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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
SICÍLIA DE CARRO - JANEIRO E FEVEREIRO 2025
SICÍLIA DE CARRO – JANEIRO E FEVEREIRO 2025
Começando por Palermo, a capital da bela ilha italiana. Quatro noites perfeitas nesta cidade bonita, alegre, vibrante e super interessante. Hospedagem no Mercure Centro foi uma feliz escolha por ser excelente custo-benefício, localização, quartos grandes e ensolarados. A três quadras da praça do monumental Teatro Massimo, o lugar é uma festa, sem ser barulhento; milagre em qualquer grande cidade italiana.
A praça Giuseppe Verdi é o coração de Palermo, pois o grande teatro, além de produções contínuas de alta qualidade, é icônico por ter sido cenário de um assassinato espetaculoso em suas escadarias centrais, na trilogia O Poderoso Chefão. Músicos de rua tocam o tema principal da linda trilha sonora de Nino Rota periodicamente e a experiencia é emocionante, inesquecível. Pertinho dali, também na praça, existe outro teatro, o Al Massimo, com produções de primeira linha. Assisti Oliva Denaro, um monólogo clássico da literatura feminista italiana do século vinte. Isso, claro, sem falar do cinema com bar ali mesmo, onde assisti ao louquíssimo Emília Perez, sorvendo um Aperol Spritz durante a projeção. Só na Itália mesmo...
Numa das várias ruas que começam ou terminam na praça Verdi, uma infinidade de restaurantes, lojas, igrejas, bares, confeitarias, monumentos, museus; aquela salada italiana deliciosa de comércio, gastronomia e história que faz do país sempre uma viagem divertidíssima e fácil. Para mim, tudo é fácil na Itália: o idioma, a comida, a simpatia das pessoas, bons acessos entre outros fatores. Claro que dirigir nestas cidades não é para os fracos de espírito. Voamos de Zurich a Palermo, aproveitamos a cidade a pé e de Uber e no último dia alugamos um carro para conhecer outros lugares. Sair de Palermo para estradas é relativamente fácil.
Em Palermo, o grande atrativo histórico está na área da Catedral e do Palácio Real, ambas magníficas construções dos idos de 1100, no inusitado estilo árabe-normando, marca registrada da Sicília. Para uma experiencia arquitetônica ainda mais rica, um Uber a Monreale, bairro mais afastado de Palermo, oferece vistas esplendorosas da cidade e do mar, com direito a outra igreja no dito estilo. Uma curta e agradável viagem de trem, bate e volta de Palermo, é à cidadezinha 70km dali Cefálio. O lugar é um encanto de história e natureza, do Duomo vale o trajeto, os frutos do mar com vista idem e uma caminhada energizante de três ou quatro horas ao topo da Rocca de Cefalú, maravilhosa. Exercício, vistas, ruínas, vulcões. Tem de tudo de maneira fácil e prazerosa. No inverno, sol e poucos turistas, temperaturas amenas.
Próxima etapa, O Vale dos Templos em Agrigento e antes uma parada na misteriosa Erice, cujo mistério reside em construções de pedra sombrias e vazias, um aspecto de vilarejo fantasma com uma igreja pequena e simples no tal estilo árabe-normando, uma das mais bonitas da Itália. Com direito a castelo, fortaleza, ruas calçadas com pedras originais, desafiando qualquer sapato, à la Paraty. O frio, o vento, o inverno contribuem para a experiencia-Erice ser coisa de filme de terror. Janelas sempre fechadas, tudo muito limpo e bem cuidado. Mas não se vê vivalma... Onde estarão os moradores? De quem são aqueles lares impecáveis e sem vida? Sensacional!
Já no Vale dos Templos, instalados na Casa di Mammi, guesthouse chique e bem decorada, nos deslumbramos com os enormes templos greco romanos, bastante bem preservados em meio a um parque verde e bem organizado. Horas de caminhada por ruinas amarelas do que era uma cidade próspera e interessante. Lista UNESCO de patrimônio da Humanidade.
Na sequência, Ragusa, Noto e Siracusa, que já conhecíamos. Valeu voltar e aproveitar melhor estes lugares tão especiais, de importância histórica inigualável e geografia desafiadora, principalmente em Ragusa, um labirinto extremamente íngreme de construções acinzentadas. Noto vale um dia, sem hospedagem lá, só visita mesmo e em Siracusa e Ragusa a dica é hospedagem fora dos centros históricos, para espaços mais generosos e estacionamento para os que tem veículos. E o imperdibilíssimo de Siracusa é o Parque Arqueológico Neapolis, lugar de extraordinário interesse. Grande, bem cuidado e estruturado, uma espécie de Inhotim, Hakone e Pompéia embalados para viagem, uma maravilha de história, arte e preservação. Até outubro de 2025 exibindo as magistrais esculturas de Mitoraj, artista que tem obras espalhadas por uma gigante mostra temporária em sítios arqueológicos pela Sicília.
O Gran Finale foi em Catania, a segunda maior cidade da ilha. Só valeu pelas vistas do Etna nevado, embasbacantes. O bar- restaurante do rooftop do hotel Palace UNA, excelente, por sinal, oferece este panorama dos deuses pareado a ótimos quartos e comida. O resto não compensa, pois Catania é feia, suja, perigosa e quebra o clima de paz e encantamento das paradas anteriores. Fuja!
Comer na Sicília, claro é um dos chamativos principais a qualquer turista e a situação “não comer bem” é inexistente. Tudo é bom, farto, suculento, bonito. Em Palermo, fomos duas vezes a um restaurante pequeno, administrado por uma família, a Osteria Al Cancelletto. Típico, simples, delicioso e não turístico. A confeitaria dentro do Convento de Santa Catarina (Chiesa di Santa Caterina d’Alessandria) é uma perdição, particularmente os pralines, tipo “docinho de festa de casamento” brasileiros. Meu Deus, só orando...
Por sinal e adicionalmente, a praça dos acepipes acima citados inclui o Teatro Bellini e outras duas igrejas encantadoras. Por isso amo Palermo.
O Liska em Cefalú tem vista mar, tartare de camarão e um carbonara com guanciale de comer de joelhos. Além do tiramissu num copo gelado. Noto segue forte nos sorvetes da Pasticceria Candiano – destaque para o de avelãs carameladas -e em Siracusa comemos muito bem no pequeno e despretensioso La Putia delle Cose Buone. Almoço de raviólis ao pesto de pistache, lulas gigantes e mais tiramissu, um vício recente e incurável...
E o que dizer dos vinhos, que tornam o passeio ainda mais inebriante? Literalmente! Nero d’Avola e Etna Rosso são carros-chefe nos tintos e Grillo nos brancos. Uvas sicilianas desta parte da Itália tão perto da costa africana, dos mafiosos, da história grega, de Malta. Pobre se comparada ao resto do país, mas encantadora em sua singularidade.
São Paulo, 12 de fevereiro de 2025
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