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domingo, 23 de agosto de 2015
NORUEGA 2015
NORUEGA – ARTE E HISTÓRIA NO VERÃO GELADO 2015
Estive na Noruega há dois anos e meio e adorei, no inverno. Gostamos tanto que decidimos conferir como seria este civilizadíssimo país no verão, com sol e sem o manto de neve que cobre tudo em janeiro.
Sol mesmo só encontramos em Oslo, a simpática capital. Em Bergen e Stavanger o verão se resumiu a nuvens, muito vento e temperaturas entre 8 e 20 graus. Mesmo acima, vale a pena, pois o país coberto de verde é muito bonito e as pessoas ainda mais alegres e simpáticas.
Oslo, a capital norueguesa, é uma festa animada e diversa, com gente do mundo inteiro e intensa programação festeiro-cultural. Baladas com música alta por todo lado, gente seminua aproveitado o sol até no telhado da Opera Haus! Uma das cidades europeias mais agradáveis que já visitei, um paraíso para quem gosta de andar e comer bem. Principalmente frutos do mar, abundantes nas águas gélidas do país. Nada barato, mas para mim veterana de Zurique, o “choque no bolso” não foi tão intenso. Destaque para o mercado de peixes de Bergen e para o refinado e modernoso Statholdergaaden em Oslo. Dois extremos, um é comida de rua e o outro tem estrela Michelin. Os dois a essência dos pescados gélidos, da vanguarda escandinava, de um país que sabe muito bem usar seus recursos naturais, misturando tudo a influencias fortes, como a fast food americana; hambúrgueres e cachorros quente por toda parte. Para quem não gosta de comer criaturas da água, há comida do mundo inteiro e a cozinha alemã, francesa e italiana estão bem representadas. O único senão, fora os preços de primeiríssimo mundo, são as minúsculas porções em qualquer tipo de restaurante.
Bergen e Stavanger encantam por seus centros antiguinhos e arquitetura típica. Em Bergen, muita história e museus, alguns deles dedicados à música clássica, destaque para a casa de Grieg, o tour guiado e o concerto de piano maravilhoso em meio a florestas de musgos que parecem cenários do filme O Senhor dos Anéis. Stavanger é menos interessante, mas importante por ser a capital norueguesa do petróleo e por ser o ponto de partida à caminhada-ícone dos fiordes noruegueses, a Pulpit Rock.
Os fiordes são o cartão-postal do país e chegamos até eles numa peripécia envolvendo trem, balsa e barco, partindo de Oslo a Bergen em viagem de dia inteiro. Tudo lindo e perfeito, a não ser o tempo que nos sabotou e mandou chuva intermitente no dia do percurso. A travessia dos importantes fiordes foi um exercício de frustração em meio à neblina. Pena, mas mesmo assim altamente recomendável para quem tem pouco tempo e quer ter uma idéia da majestade desta formações rochosas, águas límpidas, cascatas mil, vilarejos de sonho. O percurso se chama Norway in a Nutshell. Imperdível. Para quem, como nós, não der sorte com o tempo, a Pulpit Rock, perto de Stavanger proporciona a caminhada radical de cinco horas de duração e a vista mais espetacular do universo. Em dia de sol nos deslumbramos com as vistas dos tais fiorde, de cima. No barco se vê tudo da água e no topo desta pedra espetacular, a sensação é de estar voando, suspenso no infinito.
O trekking é duro e no verão, lotado. Paciência e boa forma compensam o esforço.
Os museus-show de Oslo já valem, por eles mesmo, a visita. Começando pelo castelo Akerhus, lindo. Não é todos os dias que se tem a combinação infalível de fortaleza, história e mar. E tampouco o privilégio de visitar o lugar onde se decide, anualmente, os prêmios Nobel da paz. O museu correspondente é um exercício de cidadania. No quesito aventura os museus Kon Tiki, o Fram e o Marítimo dão o tom e uma pequena idéia da bravura e ousadia dos vikings; a caminhada pela orla e pequeno trajeto em balsa até eles não podem ser mais interessantes e prazerosos. Ainda mais, se após um dia todo de excursões e descobertas, a hospedagem for no Grand Hotel, belo, antigo e bem localizado. O bar na cobertura é delicioso no verão e o café da manhã está entre os melhores da cidade.
Na parte gastronômica, além dos acima citados, o Fish and Cow em Stavanger é moderno, informal e cheio de gente bonita. Já o Allegro, italiano e pequeno, aconchegante e lotado, não vale os altos preços cobrados. Em Bergen, o 1877 é o tipo descolado-dentro-de-velho-galpão industrial; comida super criativa, moderna, deliciosa. Para ousados e cabeça aberta, nada para tradicionalistas. Este últimos devem ficar com os clássicos do Enhjorningen e sua magnifica localização na parte central da cidade, a pitoresca Bryggen. Vieiras e morangos silvestres em casa de madeira do século 17 são ótima pedida.
E para os fanáticos por lagosta, em Oslo, o Lofoten. Parece lugar pega-trouxa-turístico, mas não é. Os crustáceos são geniais e o lugar , animadíssimo. O Eckeberg, dos mesmo donos, oferece vista maravilhosa da cidade, mas a comida é fraca.
E no ultimo dia, encerrando com chave de ouro uma viagem feliz a quatro, visitamos o museu de arte contemporânea Astrup Fearnley (Oslo). Simplesmente genial, abriga coleção fabulosa de obras ultra modernas em dois edifícios projetados pelo gênio Renzo Piano. Parecem dois barcos a vela em madeira e vidro, pairando sobre a marina onde tudo acontece na cidade. Com direito a praia e jardins de esculturas – fotos do acervo na minha página do Facebook.
Voltaria sempre à Noruega, país incansavelmente bonito, um tesouro de ilhas verdes, floridas, nevadas, ricas. E o mar entrando por tudo, conectando recantos e segredos através de pontes majestosas e estradas excelentes. Se a perfeição terrena existe, está por lá.
São Paulo, 23 de agosto de 2015
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