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domingo, 2 de julho de 2023
PRIMAVERA EM LONDRES - JUNHO 2023
PRIMAVERA EM LONDRES – JUNHO 2023
Com pouca chuva, brisa amena, bastante sol; uma cidade alegre e vibrante, sem hordas de turistas, uma delícia. Tão gostosa que pela primeira vez em minha longa vida me arrependi de ter ido tanto a Nova Iorque e tão pouco a Londres. O pouco, é 10 ou 12 vezes. Mas Londres vale 500 e como venho seguido a Europa, três ou quatro vezes por ano nestes últimos 23 anos de relacionamento com um suíço, Londres teria sido muito fácil daqui. Uma hora e meia de voo de Zurique e preços módicos das passagens aéreas, pois há muita competição nesta rota. Por que a comparação? Porque Londres tem tudo o que eu amo em Nova Iorque, só que mais barato e melhor. Sem stress de imigração americana nojenta, das pessoas tremendamente grossas da cidade, das multidões, dos preços absurdos, dos hotéis sujos e péssimos pelos quais se paga uma fortuna.
Teatro na capital inglesa é muito, mas muito melhor, mais barato e as casas de espetáculos são lindas, antigas, bem cuidadas, limpas. Muitos bares para animar tudo e bebedeira geral durante os shows, coisa bastante restrita nos EUA. Em Londres bebe-se tudo na poltrona, assistindo elencos soberbos e produções de altíssimo nível. Como o governo ajuda a cena teatral, ingresso ótimo custa 100 dólares, coisa que em Nova Iorque está para mais de 200. Isso sem falar dos maravilhosos táxis de Londres, carros limpos, motoristas educados. Dá para comparar com os taxis amarelos, fedorentos e motoristas indecentes da Big Apple? Uma corrida até o aeroporto de Heathrow, em bom carro, sai metade do preço de um UBER de mesmo nível na cidade americana. Isso sem falar do Heathrow Express, trem eficiente e rápido dos aeroportos principais até o centro. Em Nova Iorque, zero trem. Fica-se refém dos táxis...
Restaurantes melhores, mais variados, mais baratos, serviço bastante superior em Londres. Fora as ruas lindas, parque e praças, o amor dos ingleses pelos jardins, tudo florido e caprichado. E os bons modos britânicos, a paciência com os turistas chatos, a história, os museus, o comércio, tudo do bom e do melhor. Londres, é fora de qualquer dúvida, minha cidade grande favorita no mundo. Amo Nova Iorque e gosto bastante de Paris. Isso sem falar de minha amada Buenos Aires, mas no geral, o ranking fica assim:
1 Londres
2 Buenos Aires
3 Nova Iorque
4 Viena
5 Paris
Isso considerando cidades de mais de 2 milhões de habitantes. No Brasil, Curitiba é a número um. Para mim, minha cidade natal, São Paulo, não se qualifica em nenhum top 20, pois a qualidade do ar, falta de segurança, transporte público ruim, ruas permanentemente esburacadas e arquitetura horrenda desqualificam a capital paulista.
Voltando a Londres, nos seis dias que lá passei, feliz da vida, me hospedei em lugar ótimo para quem vai ao teatro todas as noites, as vezes a tarde e a noite, dobradinha deliciosa. No Radisson Blu Edwardian Kenilworth, esquina da Bloomsbury com Great Russel, a dois passos do British Museum. Preços razoáveis, lugar bem decorado, bom serviço, local para repetir, com certeza. Restaurantes dignos de menção: Daphne’s, bem descolado, boa comida italiana, em Chelsea. River Terrace dentro da Somerset House para aproveitar o ar livre em dias de tempo estável. Também dentro da Somerset House, o Dipna Anand, fantástico restaurante indiano que leva o nome da chef talentosa, em ambiente lindo. Imperdível. Também dentro do indescritível palácio que é a Somerset House, lugar que já abrigou a Receita Federal londrina e a Marinha inglesa, o restaurante Spring é chiquérrimo e modernoso. Ainda conta com dois cafés e um outro lugar super classudo de comida inglesa.
A Somerset House recebe agora a Bienal de Design, louca e interessante como todas as bienais, o pequeno e superinteressante museu Courtauld (Courtauld Gallery) e o melhor do lugar, a visita guiada ao antigo palácio, completa com visitas a calabouços, passagens secretas e túneis repletos de tumbas assustadoras. Passar um dia na Somerset House e vizinhança repleta de teatro e da fascinante confeitaria O Croquelin é um programão, que une o cultural ao histórico, junto ao gastronômico e a uma vizinhança beira rio, bem perto do London Eye, que é genial. Um dia inesquecível. E como também inesquecível foi, ver uma peça de Agatha Christie, Testemunha de Acusação, dentro do London County Hall, que já abrigou a prefeitura da cidade e é hoje sede de hotéis, centro de entretenimento e de um teatro ultra original, dentro da sala de audiências do lugar. Salão com pé-direito enorme, lindíssimo, uma atmosfera de tribunal antigo, austero, totalmente em sintonia com a história de mistério e suspense da grande autora inglesa.
Só fuja mesmo do The Ivy (o único mico da viagem), restaurante londrino famoso e elegante, que continua as duas coisas, mas cuja comida ruim não vale o preço e a atmosfera. O Fumo, ali perto, é bem melhor. Nada barato, mas a comida semi-italiana, em meio aos teatros onde assisti os incríveis The Pillowman, Patriots e We Will Rock. Pertinho dali, a um passo da bela e agitada Trafalgar Square e da recentemente reinaugurada National Portrait Gallery, o Street Burger, do estrelado chefe local, Gordon Ramsey, não faz feio. Burgers decentes, com acompanhamentos diferentes.
Desta vez, além de infinitas caminhadas, poucas compras, dois cinemas aconchegantes, Odeon e Curzon, na área do Convent Garden, várias livrarias e os restaurantes acima, sem falar dos 8 espetáculos músico/teatrais, só fui mesmo a dois museus: coisa rara para mim. Preferi mesmo aproveitar as ruas londrinas e sua linda arquitetura, a vibração jovem e moderna da cidade, o ar de primavera, com o verão chegando em poucos dias. Oportunidade rara, preciosa, em uma viagem feliz, proveitosa, divina.
Para Fabiana, uma anfitriã companheira e paciente.
Zurique, 02 de julho de 2023.
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