... Ou melhor: como aproveitar o frigorífico inverno europeu com
dignidade E diversão
Janeiro/fevereiro é boa época para férias brasileiras no exterior. Por aqui, calor horrível, preços nas nuvens, tudo lotado. Ir à Europa pode até sair mais em conta. O ponto negativo é o frio, mas a neve é o charme; mesmo para quem não esquia.
Minha primeira parada, dia 23/01/2010, foi Saas Fee, lindo vilarejo nas montanhas suíças do Valais. É dessa região a fondue, a raclette, os bons presuntos crus, o melhor esqui do país, os lugares dos bilionários como Gstaad, por exemplo.
Saas Fee é linda, nevada e seus restaurantes e possibilidades de
Janeiro/fevereiro é boa época para férias brasileiras no exterior. Por aqui, calor horrível, preços nas nuvens, tudo lotado. Ir à Europa pode até sair mais em conta. O ponto negativo é o frio, mas a neve é o charme; mesmo para quem não esquia.
Minha primeira parada, dia 23/01/2010, foi Saas Fee, lindo vilarejo nas montanhas suíças do Valais. É dessa região a fondue, a raclette, os bons presuntos crus, o melhor esqui do país, os lugares dos bilionários como Gstaad, por exemplo.
Saas Fee é linda, nevada e seus restaurantes e possibilidades de
hospedagem, incomparáveis. Por meros 300 reais ao dia aluga-se um apartamento muito bem equipado, espaçoso, com lareira,
quarto, sala e banheiro, com varanda e vista espetacular. Em alta temporada; na Suíça, um dos países mais caros do universo.Tal paraíso faz parte do hotel Hohnegg, que além de tudo conta com três ótimos restaurantes. Em bonita caminhada por uma floresta nevada, chega-se ao estrelado restaurante Fletschorn e saboreia-se uma das comidas melhores deste pequeno país alpino. Morro abaixo, por outra floresta igualmente nevada, a pedida é o Schäfferstube, uma cabana minúscula em pedra e madeira que oferece as carnes de caça mais intensas e perfumadas que se possa imaginar. Acompanhadas dos ótimos vinhos da região. Não se sente o frio em Saas Fee. Só se vê a beleza dos enormes glaciares que brilham azuis a altitudes de mais de 4000 metros e em noites claras e estreladas parecem espelhar o brilho delas. A vilazinha é um charme, pequena e aconchegante, contando com excelente comércio. Uma semana de pura paz...
Dornstetten, no sul da Alemanha, ganha o premio cidade-onde-neva-sem-parar e ninguém parece se importar! A curiosa cidade ganha metros e metros de neve durante o longo inverno alemão e ninguém está nem aí. Nem sequer gorro de lã usam. Muito curioso observar as crianças brincando no recreio das escolas, naquele frio impossível para nós brasileiros, parecendo não se importarem com nada e curtindo as batalhas de neve. O centro histórico é um primor de arquitetura típica do sul deste país e as igrejas são lindas. Sem falar nas casas “enxaimel”. Casa de bonecas é pouco, nevadas mais ainda.
Zurich é bem maior do que as acima citadas, claro. A maior metrópole suíça conta com quase 400 000 habitantes, coisa risível em termos brasileiros. Mas é uma metrópole micro com tudo o que uma grande pode oferecer. Em fevereiro de 2010 exibia uma exposição de arte impressionista da coleção Bührle, no perfeito museu Kunsthaus, que deixa outras, a não ser Paris, no chinelo. Se o museu construir nova ala, a coleção é deles e o Kunsthaus de Zurich será o maior centro impressionista fora de Paris.
No campo gastronômico Zurich continua rica. Trufas brancas no Contrapunto, mariscos no Mère Catherine, salsichões suculentos no Kronenhalle, carpaccios ferozes no Commercio e os mais perfeitos bifes a milanesa no Vorderer Sternen fazem da cidade um altar à alta cozinha do continente.
Os cinemas sempre muito atualizados e o incrívelmente eficiente transporte público fazem da cidade um lugar super agradável de se estar. Mesmo a muitos graus abaixo de zero. Isso sem mencionar as compras de alto nível em suas boutiques e lojas de departamento alucinantes. Fora os chocolates e capuccinos fumegantes. Sem mencionar as tradicionais raclettes e fondues, Zurich conta agora com um restaurante moderníssimo, localizado no aeroporto, eleito sem parar o melhor da Europa.
Vale a pena conhecer o Blue, no hotel Radisson. Mesmo para quem está no centro de Zurich, o trajeto até o aeroporto para desfrutar dos prazeres inusitados do Blue, vale a pena. Não há transito à noite. O restaurante é dividido em dois: italiano e churrascaria-chique. O primeiro é ótimo e o segundo é louco, comida moderníssima para quem gosta de espumas em lugar de sopas e macarrão doce se passando por sobremesa. Os dois se localizam ao lado de uma enorme torre de vidro que serve de adega. Os vinhos que os comensais escolhem são “fisgados” por bonitas moças vestidas de branco, “anjos” com asas e tudo que fazem acrobacias por cabos metálicos ao som de música cool e trazem os vinhos à mesa. Música e luzes mudam o tempo todo e o efeito é muito bonito e divertido. De bom gosto, chique. Como Zurich.
Na França, voltamos a Strasbourg, na Alsácia. Linda cidade do norte gelado da França, importante sede do parlamento europeu, vice de Bruxelas. Desta vez só comemos comida típica, pesada e muito saborosa. Os vinhos da região aquecem corações e estômagos combalidos pelo vento que sopra implacável nesta cidade de cerca de 300 000 almas. Também visitamos dois museus muito interessantes: o da cidade, que conta a louca história de um lugar que sempre foi ora alemão, ora Frances e fala as duas línguas até hoje. O novo e moderno, Arte Contemporânea, é sensacional em sua arquitetura em vidro, vistas e acervo. Mesmo geladas, as ruas da cidade, seus rios e canais são um charme. Sem falar da catedral, totalmente restaurada, uma das mais bonitas e importantes da França. Vale escalar os muitos degraus da apertada escadinha e aproveitar a vista quando o tempo permitir. De um mirante flanqueado por gárgulas sinistras e clima de mistério...
Última parada: Reins. E uma esticadela a Epernay para visitar a vinícola Moet Chandon.
Reins está a confortáveis 45 minutos de Paris no rápido trem TGV e é a capital daquela bebida fantástica que é o champanhe. O verdadeiro, nada de espumante ou cava. O orgulho Frances. Ali perto, a 10 minutos no fofinho “trem do champanhe”, a pequena Epernay oferece as visitas às caves mais importantes. A da Chandon é um deslumbre digno dos donos da empresa a que hoje em dia pertence, LVMH. Pois é, tudo padrão Louis Vuitton mesmo. Por 60 euros você faz o tour da embasbacante adega, com guia simpática, bem vestida e perfumada. Visita a loja deslumbrante, a sede mais ainda e degusta duas grandes e generosas taças de milesime tradicional e o rose. Vale cada borbulha desta bebida dos deuses.
E totalmente embriagadas e felizes, minha filha e eu voltamos a Reins para um almoço campeão no Les Millenaires, uma abençoada estrela no Guia Michelin. Bêbadas, mal vestidas, congeladas pelo frio e o vento implacáveis da região, descabeladas e descompostas. Receberam-nos com relutância, mas como dinheiro é língua internacional e fala mais alto, ali desfrutamos de um almoço fabuloso. Quatro pratos celestiais acompanhados de uma garrafa gigante de champanhe rose da região, é claro. Estava tudo tão bom e chique e nosso nível etílico, tão alto, que não tenho a menor idéia do nome da bebida. Deveria ter anotado...
Mesmo “nas nuvens”, nos maravilhamos com a catedral onde todos os reis franceses foram coroados. Um milagre de simplicidade e beleza, iluminada pela luz pálida de inverno filtrada pelos vitrais delicados. Reins é alegre, muito simpática e acolhedora, um clima festivo o tempo todo. Deve ser o champanhe...
E viva o frio, o inverno, a Europa e os alcoólicos locais!!!
Para meus companheiros de jornadas alegres e geladas, Urs e Paola.
São Paulo, 21 de março de 2010.
Dornstetten, no sul da Alemanha, ganha o premio cidade-onde-neva-sem-parar e ninguém parece se importar! A curiosa cidade ganha metros e metros de neve durante o longo inverno alemão e ninguém está nem aí. Nem sequer gorro de lã usam. Muito curioso observar as crianças brincando no recreio das escolas, naquele frio impossível para nós brasileiros, parecendo não se importarem com nada e curtindo as batalhas de neve. O centro histórico é um primor de arquitetura típica do sul deste país e as igrejas são lindas. Sem falar nas casas “enxaimel”. Casa de bonecas é pouco, nevadas mais ainda.
Zurich é bem maior do que as acima citadas, claro. A maior metrópole suíça conta com quase 400 000 habitantes, coisa risível em termos brasileiros. Mas é uma metrópole micro com tudo o que uma grande pode oferecer. Em fevereiro de 2010 exibia uma exposição de arte impressionista da coleção Bührle, no perfeito museu Kunsthaus, que deixa outras, a não ser Paris, no chinelo. Se o museu construir nova ala, a coleção é deles e o Kunsthaus de Zurich será o maior centro impressionista fora de Paris.
No campo gastronômico Zurich continua rica. Trufas brancas no Contrapunto, mariscos no Mère Catherine, salsichões suculentos no Kronenhalle, carpaccios ferozes no Commercio e os mais perfeitos bifes a milanesa no Vorderer Sternen fazem da cidade um altar à alta cozinha do continente.
Os cinemas sempre muito atualizados e o incrívelmente eficiente transporte público fazem da cidade um lugar super agradável de se estar. Mesmo a muitos graus abaixo de zero. Isso sem mencionar as compras de alto nível em suas boutiques e lojas de departamento alucinantes. Fora os chocolates e capuccinos fumegantes. Sem mencionar as tradicionais raclettes e fondues, Zurich conta agora com um restaurante moderníssimo, localizado no aeroporto, eleito sem parar o melhor da Europa.
Vale a pena conhecer o Blue, no hotel Radisson. Mesmo para quem está no centro de Zurich, o trajeto até o aeroporto para desfrutar dos prazeres inusitados do Blue, vale a pena. Não há transito à noite. O restaurante é dividido em dois: italiano e churrascaria-chique. O primeiro é ótimo e o segundo é louco, comida moderníssima para quem gosta de espumas em lugar de sopas e macarrão doce se passando por sobremesa. Os dois se localizam ao lado de uma enorme torre de vidro que serve de adega. Os vinhos que os comensais escolhem são “fisgados” por bonitas moças vestidas de branco, “anjos” com asas e tudo que fazem acrobacias por cabos metálicos ao som de música cool e trazem os vinhos à mesa. Música e luzes mudam o tempo todo e o efeito é muito bonito e divertido. De bom gosto, chique. Como Zurich.
Na França, voltamos a Strasbourg, na Alsácia. Linda cidade do norte gelado da França, importante sede do parlamento europeu, vice de Bruxelas. Desta vez só comemos comida típica, pesada e muito saborosa. Os vinhos da região aquecem corações e estômagos combalidos pelo vento que sopra implacável nesta cidade de cerca de 300 000 almas. Também visitamos dois museus muito interessantes: o da cidade, que conta a louca história de um lugar que sempre foi ora alemão, ora Frances e fala as duas línguas até hoje. O novo e moderno, Arte Contemporânea, é sensacional em sua arquitetura em vidro, vistas e acervo. Mesmo geladas, as ruas da cidade, seus rios e canais são um charme. Sem falar da catedral, totalmente restaurada, uma das mais bonitas e importantes da França. Vale escalar os muitos degraus da apertada escadinha e aproveitar a vista quando o tempo permitir. De um mirante flanqueado por gárgulas sinistras e clima de mistério...
Última parada: Reins. E uma esticadela a Epernay para visitar a vinícola Moet Chandon.
Reins está a confortáveis 45 minutos de Paris no rápido trem TGV e é a capital daquela bebida fantástica que é o champanhe. O verdadeiro, nada de espumante ou cava. O orgulho Frances. Ali perto, a 10 minutos no fofinho “trem do champanhe”, a pequena Epernay oferece as visitas às caves mais importantes. A da Chandon é um deslumbre digno dos donos da empresa a que hoje em dia pertence, LVMH. Pois é, tudo padrão Louis Vuitton mesmo. Por 60 euros você faz o tour da embasbacante adega, com guia simpática, bem vestida e perfumada. Visita a loja deslumbrante, a sede mais ainda e degusta duas grandes e generosas taças de milesime tradicional e o rose. Vale cada borbulha desta bebida dos deuses.
E totalmente embriagadas e felizes, minha filha e eu voltamos a Reins para um almoço campeão no Les Millenaires, uma abençoada estrela no Guia Michelin. Bêbadas, mal vestidas, congeladas pelo frio e o vento implacáveis da região, descabeladas e descompostas. Receberam-nos com relutância, mas como dinheiro é língua internacional e fala mais alto, ali desfrutamos de um almoço fabuloso. Quatro pratos celestiais acompanhados de uma garrafa gigante de champanhe rose da região, é claro. Estava tudo tão bom e chique e nosso nível etílico, tão alto, que não tenho a menor idéia do nome da bebida. Deveria ter anotado...
Mesmo “nas nuvens”, nos maravilhamos com a catedral onde todos os reis franceses foram coroados. Um milagre de simplicidade e beleza, iluminada pela luz pálida de inverno filtrada pelos vitrais delicados. Reins é alegre, muito simpática e acolhedora, um clima festivo o tempo todo. Deve ser o champanhe...
E viva o frio, o inverno, a Europa e os alcoólicos locais!!!
Para meus companheiros de jornadas alegres e geladas, Urs e Paola.
São Paulo, 21 de março de 2010.
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