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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

NATAL EM VENEZA

NATAL 2015 – VENETO E TOSCANA Parte 1 - Veneza Começando no dia 21 de dezembro pela bela Veneza, onde tinha estado pela ultima vez em maio de 1998. Adorei voltar no inverno, cidade mais limpa, mais vazia, só cheirando a mar, bruma e garoa envolvendo as ruas e vielas misteriosas, um frio de rachar. Uma cidade mais sofisticada, prédios e monumentos mais bem preservados, o Teatro La Fenice reluzindo em ouro e veludo da triunfal reabertura. Decoração natalina apenas uma árvore na Piazza San Marco, nada mais e nada de Papai Noel e cafonices correspondentes. Veneza á chique demais para tais breguices. Mas simples e alegre o suficiente, para cenas da vida local, como na Piazza San Stefano, onde os locais se encontram para passear seus cachorros, visitar o sapateiro, o banco e conversar no animado tom de voz dos italianos. Nada de gondolas, mas a alegria e eficiência do único ônibus que gosto no mundo, o vaporetto. Outros trajetos em lanchas privadas, caros mas necessários para o aeroporto e estação de trem. Veneza é uma cidade cara, mas por ser lugar único e especial, vale investir num bom hotel como o NH Palazzo Barocci; que no inverno cai muito de preço e tem quartos ótimos e café da manhã gourmet. Neste setor, prestigiamos o ótimo Rosa Rossa duas vezes e o descolado Le Chat qui Rit. “Em Murano, no hotel La Gare, apenas um copo de Brunello e o melhor misto quente do planeta, que na Itália chamam estranhamente de ‘toast”. Vai saber... Caminhamos muito e nos perdemos mais ainda, pelo labirinto que é Veneza, a delícia que é seguir umas placas toscas que nenhum GPS consegue precisar, entrar para a história do lugar ao lado dos fantasmas de Keats, Byron e Marco Polo. Visitar as magnificas basílicas de San Marco e Santa Maria della Salute, o Palácio dos Doges e sua história rica em sangue, crime e intrigas. Ver os originais dos cavalos majestosos que adornam do alto da igreja de San Marco, no museu de mesmo nome. Acender muitas velas, orar pelos queridos, por nós, por este mundo louco e perdido. Ir a Murano curtir as lojas com objetos lindos e incomparáveis, aqueles lustres que sonhamos se morássemos em palácios condizentes. No Museu do Vidro, se vê tudo, da pré-história aos dias de hoje, num espaço perfeito, com vídeos interessantes e exposições de artistas contemporâneos que esculpem em vidro. Tão bem que não se sabe que é vidro. Maravilhas de Veneza... Voltar a San Marco e descobrir o minúsculo Museu Olivetti, exibindo fotos da cidade e gigantescos navios de cruzeiro passando por ali, que mais parecem gigantes prontos a engolir tudo; o absurdo contraste de embarcações que não condizem com a fragilidade e delicadeza deste patrimônio da humanidade. Depois da indignação com as fotos, o divertimento de ver as velhas máquinas de escrever da famosa marca italiana;, calculadoras, peças importantes de um passado recente, obsoletas com a invenção dos computadores Manhã do dia 24, fria e razoavelmente ensolarada, expondo as lindas cores das construções locais, dia perfeito para visitar os jardins adoráveis do museu Peggy Gugenheim, xeretar a lojinha, tomar um cappuccino no agradável café curtindo as esculturas e fechar tudo com chave de ouro, vendo a embasbacante exposição dos quadros do pintor indiano V.S. Gaitonde, no estilo Mark Rothko, mas infinitamente melhor do que o artista americano. Um show de cores, estilos, técnicas, luz, materiais. Moderno, antigo, contemporâneo. Atemporal. Pintura como processo, pintura como vida. E neste belo meio dia na véspera do Natal, tomamos o trem para Firenze. Mas esta já é outra história, a parte 2. Zurich, 06 de janeiro de 2016

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