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sábado, 18 de novembro de 2017
ISRAEL 2017
ISRAEL 2017
Minha primeira vez a um país que amei desde meus primeiros passos ali, no aeroporto de Tel Aviv, onde fui muito bem recebida. E de onde saí triste por deixar um lugar tão rico, intrigante, interessante, misterioso e improvável como este minúsculo país do Oriente Médio. É a Terra Prometida. E muito mais! Berço das religiões mais importantes da terra, lugar disputado, ferido, sofrido e apoteótico. Hoje em dia um mix fantástico de tecnologia digital, agricultura moderníssima no deserto e suas resultantes frutas maravilhosas. A luta de um povo que habita a região há mais de 3000 anos. Um país onde se deve ficar por, no mínimo 15 dias. Jerusalém reza, Haifa trabalha e Tel Aviv se diverte; a essência das principais cidades do país.
Um país onde Deus “se sente em casa”.
Amei Tel Aviv, a luz do deserto mesclada à do Mediterrâneo muito azul e as praias de areia branca. Uma cidade divertida, informal, de arquitetura indefinida e deliciosa para se caminhar. Junto com sua parte antiga, Yafo, é uma cidade praiana das mais agradáveis. O Museu de Arte é maravilhoso, bem como seu restaurante, o Pastel. O bizarro nome esconde sofisticadíssima comida mediterrânea. De Haifa só vi grandiosas vistas dos jardins Bai’Hai e a beleza do pouco que sobrou de Caesarea, a cidade dos Césares romanos a beira mar. Acre, perto dali, dá um show de fortaleza bem preservada e contínuas escavações fabulosas. Cenário do filme clássico de Hollywood, Exodus.
Em Nazaré começou nossa parte cristã escondida em feia vizinhança árabe e pobre, uma bagunça suja e bem diferente dos lugares anteriormente mencionados e de certa maneira uma “preparação” para a feiura e pobreza de Belém, esta última localizada em território legalmente palestino hoje em dia. Não importa, pois estes dois lugares são vitais para a história cristã e suas igrejas são locais sagrados de peregrinação. E filas, longas filas. Que podem ser evitadas pela contratação de guias competentes que sabem os horários e dias de menos movimento. Para quem quer rezar em paz, um recurso dos mais importantes. As duas igrejas foram construídas sobre os lugares sagrados que menciona a Bíblia e servem de monumento às singelas cavernas onde Jesus nasceu e onde o anjo Gabriel falou à Virgem Maria que ela teria Jesus, filho de Deus. Mais importante, impossível. Para os peregrinos dispostos a caminhar a Trilha de Jesus, 65 km de Nazaré a Cafarnaum, a Basílica da Anunciação é o ponto de partida. Assim com é a cidade de Nazaré para os lugares mágicos que margeiam o Mar da Galileia.
Que na Bíblia era mar, mas é de fato um lago belíssimo, de águas azuis e transparentes. Um lugar de paz e contemplação, onde Jesus fez o Sermão da Montanha, multiplicou pães e peixes e a casa de São Pedro está escondida em uma feia igreja moderna, cercada de belas ruínas de uma sinagoga bastante antiga. O Monte Tabor, aquele mesmo da transfiguração de Cristo, domina a região e dá um toque solene á paisagem. As ruinas romanas de Beit She’an valem horas de visita e as possibilidades de trekking e vistas impactantes são imperdíveis. Como Tiberíades tem as melhores opções de hospedagem na área, um pernoite ali é quase obrigatório, mas ignore a cidade que nada de interessante parece oferecer.
Passear de barco por ali é uma delícia e se ganha até certificado cafona de se ter navegado no “barco de Jesus”. Coisas bobas de lugares que atraem turistas, aos milhões, dos quatro cantos do planeta. Para mim, fora o lago lindo e cheio de boas vibrações, os dois lugares onde pude orar cercada de verde, austeridade e paz, foi no mosteiro beneditino em Tabga, lugar que preserva o sagrado da pedra onde Jesus multiplicou comida e o Monte das Beatitudes, onde uma igreja administrada por sérias freiras franciscanas faz toda a diferença com seu jardim, vistas e muito respeito à lugares de oração. De certos pontos do lago, avista-se as colinas de Golã, do lado sírio e libanês. Fronteiras proibidas, guerra por todos os lados. A apenas 100 km da paz do lago, lutam ferozmente os conflitos da Síria e pensar no quão somos abençoados de estarmos do lado “certo” das montanhas, é seguramente um bom ponto de reflexão.
Minha excursão não visitou mesquitas e nem sinagogas, foi um tour mais focado nos lugares cristãos. Há opções para todos os gostos e bolsos e entender Israel, é, antes de tudo, entender este sincretismo religioso e a importância politica do país. A história de Israel está bem representada na noite em que passamos em um kibutz, lugares de fazendas coletivas, onde os fundadores deste jovem país tão antigo inventaram a improbabilidade e sucesso deste pequeno gigante do Oriente Médio.
Contudo, não há nada mais representativo deste país do que a eterna e universal Jerusalém. O Reino dos Céus tem ali seu conturbado quartel-general e uma visita de pelo menos uma semana é apenas um auspicioso começo de uma aventura pela história muito rica dos seres humanos. Um lugar de onde saíram pessoas e histórias que mudaram totalmente o destino da humanidade. Jerusalém foi destruída e reconstruída várias vezes e a Cidade Antiga e seu famoso Monte do Templo são a melhor síntese desta febre de reconstrução e afirmação de poder e crença. Andar por suas vielas e mercados é fascinante, visitar e rezar no Muro das Lamentações e caminhar por seus túneis subterrâneos e milenares são apenas o começo de uma aventura que leva o visitante ás inúmeras colinas sobre as quais a velha-moderna Jerusalém está edificada. Museus incríveis em tamanho, diversidade e qualidade como o Museu de Israel, concorrem com as vistas infinitas da Universidade de Jerusalém, pela pompa de sua sede de governo, o famoso, Knesset e suas ruas parecem, em certos pontos, viagens no tempo, por cidades e guetos do leste da Europa, na seriedade e conservadorismo da vestimenta dos judeus ortodoxos, que hoje já são mais de 400 000 pelo país. Aqueles mesmos dos casacos pretos e quentes, dos chapelões negros, dos chalés de oração, das mulheres de perucas e muito filhos por família.
A tristeza e magnitude do Yad Vashem, memorial do Holocausto consegue ser mais tocante do que uma visita a Auschwitz ou ao Centro de Documentação do Nacional Socialismo na Alemanha. A única vela refletida por inúmeros espelhos no memorial as mais de um milhão e meio de crianças mortas em campos de concentração nazistas, fala mais do que mil palavras.
A Igreja do Santo Sepulcro foi o ponto do circuito cristão que mais me impressionou, pela força de sua história, beleza e sisudez da igreja ortodoxa grega que domina o lugar e riqueza de experiências, como a tumba de Jesus, o lugar onde seu corpo foi lavado, a Pedra do Gólgota, lugar da crucificação e a capela de Santa Helena, onde a cruz ficou guardada por algum tempo. Tudo isso parede a parede com uma mesquita, com uma igreja ortodoxa russa, com o mercado, com o suco de romã fresco preparado na hora, com os mercadores árabes, com os passos da Via Crucis. Não dá para dormir à noite com tanta informação e estímulo e nem parar para pensar no que se está vendo, testemunhando, sentindo, cheirando. A intensidade da experiência é sem paralelo, mesmo para turistas muito experientes como eu.
Volto a Israel um dia, me divertirei com a alegria de Tel Aviv, do Mar Morto, hei de me impressionar com Massada, mas é em Jerusalém que ficarei mais. Para tentar entender o emaranhado fascinante de civilizações e crenças. E por que não, os rumos futuros dos israelenses?
Shalom!
Zurique, 18 de novembro de 2017
JORDANIA E PETRA - 2017
JORDANIA E PETRA – 2017
A Jordânia tem bem mais a oferecer do que Petra, mas é para lá que os turistas se dirigem, atraídos como moscas ao mel por um dos sítios arqueológicos mais fascinantes do planeta. A capital Amã é bem interessante, uma maneira light de conhecer um país árabe que, até agora, tem conseguido conviver mais ou menos pacificamente com seus turbulentos vizinhos no Oriente Médio. Meu conselho seria evitar cruzar as fronteiras entre Israel e Jordânia, como eu fiz há uns dias. É tudo extremamente burocrático, tenso e demorado. E pelo o que a Jordânia tem a oferecer em termos de história e tradição, vale uma visita exclusiva, de no mínimo 10 dias. Das principais capitais europeias é um voo de 3 a 4 horas e também pode ser alcançado dos EUA. Portanto, faça as malas e passe três dias na região de Amã, visitando Madaba e Jaresh, para começar.
A primeira é uma pequena cidade nos subúrbios de Amã e conta com o único mapa da Terra Santa propriamente dita, O resto são relatos bíblicos e os dos Pergaminhos do Mar Morto. Os antigos mosaicos no chão da singela igreja mostram o que foi a região há séculos, com o único mapa pictórico de Jerusalém. Vale a visita ao pequeno museu, bastante claro e didático. Perto dali, a maravilhosa igreja franciscana, moderna e sensacional, plantada em cima do importantíssimo Monte Nebo, encantando pela luz fabulosa do deserto e importância religiosa e histórica. É a Basílica de Moisés, construída em cima de ruínas bizantinas no local em que Moisés viu a Terra Prometida e logo depois morreu. O maravilhoso é que, em pleno século 21 também podemos avistar o que ele viu, em paz e segurança. Dentro da igreja, importantes mosaicos e colunas da construção antiga são parte integral da decoração. Segundo a bíblia católica, é lá que estaria a famosa Arca da Aliança.
No dia seguinte a cidade de Jaresh, um pouco mais longe de Amã, mas passeio bate e volta sensacional por exóticas montanhas cobertas por oliveiras, onde estão as ruinas romanas de Jaresh. Enorme cidade romana que impressiona pelo tamanho e estado de conservação. Anda-se horas e maravilha-se com este sitio arqueológico tão pouco conhecido, comparável aos mais importantes da Itália. Só 30% da cidade está escavada. O resto coberto por areia e terra, coisa que o país não tem dinheiro para empreender.
No sul do país, uma das Sete Maravilhas do Mundo, Petra. Uma cidade gigante que os Nabateus, cerca de 100 anos antes de Cristo construíram no mesmo deserto que o inglês Lawrence da Arábia tornou famoso. As formações rochosas que são a muralha natural da cidade, lembram muito a dos parque do Arizona, nos EUA. As cavernas onde viviam e enterravam seus mortos são versões das que encantam na Capadócia, Turquia, mas em rochas vermelhas e rosadas na Jordânia. Os monumentos são comparáveis aos do Egito, portanto o custo-benefício é imbatível: três países na Jordânia! Formações rochosas do Bryce Canyon e da Capadócia, mescladas a templos do nível Luxor e Abu Sibel no Egito.
É indescritivelmente bonito e foto alguma faz jus à importância e beleza únicas do lugar. Para quem gosta de natureza, trekking e história, é o paraíso! Pode-se passar fácil quatro dias caminhando por tudo e hospedando-se em bons hotéis da cidadezinha que dá suporte ao local. Imperdível o programa turístico Petra by Night, onde se caminha os dois quilômetros à luz de velas, que levam ao Tesouro, monumento-cartão-postal de Petra. Show singelo de som e luz, tudo autentico e simples, uma energia mágica sob as estrelas e o céu abençoado do deserto.
Ver para crer . E voltar sempre. Se não em presença física, eternamente na memória. E no coração...
Zurique, 18 de novembro de 2017
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