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domingo, 16 de agosto de 2020
VIAJANDO NA PANDEMIA - PARTE 2 - SUÍÇA, FRANÇA E DINAMARCA
VIAJANDO NA PANDEMIA
Parte 2
Se foi difícil viajar pelo Brasil de abril a junho, o que diria de cinco semanas na Europa?
Nada fácil, mas por ser casada com um europeu, pude embarcar com relativa facilidade rumo a Zurich e uma vez lá, passear pela Suíça, França e Dinamarca. O que faço há mais de vinte anos, se tornou uma aventura e deu muito certo.
Num verão ameno, curtindo o relax total dos europeus sem máscara, a moçada aglomerada em praias e piscinas, festa e sol por todo lado. Parecia estar em outro planeta, vinda das Américas tão tristes e contaminadas. Pelos três países acima citados, viajar é quase normal e tudo funciona, menos eventos grandes e teatro. Tive sorte de ter chegado dois dias antes de estabelecerem quarentena para brasileiros, portanto aproveitei cada minuto destas alegres semanas.
Além das adoráveis Zurich e Basel, onde temos nossas bases, fomos a uma estação de esqui linda, Andermatt. O diferencial em relação a lugares de neve é que Andermatt captou investimentos poderosos de milionários egípcios que por lá construíram um dos hotéis mais bonitos e bem decorados do mundo, o Chedi. Ponto de partida para reformarem tudo, das pistas, aos lifts, até a estação de trem entrou no projeto e é uma das mais modernas da Suíça. Outros hotéis e aparts se seguiram e o resultado é uma mistura maravilhosa de antigo e moderno, com bom gosto e respeito a natureza.
Gastronomia de primeira, é claro e caminhadas maravilhosas e suaves – coisa rara nas íngremes montanhas do lugar – ao longo dos rios e do belo campo de golfe. O vale é bem comprido, quase plano e acessível; andamos até o vilarejo de Hospental, parando para almoçar na Hospedaria Sankt Gallen e depois queimando as calorias no trajeto até o torreão antigo, cujas ruínas oferecem vistas maravilhosas. O clube de golfe patrocinava arte a céu aberto e boa parte do trajeto foi feita entre esculturas bizarras e interessantes. Arte com trekking!
Cafés da manhã no Biselli, almoço com tradicionais batatas rosti ao modo montanhês e jantar afrancesado na Vinotek. Melhor impossível. Na volta, paramos em Einsiedeln, importante local de peregrinação católica da Suíça e visitamos a enorme e imponente abadia dedicada à Virgem Maria, que junto a Lourdes e Fátima, é uma das mais importantes do mundo. Vale a parada, pois o lugar é uma espécie de Aparecida do Norte, na Suíça. A igreja é de um luxo excessivo, toda rebuscada em tons de rosa e dourado, um tanto over, mas interessante.
Os doces fabricados na enorme abadia são de enlouquecer de bons, não perca!
No outro fim de semana, retorno a nossa amada Alsácia e seus foie gras, tortas flambadas e vinhos deliciosos. Desta vez nos hospedamos num hotel adorável, no meio das vinícolas, o Clos de Saint Vincent. Quarto excelente e bom café da manhã com vista às parreiras. Visitamos as cidadezinhas de Ribeauvillé, Riquewihr e Kayserberg. Difícil escolher a mais adorável. Todas lindas, bem preservadas, limpas, vazias em tempos pandêmicos, sem turistas em ônibus, repletas de lojinhas estonteantes. Sem as hordas ruidosas, pudemos conhecer direito o castelo Haut Kronenbourg, que é um show e assistir ao espetáculo protagonizado por aves de rapina da Volerie, projeto que acolhe e protege estas espécies de aves.
Os restaurantes da região dispensam apresentação e indicação. Entre, simplesmente, no que achar mais convidativo. Tudo e todos são bons. Afinal de contas, você está na França, no interior, numa região de terroir fabuloso para vinhos e comidinhas celestiais. Aproveite!
Última e sensacional “escala” da viagem pandêmica, parte 2, Copenhagen, capital da Dinamarca.
Nunca havia estado no país e me maravilhei com Copenhagen, uma das cidades mais bonitas, alegres, modernas, históricas, charmosas, divertidas e surpreendentes da Europa. Fui sem esperar muito e voltei encantada, já planejando retorno em futuro próximo. Se possível, no verão, onde a alegria impera e o clima é delicioso. Fora a simpatia e descontração dos dinamarqueses, as bicicletas bem organizadas por toda parte, a arquitetura de vanguarda estonteante na região da nova Opera, do Boxx e do Black Diamond.
O legal da cidade é bem isso, a mistura genial de tradicional e moderno, aproveitando todos os espaços beira-mar, preservando sem destruir.
Visitei 9 museus em 4 dias e só perdi 2 porque estavam fechados, senão teriam sido 11! A riqueza cultural da Dinamarca é impressionante considerando-se o tamanho do país e sua história marcada por várias guerras é super interessante. O museu da Guerra, os palácios estonteantes, o acesso livre que se tem a eles, um dos quais é a sede do parlamento dinamarquês, mas totalmente aberto ao público, bem como jardins e praças. Sem grades e barreiras, policiamento mínimo. Nunca tinha visto espaço de famílias reais, em uso, sem muros ou grades.
Num destes espaços reais estive no museu do teatro, dentro de um teatro de mais de 250 anos, inteiro de madeira, original, o Court Theater; perfeitamente preservado, onde na mesma noite assisti a um belo concerto de guitarra. Por ali perto, o museu Nacional, o museu de Copenhagen e a Glyptotehk são fascinantes, viagens pelo tempo e história, arte e revoluções. Em cidades europeias as igrejas são muitas vezes as estrelas dos lugares, mas não em Copenhagen. Há várias, claro, mas o protagonismo é cultural e urbano. Além da natureza ali muito bem representada pelo mar.
Não fiz passeios de barco, mas há muitos disponíveis e nem visitei o parque de diversão que serviu de inspiração à amada Disney dos brasileiros. O Tivoli é bem central e além de montanhas russas e rodas gigantes, oferece espetáculos de dança, concertos e atrações infantis variadas. Fica para a próxima visita.
A Dinamarca, é hoje, um centro de gastronomia ultra moderna, dos mais importantes, só rivalizando com a Espanha em termos de inovação. É o berço do restaurante Noma, por muitos anos considerado o melhor do mundo. Não enfrentei os 400 euros ali cobrados por refeição, mas comi muitíssimo bem e pude ter ideia do porquê a Dinamarca dá as cartas atualmente no quesito alimentar. Em quatro magníficos restaurantes em Copenhagen (Naervaer, restaurantes dos museus Louisiana e Museu Nacional e o Zum Fishoek, pequeno e aconchegante em casa antiga e barco num canal perto do Parlamento) e na cidade a 30 minutos de trem dali Humlebek, provei a comida tradicional do país e a mais moderna. A primeira, peixes, a segunda vegetais. As duas preparadas de forma completamente diferente de pescados tradicionais ou vegetais comuns. Só indo à Dinamarca para saber como são. Difíceis de copiar...
Um dos pontos altos desta primeira visita ao país menos nórdico da Escandinávia, foi o museu Louisiana. Arte contemporânea, uma espécie de Inhotim dinamarquês, beira lago e beira mar. Tudo vale a pena, do trajeto de trem da estação central ao desembarque na pequena cidade, a caminhada até o museu, os gramados, as flores, o restaurante e o acervo. Fora as exposições temporárias. É considerado um dos mais importantes do mundo e é um programão, mesmo para quem não é tão fanático por arte modernosa. Não desanime com o site que diz que não há mais ingressos. Não me dei por vencida, fui assim mesmo, na altíssima estação. Fiz modesta fila de meia hora e passei umas cinco horas divinas por ali.
Compras seguem o modelo maravilhoso e caro de outras importantes cidades da Europa. Lojas poderosas, grandes marcas. Mas o design dinamarquês faz a diferença em tudo o que for relativo à casa. Móveis, decoração, objetos. De alucinar de bonitos e diferentes. As lojas dos museus são viciantes e mesmo sem comprar nada, regalam os olhos. Brinquedos além dos famosos LEGO do país e moda arrojada, além de itens comestíveis dos melhores, completam a lista de compras.
Fácil de viajar por lá? Muito. Todos falam inglês perfeito e o transporte público é acessível, bem sinalizado e excelente. Bikes alugáveis por toda parte. Dica de cabeleireiro, o Beauty Center do shopping Fisketorvet. Profissionais vietnamitas perfeitas. Aproveite também as lojas do elegante e bem iluminado shopping, além de cinema Imax e restaurantes bem legais. Se o seu forte são chocolates e marzipans, o Michelsen num quiosque pequeno, piso térreo, é inacreditável...
Custo? Alto, mas mais barato que minha amada Suíça e minha querida Noruega. Não é consolo, mas para nós que vivemos em sofridos Reais, tudo é caro, certo?
Relax and enjoy it!
São Paulo, 16 de maio de 2020.
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