UM FIM DE SEMANA NO CEU
De minha
amada Buenos Aires, há exatamente um mês. Uma decisão maluca, mas acertada:
passar 24 horas na capital argentina fazendo tudo que eu gosto.
Fui num
sábado cedinho, sem bagagem. As 10 30 da manha já me encontrava registrada no
hotel Íbis Corrientes, pulgueiro ficavel e bem localizado (para quem quer ir
aos teatros a pé). Caminhei tranquilamente por um dia frio e ensolarado de
junho 2013, vendo as vitrines da Santa Fe e curtindo a Recoleta, fazendo hora
para um belo almoço no Duhau e passada rápida pelo Palais de Glace e Centro Cultural
Recoleta para ver se havia exposições interessantes. No primeiro, sempre há algo
de certo interesse, pois costumeiramente exibem duas mostras paralelas em
andares diferentes. No segundo, nada desta vez. Só o clima muito alegre da
feirinha da praça em frente; evento que não aprecio e onde não consigo
encontrar nada de meu interesse para comprar, mas alegra a vida sofrida dos
portenhos em mais uma desastrosa administração peronista.
Uma
passada pela igreja do bairro, que de certa maneira me faz lembrar com carinho
da fofinha de Arraial da Ajuda. E depois um filme inconsequente, mas divertido
no Recoleta Fashion Mall, seguido por enorme caminhada até o museu Xul Solar,
lugar que nunca tinha visitado. Interessantíssimo, em casa onde morou o
artista, tudo bem exposto e preservado. Uma espécie de Marc Chagall argentino,
Xul deixou um importante legado de pinturas pequenas e delicadas, várias delas
pintadas em vidro. Programa dos melhores para os interessados em arte.
Mas o
melhor estaria por vir, à noite: a peca estrelada por Ricardo Darin (verdadeiro
motivo de tão rápida viagem), Cenas de um Casamento, de Ingmar Bergman. Se o filme
era bom, esta versão argentina para o palco é ainda melhor, muito contundente e
atual, num retrato acertado e amargo da vida conjugal. Ricardo Darin é ainda
mais competente e fascinante no palco do que na tela e sua colega de cena, Valeria
Bertuccelli é uma atriz de primeira. Os dois dirigidos pela atriz-monstro
sagrado argentina, Norma Aleandro. Difícil parar de aplaudir!
Para
terminar a maratona, fui ver as 22 30, exausta, outra peca que decidi comprar
horas antes, a forte e difícil Incêndios, de Wajdi Mouawad. Drama de
palestinos, não fez meu gênero apesar do ritmo profissional do espetáculo.
Na manha
seguinte, após poderoso café da manha reforçado pelas deliciosas medias lunas
do adorável café Biela, voltei a São Paulo, ao detestável e indecente aeroporto
de Guarulhos.
Foram
horas geniais numa cidade genial, feitas possíveis pelas milhas acumuladas e a
proximidade de Buenos Aires. Sem bagagem e ida e volta pelo central Aeroparque,
mais perto do que ir a Gramado, outro lugar que adoro e vou com frequência.
Em vez
de acumular milhas para frustrados resgate de bilhetes a Europa ou aos EUA ,
missão impossível nos dias que correm, prefiro utilizá-las para voos domésticos
ou Buenos Aires. Que é como se fosse na esquina...
Arraial da Ajuda, 9 de julho de 2013.
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