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segunda-feira, 27 de abril de 2009

A PRAIA MAIS BONITA DO MUNDO
Qual é ela? Tantas publicações tentam encontrá-la e sempre acabam divergindo, nunca há consenso, o máximo a que se chega é a uma “lista”; as cinco mais, as 10 mais e por aí vai. Eu tenho um método simples e individual, pois creio ser impossível eleger “a” mais bonita. Quem vai pesquisar tanta praia na vida? Não faz outra coisa? Qual é o título profissional? “Avaliador de praias”? Devido a esta dificuldade óbvia, aqui vai meu método:
A praia mais bonita do mundo reúne os seguintes itens:
1-acesso. Se for difícil já não vale. Sacrifício em férias nem pensar.
2-qualidade da areia e aparência da mesma. Não precisa ser branca e fofa, apenas agradável aos pés e aos olhos.
3-limpeza. Não precisa explicar.
4-vegetação. É necessário, de preferência a nativa.
5-a não-necessidade de se levar comida e bebida. Praia perfeita tem estes itens bens escondidos em barracas civilizadas, pousadinhas discretas, restaurantes atrás das árvores.
6-mar. Temperatura amena, de preferência morna e uma parte com ondas moderadas e outra calminha.
7-tempo bom a maior parte do ano.
8-ausência de farofeiros. Auto-entendível.
9- ausência de gente em geral. Quase impossível, mas encontrável. Com sorte. Pouca gente vale também.
10-ausência de axé, forró e outros gêneros musicais altos e hediondos.
11-ausência de veículos motorizados na praia e no mar.
Ponto, só isso!
Impossível? Risível?
Existe: Santo André, na Bahia.
Minha amada e querida Santo André para onde já fui 7 vezes, desde 2002. E as coisas só mudam para melhor por lá. Bem devagarzinho, bem baianinhamente, mas as boas novas estão chegando sempre. Vamos a elas:
Há um charmoso mini-shopping na única rua do povoado que não ultrapassa 800 moradores. É o Aldeia Tangerina. Lojinha e bar legais.
Pela primeira vez Santo André recebe um Internet café digno do nome, o Mata Encantada. Quatro belos computadores modernos com conexão por satélite. É iniciativa de um casal suíço que também é proprietário do Village Mata Encantada WWW.mataencantada.com, boa opção de hospedagem para quem quer alugar casa na praia. O café Mata Encantada é por enquanto o único estabelecimento do pedaço que serve café sofisticados como cappuccino, latte machiatto e trazem da Europa o divino e civilizado hábito do vinho em taça sem ser em restaurante. Boa parada para sanduíches e saladas. E como em Santo André não há livraria ou banca de jornal, os Schweizer (sobrenome dos donos) disponibilizam uma pequena biblioteca ambulante de troca de livros.
Ainda no ramo gastronômico, o Jacumã continua insuperável e seu chef Stefano talentosíssimo. Salada de camarão com mussarela de búfala, spaghettini feito lá mesmo com polvo e abobrinha, coroados por pudim de coco, são fabulosos! Isso sem contar que Simona, mulher de Stefano, foi barwoman em Milão e prepara coquetéis fantásticos. O Mojito dela é o melhor fora de Cuba. Já tentei este drinque em outros lugares pelo mundo, sem sucesso. O da Simona é ótimo. O Jacumã também oferece chalés pequenos e aconchegantes, à beira mar, plantados em lindo jardim. Mas no quesito hospedagem, a melhor suíte de Santo André pertence com honra e mérito a meus queridos amigos Pablo e Amadeo, do Casa Praia.
O Casa Praia é o restaurante-balada de Santo André. Abre de dia pero no mucho, pois os donos argentinos são notívagos e bomba mesmo à noite, com boa musica, bom papo, às vezes DJ, talvez palhaços, um dia cinema, no outro show de tango; pode ser quer tudo se misture à artesãos locais vendendo seus produtos, convidados especiais cozinhando pratos de cozinha étnica em noites temáticas.
E agora, além de tudo, eles construíram The One and Only: uma suíte única e enorme para casais apaixonados, gente que quer descanso e conforto e estressados em geral. Tudo muito bem decorado e charmoso e um terraço paradisíaco frente ao mar, ao lado de mata nativa, banheira ao ar livre, chuveiro com vista, café da manhã servido exclusivamente nas duas mesas da suíte, que também dispõe de espaço VIP para jantares à luz de velas, incenso e música, coisa que Pablo e Amadeo são experts em executar. Não há nada igual em Santo André.
Com o “aviso aos navegantes” que o barulho à noite pode incomodar a quem prefere só ouvir o mar, o vento e os insetos da floresta. Como a suíte é relativamente perto do restaurante, há barulho. Nada que tampões de ouvido, ventilador e ar condicionado não minimizem, mas vale o aviso, pois quem procura Santo André procura sossego e tende a ser, cada vez mais, um público exigente. E se você acorda cedo, negocie antes café da manhã no seu horário, pois ele não aparece antes de 9.00.
No outro lado do rio, em Santa Cruz Cabrália, conferi o estrelado e simples Restaurante da Vanda. Vale as estrelas que ela mantém há 22 anos, aquelas bem chatas de se conseguir no Guia 4 Rodas. O ambiente é simples, a caipirinha é muito boa e o arroz de polvo é baianíssimo. O diferencial é esse: comida baiana verdadeira, sem concessões aos turistas. A pimenta vem separada mas é só. O dendê corre solto, coentro e outros temperos de sabores exóticos idem. Eu volto para conferir moquecas.
O único suíço de Santo André antes dos Schweizer, o Beck, da pousada Gaili, mudou-se “além-rio” e tem um bar simpático e animado em pequena praia de Cabrália. Conserva o rock pesado da música ambiente, boas bebidas e cardápio com deliciosas especialidades suíças. É um lugar inusitado, bom para variar do padrão-praia.
E como sempre, não deixo de mencionar a melhor pousada de Santo André, a Vitor Hugo. Seu eficiente e sempre presente administrador, Sr. Oswaldo, continua firme no comando. Moquecas estilizadas e bem comportadas fazem par com caipirinhas deliciosas feitas com a cachaça Salinas. A de abacaxi vale a viagem!

São Paulo, 27 de abril de 2009.

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