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sábado, 8 de outubro de 2011

MENDOZA E BUENOS AIRES – 2011

Na primeira vez que estive em Mendoza, janeiro de 2009, detestei o lugar. Só gostei da vinícola Zuccardi e do restaurante Grill. Ponto.
Fazia um calor terrível, achei a cidade suja e tediosa, nossos hotéis péssimos. De bom, só os vinhos mesmo. E olhe lá. Desta vez foi diferente; nosso hotel, o elegante Diplomatic, não decepcionou com suas instalações confortáveis e ótimo custo-benefício. O clima era ameno em setembro passado e até visitei dois museus bem interessantes: o de arte moderna, convenientemente instalado na praça principal da cidade e o da história da região de Cuyo onde localiza-se Mendoza. Claro, não se vai lá por causa da vida cultural e sim pelos vinhos e belezas naturais das proximidades dos Andes e do famoso Aconcágua. E pelos excelentes restaurantes, com preços convidativos em tempos de real valendo o dobro do peso argentino.
O restaurante do Diplomatic, uma filial do La Bourgogne de Buenos Aires, é inigualável. Por 70 reais soboreia-se almoço de três pratos magnificamente bem servidos e deliciosos. Sofisticada quiche com salada, entrecote gigante com purê de batatas e ratatouille de legumes, finalizando com generoso creme brulée de sobremesa. Mais uma garrafa de vinho Lagarde malbec, cortesia do hotel. Imperdível! Como também é o menu-degustação da vinícola Norton: um show de oito pratos e oito vinhos espetaculares. Não a barganha acima citada, mas modestos 200 reais por casal para banquete fabuloso. Com visita guiada à vinícola e degustação de mais vinhos.
O Grill continua sendo a melhor churrascaria argentina, portanto a melhor do mundo. O ojo de bife segue deslumbrante e a entranha (que aprendi a comer em Miami, valha-me Deus!), celestial. O toque fino-descolado foi dado pelo 1884, restaurante de Francis Malmann na cidade. Ambiente chique instalado numa antiga vinícola em bairro semi-residencial da cidade, impressiona pelas empanadas divinas, cordeiros intrigantes e peixes super bem preparados. No entanto, perde em preço e qualidade para os anteriormente mencionados e está longe da cozinha inovadora e do ambiente alegre do central Azafrán.
Até compras fiz desta vez em Mendoza, nas lojas Cardón e Capibara. Bolsas lindas.
E muito exercício para queimar as calorias de tantas comilanças no Parque Ecológico, bonito e bem localizado. E viva Mendoza!
Com Buenos Aires eu não estava “brigada”, mas das últimas vezes na cidade não guardava tão boas recordações. Mendigos, sujeira, calor, gente com caras infelizes. Agora não.
Cidade mais limpa, alegre, friozinho ensolarado, gente simpática. Até os garçons do famoso Café Biela estão mais civilizados. O hotel continua a sendo o Lois Suites, bom e com preço razoável, muito bem localizado na Recoleta, que por enquanto, considero o melhor lugar para se ficar na cidade. Por enquanto, pois no futuro vou tentar Palermo Soho de novo. A primeira hospedagem lá não valeu. Muito curta e confusa.
Fui a cinco museus em menos de 48 horas e adorei. Malba melhor do que nunca, inigualável em sua brasilianidade adorável. Com uma obra colorida de Beatriz Milhazes refletindo a luz perfeita que entra por todo o prédio branco do museu. Seus 10 anos são um triunfo para Buenos Aires em termos culturais e na glória de seus acervo muito correto de obras latino americanas. O de Belas Artes é um MASP muito melhor, só a sala com as obras de Goya vale a visita, sem falar de variados impressionistas franceses, de um Gaugin azul e amarelo espetacular, de outro Van Gogh intrigante e por aí vai. Entrada grátis, o que também se aplica ao Palais de Glace ali perto, um show de arte contemporânea. Entre os dois museus, o Passeio das Esculturas, importantes obras espalhadas por um dos inúmeros parques da cidade. Modernidade e inovação que perdi no PROA, onde não havia exposição alguma naquela data. Aliás, a famosa Boca só vale pelo dito museu. Não pode haver coisa mais turística e menos interessante do que o berço do tango. Pena...
O badaladíssimo Faena Arts Center oferece a oportunidade de se fazer arvorismo chique dentro da obra maravilhosa de nosso artista brasileiro,o carioca Ernesto Neto. Vale a viagem até Buenos Aires só para se divertir dentro de um “bicho” estranhíssimo feito de cordas de náilon, bolinhas de borracha e pedras, sensacional! E também em Puerto Madero que só faz crescer e melhorar, o museu Fortabat, presente à cidade da milionária Amalia, de mesmo sobrenome. Um imponente prédio moderno com um acervo embasbacante.
Fora da maratona cultural, uma passada de 2 horas por um bom cabeleireiro na Recoleta, o Universe Garden Angels, na Avenida Callao. Bom e barato (150 reais por corte, tintura, produtos especiais e mão). Mesmo com o nome pretensioso...
Área gastronômica, ponto forte da cidade, uma decepção: o famoso El Mirasol. Pega trouxa de primeira, carnes de terceira. Fuja! Ou melhor, ande uns poucos quarteirões a mais por Puerto Madero e prestigia as novas e belas instalações do meu amado La Cabaña. Sim, não estão mais nas vizinhanças do hotel Alvear, na Recoleta. Se foram com os ventos da moda a Puerto Madeiro e deu certo. Levaram toda a mobília antiga e confortável, o ambiente de fazenda incomparável, a lareira e até as vacas empalhadas! E o principal, o cardápio fabuloso, os vinhos idem e o serviço impecável. É caro para padrões argentinos, uma boa pedida se comparado aos ridículos preços praticados pelos restaurante paulistanos atualmente. Empanadas, ojo de bife e panquecas recheadas com o melhor doce de leite do universo são a festa da casa.
Na Igreja Nossa Senhora do Pilar na Recoleta, agradeci o privilégio de voltar à capital argentina. Totalmente reconciliada a ela. Não é mais a Paris das Américas, mas continua bonita, vibrante e divertida. Salud!

São Paulo, 08 de outubro de 2011.

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