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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

terça-feira, 15 de novembro de 2011

E afinal de contas, aonde fica MADAGASCAR?

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AVENTURAS EM MADAGASCAR

Muitos se queixam de que o mundo está totalmente padronizado, um país se parece muito com o outro, as mesmas lojas, os mesmos Mc Donald’s, os mesmos shoppings. Pois, para quem quer sair da mesmice de Miami, Disney, Nova York, Paris, Londres e Roma, aqui vai a indicação: Madagascar. Na certa, o país mais louco e diferente que já visitei em mais de 21 anos de viagens constantes.
O país e a quarta maior ilha do mundo, parte do continente africano, a leste do canal de Moçambique. Desgraçadamente, um dos 30 países mais pobres do mundo, onde mais de 80% da população vive com menos de 2 dólares por dia. Seu governo não é aceito como constitucional e legitimo pela comunidade internacional e seu atual presidente, é o golpista mais jovem do mundo.
Para quem gosta do diferente, de genuínas aventuras, que tal viajar a um país onde não se paga nada com cartão de credito, supermercados não existem, pouco e raro acesso a internet, seu smartphone vira um simples celular, pois lá só a Vodafone alemã tem contrato decente de dados com o país (a odiosa TIM mente descaradamente em seu site que tem transmissão de dados, mas não tem). Que tal se hospedar em quartos sem televisão ou ar condicionado, onde grande parte dos banheiros não tem porta e paredes só chegam pela metade? Ou seja, privacidade zero. Não existe chocolate digno do nome e nem qualquer petisco aos quais estamos acostumados. A comida é razoável, francesa adaptada, sempre servida em porções minúsculas. Os níveis de higiene, em geral, são baixíssimos. Eu e meu marido sofremos de diarreias constantes, febres ocasionais, minha pele virou um oceano de espinhas e cravos e infecções urinarias se fizeram presentes devido aos banheiros públicos medonhos. Só há farmácias dignas do nome nas quatro maiores cidades do país e o nível de hospitais e médicos é pavoroso. Ficar seriamente doente em Madagascar significa de uma, duas: morte certa ou transporte aéreo para Johannesburgo.
Isto posto, vamos à viagem em si: partimos para a capital, Antananarivo, e lá ficamos por dois dias no ótimo hotel suíço La Varangue. Enfatizo o suíço pois não há NADA malgaxe que preste. TEM que ser estrangeiro ou o turista está em maus lençóis. Antananarivo é uma das capitais mais desinteressantes do mundo, NADA o que fazer. Seguindo os conselhos do guia Lonely Planet, fizemos um longo e tenebroso passeio a pé pelos pontos supostamente interessantes. O lago, cartão postal da cidade, rodeado por espetaculares jacarandás floridos em tons de roxo, é, de longe, bonito. Quando se percorre as calcadas que margeiam o dito, a coisa é outra. Gente paupérrima, imunda, defecando no próprio lago e pelas calçadas. Depois deste alegre périplo, enfrentamos uma terrível ladeira para ver o ponto histórico principal, o palácio Rova. Um lugar de onde se pode ver em 360 graus toda a cidade. É muito interessante e a ÚNICA coisa relevante em termos históricos que vimos em 17 dias no país. La viveu uma rainha malvada que atirava padres católicos e outros desafetos colina baixo. Após torturas impronunciáveis. Para se visitar o Rova é necessário pagar propina aos guardas do lugar, pois visitas são oficialmente proibidas. Fora o guia falando um inglês que soava mais como chinês do que a língua de Shakespeare propriamente dita.
Alias, no capitulo dinheiro, é melhor levar uma mala cheia dele. Euros. Quase não aceitam dólares, cartão de credito não existe e 10.000 ariarys (nome da moeda do pais. E, sim, a língua malgaxe é totalmente ridícula e palavras simples e nomes de lugares são frequentemente impronunciáveis) valem três euros. Portanto, o pobre turista esta sempre carregando toneladas de notas da moeda que não vale nada. O custo de vida por lá é baratíssimo, mas as gorjetas que se tem que dar são múltiplas e merecidas. O povo é muito pobre e, em minha opinião, depois de mexicanos e brasileiros, nesta ordem, os mais simpáticos do planeta. São gente doce, leal, amável,; educados em sua pobreza extrema, sorridentes e incompreensivelmente felizes. Misteriosamente, com tanta miséria, é um país seguro, carros de turistas abertos, com toda a bagagem dentro é coisa comum, não sentimos o menor medo ou apreensão. São gente extremamente trabalhadora e acordam lá pelas 4.30 da matina. As cinco, já estão trabalhando ou fazendo exercício. Adoram correr. Também reciclam TUDO e um dos itens mais disputados são as garrafas plásticas que servem para usos múltiplos, inclusive em postos de gasolina informais, como recipientes de combustível. Lá seguem a máxima de que, na vida: Nada se perde, tudo se transforma.
O que não significa que sejam perfeitos recicladores, pois há lixo e imundície por toda parte. As feiras livres, pois não há armazéns ou supermercados, são a coisa mais nojenta que se possa imaginar: gatos percorrendo com tranquilidade os sacos de arroz e outros cereais, qualquer tipo de carne a venda sob o sol escaldante, sem qualquer tipo de refrigeração, NA calcada, ao rés do chão; moscas adornando os enormes pedaço de zebu, único gado do pais. Frangos e peixes seguem os mesmos padrões de higiene. Visitamos a estrela de tais mercados, um evento que ocorre sempre as segundas feiras perto de uma das grandes cidades. Não deu para aguentar mais do que 10 minutos. O cheiro é nauseante, os gritos dos porcos sendo executados é de cortar o coração, lixo abundante, povo olhando os poucos turistas que lá se aventuram como se fossem marcianos. Fuja!
Alias, por toda a região, se disputa, palmo a palmo, inclusive nas principais estradas do país (poucas asfaltadas e sempre com pista única), espaço com manadas de pobres e magros zebus, cabras e bodes e alguns seres humanos. À beira das ditas cujas, todo o tipo de manufatura medieval: forjarias a carvão e forca bruta, trabalhadores seminus; plantações de arroz e outras culturas onde não se vê uma maquina sequer. O que mais me impressionou foi uma operação ilegal de produção de rum. Me deu a horrível impressão dos tempos da escravatura, os negros utilizando moinhos de madeira e pedra, carregando tudo nas costas nuas, suando sob o sol forte, olhares infelizes e aflitos. Uma lastima...
Bem, depois de Antananarivo voamos em assustador avião pequeno,aquele com hélices mesmo e assentos consertados com fita crepe (o que dá o que pensar: o que mais é consertado na aeronave com fita crepe?) até Maraontsetra (que nome!), uma vila horrível, para embarcarmos em píer repleto de galinhas, ao Masoala Forest Lodge, na certa o ponto alto da viagem. Mas, como já vimos que nada é fácil em Madagascar, o trajeto de uma hora e meia de barco (bote de borracha!!!) até Masoala é uma das coisas mais apavorantes que já enfrentei na vida. Mar aberto e revolto, o Oceano Indico em todo o seu esplendor e ondas gigantes, nos fazendo passar apertado, até o paraíso. Sim, paraíso, acredite se quiser.
A floresta de Masoala é maravilhosa e quase intocada, arvores gigantescas, vegetação, fauna e flora únicos. A pousada é simples, mas limpa e confortável, boa comida e até vinhos sul africanos (o chileno estava estragado quando abrimos a garrafa do único exemplar existente na geladeira comunitária). Os quartos na verdade são tendas sob telhados e terraços de madeira, o banheiro uma cabana separada. Muito charmoso e romântico, exceto por: falta de energia elétrica e escorpiões no chuveiro. De resto, tudo bem. Diariamente, fazíamos caminhadas guiadas pela mata e vimos muitos lêmures e outras criaturas só existentes em Madagascar, atrações exclusivas. Aliás, é a razão principal para se visitar um pais tão difícil e deprimente. Flora e fauna são muito especiais e os lêmures são as estrelas absolutas. Lindos primatas que são uma mistura de macaco, gato e cachorro. O resultado são criaturas, lindas , ágeis, engraçadas e peludas. Lembram-se do desenho animado Madagascar? Eles eram os bonzinhos e as fossas os malvados. Não vimos fossas, infelizmente, pois são criaturas noturnas, muito difíceis de observar. Mas vimos uma infinidade de lagartos, lagartixas, cobras, camaleões, pererecas-tomate e pássaros maravilhosos.
O Masoala Lodge é um hotel de selva aonde se chega apenas a pé (80 km) ou de barco (40 km). Seu isolamento cria um clima divino de Jurassic Park e o melhor de tudo é a praia linda onde se pode entrar no mar clarinho e morno e descansar das longas e suarentas caminhadas pela floresta. O melhor de nossa viagem!
O terceiro ponto no trajeto foi Antsirabe, uma cidade feia e suja onde compramos bonito artesanato em lugares igualmente feios e sujos. O hotel, Couleur Café era bom, mas sofreu pane de luz por 3 horas. Energia elétrica em Madagascar é um problema serio. O banheiro do quarto era no meio do dito, nada de paredes, privada exposta e só com banheira, nada de chuveiro. O conceito de chuveiro por ali é aquele tipo telefone. Um pé no saco para dizer o mínimo. Agua quente nem sempre se faz presente, nem mesmo em estabelecimentos supostamente estrelados...
Depois de Antsirabe, outra favela. Favela? Sim, pois se tem a sensação de que se está sempre dentro de uma favela, pois todas as cidades são no mesmo nível de pobreza e primitivismo, com pequenos bolsões de um pouco mais de civilização aqui e ali. Não é possível passear pelas cidades, não há calcadas. É tudo terra e gente vendendo coisas pelo que supostamente deveriam ser calcadas, caminhos de pedestres. Um horror! Aliás, Madagascar se encaixa com perfeição na palavras clássicas e imortais de Joseph Conrad em sua obra prima Heart of Darkness, sobre a África. Oh! The horror, the horror! Para ele e para mim, como brasileira. Para os europeus, uma delicia! Acham tudo exótico e interessante, tiram fotos dos miseráveis e suas condições de vida abomináveis, sem parar. Interagem com todos, principalmente com as crianças. Para mim, como brasileira, não consigo ver graça em pobreza.Só sinto uma imensa tristeza em ver gente pobre, suja, vivendo como na Idade Media, sem perspectiva alguma de melhora. A expectativa de vida em Madagascar é de, no máximo 50 anos. Que graça pode ter isso?
Mas como dizia o sábio Joãozinho Trinta, da escola de samba Beija Flor: pobre gosta de luxo, rico é que gosta de miséria. Eu, nascida e convivendo constantemente com a pobreza do povo brasileiro, abomino o sofrimento de mais de um bilhão de pessoas no planeta que vivem com os acima citados menos de dois dólares por dia. Eu e o Joaozinho Trinta gostamos de luxo e alegria. Nem precisa ser luxo: decência, limpeza e justiça já estão de bom tamanho.
O favelão Fianarantsoa nada tem a oferecer, mas o parque nacional quase adjacente, Ranomafana tem. E muito. É uma belíssima floresta cheia de lêmures e o contato com eles é sensacional. Chegam muito perto de nós, não tem o menor medo e até brincam com os turistas. Um bebe-lêmure provocou meu marido por ao menos 15 minutos, fingindo que ia pular nele. O tipo de lêmure, sifaka, é o rei deles. Sensacional! Mas como e tudo penoso em Madagascar, para ver tais raridades é necessário fazer trilhas de horas pela selva húmida e quente, lama em subidas e descidas mortais, mosquitos alucinantes e sanguessugas que tentam entrar por toda a superfície do seu corpo e alguns orifios também. Mas vale a pena, é um grande exercício e os lêmures são sensacionais. Pássaros raros eventualmente fazendo aparições rápidas. E mais um preço a pagar: duas noites em imundo hotel de propriedade malgaxe, comida péssima, lençóis fedorentos, toalhas com suspeitas manchas de sangue e chuveiro não digo do nome. Ai ai ai!
Próxima parada, Ambalavo, onde nos hospedamos em pousada de engraçados franceses (energia nas tomadas de parede só de 6 da tarde a 9 da noite), um alivio. Boa comida, tudo muito limpo e bem decorado, o luxo de uma piscina com vista maravilhosa. O parque Anja, perto dali, oferece um show de lêmures mansos e acessíveis. Mas..... É necessário pular de pedra em pedra, algumas imensas e verticais, usarcordas e dependurar-se em abismos para vê-los. No dia seguinte, Camp Catta e suas belíssimas paisagens rochosas. Mais lêmures e pedras, mas nãotão radical como o Anja. O entorno e paisagem de sonho onde há ate um restaurante simples, mas servindo foie gras maravilhoso. Só em Madagascar mesmo. But..... Para chegar ao Camp Catta é necessário percorrer uma infernal estrada de terra por 2 horas. Vale, pois o lugar é lindo e as caminhadas, sensacionais. É um dos poucos lugares do país que nos encantou e para onde, em outra vida, voltaríamos. Apesar de ser um camping, e possível hospedar-se em belos e confortáveis chalés. Energia elétrica, às vezes...
Depois disso, luxo quase total: Le Jardin du Roy, um hotel surpreendentemente celestial em meio a rochas de formações intrigantes, ao lado do Parque Nacional Isalo. O parque é fabuloso para caminhadas, com direito a oásis e piscinas naturais em meio a paisagens desérticas e formações rochosas das mais interessantes. Tudo muito quente e ensolarado, e claro, trekking duro, mas muito legal. Depois do exercício, o conforto dos magníficos quartos do hotel, inteiramente construídos em pedras e madeiras de lei; de um bom gosto que só os franceses mesmo são capazes. Por que tanto francês? O pais foi colônia da França e a maioria dos turistas vem de lá. Muitos estabelecimentos turísticos pertencem a eles também. Mas, o lugar é quente, já mais ao sul do pais, árido e seco e não há energia entre meia noite e seis da manha. Noites fumegantes em local que chega fácil aos 40 graus durante o dia. Ironia: um dos pouquíssimos lugares com ar condicionado, onde não se pode dormir beneficiado por ele. Coisas de Madagascar...
No capitulo construções com madeira e necessário mencionar que o pais sofreu e sofre de um dos mais avassaladores desmatamentos do mundo (o da nossa Amazônia é piada perto do de lá) e ver lindos moveis em jacarandá, pisos portentosos e outros que tais, mais deprime do que impressiona. Dirigir e voar pelo pais mostra bem que tais mimos nunca deveriam existir. Nota: não há programas de reflorestamento e nem plantações de arvores de corte.
Ultima parada: Ifaty. Bonitas praias dando para o Canal de Moçambique, parecendo com as nossas, cearenses, mar lindo. Bom hotel, pé na areia. MAS.......
Não se pode passear tranquilo, caminhar nas praias sem ser assediado infernalmente por vendedores e mendigos. Crianças nuas e imundas, fazendo cocô no mar. Propostas sexuais múltiplas, na forma de convites para festas e massagens. Inclusive de crianças de 8 anos de idade. Deprimente. Biquíni, só na piscina do hotel. Corais, ouriços e sujeira também impedem caminhadas. Calorão, e, outra vez, nada de ar condicionado no quarto. Mas com direito a lacraia venenosa afiando as presas para nós, a ponto de nos atacar dentro do mosquiteiro que cobria a cama. Nesta região as lagartixas cantam alto à noite. Dentro dos chalés cujo teto de palha exibe buracos que possibilitam a entrada de variadas criaturas peçonhentas. No terraço, festa de centenas de baratas que, feliz e misteriosamente, não entram no quarto.
Da capital até Ifaty, percorremos mais de 1000 quilômetros em bom carro com ar condicionado que nosso motorista detestava usar e acompanhados de um guia maravilhoso, Noel. Da empresa local, mas de dona suíça, Wild Madagascar. Tudo funciona muito bem. Outra loucura do pais: só se aluga carro com um ser humano dentro. Não se viaja de modo independente. Nunca. Não se caminha por parques sem guia (e os ditos são em sua maioria chaníssimos). Não há qualquer placa indicando se se deve virar à direita ou à esquerda e nem qualquer indicação de quilometragem ou mesmo para onde se está indo.Sinalização zero! Portanto, o motorista é mais do que necessário. Mas.... Eles e os guias fedem miseravelmente e por 9 dias tivemos que amargar tais odores. Parte da aventura. Melhor que enfrentar a total falta de transporte publico em Madagascar. Não existem ônibus, só vans em que, se cabem 12 vão 24, com galinas e porcos no teto do carro. Junto com suas malas...
A quem recomendo Madagascar?
A gente fanática por natureza e bichos , trekking, interessados em culturas africanas e a loucos varridos como meu marido e eu que nos metemos nesta fria. O custo beneficio é baixo, se vê pouco e se paga muito. A aventura custa cerca de 1200 reais por pessoa, por dia, incluindo inúmeros vôos na aero-terror Air Madagascar e os percursos transcontinentais na ótima South African Airways.
Mas é aventura mesmo, não para os fracos de espirito e estomago. E para quem quer algo diferente, sem ir à lua, por exemplo, viva Madagascar!

Oceano Atlântico, 15 de novembro de 2011.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

sábado, 8 de outubro de 2011

MENDOZA E BUENOS AIRES – 2011

Na primeira vez que estive em Mendoza, janeiro de 2009, detestei o lugar. Só gostei da vinícola Zuccardi e do restaurante Grill. Ponto.
Fazia um calor terrível, achei a cidade suja e tediosa, nossos hotéis péssimos. De bom, só os vinhos mesmo. E olhe lá. Desta vez foi diferente; nosso hotel, o elegante Diplomatic, não decepcionou com suas instalações confortáveis e ótimo custo-benefício. O clima era ameno em setembro passado e até visitei dois museus bem interessantes: o de arte moderna, convenientemente instalado na praça principal da cidade e o da história da região de Cuyo onde localiza-se Mendoza. Claro, não se vai lá por causa da vida cultural e sim pelos vinhos e belezas naturais das proximidades dos Andes e do famoso Aconcágua. E pelos excelentes restaurantes, com preços convidativos em tempos de real valendo o dobro do peso argentino.
O restaurante do Diplomatic, uma filial do La Bourgogne de Buenos Aires, é inigualável. Por 70 reais soboreia-se almoço de três pratos magnificamente bem servidos e deliciosos. Sofisticada quiche com salada, entrecote gigante com purê de batatas e ratatouille de legumes, finalizando com generoso creme brulée de sobremesa. Mais uma garrafa de vinho Lagarde malbec, cortesia do hotel. Imperdível! Como também é o menu-degustação da vinícola Norton: um show de oito pratos e oito vinhos espetaculares. Não a barganha acima citada, mas modestos 200 reais por casal para banquete fabuloso. Com visita guiada à vinícola e degustação de mais vinhos.
O Grill continua sendo a melhor churrascaria argentina, portanto a melhor do mundo. O ojo de bife segue deslumbrante e a entranha (que aprendi a comer em Miami, valha-me Deus!), celestial. O toque fino-descolado foi dado pelo 1884, restaurante de Francis Malmann na cidade. Ambiente chique instalado numa antiga vinícola em bairro semi-residencial da cidade, impressiona pelas empanadas divinas, cordeiros intrigantes e peixes super bem preparados. No entanto, perde em preço e qualidade para os anteriormente mencionados e está longe da cozinha inovadora e do ambiente alegre do central Azafrán.
Até compras fiz desta vez em Mendoza, nas lojas Cardón e Capibara. Bolsas lindas.
E muito exercício para queimar as calorias de tantas comilanças no Parque Ecológico, bonito e bem localizado. E viva Mendoza!
Com Buenos Aires eu não estava “brigada”, mas das últimas vezes na cidade não guardava tão boas recordações. Mendigos, sujeira, calor, gente com caras infelizes. Agora não.
Cidade mais limpa, alegre, friozinho ensolarado, gente simpática. Até os garçons do famoso Café Biela estão mais civilizados. O hotel continua a sendo o Lois Suites, bom e com preço razoável, muito bem localizado na Recoleta, que por enquanto, considero o melhor lugar para se ficar na cidade. Por enquanto, pois no futuro vou tentar Palermo Soho de novo. A primeira hospedagem lá não valeu. Muito curta e confusa.
Fui a cinco museus em menos de 48 horas e adorei. Malba melhor do que nunca, inigualável em sua brasilianidade adorável. Com uma obra colorida de Beatriz Milhazes refletindo a luz perfeita que entra por todo o prédio branco do museu. Seus 10 anos são um triunfo para Buenos Aires em termos culturais e na glória de seus acervo muito correto de obras latino americanas. O de Belas Artes é um MASP muito melhor, só a sala com as obras de Goya vale a visita, sem falar de variados impressionistas franceses, de um Gaugin azul e amarelo espetacular, de outro Van Gogh intrigante e por aí vai. Entrada grátis, o que também se aplica ao Palais de Glace ali perto, um show de arte contemporânea. Entre os dois museus, o Passeio das Esculturas, importantes obras espalhadas por um dos inúmeros parques da cidade. Modernidade e inovação que perdi no PROA, onde não havia exposição alguma naquela data. Aliás, a famosa Boca só vale pelo dito museu. Não pode haver coisa mais turística e menos interessante do que o berço do tango. Pena...
O badaladíssimo Faena Arts Center oferece a oportunidade de se fazer arvorismo chique dentro da obra maravilhosa de nosso artista brasileiro,o carioca Ernesto Neto. Vale a viagem até Buenos Aires só para se divertir dentro de um “bicho” estranhíssimo feito de cordas de náilon, bolinhas de borracha e pedras, sensacional! E também em Puerto Madero que só faz crescer e melhorar, o museu Fortabat, presente à cidade da milionária Amalia, de mesmo sobrenome. Um imponente prédio moderno com um acervo embasbacante.
Fora da maratona cultural, uma passada de 2 horas por um bom cabeleireiro na Recoleta, o Universe Garden Angels, na Avenida Callao. Bom e barato (150 reais por corte, tintura, produtos especiais e mão). Mesmo com o nome pretensioso...
Área gastronômica, ponto forte da cidade, uma decepção: o famoso El Mirasol. Pega trouxa de primeira, carnes de terceira. Fuja! Ou melhor, ande uns poucos quarteirões a mais por Puerto Madero e prestigia as novas e belas instalações do meu amado La Cabaña. Sim, não estão mais nas vizinhanças do hotel Alvear, na Recoleta. Se foram com os ventos da moda a Puerto Madeiro e deu certo. Levaram toda a mobília antiga e confortável, o ambiente de fazenda incomparável, a lareira e até as vacas empalhadas! E o principal, o cardápio fabuloso, os vinhos idem e o serviço impecável. É caro para padrões argentinos, uma boa pedida se comparado aos ridículos preços praticados pelos restaurante paulistanos atualmente. Empanadas, ojo de bife e panquecas recheadas com o melhor doce de leite do universo são a festa da casa.
Na Igreja Nossa Senhora do Pilar na Recoleta, agradeci o privilégio de voltar à capital argentina. Totalmente reconciliada a ela. Não é mais a Paris das Américas, mas continua bonita, vibrante e divertida. Salud!

São Paulo, 08 de outubro de 2011.
Santo André 2011

Quando estive em Arraial d’Ajuda em junho passado, dei uma esticada até Santo André e visitei meus queridos amigos Pablo e Amadeo da Casa Praia. Deu vontade de voltar e em Setembro passamos uma semana deliciosa hospedados na pousada Victor Hugo. Nunca tinha ficado tanto tempo em Santo André, que de tão parado e bucólico dá até sono e estava um tanto apreensiva com encarar tanto tempo em lugar sem nada para fazer.
Como garantia contra o tédio, alugamos um carro e um dia fomos a Arraial e outro a Trancoso. Nem precisava. Santo André, que descrevi em artigo de 2009 como A Praia Mais Bonita do Brasil, continua linda e super agradável. Nos acomodamos numa rotina de muito sono, longas caminhadas na praia e bons restaurantes. Não precisou mais nada e teríamos ficado tranquilamente mais duas semanas. Se pudéssemos...
A pousada Victor Hugo continua sendo a melhor opção de hospedagem, apesar da simplicidade franciscana e da falta de televisão nos quartos. O serviço continua gentilíssimo e profissional, mas a comida já não é tão boa como nos anos de 2002 a 2007. Perdeu terreno para o restaurante da pousada Jacumã e pela novidade da região: o ótimo restaurante da Pousada do Corsário, dirigido por uma descendente de japoneses, Miki, que comanda a casa com precisão e bom gosto. Sem falar nos preços camaradas. É sem dúvida a lagosta melhor e mais barata do Brasil! Porções bem servidas e bem apresentadas, sabores inusitados na combinação de queijo coalho grelhado com azeite de oliva, tomate e manjericão. O camarão na mini-moranga é delicioso e a farofa de lagosta, inigualável. Não visitei os quartos, mas parece que há uma suíte beira-rio muito confortável. É uma alternativa se a Victor Hugo estiver lotada.
A restaurante Gaivota foi um pouco repaginado – não muito – e oferece moquecas corretas e lagostas idem. Abriu também uma lojinha com coisas simples, mas interessantes.
A vida noturna de Santo André continua comandada por Pablo e Amadeo no bar, cinema e restaurante Casa Praia. Tem até pizza e as sessões de cinema das sextas e domingos são bem divertidas. Em vez de trailers, como nos cinemas, há vídeos de shows musicais antes dos filmes. Que são sempre alternativíssimos: de dinossauros franceses dos anos 30 a bizarros filmes canadenses desta década. A moda pegou e o Guia 4 Rodas 2012 menciona com destaque as sessões cinemáticas de Pablo e Amadeo. Os “movers and shakers” de Santo André!
Voltarei na Páscoa 2012 para conferir um ambicioso restaurante francês em Cabrália, o da Vanda transplantado a Porto Seguro e para, acima de tudo, curtir muito a calma e beleza da minha amada Santo André.
São Paulo, 08 de outubro de 2011.

domingo, 14 de agosto de 2011