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domingo, 21 de março de 2010

PARIS 2010 - Inverno gelado e delicioso na Cidade Luz

Seis dias em Paris, mãe e filha. Seis dias de gastronomia perfeita, museus incríveis, exposições especiais, caminhadas intermináveis pela beleza das ruas e construções de Paris. Nem o frio que marcou o inverno mais rigoroso na cidade, nos últimos 30 anos, prejudicou uma estadia feliz, agradável e cara. Compras e cinema ajudaram nas despesas viageiras, que em minha opinião de turista profissional há 21 anos, são o melhor investimento em qualidade de vida que existe. Não sou de jóias, imóveis, carros e roupas de marca. Prefiro viajar e ir a bons restaurantes, me hospedar em lugares confortáveis, comprar coisas sem me preocupar com as faturas dos cartões de crédito. Aproveitar o aqui e agora: carpe diem! É o meu lema. Em inglês, seize the Day: agarre o dia.
E agarrei os seis com vontade. A começar pela hospedagem no Hotel de Suède, no 7ème arrondissement, bairro chique da margem esquerda do rio Sena. Pertinho do adorável museu Rodin, do descolado Café Mucha (adoro a decoração de veludo roxo, muito Toulouse Lautrec), do Boulevard Saint Germain. Bom, barato, muito francês. E o que quer dizer “barato” em uma das cidades mais caras do mundo? Quarto individual, minúsculo, charmossísimo, limpo e bem equipado, por 100 euros sem café da manhã. Para Paris, pechincha.
Visitei um novo museu, dentro do enorme Louvre, mas com entrada independente – o Museu de Artes Decorativas. No acervo permanente, uma exposição sobre materiais usados em jóias através dos séculos. Imperdível e fascinante. No terceiro andar, uma exibição sobre publicidade, não sei se permanente ou temporária, mas interessantíssima de qualquer maneira. No térreo, mostra temporária sobre os brinquedos Lego. A criançada fazendo a festa. Dentro deste canto abençoadamente vazio do Louvre, um restaurante moderno e atraente, o Sauf Du Loup. Lá pedi um steak tartare que veio sem qualquer preparação. O freguês adiciona os ingredientes que são fornecidos junto com a carne crua. Uma experiência inovadora. A sobremesa veio pronta e maravilhosa. No verão e em dias mais amenos, o restaurante possui mesas fora, no jardim pré-Louvre. Deve lotar.
Musée D´Orsay e Orangerie encantam pelos magníficos acervos e as temporárias também. As filas são chatas, mas vale a pena o sacrifício. Um que não tem fila e é um oásis de tranqüilidade na movimentada região da Avenida Champs Elysées, é o Petit Palais. Grátis, lindo e silencioso. No Rodin, a itinerante estava chata desta vez e o acervo já cansei de ver, mas os jardins com as famosas “Portas do Inferno” são sempre magníficos, não os canso de admirar. No minúsculo Maillol, uma mostra fabulosa sobre um tema difícil, a morte. De Caravaggio a Damien Hirst. Sensacional!
Mas talvez minha visita mais impactante tenha sido à Opera Garnier. Nunca havia entrado no maravilhoso palácio dourado, cenário do livro de Gaston Leroux e do musical Fantasma da Ópera. É o teatro mais lindo do mundo, os detalhes são estonteantes e o clima é de total mistério e luxo. Dispense visitas guiadas e perca-se nos labirintos desta que é na certa uma das mais emblemáticas construções da cidade. Com direito à exibições sobre óperas, balés e concertos. A reforma externa ainda continua, mas o esplendor dourado cúpula e da fachada estão à mostra, enfeitando a região.
O inverno não é boa época para visitar Paris, pois o frio e o vento, sem mencionar a neve neste duro ano, tiram um pouco a vontade de caminhar. Por outro lado, a boa comida e os vinhos divinos dão forças aos turistas para admirarem a arquitetura maravilhosa da cidade, as vitrines, as mulheres chiques, o esplendor total da capital francesa. Desta vez, não prestigiei estabelecimentos estrelados e ficamos felizes com restaurantes de nível médio. Que na cidade estão entre 70 a 100 euros por cabeça.
No quesito moderno, adoramos o Café de L’Esplanade, do grupo Costes, e o Les Editeurs. Ambos alegres, jovens e movimentados. Bom serviço e ambientes aconchegantes. Odiamos o famoso L’Ombre, cujo nome deriva de sua localização “à sombra” da torre Eiffel. Jantamos praticamente no escuro, comida fraca e porções ridiculamente minúsculas. O serviço, indecente. Total perda de tempo...
O lugar que eu sempre amei e por anos considerei como o “melhor restaurante do mundo”, não é o mesmo. Infelizmente. Mudou de dono, a famosa galinha não é mais tão suculenta, os carrinhos de especialidades já não circulam por lá e os preços dobraram. Perdeu o charme e a autenticidade. O D’Chez Eux já era. Está no Zagat’s e virou coisa para americano trouxa que pensa estar comendo a “única e verdadeira” comida francesa e pagando 85 euros por frango para dois. Fuja!
A boa surpresa e lugar que voltarei com certeza, é o minúsculo Fines Gueules. Sem turistas, menu pequeno, vinhos diferentes, um lugar muito aconchegante. O carpaccio (de vitela-para iniciados pois as fatias rosadas são grossas) é quase melhor do que o do Harry’s Bar de Veneza- que inventou tal iguaria - e os pratos generosos de presuntos crus especiais são maravilhosos. A sobremesa é uma nova versão do petit-gateau e se chama mi-cuit; mais quente, mais mole e com chocolate mais amargo. Coisa para chocólatras como eu. Não é para os fracos de espírito.
Nosso almoço mais barato e um dos melhores, na certa foi no Resto Med, na Ile Saint Louis. Conduzidos por 3 senhoras eficiente e simpáticas, servem patê de foie gras ótimo, risotos perfeitos e outros pratos que misturam bem o toque mediterrâneo das culinárias francesa e italiana. Com uma garrafa de vinho e fumegantes tortas de maçã de sobremesa, não passou dos 45 euros por pessoa. Outra barganha parisiense.

Para Paola, minha alegre e querida companheira de Paris.

São Paulo, 21 de março de 2010.

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