LUGARES
DO CORACAO
GRAMADO,
SANTO ANDRE E ARRAIAL DA AJUDA
No
primeiro semestre de 2013 estive nos 3.
Gramado
inevitavelmente linda, limpa e civilizada; querida em seu frio cortante,
chuvas, ventos e neblina. O hotel Ritta Hoppner sempre aconchegante e com
serviço impecável. O Território do Sapato com seus preços camaradas de costume
e os chocolates da Prawer (destaque para bolinhas de choco-caramelo recheadas
com damasco) engordando cada vez mais. Novos restaurantes visitados incluem o
Malbec, o Bistrô da Lu e o Marco’s. Os três já conferidos anteriormente, mas
agora revisitados sob nova administração. Não é o caso do Malbec que segue com
os mesmos donos e no mesmo lugar. Em dezembro lá estivemos, mas só para
aperitivos e saladinhas. Gostamos, principalmente do serviço e ambiente. Em
junho de 2013 a casa não passou no teste e a carne parecia pedra e os preços
igualmente rochosos. Reprovado.
O Bistrô
da Lu já é outra historia e compete firme com o restaurante do hotel La
Hacienda na posição de melhor restaurante da Serra Gaúcha. A tal Lu foi aluna
do chef Floriano Spiess, dono do finado Volta ao Mundo. Com o sucesso desta
casa canelense, ele arrumou as malas e se mudou para Porto Alegre onde ganha
mais dinheiro, faz mais sucesso, é mais reconhecido por sua cozinha moderna e
deliciosa. Deixou Canela órfã e, consequentemente, Gramado. Não por muito
tempo, pois a pupila Lu esta lá agora, no mesmo lugar e cozinhando tão bem
quanto. O melhor custo-benefício da região, a melhor carne, melhor
apresentação; aliados a interessante e barateira carta de vinhos. Marco’s,
filial de montanha da casa praiana de Rio Grande e Porto Alegre, tinha já
tentado negócio em Gramado, instalada em bonita “vitrine” no condomínio O
Bosque. Não deu certo pelos preços e localização. Anos depois tomaram coragem e
abriram belo local moderno e envidraçado em área central da cidade. Bom
ceviche, risoto de camarão divino e petit gateau deliciosamente fumegante. Caro
para padrões gramadenses, mas boa pedida para paulistanos como eu, acostumados
e sofredores de preços escorchantes.
Na área semi-cultural,
o colorido espetáculo Korvantunturi faz as honras, agora apresentado o ano todo
e não só na época do famoso Natal Luz. Coisa para crianças, mas o cuidado da produção
e o esforço da equipe alegra adultos também. Se um dia mudar-se para espaço adequado,
será um tipo de show a la Cirque du Soleil tupiniquim.
Se por
um lado Gramado brilha, o mesmo não se pode dizer da minha amada e baiana Santo
André. A praia mais bonita do mundo continua lá, mas o entorno está passando
por fase deprimente. Devido a expectativas de que o lugar se tornaria a próxima
Trancoso, bons restaurantes, hotéis, lojas e pousadas lá investiram e deram com
os “burros n’água”. Infelizmente caso da pousada Vitor Hugo, do hotel Costa
Brasilis, Casa Praia e restaurante La Floridita. Alguns, como Vitor Hugo, La
Floridita e Costa Brasilis operam parcialmente. Casa Praia fechou e em abril de
2013 só havia 2 lugares decentes para comer: Jacumã e Sant’Annas. De dois
italianos que cozinham muito bem e estão sobrevivendo. Até quando? Jacumã
pertence a um chef digno do nome, merecendo estar no Rio, São Paulo ou Nova
Iorque. Ficará em lugar sem clientes? Só o tempo dirá.
Em
outubro do ano passado já sentimos os problemas e em abril deste ano a coisa só
piorou. Alugamos uma linda casa ao lado da minha querida pousada Vitor Hugo
(que não tem mais seu outrora ótimo restaurante) e foi um custo comer: fora e
dentro. Dois restaurantes, NADA na horrenda Cabrália, cidade vizinha, e uma
decepcionante refeição cara e gordurosa no também outrora bom restaurante da
Maria Nilza, no Guaiú. O restaurante Gaivota, beira rio em Santo André só vale
para emergências extremas; sujo, fedorento e lento. Fazer compras no ridículo
mercadinho de Santo André é um parto e nem sequer mamão digno do nome se
encontra por lá. Existe fina peixaria em Cabrália , mas outras coisas só mesmo
na distante Porto Seguro. Opções de lazer se foram com todo o resto, o cinema
para o brejo e a noite só resta dormir...
Pena,
pois amo Santo André e sempre torci pelo sucesso do lugar. Um dia, quem sabe...
Já
Arraial, só melhora. Demorou mas aconteceu! Pela primeira vez vejo a cidade e
arredores cheia. Mais bares, lojas e restaurantes, até os taxis andam ajeitados
e regulamentados em suas cores branca e azul. Vale o mesmo para os divertidos
moto-taxi trafegam no verde limão. Praça da igreja ainda precisa de reforma e a
feiura das barracas de praia na área bem em frente à rua principal desanimam.
Contudo, belos condomínios e casas de bom gosto vão aos poucos desalojando a
maloca e a cidade e praias andam mais limpas.
Minha
pousada preferida, local onde me hospedo há 11 anos, também só faz melhorar. A
Pousada Beijo do Vento continua linda, com aparelhos de TV modernosos e bom
wifi e agora oferece almoço. As caipirinhas da Ligia, beira-piscina, são
viciantes. O mesmo não vale para o café da manhã, que alimenta mas não encanta.
O serviço também só melhora e vai aqui a dica: economize 150,00 na diária (não é
no total, e sim por dia) e ignore os aptos 1 e 4 com hidromassagem. São banheironas
redondas gostosas e românticas, mas com o novo sistema de aquecimento demoram
quase uma hora na função encher/aquecer. Tira a espontaneidade da coisa e
irrita. Prefira o apto 5 que tem vista para o mar e a cama está posicionada
estrategicamente para aproveitamento total de uma dos cenários mais belos da
Bahia. Economize, aproveite a piscina e se quiser banheira, pague a parte pela
utilização do simpático ofuro do charmoso mini-spa.
Na área
gastronômica o Don Fabrizio domina a cidade e o Cauim ainda reina na praia, mas
sob ameaça do super descolado Flor do Sal, desconfortavelmente perto do Cauim.
Este último, mais civilizado e confortável, o outro em área verde e sombreada pé
na areia. O Flor é bar de praia mas a comida é levada a sério, comandada por
argentinos, nacionalidade que reina absoluta em Arraial. O Flor do Sal/Mar (não
se sabe bem) tem preços bastante mais camaradas do que o concorrente, mas
lugares para sentar conforto-zero. O serviço é baiano-ruinzinho. A pizza do
Rapha continua boa e os brigadeiros da Piazza del Caffe são os melhores do
Brasil. Dão de mil em qualquer destas caras “brigaderias” de São Paulo. Outra
novidade no ramo se encontra no Café da Santa, também com mão argentina no negócio.
Casa antiga reformada, perto da igreja, um lugar bonito e sofisticado, onde
além de óbvias empanadas e alfajores, oferece chás importados, quindins
amarelinhos e puxa-puxa e a melhor torta vienense, Sacher, fora da Áustria.
Parece piada, mas não é. Esta lá para qualquer um conferir.
E para
não ficar atrás da Praia do Forte, Arraial conta com o importante projeto
ecológico Coral Vivo, igualmente financiado pela poluidora Petrobras. Com
direito a laboratório dentro do Eco Parque e loja charmosa no centro.
Como
veem, os lugares do meu coração continuam lá, firmes, em seus vários estágios
civilizatórios e sempre no esplendor da natureza que nos faz sempre suspeitar,
nem que seja lá bem no fundo, no fundo de nossas mentes e corações, de que Deus
é mesmo brasileiro!
Arraial da Ajuda, 9 de julho de 2013