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domingo, 12 de abril de 2015

BUENOS AIRES 2015 - ALIVE AND KICKING!

BUENOS AIRES 2015 MELHOR DO QUE NUNCA! Sofrida e agitada, mais pobre, mas não menos interessante, assim está Buenos Aires que eu não visitava desde o começo de junho de 2013. Boa parte dos brasileiros pensa que a Argentina se desintegrou, virou uma espécie de Venezuela do Cone Sul, acabou. Não é verdade; o país continua lindo, vibrante, cheio de atrativos e o povo lidando com seus horríveis governantes do mesmo modo como o fazemos aqui: com coragem, firmeza e enorme criatividade. Coisas que temos em comum com nossos “hermanos”. Podemos odiá-los no futebol, mas turismo é outra coisa. Eles adoram o Brasil e nós adoramos a Argentina. Perigoso, me perguntam muitos? Não mais do que as grandes cidades brasileiras, me senti, na verdade, mais segura em Buenos Aires do que em São Paulo, onde nasci. A capital argentina tem uma vida noturna agitada e depois das 9 da noite parece que a população surge das trevas e domina as ruas; famílias inteiras, com criancinhas de colo passeando pelo centro à meia noite. Os teatros bombando, restaurantes e bares também. Muitos bikers, joggers, uma vida de rua super intensa. Uma cidade onde o carro perde para os pés e o transporte publico. Os museus continuam ótimos e exibições temporárias no Malba, Palais de Glace e PROA ocorrem normalmente, onde tive a sorte de ver mostras de peso. Descobri o pequeno museu de arte popular, José Hernandez, em Palermo, quando já achava que tinha visitado todos. A Fundação Fortabat, em Puerto Madero, mostrava instalações cujo tema, Evita Perón, não podia ser mais eletrizante e criativo. Aliás, passar um dia de sol caminhando por Puerto Madero é um dos grandes prazeres de Buenos Aires. Muita gente bonita, bares e cafés animados, o restaurante La Cabaña sempre magnífico. A cozinha argentina segue maravilhosa e desta vez almocei no excelente Elena, no hotel Four Seasons. Arrisquei também o infame Arturito, homenageado pela chef argentina que vive no Brasil, Paola Carrosella. O velho restaurante da famosa Avenida Corrientes me surpreendeu pela boa comida e serviço, o ambiente “velha Buenos Aires” é muito especial. Comida clássica, lugar simples, perfeito representante da cozinha portenha. Preços andam como os de São Paulo, caros. Nada de pechinchas em lugar algum. E o problema do cambio de moeda é muito chato, para dizer o mínimo. Algumas lojas e restaurantes, às vezes um hotel ou outro trocam dólares e reais a boas taxas. Outros nem trocam, ou só a cambio oficial, ridículo. Fui à Florida falar com os arbolitos, nome bizarro para os vários cambistas que lotam a rua. Preferi não arriscar e fiquei com as trocas de lojas e restaurantes. Mas é chato: é necessário se preocupar com o assunto o tempo todo. Isto e o medonho aeroporto de Ezeiza foram as únicas coisas desagradáveis de minhas quatro felizes noites em Buenos Aires. O resto foi repleto de infinitas e prazerosas caminhadas pelas ruas largas e alegres da cidade, 4 peças de um teatro-alta-qualidade que o Brasil não tem, seis exposições desafiadoras de arte contemporânea, mucho malbec e dulce de leche, dois filmes no Cine Lorca, um daqueles nostálgicos cinemas do centro e a alegria de um povo que não se deixa abater por mais de 70 anos de peronismo nojento. No ano que vem vou voltar e continuar a prestigiar uma das cidades mais legais do mundo, um voo curto para padrões brasileiros. Uma delícia de experiências tranquilas, seguras, divertidas. Viva Buenos Aires! São Paulo, 12 de abril de 2015. Dia de protestos no Brasil.