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sábado, 29 de maio de 2021

COSTA RICA - MAIO 2021

PLANO B – COSTA RICA 2021 Na minha lista A de viagens, figuram Japão, Islândia e Irã nos três primeiros postos. Como a Pandemia Ano 2 continua a prejudicar os planos viageiros, optei este ano por conhecer lugares não-prioritários, como Emirados Árabes, Costa Rica e Colômbia. Para esta última ainda não fui, mas os dois primeiros destinos foram grata surpresa, bem melhores do que eu imaginava. A Costa Rica, este pequeno país da América Central, muito visitado por americanos e alemães e todo o resto do planeta que curte natureza, tem muito a oferecer em termos de fauna, flora, vulcões variados e belas praias. Apesar do território diminuto, meus doze dias lá não deram para muita coisa, há muito ainda que conhecer. Em parte, isto se deve a geografia tumultuado do lugar, com cerca de 370 vulcões, bastante montanhosa portanto. As estradas são estreitas e sinuosas e dirigir durante a noite, uma temeridade. Não por ser país perigoso, mas pela falta de iluminação e os inúmeros animais que cruzam as estradas. Voos domésticos são limitados e pequenas, temerárias avionetas, encurtam percursos. Mas com muita chuva, nuvens densas e baixas e histórico de manutenção abaixo dos parâmetros internacionais, voar por ali não é coisa para os fracos de espírito. Portanto dirigir, contratar motorista (o que fiz e deu muito certo) ou, se está com pouca bagagem, embarcar em vans turísticas, quebram bem o galho. Não há trajeto que dure menos de três horas e meros 240 kms podem levar fácil, 5 horas de estrada. Mas compensa. O Parque Nacional Arenal é deslumbrante, onde reina o vulcão de mesmo nome. No entorno da cidadezinha chamada La Fortuna, há muitos hotéis e restaurantes e uma infinidade de atividades radicais, ou nem tanto, como rafting, tirolesa, caiaque e coisas no gênero. Para os preguiçosos, banhos termais ou curtas caminhadas pelas lindas florestas da região. Me hospedei no excelente Arenal Observatory Lodge, em frente ao vulcão e nem o tempo chuvoso estragou os três dias de maravilhosas trilhas por florestas primárias, uma infinidade de flores e os pássaros mais bonitos que já tinha visto em minhas inúmeras viagens a este tipo de lugar. Por ali os animais são protegidos e parecem não ter medo dos humanos, como pude comprovar pela proximidade que um mini tamanduá me deixou chegar dele. Continuou devorando formigas como se eu não existisse. Isso vale para macacos, quatis e tucanos. O hotel é uma reserva ambiental particular, instalada numa fazenda de 350 hectares. Comida, serviço, passeios e quartos impecáveis. Próxima parada, Monteverde; outro lugar deslumbrante nas montanhas, bem perto do mar. Fiquei no complexo de chalés Los Pinos, outra reserva particular bem cuidada, contando com suas próprias trilhas também. Restaurantes bons no vilarejo, destaque para o Tramonti, comida italiana de qualidade, ambiente lindo com muito vidro e madeira, numa colina com vista maravilhosa. Os cafés e lojinhas, na maior parte com enfoque ‘orgânico”, são adoráveis. Por ali, há parques nacionais e privados, destaque absoluto para o Bosque Eterno de Los Niños e para o Bosque Nuboso. O primeiro, um presente do governo sueco para a Costa Rica e o segundo, uma floresta antiga e preservada, digna mesmo do filme Parque Jurássico. Livro e filme são ambientados na Costa Rica, por sinal. Não vi dinossauros, mas as árvores gigantes carregadas de orquídeas e broméliasnão desapontaram. Estes dois parques têm poderosa infraestrutura de trilhas fáceis e bem-marcadas, lojas, banheiros, cafeteria. Monteverde é um lugar para caminhar, comer bem e sonhar. Pensar num mundo onde o meio ambiente é respeitado e há esperança para o nosso combalido planeta. Aliás, é este o marketing turístico da Costa Rica: preservação. Para quem se interessa por ecologia, um paraíso, modelo de turismo sustentável numa região pobre e conturbada como é a América Central. A capital, San José, é feiosa, mas interessante. O aeroporto é ótimo e o free shop bárbaro, o Teatro Nacional encena os clássicos em ambiente bonito, um mini Teatro Municipal paulistano. Livrarias e shoppings bons, restaurantes interessantes e museus pequenos, mas dignos de visita. Caso do Museo del Oro e do Museo del Jade. O famoso café da Costa Rica pode ser degustado no Café Rojo, no bairro Amón. Me hospedei no centro pela proximidade às principais atrações e amei o Hotel Presidente e seu divino restaurante Azotea, com terraço florido na cobertura. Comida internacional das melhores. Outro destaque vai para o Esquina de Buenos Aires, restaurante argentino tradicional de primeira. O dono é portenho e tudo ali, da decoração, pratos e vinhos é genuíno e de excelente qualidade. Infelizmente, a comida típica do país não me agrada, bem parecida a mexicana que detesto. Pratos pesados e gordurosos do tipo arroz e feijão velhos com muita cebola e temperos, o famoso gallo pinto. Comem a tal gororoba no café da manhã! To fora... Como o turismo é a fonte de renda número um da Costa Rica, comer bem não é problema e tem de tudo para todos os paladares. Infelizmente, o país não é barato, principalmente por atrair uma avalanche de americanos. É mais caro do que o México e emparelha ou supera o Chile ou Uruguai em custos. Não é turismo de massa, raro ver grupos de excursão. O que talvez seja um pouco mais em conta são os lugares de praia, tanto no Caribe quanto no Pacífico. Escolhi a costa deste último para explorar um pouco e não me arrependi. Da próxima vez que voltar a Costa Rica vou conhecer as praias caribenhas e o famoso Parque Nacional Manuel Antônio. Nesta primeira viagem fui à Playa Tamarindo. Á primeira vista, mico. Passado o susto da cidade feia e cheia de pó da chegada, a praia revelou-se bela e excelente para caminhar; com o toque folclórico-assustador de crocodilos perto dos rios que desembocam em certos pontos da praia. É paraíso de surfistas e moçada bonita, um lugar alegre e colorido, com ótimos bares e restaurantes. Hospedagem em pousadas, há apenas um resort a beira-mar. As pousadas são boas, fiquei no Tamarindo Bay Boutique Hotel, de uma inglesa, Marie. Tudo caprichado, hóspedes em sua maioria europeus. Os restaurantes da região têm a fama, merecida, de serem os melhores do país. Destaque para o Panga’s a beira mar/rio e suas lagostas e carpaccios deliciosos. Pé na areia, a sombra de árvores gigantes, um sonho. O italiano verdadeiro, La Pachanga, é surpreendente e o elegante Season’s não decepciona. O bar de praia Portofino tem ceviches dignos do nome e boa música. Mas o melhor da região é mesmo a fabulosa Playa Conchal. Uma mistura de mar do Tahiti, vibração e vegetação de praia brasileira, das melhores que a Bahia tem, como a minha amada Santo André, por exemplo. E areia muito branca, cheia de conchas e água quentinha e transparente, repleta de peixinhos coloridos. Aliás a temperatura do mar nas praias Tamarindo e Conchal é perfeita. Enormes banheiras com ondas suaves... Sonhar acordada neste paraíso centro-americano. A Conchal só tem hospedagem cara do tipo cadeia de hotéis W americana e um Westin bem bonito. Da praia só se vê vegetação, as poucas construções estão bem escondidas. Ficar na Playa Conchal significa isolar-se a 40 minutos de distância dos bons restaurantes, lojas e serviços da Playa Tamarindo, portanto é bom considerar isso nos planos de viagem. Para quem gosta de movimento a Conchal não será nunca a sua praia. Em maio de 2021, ano 2 desta pandemia Covid trágica e interminável, a Costa Rica encontrava-se totalmente aberta ao turismo. Máscaras e protocolos de higiene por toda parte. Distanciamento social relativo, pois a moçada nas praias se aglomera mesmo. Na capital a coisa é mais levada a sério e nos hotéis de montanha e parques ecológicos as medidas de segurança pareciam ser respeitadas. Brasileiros em número reduzido, mas constante e visível. Na certa usando a Costa Rica de trampolim para entrar nos Estados Unidos duas semanas após a chegada. Pena, pois a Costa Rica é destino maravilhoso e digno de respeito e visita, suas espécies de flora e fauna, únicas e fáceis de observar. Natureza prazerosa, cara, bela e confortável. Calor razoável nas praias e frio acolhedor nas montanhas. What else? (plagiando o ator George Clooney no anúncio da Nespresso). São Paulo, 29 de maio de 2021