seu adorável hotel-casino), Pucón continua sendo bucólica e alegre, aos pés do majestoso vulcão Villarica. E foi por causa de dito vulcão que retornamos.
Rafting, praias lacustres de águas límpidas e areias negras dividem a atenção dos turistas com a famosa e horrivelmente difícil caminhada à cratera do vulcão. Todas as inúmeras agencias de “esporte aventura” em Pucón vendem a caminhada, que chamam de “escalada”. Não é técnica mas exige equipamento tenebroso tipo machado de gelo, capacete e grampos de neve, ótimo preparo físico e muita sorte. Em três tentativas tivemos sucesso em apenas uma, esta última. Tempo lindo, condições perfeitas. A grande decepção foi não ver lava – totalmente esgotada pela erupção do Llaima, vulcão vizinho, há cerca de dois anos. Todas as agencias prometem sucesso na dita aventura, mas o vulcão é nevado, íngreme e o tempo pode mudar de repente e não há o que fazer senão voltar. Decepcionante...
E o que as agencias também não contam é que o Parque Nacional Villarica não deixa ninguém ficar por lá depois de quatro ou cinco da tarde, portanto, mesmo se o tempo estiver bom, os turistas que não alcançaram a cratera até certa altura, tem que voltar. A infra estrutura do parque é fraca, o centro de esqui paupérrimo (com freqüência o teleférico não funciona, o que aumenta a miserável mente dura caminhada em duas a 3 horas) e tudo deve ser feito sem grandes expectativas. Se der certo, a vista do topo é fabulosa, com direito a vários outros vulcões e lagos da região. E a sensação de estar olhando bem dentro da cratera de um dos vulcões mais ativos do mundo é especial (misto de medo e admiração), para dizer o mínimo. Vale a tentativa, mas sem ilusões!
Nos hospedamos nas Cabañas Eldorado e voltaríamos com prazer. O terreno é grande, bonito, bem cuidado e os chalés muito charmosos e bem equipados. Bate qualquer hotel da região em preço e conforto. Por enquanto, o melhor hotel de Pucón não é dentro da cidade (o hotel do cassino era a melhor opção central) e sem carro, o luxuoso Park Hotel é um mico.
No campo gastronômico a cidade melhorou, agora oferecendo boas churrascarias e pizzarias. Destaque para a churrascaria-transada La Maga. Mas ainda não é destino gourmet e perde para Puerto Varas, estando anos-luz de distancia de Santiago.
Pucón e Huilo Huilo são natureza, esportes radicais e descanso. Paz verde.

Dornstetten, Alemanha. Fevereiro de 2010.