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segunda-feira, 6 de janeiro de 2025
BERLIM - JANEIRO 2025
BERLIM – JANEIRO 2025
Voltei a capital alemã 24 anos após minha primeira e única visita. Como da inicial, me maravilhei com a grandiosidade, importância histórica, modernidade e o efeito fênix da cidade. Infelizmente, fiquei só três dias, tempo ridiculamente curto para um lugar que oferece tanto.
Museus maravilhosos, praças, monumentos, lições de política ao vivo no Reichstag, sede do governo alemão, cenário musical infinito, teatros, cinemas, lojas, caminhadas, tudo é superlativo.
Berlim não é bonita como outras capitais europeias, não tem o charme de Hamburgo, ou o fator chique de Munique; de um certo modo, por ser sede do governo de uma das maiores economias do mundo, o “fator Brasília” torna as coisas um tanto burocráticas e impessoais em alguns setores da cidade. Mas os parques, o verde infinito do Tiergarten, o lindo e limpo rio Spree que serpenteia por todo lado, os bairros alternativos, a irreverência da East Side Gallery e a imponência sóbria do Brandenburg Tor, compensam a construção padronizada em cinza e bege da burocracia moderna.
E é justamente esse mix que faz de Berlim uma das cidades mais fascinantes do mundo: é uma cidade universal, que “conversa” com vários públicos, com várias tendencias, que acomoda burocratas, diplomatas, hippies, direitistas e comunistas, gente vazia e elegante de cabeça oca, bregas tirando selfies até em lugares dedicados a milhões de falecidos, crianças, velharia, um oceano de opiniões e tendencias, raro de se ver tão concentrado e de maneira tão pacífica numa cidade que já foi símbolo da crueldade máxima, de um horror como o da época nazista. Hoje é o oposto, um exercício de paz e liberdade.
Em meu tempo limitado em Berlim, visitei e me enterneci com as obras de Gerhard Richert na novinha Neues Nazionalgalerie, prédio leve de Mies van der Rohe, onde o grande artista alemão tem quatro obras e salas exclusivas para suas genialidades sobre campos de concentração: Birkenau. Imperdível, bem como o Museu Judaico e o Memorial do Holocausto. São visões, olhares alemães sobre o ocorrido na Alemanha. Sóbrio, triste, verdadeiro; homenagens realistas e secas sobre fatos inegáveis e imperdoáveis. O que é bonito, pois o que não pode ser negado, não pode ser perdoado. E, muito menos, esquecido. Os berlinenses não pedem perdão: admitem, documentam e tentam não repetir o monstruoso erro. Por enquanto, está dando certo.
Do bom da vida, do lado alegre, os maravilhosos concertos na genial Philarmonie e na Konzert Haus. Almoço clássico de Wiener Schnitzel no Lutter e Wegner, drinques deliciosos no bar em frente, fazendo hora para mais música de qualidade, olhando para a beleza monumental da Gendarmenmarkt, uma das praças mais estonteantes da Europa. Por ali também, tempo para comprar confeitos apetitosos e bem apresentados na confeitaria Rausch. Inclusive bombons Dubai, tão em moda hoje em dia.
Desta vez, o que mais aproveitei foi o passeio ao longo do trecho mais longo do que restou do Muro de Berlim. São 1.3 quilômetros de muro, pinturas bem interessantes ao longo dele, uma parte beira-rio, outra colada em dois prédios de alto padrão, fazendo um efeito bizarro de protesto contra a especulação imobiliária mundial, que quer até “gourmetizar” um pedaço de história como é o Muro e o sofrimento e indignidade causado para tantos; os berlinenses como a principal vítima deste verdadeiro “apartheid” alemão. Caminhar ao longo do Muro, observar, fotografar e analisar cada pintura ao longo dele, faz com que uma ida e volta de quase três quilômetros de extensão, sejam inesquecíveis. Uma experiencia única, só Berlim.
Talvez agora, recém-inaugurado, tinindo de novo, a atração máxima da metrópole seja mesmo o Humbolt Fórum, um tipo Louvre multiuso, alojado no que foi o Castelo de Berlim. A construção é tão linda, tão branca, tão majestosa e tão difícil de descrever, que só indo e conferindo.
É o que farei num futuro próximo onde pretendo ficar uma semana na cidade, além de um tempinho em Colônia e Leipizg. Assim fechando com chave de diamante meu período alemão.
Como o mundo é grande e a minha curiosidade maior ainda, o tempo urge nos meus 69 anos e tenho que priorizar.
Aceito sugestões!
Zurich, 06 de janeiro de 2025.
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