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sábado, 6 de janeiro de 2018

ANDALUZÍA 2017/2018 NATAL E REVEILLON ESPANHA DELÍCIA

Réveillon Andaluz 2017/2018 Espanha, sol, touradas, sangría, flamengo, tapas e muita animação é a imagem clássica que temos deste país europeu tão simpático aos brasileiros, tão próximo culturalmente, ainda que tão longínquo no mapa... Como escolha para celebrar o Ano Novo, a opção é mais cultural e de descanso do que propriamente festa. O rigoroso inverno europeu não permite muitas atividades ao ar livre, mesmo na Andaluzia, a região mais ao sul da Espanha e, portanto, mais quente. Começando por Granada, cidade com vida de rua animadíssima e o maravilhoso palácio-fortaleza La Alhambra, imperdível. A cidade não é bonita, mas é muito alegre, comida ótima, boa infra turística e esqui há uma hora dali no inverno. Por ser região montanhosa, o inverno é rigoroso e nem mesmo o sol livra o turista de temperaturas abaixo de zero. Em Málaga, cidade a beira mar onde Picasso e Antônio Banderas nasceram, as temperaturas são mais camaradas, mas o vento e a chuva dão pouco descanso. Córdoba e sua cidade murada são muito interessantes, mas não chega aos pés de Sevilha, não muito longe dali. O trajeto de carro pela Andaluzia é um dos pontos altos, montes cobertos por oliveiras e cidadezinhas brancas e simpáticas, como é o caso de Ronda e sua importante arena de touros. As estradas são excelentes, sinalização perfeita. Os custos estão entre os mais baixos da União Europeia, o que explica o grande numero de turistas brasileiros por toda parte. Sempre reclamando do frio, pois esperam verão ameno mesmo no inverno do hemisfério norte! Para os realistas munidos de boas roupas de lã, as cidades andaluzas são perfeita opção de viagem de fim de ano civilizada, alegre e sem muvuca. A arquitetura é um dos pontos fortes da região, dominada por árabes durante quase 800 anos da história espanhola. Palácios e fortalezas deslumbram na riqueza de detalhes e esculturas de uma leveza em pedra impressionante. A maravilha dos jardins completa o quadra sensacional da arquitetura mudéjar, mescla perfeita de influencias cristãs e muçulmanas. O ápice é o La Alhambra em Granada, seguido de perto pelo Alcázar em Sevilha e a mesquita de Córdoba. Estas três edificações, mais a catedral de Sevilha, valem a viagem. Mesmo para quem não é ligado à história ou arquitetura, é totalmente impossível ficar indiferente às belezas destes lugares. Alguns requerem reservas prévias ou paciência com longas filas, mas tudo compensa. Modernismos arquitetônicos explodem fora de controle no Setas de Sevilla, um imenso conjunto de passarelas e coberturas de madeira que de tão diferentes e inovadores, revitalizaram uma região esquecida do centro. Do mesmo modo que o museu Guggenheim em Bilbao deu vida nova aquela cidade. Museus de tudo, de touradas a todos os tipos de arte e as belíssimas igrejas e praças completam o riquíssimo quadro cultural andaluz. A cozinha espanhola brilha nos presuntos crus, nos vinhos, nos doces de ovos, nas azeitonas, nas frutas, na criatividade que faz de seus chefs os mais estrelados dos últimos 10 anos. Em Málaga nos deliciamos com os modernismos criativos do JCG, com uma estrela do guia Michelin, na certa a caminho de mais. Ambiente moderno em madeira e muito verde, cozinha molecular no mais puro estilo de Ferran Adriá. O steak tartare coberto por farofa de azeite de oliva, ou uma azeitona desconstruída numa gelatina marrom que explode na boca numa profusão de sabores divinos não tem igual. No Alacena de las Monjas, em Granada, ambiente subterrâneo muito romântico, velas e arrozes caramelados com cogumelos da estação numa cave de vinhos adaptada. No bar da entrada, muita animação para quem quer só tapas. Os croquetes de jamón ibérico são do outro mundo! Em Córdoba seguimos as dicas de dois cordobeses amigos e fomos parar no Caballo Rojo e no Bodegas Campos, ambos clássicos da cidade. No primeiro, berinjelas fritas carameladas com mel e no segundo, uma profusão de cozidos fumegantes, típicos da região. Nos dois restaurantes predominam espanhóis, quase nenhum turista por ali. Em Sevilha, o bar do hotel Alfonso XIII não decepciona, o Parador de Carmona ali perto tem um restaurante ótimo e barato além de vistas deslumbrantes em meio a ruínas de outra fortaleza árabe. E para quem sentir falta de junk food americana o Hard Rock Café preenche a lacuna. Todas as quatro cidades principais, mais Ronda e Carmona são muito ricas em vida e cenas de rua, principalmente após as 4 da tarde. Não importa frio, vento ou chuva. Todos festejam tudo o tempo todo e não se importam em comer e beber em pé, apertados em minúsculos bares, ou congelando em mesas nas calçadas. O importante é socializar. Para quem gosta de natureza e caminhadas, a região de Ardales, perto de Málaga, oferece muitas opções ao redor de uma linda repesa de águas muito azuis, ou o desafiador Caminito del Rey, passarelas por barrancos e desfiladeiros sensacionais. Toda esta riqueza de oferta turística aliada à simpatia dos andaluzes, na certa as pessoas mais acolhedoras, amáveis, sorridentes e pacientes da Espanha. Lidam com muita calma com as hordas de turistas asiáticos, alemães e britânicos que invadem tudo em qualquer época do ano. Talvez seja a experiência de toureadores natos; afinal enfrentar touros é ainda mais difícil do que turistas! Zurique, 06 de janeiro de 2018

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