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domingo, 24 de dezembro de 2023
BUENOS AIRES - VERÃO 2023/2024 E UPDATES GRAMADO E CURITIBA
CIDADE PEQUENA, MÉDIA E GRANDE
Update final de 2023 sobre minhas amadas Gramado, Curitiba e Buenos Aires.
Cidades onde estive nos meses finais deste conturbado e violento ano que ainda não acabou, lugares tão distintos e tão gostosos.
Começando por minha pequena Gramado, a mais recente e a alegria de suas ensolaradas festas de Natal. Certo que este ano as rachaduras no solo de um bairro deram margem a toda sorte de virulentas fake News, mas pude conferir que a cidade e o que ela oferece, bem como a vizinha Canela, ainda estão lá inteiras, com tudo funcionando normalmente. Sempre novidadeiras, lojas diferentes, restaurantes, atrações de parques infantis e adultos. Me restringi aos roteiros de sempre, fugindo dos turistas no La Braise, no Bistrô da Lu, no Capullo e no meu amado e charmoso Josephina. Única concessão é o Nonno Mio, favorito daqueles leitores de fake news do Facebook. O segredo na Serra Gaúcha, na longa e infinita temporada do Natal Luz, que vai de outubro a janeiro, é ir a restaurantes, parques, atrações, Lago Negro e áreas centrais, de segunda a quinta. Se estiver por lá de sexta a domingo, vá longe, aos cânions, a São Francisco de Paula e prefira, sempre, os restaurantes de Canela. Fujam da Avenida Borges de Medeiros nestes dias!
Exceção honrosa feita ao Josephina, na área central dominada pelas criaturas “genéricas”, típicas do turismo de massa que assola o mundo. Como o restaurante é caro, escondidinho e não está no radar nocivo dos cafonas de plantão, é local seguro para boas refeições, mesmo a dois passos da Borges de Medeiros.
Outra boa ideia é reservar uma tarde a Porto Alegre, visitar o museu Iberê Camargo, pegar um cineminha na Cinemateca Paulo Amorim e almoçar no Bah ou melhor ainda, no Forno. Sem selfies ou influencers.
Aliás, a ausências destas pragas modernas da mídia social fartamente citadas anteriormente, é uma das várias razões por que gosto de Curitiba, minha favorita capital do Brasil. Limpa, organizada, interessante e cultural, minha estadia em dezembro me deleitou com o Festival de Cinema japonês no divino Cine Passeio. Com peças de teatro no Guaíra e refeições memoráveis e impecáveis no Durski, no Madeiro Steakhouse, Nômade e Badia. Desta vez o Pobre Juan e o Terra Madre decepcionaram. Um caro, o outro um tanto decadente e ruim. O Museu Oscar Niemayer sempre interessante, as caminhadas por parques e avenidas largas são um exercício gostoso.
Categorizo Curitiba como cidade média neste artigo, pois a grande será minha encantadora Buenos Aires, que é bem maior. Como sempre, o espaço urbano melhor do mundo para caminhar, principalmente no final da primavera, onde os parques intensamente floridos com jacarandás e primaveras (buganvílias) e a brisa ainda freca do gigantesco Rio de La Plata, deliciam o visual e sensorial, refrescando o já eminente e onipresente verão portenho. A cidade é deliciosa na primeira quinzena de dezembro. Depois, até final de março, um forno horrível.
O clima de alegria e esperança foi o toque diferente desta minha estadia de dez dias em Buenos Aires. Gente alegre, tudo cheio e movimentado pós eleição no novo e cabeludo presidente. No que vai dar, não sei, mas a sensação de alívio e triunfo por terem se librado do estorvo peronista, já vale o esforço. Torço pelos Hermanos e seu lindo país. Que na certa ficará mais caro para nós. Eu peguei o último dia de Free Shop barato, pois na segunda feira o senhor Milei já deu uma mega desvalorização no peso, para tristeza dos brasileiros que faziam a festa nos aeroportos, com tudo convertido ao peso oficial. Pena...
Que seja por uma boa e justa causa e a Argentina se recupere do jugo sindicalista que atrasa o país há quase 80 anos.
Museus fracos desta vez, tudo em clima de Natal e Ano Novo, ou seja: deserto cultural. Não no teatro, onde as produções estão maravilhosas e mais baratas do que nunca. A versão do Teatro San Martín de Cyrano de Bergerac é deslumbrante, a ópera moderna no Colón, Cidade Ausente é super inovadora e ousada, as produções “tabajara” do Picadero divertem muito, até com espetáculos cafonas e bem humorados homenageando clássicos do bolero.
Desta vez, descobri que os restaurantes de Buenos Aires, que não sejam de comida típica, bem local, são mais fracos do que os de São Paulo. Frutos do mar, comida italiana, peruana, bem melhores na capital paulista, em Curitiba, em Porto Alegre, por exemplo. O Brasil é bem mais caro, mas melhor, em menus que fujam da carne, doce de leite, empanadas e vinho tinto, os carros chefes imbatíveis e eternos da argentina. O país sofre muito com o peso desvalorizado e tudo que é importado, mesmo do Mercosul, fica quase inviável.
Concentrem-se nos lugares onde é fácil reservar, ou mesmo ir na cara de pau, sem reserva mesmo, caso do ótimo Mirasol de Porto Madero, por exemplo. Ótimas carnes e serviço, local bem agradável. Tem brazucada feia, mas em níveis razoáveis. Minhas estreias foram La Causa Nikkei, péssimo peruano em Palermo, Cauce (bonito e elegante, oferecendo comida indigna) em Puerto Madero, Parollacia Palermo, agradável, bom e caro italiano e República del Fuego, pequeno e charmoso de carnes modernosas, na Recoleta. Voltaria aos dois últimos, apesar da conta alta do italiano e da escolha errada da carne no descolado típico.
Não consegui reserva no Don Julio e nem sequer no meu querido El Preferido, ambos altamente cotados e prestigiados como melhores na lista 50 top da Restaurant. Pero...
Fui ao show máximo e absoluto de carnes, coisa para quem, como eu, gosta de comer boi mugindo, fanática dos cortes radicais e bem vermelhos, o Corte Comedor. Esta preciosidade foi dica de um argentino e é um restaurante fora de mão e sem nada de especial em termos de ambiente, decoração ou frequência. Serviço ok, nada de especial. Mas as carnes... Meu Deus...
O tal sujeito argentino, da dica acima, me aconselhou a pedir um corte, um prato, chamado “ceja de ojo de bife”. Vi no cardápio, o item mais caro, por sinal e me arrisquei. Primeiro, empanadas de carne fabulosas, temperadas com ají, fumegantes, acompanhadas de bom Malbec – sempre respeito, de cara, casas que oferecem bons vinhos em taça a preços decentes, sinal de respeito aos clientes, é totalmente o caso do Corte Comedor. Que vai logo virar o Don Julio e não dará mais para entrar. Talvez não, pois é numa parte um tanto feiosa, obreira e longínqua de Belgrano, mais para os lados do estádio enorme do River Plate.
Vaux le voyage, como dizem os franceses. Vale a viagem, em bom português. Vale até ir de joelhos, se for o caso. A carne, a tal ceja, é o melhor bovino do mundo, melhor até do que os mugidores do Don Julio. Pedi, como sempre, mal passada: a coisa vem um tição de carvão que parece incomível, mas quando se corta a “proteína” como dizem os chatos woke de hoje em dia, já se vê a cor correta, a textura e o sabor inigualáveis.
Corram e se locupletem! Antes que os brasileiros e o Messi descubram o lugar. A sobremesa também vale as gordas garfadas, um cheesecake de quinotos (laranjinha azeda), portentoso.
Quase ia esquecendo de mencionar o Bis, filial transada e baratinha do Aramburu, o melhor restaurante da Argentina, segundo o Michelin. Comida bem argentina e bem moderna, minha segunda vez alí e volto sempre. Perfeito custo benefício, maravilhosamente calórico na fartura de creme e manteiga na confecção dos pratos.
Mí Buenos Aires querida...
Minha quinta vez este ano na cidade fechou o ciclo 2023 com chave de ouro.
Volto em julho de 2024. Antes de ir a Gramado de novo. Combo equilibrado entre cidade grande e pequena.
São Paulo, 24 de dezembro de 2024. Feliz Natal!
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