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domingo, 27 de novembro de 2016

NEW YORK 2016

NEW YORK – 2016 As visitas quase anuais a Big Apple me pouparam do infame 11 de setembro, mas não do medonho Trump, cuja eleição tive o desprazer de compartilhar, ao vivo, nesta metrópole tão amada. Frustrante, mas interessantíssima experiência pela vibração das ruas, protestos, bloqueios, polícia por todo lado; enfim, coisas que pensamos ser exclusivas de nossa Banana Republica chamada Brasil. Não são e vividas como turista podem ser até bem divertidas. Nova Iorque está feia, suja e maltratada, tipo São Paulo e como aqui, não menos vibrante. Fui a bares e restaurantes inéditos, 18 espetáculos teatrais, descansei nos cinemas das caminhadas enormes, curti a ótima companhia de minha irmã e seu senso de humor incomparável. No quesito “flashback” voltei ao poderoso observatório do One World e sua poderosa vista. A novidade foi o fato de o supersônico elevador levar os passageiros, na descida, direto ao Occulus, a estação de trem show de Nova Iorque. Nova em folha, mais parece uma criatura abissal, um ser alienígena no espetacular projeto de Santiago Calatrava. Por dentro é mais um shopping americano, muito branco e novo em folha. Vale mais por fora do que por dentro e nem se compara ao eterno glamour da Grand Central. Também voltei ao Whitney, cujo pequeno acervo é uma joia eterna da cidade e desta vez exibia a obra interessante de Carmen Herrera, pintora que segue ativa aos 102 anos. Ali perto, a galeria Allouche expunha as obras coloridíssimas e originais do pintor espanhol, Rafa Macarrón. E lá fomos também, três vezes caminhando ida e volta pela High Line em trajetos que sempre contém surpresas arquitetônicas que parecem nunca terminar. As novidades ficaram por conta do Met Breuer e exposição de fotos de Diane Arbus. A ex-residencia do Whitney foi totalmente reformada e é uma agradável e pequena extensão contemporânea do gigante Metropolitan. Na região da Wall Street, nos encantamos com a beleza dos prédios antigos, perdemos as visitas guiadas ao prédio Woolworth que fica para a próxima. Bem como o restaurante Augustine, no maravilhosamente reformado Hotel Beekham. Tomei um dos melhores Manhattans da vida no clássico bar do hotel. Só este drinque-bomba já vale a visita! Pela velha ponte do Brooklyn morremos com um dinheiro inútil no River Café, lugar caro e pretencioso; um brunch insosso em lugar lindo, cuja vista num dia ensolarado é o cartão postal da cidade. DUMBO, uma das melhores partes do Brooklyn onde está localizado o restaurante pega-trouxa, vale a caminhada. Ali se observa a transformação de Nova Iorque além-Manhattan e o apelo jovem de reformas descoladas em construções outrora semiabandonadas. Na volta, pausa no ipictheater, conjunto de seis salas VIP de cinema, no Southstreet Seaport. Por 32 dólares se assiste filmes em poltronas tipo primeira classe de avião, se come pipoca ilimitada e se toma água. Por mais dólares, pode-se escolher algo da extensa seleção alcoólica e fast food típica. O lugar tem também um restaurante movimentado e sistema insondável de compra de ingressos. Pela novidade, modernice e descanso das ruas barulhentas, vale o que cobra. Após quase 20 anos de hospedagem no velho e gasto Hotel Wellington, encontrei um novo pulgueiro cuja única vantagem é estar no coração da Broadway. Com o nome pomposo de The Gallivant Hotel, o apertado balança-mas-não-cai oferece diárias quase decentes e localização perfeita para quem em 12 noites de cidade assistiu a 18 shows. De musicais óbvios como On Your Feet a experiências revolucionárias como The Encounter, passando por ballet intrigante da estrela russa Natalia Osipova. No setor “vale a pena ver de novo”: Love, Love, Love sempre. Bem como The Color Purple, A Life, The Collector, The Humans, Heisenberg e Sell/Buy/Date. A bordo do carro-chefe nova iorquino, os restaurantes, nos deliciamos com os eternos burguers do P. J’s, do Standard Grill, o delicioso, de cordeiro, do The Landmarc e o eternamente maravilhoso, ribs e foie gras, do DB. Minha irmã me arrastou a lugares para ver gente bonita, como o escuro Balthazar e o classudo Polo Bar. A comida deste último é bem boa. Infelizmente, como nada dura para sempre, o Benoit já não é mais o mesmo e os suculentos profiteroles com calda fumegante de chocolate foram para o espaço, acompanhados da cebola em excesso no steak tartare. Bar Boulud e Seraphina na rua 48 seguem corretos e a pizza, champanhe e torta de frutas do Seraphina Broadway compõe almoço divertido para uma despedida da cidade. Muito bom mesmo é o Gabriel Kreuther, de chef alsaciano e comida memorável. Além de ser um dos ambientes mais bonitos e arrojados de Manhattan. Sua confeitaria, ao lado, é um sonho inesquecível. Gisela também indicou Locanda Verde, delicioso mix de gente transada e comida relevante e acertou em cheio na delícia retrô que é o Carbone; musica divina e comida italiana fake imperdíveis. Corra antes que acabe, pois manter tais coisas não será fácil. E se New York parecer cansativa, tome um trem velho e absurdo na Grand Central, antes comprando uns chocolates celestiais na Neuhaus na parte externa da estação, na rua 42, e encante-se com a paisagem do vale do rio Hudson. Em uma hora e meia você estará na pequena Beacon, que abriga um museu de arte contemporânea dos mais singulares, o Dia Beacon. A experiência trem+guloseimas+arte maluca e vistas bucólicas é muito bacana. A quiche de espinafre do café do museu, acompanhada de um bom vinho branco embalam a sonolenta viagem de volta a minha querida Big Apple. Sempre maravilhosa. Com ou sem Trump... São Paulo, 27 de outubro de 2016.