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sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

REVEILLON NA ISLANDIA - 2023

ANO NOVO GELADO 2022/2023 NA ISLANDIA Destino pouco comum para uma festa “quente” para nós brasileiros, muita praia, sol e mar. Em Reykjavík, capital da linda Islândia, tem mar também, mas sem praia, sem roupa branca e com temperaturas entre -12 e -20 graus centígrados. O branco mesmo fica por conta da neve que cobre absolutamente tudo, um manto invernal espetacular. Em 2021, há pouco mais de um ano, eu e minha irmã estivemos na Islândia pela primeira vez e adoramos. Temperaturas mais amenas, pouca neve. No entanto, estava devendo ao meu marido uma volta ao país no inverno, para vermos cachoeiras congeladas e tudo petrificado. Foi o que encontramos, superando em muito nossas expectativas, pois viajar a esta ilha perto da remota Groenlândia, em qualquer época do ano, é maravilhoso. E já começa no avião, que se aproxima da ilha toda branca, parecendo um enorme navio gigante a deriva, tudo de um branco espectral, fantasmagórico, bem “ice wall” da série Game of Thrones. Saindo do aeroporto quentinho, o primeiro embate com a realidade, as temperaturas baixas e o vento incansável. Sim, é duro. Mas vale o desconforto pela beleza única do lugar, que muito me lembrou a Antártica, onde estive em 1994. Na Islândia, o silencio absoluto e a magnitude branca das paisagens remete ao remoto Polo Sul, sensação que nunca tive de novo, em quase 30 anos de estrada pós cruzeiro ao continente mais frio e desolado do planeta. E olha que eu tenho muita experiencia em lugares frios pois moro parte do ano na Suíça e já acampei perto do Polo Norte (no fim da primavera). Boas roupas são essenciais, é claro, informação e cuidado idem. Neste país, neve e gelo são normais e quase não limpam as ruas e calçadas, o que significa que dirigir e caminhar requer bom preparo físico, sapatos adequados, muita atenção e carros especiais. Se pode visitar quase tudo no inverno, mas dirigir é coisa para iniciados, pois a neblina branca junto com o gelo da mesma cor torna os trajetos longos pelas estradas geladas algo assustador, bastante desafiador. Uma aventura única, sem preço, especialíssima! Nossa base, por uma semana foi Reykjavík, cidade que adoro. Restaurantes ótimos, música e teatro vibrantes, bom comércio, bela e sóbria decoração nórdica de Natal e os fogos de artifício mais espetaculares que já vi. Horas deles, começam as 9 horas da noite do dia 31 de dezembro e vão até umas duas da manhã do dia 1 de janeiro, sem parar. Por todos os pontos da cidade, uma festa incrível “aquecendo” o entorno glacial e fazendo a neve brilhar mais ainda, um show exclusivo e inesperado, muita gente nas ruas, animadíssimo. Uma surpresa, pois réveillon fora do Brasil é, em geral, desanimado. Não na capital islandesa, que leva a virada do ano muito a sério. Talvez pela enorme quantidade de jovens e crianças por toda parte, além de um turismo vibrante focado na aventura, a imagem do país como centro inovador, tecnológico, fora das garras do ditador russo, Putin, nos dias que correm. A Islândia é totalmente auto suficiente em matriz energética, pois seus vulcões garantem tal independência. Nos últimos anos o país se tornou referência em tecnologia geotérmica e várias multinacionais possuem lá filiais de negócios que requerem consumo alto de energia. Em nossas aventuras dirigindo pelo país, vimos várias cachoeiras congeladas, um show de azul, branco e amarelo, os gêiseres fumegantes cercados por gelo, o contraste da água fervente e o oposto, a água congelada. Os peludos cavalos nativos da ilha, contrastando com a neve, impassíveis no frio e vento, turistas cavalgando alguns, tais resistentes animais não parecem ter abrigo das intempéries meteorológicas. Ficamos com pena deles, mas cada país tem seus costumes e quem somos nós para julgar? Os carneiros que fornecem ótima lã e carne fantástica recebem tratamento VIP e quase não se vê os ditos cujos; coisa que vimos muito no meio do outono. Há pássaros, gansos, patos e cisnes resistentes as temperaturas, que no lago congelado da cidade, se juntam perto de uma fonte de água termal e aproveitam o calor dela para sobreviver. Só na Islândia mesmo... No lado pratico da viagem, há que se avisar que se trata de roteiro bem caro e acredite se quiser, a semana entre o Natal e o Ano Novo é uma das mais “salgadas” do ano, apesar do frio intenso e os dias curtos. O sol, quando aparece, é lá por 11 da manhã e as 4 da tarde vai embora. Mesmo assim, o lugar é concorrido, hospedagem razoável não sai por menos de 350 dólares ao dia, refeições decentes nunca menos de 100 por cabeça, aluguel de carro ou contratação de excursões são “facadas” inevitáveis. Bebidas alcoólicas, deliciosas e necessárias em tais temperaturas, estão lá por 20 dólares uma taça de vinho vagabundo e por aí vai. O artesanato criativo e muito especial da Islândia, quase todo ele em espetaculares peças de lã, não oferece preços convidativos e as lojas tentadoras, e há toneladas delas, tornam tudo mais caro ainda. Existe o esquema, comum em alguns países europeus, de reembolso do imposto sobre vendas. Funciona, mas dá um certo trabalho na saída do país, no aeroporto. Que, por sinal, tem lojas ainda mais sedutoras. Resumindo: réveillon em Reykjavík não é para amadores, pão duros ou mariquinhas. Como o título do filme excelente que deu um Oscar a Javier Bardem, it is “No Country for Old Men”. Voltaremos a Islândia algum dia desses, pela terceira vez, país que adoramos e admiramos. No verão! ZURICH, 06 DE JANEIRO DE 2023.

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