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quinta-feira, 8 de julho de 2021

ARTE NA SUÍÇA E PORQUE VISITAR O PAÍS JÁ!

ARTE EM FESTA NA SUÍÇA PÓS-PANDEMIA Tudo aberto, volta ao normal, uma tentativa de dar crédito a uma campanha de vacinação bem sucedida. Otimismo exagerado? Pode ser, mas neste pequeno e rico país europeu, o primeiro a abrir suas fronteiras a brasileiros, depois de quase um ano e meio de portas fechadas, os museus apresentam novas exposições, lotadas, maravilhosas e vibrantes. Vale muito a pena enfrentar os preços altos deste país tão lindo e vir conferir as exposições magníficas que são um sopro de ar fresco neste ar pandêmico tão contaminado e árido. Em Basel, um dos centros artísticos mais respeitados do mundo, a exibição magistral de mais de cem obras do artista inglês de rua, Banksy. Nunca pude imaginar que sua obra fosse tão intrigante e controversa, tão estimulante. Para mim, uma espécie de Andy Wharhol britânico, bem mais talentoso, bem menos comercial. Por ali também, o luxo absoluto de se alagar um museu caríssimo em água verde brilhante e plantas aquáticas, travessura de Oláfur Eliasson, o ”darling”, enfant terrible da arte contemporânea. Fabuloso! Como ousada também a sala do Beyeler empilhada com exemplares de toda a extensa coleção, acervo do museu. O Beyeler e seu belo prédio projetado por Renzo Piano, se orgulha de poder exibir, confortavelmente, enormes trabalhos de arte contemporânea; tipo um quadro gigante por sala. Esta nova iniciativa enche três paredes do topo ao chão com Picassos, Richters e Tungas, todos grudados. Um efeito inusitado, estranho, num museu que não para de ousar e desafiar. Ainda em Basel, na vetusta e respeitada catedral das artes, o Kunstmuseum, a irreverencia agressiva e bastante incomoda da artista plástica negra, Kara Walker. O museu que abriga tesouros impensáveis e que recentemente abriu uma divisão caríssima em mármore cinzento, o Neubau, totalmente dedicado à arte moderna estabelecida, ousa em exibir a contundência da Sra. Walker. Em Zurique, na Kunsthaus, a casa das artes por excelência, prestes a inaugurar mais um prédio-show dedicado às artes plásticas, a cereja do bolo: a exposição do artista vivo mais caro do planeta, Gerhard Richter. Alemão de Dresden, este gênio atual pinta paisagens como ninguém, misturando diversas técnicas com efeitos fotográficos, mas curiosamente borrados, fora de foco. Embasbacante. Para mim redentor, pois perdi a exposição de suas obras na agonia do finado museu nova-iorquino, Met Breuer. Lugar que eu amava, inexplicavelmente fechado para sempre. Richter estava iniciando uma mega exposição ali quando a pandemia atacou e seus trabalhos ficaram trancados por lá. Lástima... Ali também uma exposição comparando Ferdinand Hodler a Gustav Klimt, no que se refere a mobiliário e decoração art-nouveau. Coisas que só podem ser vistas em museus do calibre da Kunsthau, pois misturam decoração com pinturas valiosíssimas, numa iniciativa que envolveu o governo austríaco e museus daquele país. E para completar a visitação e o deleite de ver coisas novas após os quase dois sombrios anos pandêmicos, a inusitada exposição de arte norte coreana em Berna, capital da Suíça. Quis ver esta mostra para conferir o que significa arte norte coreana, deste país tão fechado, controverso, violento e misterioso. Como imaginava, é só propaganda comunista radical e nove entre dez obras exibem a figura do líder político atual. O interessante da mostra é a comparação com arte chinesa e sul coreana contemporâneas, que não podem ser mais modernas, polemicas e desafiadora. Triste ver como um regime político louco e radical pode sufocar a criatividade dos artistas, fazendo de suas obras nada mais do que fotografias pintadas de uma realidade infeliz. No museu alpino, ali perto, há uma mostra paralela de documentários feitos por cineastas e cientistas suíços, que retratam as condições difíceis de vida na Coréia do Norte atual. Com depoimentos de nativos completamente fanáticos pelo regime e seus dirigentes. Coisa para pensar... Zurique, 8 de julho de 2021

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