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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
VIAGEM DE TREM NAPOLI A ZURICH - FEVEREIRO 20215
Viagem de trem pela Itália – Fevereiro 2025
Napoli, Roma, Bolonha e Milão. Parada final: Zurich
Há um ano me encantei com a beleza natural e loucura histórico-social de Napoli e sempre quis voltar. Voltei, desta vez com meu marido e fiz as mesmas coisas do ano passado, com execução do museu MADRE. Creio que quando se gosta muito de um lugar, o que se quer mesmo é revisitá-lo, antes de tudo. Mesmas caminhadas, teatro, tours de ônibus panorâmico, mesma pizzaria maravilhosa (fomos a uma modernosa também, mas não tão boa quanto a clássica). Mesmo sol ameno de inverno e mesmo passeio atordoante pelas ruínas de Pompéia. Desta vez de trem, sem pressa, conhecendo outro lado da antiga cidade, experiencia que completou minha primeira visita. Na certa voltaria uma terceira vez, pois Pompéia guarda tesouros e mistérios que valem muitas visitas. Consegui finalmente, apreciar de bem perto a delicadeza em mármore que mais parece tule, do Cristo Velado na Capela Sansevero. Sem multidões, em paz e calma.
Depois, trem rápido a Roma, onde também alcancei outro feito histórico-turista, que é visitar a Galleria Borghese, que valeu a espera. Também logrei provar o melhor sorvete de Roma, numa gelateria mal localizada e feiosa, cujos produtos são mesmo divinos. Fassi, não se esqueçam. Perto da estação Termini em Roma. Fui também ao restaurante Alfredo Alla Scrofa, que é o outro Alfredo que se diz o genuíno, do prato de mesmo nome. Tanto este último como o Il Vero Alfredo, são ótimos, caros e lotados. Vale muito, pois o fettuccine que só leva manteiga e um caminhão de parmesão ralado, é uma iguaria dos deuses. Infelizmente, meu tempo em Roma foi prejudicado pelo único dia completo ser uma segunda feira, quando a maior parte das atrações esta fechada. Sem problemas: Roma é eterna. Eu não sou, mas espero ardentemente que possa voltar.
Depois Bolonha, que eu não conhecia. Amei o centro histórico repleto de arcos e galerias, a catedral, as lojas de comida, os restaurantes lindinhos tipo a Osteria Del’ Vicolo, o museu que exibia uma mostra do louco e genial Ai Wei Wei, as vibrações jovens de tão antigo lugar, suas importantes universidades e já uma pegada de Itália mais séria, mais fria, mais ao Norte. Também fiquei muito pouco, uma noite não dá para nada...
Parada semi -final, Milão. Cidade que é a minha menos querida da Itália, entre as principais. Sóbria e elegante, falta o tempero italiano, falta sal e molho de tomate. Logico que abriga o Teatro Alla Scalla que é divino e onde assisti uma ópera com duração de 5 horas que passaram como se fosse apenas 1. A comida é soberba em seus risotos, costeletas e panetones. A Pinacoteca Brera é majestosa e vale muito ser visitada. Já a recém inaugurada “parte moderna” em outro Palazzo ali pertinho, por enquanto não exibe acervo ou mostras temporárias dignas do nome. Só hype mesmo...
A estação de trem de Milão é imponente e de lá parti a Suíça em lindo trajeto beira-lagos e grande silencio. Afinal, já era Suíça e nada da muvuca italiana típica.
Viagens de trem são uma benção de paz e conforto, só são problemáticas para quem quer fazer compras e tem malas enormes e/ou múltiplas. Se o objetivo é curtir o lugar e levar só as lembranças de sua memória e principalmente de seu coração, nada bate o trem. Talvez navios...
São Paulo 17 de fevereiro de 2025.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
SICÍLIA DE CARRO - JANEIRO E FEVEREIRO 2025
SICÍLIA DE CARRO – JANEIRO E FEVEREIRO 2025
Começando por Palermo, a capital da bela ilha italiana. Quatro noites perfeitas nesta cidade bonita, alegre, vibrante e super interessante. Hospedagem no Mercure Centro foi uma feliz escolha por ser excelente custo-benefício, localização, quartos grandes e ensolarados. A três quadras da praça do monumental Teatro Massimo, o lugar é uma festa, sem ser barulhento; milagre em qualquer grande cidade italiana.
A praça Giuseppe Verdi é o coração de Palermo, pois o grande teatro, além de produções contínuas de alta qualidade, é icônico por ter sido cenário de um assassinato espetaculoso em suas escadarias centrais, na trilogia O Poderoso Chefão. Músicos de rua tocam o tema principal da linda trilha sonora de Nino Rota periodicamente e a experiencia é emocionante, inesquecível. Pertinho dali, também na praça, existe outro teatro, o Al Massimo, com produções de primeira linha. Assisti Oliva Denaro, um monólogo clássico da literatura feminista italiana do século vinte. Isso, claro, sem falar do cinema com bar ali mesmo, onde assisti ao louquíssimo Emília Perez, sorvendo um Aperol Spritz durante a projeção. Só na Itália mesmo...
Numa das várias ruas que começam ou terminam na praça Verdi, uma infinidade de restaurantes, lojas, igrejas, bares, confeitarias, monumentos, museus; aquela salada italiana deliciosa de comércio, gastronomia e história que faz do país sempre uma viagem divertidíssima e fácil. Para mim, tudo é fácil na Itália: o idioma, a comida, a simpatia das pessoas, bons acessos entre outros fatores. Claro que dirigir nestas cidades não é para os fracos de espírito. Voamos de Zurich a Palermo, aproveitamos a cidade a pé e de Uber e no último dia alugamos um carro para conhecer outros lugares. Sair de Palermo para estradas é relativamente fácil.
Em Palermo, o grande atrativo histórico está na área da Catedral e do Palácio Real, ambas magníficas construções dos idos de 1100, no inusitado estilo árabe-normando, marca registrada da Sicília. Para uma experiencia arquitetônica ainda mais rica, um Uber a Monreale, bairro mais afastado de Palermo, oferece vistas esplendorosas da cidade e do mar, com direito a outra igreja no dito estilo. Uma curta e agradável viagem de trem, bate e volta de Palermo, é à cidadezinha 70km dali Cefálio. O lugar é um encanto de história e natureza, do Duomo vale o trajeto, os frutos do mar com vista idem e uma caminhada energizante de três ou quatro horas ao topo da Rocca de Cefalú, maravilhosa. Exercício, vistas, ruínas, vulcões. Tem de tudo de maneira fácil e prazerosa. No inverno, sol e poucos turistas, temperaturas amenas.
Próxima etapa, O Vale dos Templos em Agrigento e antes uma parada na misteriosa Erice, cujo mistério reside em construções de pedra sombrias e vazias, um aspecto de vilarejo fantasma com uma igreja pequena e simples no tal estilo árabe-normando, uma das mais bonitas da Itália. Com direito a castelo, fortaleza, ruas calçadas com pedras originais, desafiando qualquer sapato, à la Paraty. O frio, o vento, o inverno contribuem para a experiencia-Erice ser coisa de filme de terror. Janelas sempre fechadas, tudo muito limpo e bem cuidado. Mas não se vê vivalma... Onde estarão os moradores? De quem são aqueles lares impecáveis e sem vida? Sensacional!
Já no Vale dos Templos, instalados na Casa di Mammi, guesthouse chique e bem decorada, nos deslumbramos com os enormes templos greco romanos, bastante bem preservados em meio a um parque verde e bem organizado. Horas de caminhada por ruinas amarelas do que era uma cidade próspera e interessante. Lista UNESCO de patrimônio da Humanidade.
Na sequência, Ragusa, Noto e Siracusa, que já conhecíamos. Valeu voltar e aproveitar melhor estes lugares tão especiais, de importância histórica inigualável e geografia desafiadora, principalmente em Ragusa, um labirinto extremamente íngreme de construções acinzentadas. Noto vale um dia, sem hospedagem lá, só visita mesmo e em Siracusa e Ragusa a dica é hospedagem fora dos centros históricos, para espaços mais generosos e estacionamento para os que tem veículos. E o imperdibilíssimo de Siracusa é o Parque Arqueológico Neapolis, lugar de extraordinário interesse. Grande, bem cuidado e estruturado, uma espécie de Inhotim, Hakone e Pompéia embalados para viagem, uma maravilha de história, arte e preservação. Até outubro de 2025 exibindo as magistrais esculturas de Mitoraj, artista que tem obras espalhadas por uma gigante mostra temporária em sítios arqueológicos pela Sicília.
O Gran Finale foi em Catania, a segunda maior cidade da ilha. Só valeu pelas vistas do Etna nevado, embasbacantes. O bar- restaurante do rooftop do hotel Palace UNA, excelente, por sinal, oferece este panorama dos deuses pareado a ótimos quartos e comida. O resto não compensa, pois Catania é feia, suja, perigosa e quebra o clima de paz e encantamento das paradas anteriores. Fuja!
Comer na Sicília, claro é um dos chamativos principais a qualquer turista e a situação “não comer bem” é inexistente. Tudo é bom, farto, suculento, bonito. Em Palermo, fomos duas vezes a um restaurante pequeno, administrado por uma família, a Osteria Al Cancelletto. Típico, simples, delicioso e não turístico. A confeitaria dentro do Convento de Santa Catarina (Chiesa di Santa Caterina d’Alessandria) é uma perdição, particularmente os pralines, tipo “docinho de festa de casamento” brasileiros. Meu Deus, só orando...
Por sinal e adicionalmente, a praça dos acepipes acima citados inclui o Teatro Bellini e outras duas igrejas encantadoras. Por isso amo Palermo.
O Liska em Cefalú tem vista mar, tartare de camarão e um carbonara com guanciale de comer de joelhos. Além do tiramissu num copo gelado. Noto segue forte nos sorvetes da Pasticceria Candiano – destaque para o de avelãs carameladas -e em Siracusa comemos muito bem no pequeno e despretensioso La Putia delle Cose Buone. Almoço de raviólis ao pesto de pistache, lulas gigantes e mais tiramissu, um vício recente e incurável...
E o que dizer dos vinhos, que tornam o passeio ainda mais inebriante? Literalmente! Nero d’Avola e Etna Rosso são carros-chefe nos tintos e Grillo nos brancos. Uvas sicilianas desta parte da Itália tão perto da costa africana, dos mafiosos, da história grega, de Malta. Pobre se comparada ao resto do país, mas encantadora em sua singularidade.
São Paulo, 12 de fevereiro de 2025
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