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domingo, 14 de novembro de 2021
ISLANDIA - 2021 - FOGO E GELO
ISLANDIA – O PAÍS DO FOGO E DO GELO
Duas coisas que não temos no Brasil: vulcões e geleiras.
Por isso mesmo é que vale muito a longa viagem a esta ilha maravilhosa, pertinho da Groenlândia, a noroeste da Grã Bretanha, uma hora e meio de voo de Londres. A Islândia é um enorme vulcão, em constante erupção, parando o mundo com elas, como ocorreu em 2010 com a interrupção do trafego aéreo no hemisfério norte. Um dos vulcões que visitamos tinha parado de cuspir a lava brilhante e vermelha em setembro e pude ver, pela primeira vez, lava nova, já negra e sombria, o que é um privilégio. Já estive em vários vulcões pelo mundo, mas nunca havia caminhado por um campo de lava fumegante, ainda morna de uma enorme erupção recente. Aonde mais se pode experimentar tal coisa?
Geleiras acessíveis? A Islândia também tem. É a maior do mundo fora do Ártico e da Antártida e suas enormes línguas de gelo parecem dedos estendidos e brancos agarrando as montanhas. Pode-se caminhar por elas, visitar cavernas muito azuis, sensacionais, experimentar temperaturas baixas, lagoas com icebergs flutuantes, várias atividades neste país diminuto que já é um dos mais visitados do mundo. Sua ótima estrutura de turismo, boas estradas, sinalização, segurança, boa comida e hospedagem, gente simpática, bons hotéis e tudo mais, cativa a todos, em qualquer idade. É programão para famílias, romântico para casais, imbatível para aventureiros e até para quem é mais de cidade, a capital, Reykjavík é uma delícia de cidade compacta, com muito a oferecer.
Passamos seis noites na capital e não vimos tudo. Vida noturna movimentada, restaurantes de primeira como o The Fish Company, o Apotek, o Dill e o Kol, hotéis maravilhosos como o Edition, um teatro embasbacante como o Harpa, que chega a ter quatro ou cinco espetáculos por dia, de ópera a concertos de rock, a instalações ou programação de comédia e espetáculos infantis. O Harpa é um dos teatros mais bonitos do mundo, com arquitetura inovadora e design do artista local, famoso internacionalmente, Oláfur Eliasson. Sua loja é tentadora, os dois restaurantes entre os melhores do país e há espaços variados para festas e eventos. Um lugar sempre aberto ao público, localizado no porto, parte integrante da nova e transada mini-metrópole que Reykjavík é hoje.
Comércio vibrante, belos museus, atividades “Disney” como o Fly Over Iceland, um simulador que leva os turistas aos quatro cantos do país dentro de filmes belíssimos e em total segurança. Há museus dedicados a baleias se não se quiser encarar o frio mortal dos passeios de barco (fomos, encaramos, nos encantamos com os fiordes já nevados e vimos algumas), para quem não teve nossa sorte de ver a aurora boreal duas noites em oito como foi o nosso caso, o deslumbrante planetário Perlan mostra e explica tudo sobre este fenômeno solar que transforma o céu num festival de luzes coloridas, românticas e bailarinas, nos meses mais frios do ano.
Na capital ficamos independentes, mas nos juntamos a uma excursão de cinco noites pelo país para ver atrações mais longínquas. Valeu, mas alugar carro é muito melhor e descobrir tudo por conta própria, no seu tempo e ritmo é o mais legal. O bom é que na Islândia há muita possibilidades de visita e qualquer uma delas é boa, pois o país tem muito a oferecer. Além de geleiras, praias de areias negras e formações rochosas lindas, há os tais vulcões, gêiseres bem ativos, montanhas imponentes, puffins no verão (aquele lindo pássaro que parece maquiado de palhaço de circo), baleias, fiordes, cavernas de gelo, vistas sensacionais e para quem gosta de banhos termais, as piscinas são muito azuis, em meio à neve, uma experiência revigorante. Sem esquecer das divinas cachoeiras e trilhas desafiadoras que levam até elas.
Fomos no outono, finalzinho de outubro e gostamos muito, pois as hordas turísticas já se foram. Eu nunca iria, voltaria, em julho ou agosto, pois o país não tem estrutura para multidões e como está na moda, a coisa chegou a tal ponto que tiveram que impor cota de visitação. O ideal é junho ou setembro. Queremos voltar em fevereiro para ver cachoeiras congeladas, mas é experiência limitada pelas três a cinco horas de fraca luz do dia dos invernos nestas latitudes. Já tivemos esta experiência na Finlândia e foi muito compensadora.
E atenção brazucas, a Islândia é um pais muito caro. Junto com Japão, Rússia, Suíça e Taiti, é uma facada das grandes. Não há como não gastar dinheiro, não existe “opção baratinha”. Compensa? Sim. O país é bastante diferente de tudo o que se pode ver pelo planeta, um microcosmo singular, variado, espetacular. Com conforto e segurança.
Voltaria várias vezes mais. A este país-cenário, pano de fundo de Game of Thrones e Lord of the Rings. Reino mítico dos trolls e duendes que tanto encantam na literatura nórdica.
] Ainda mais porque, em tempos de tanta briga pelo meio ambiente, de tantas resoluções importantes, é sem preço observar geleiras num planeta que só faz ficar mais quente. Os enormes campos de gelo milenar estão derretendo, que tristeza.
Vá antes que acabem!
Zurich, 14 de novembro de 2021.
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