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segunda-feira, 4 de julho de 2022

CROÁCIA - VERÃO 2022

CROÁCIA – VERÃO 2022 Eis aqui um país que encanta os brasileiros pelas praias (bonitas, mas nada de areia, só pedras ferventes), mar muito azul, cruzeiros luxuosos, barcos espetaculares. Na verdade, a Croácia é uma Grécia mais em conta e bem mais interessante. Sacrilégio? Não. Os tesouros históricos da Croácia são infinitamente melhor preservados do que os gregos e há muito mais que ver. Começando por Zagreb, a capital, que nem no mar é e sim localizada no centro do país. Cidade linda, barata, muito que fazer numa infinidade de museus, teatros, espetáculos grátis no verão, muitos shows de música por toda parte, comércio atraente, ótimos restaurantes e bons hotéis. Tudo em espaço compacto, caminhável, delicioso. A culinária, além dos óbvios frutos do mar da ampla costa do Mar Adriático, sofre forte influencia das ótimas cozinhas austríacas e húngaras. No belo Kavkaz, este mix é bem apresentado, o ambiente é descolado e os preços muito camaradas. No Boban, o carpaccio de camarão brilha e o steak tartare do Bistrot, restaurante casual do chique hotel Esplanade é definitivo. O Hotel Dubrovnik, super bem localizado, oferece significativo custo beneficio em seus quartos maiores do que a média minúscula europeia e um café da manhã farto. É hotel business, sem charme, mas profissional, central e espaçoso. De Zagreb, fui de trem até a costa, até Split. Sete horas e meia de puro deleite com as interessantes paisagens do caminho que leva até o mar. Como o trem é bem lento, pudemos aproveitar os detalhes de povoados pitorescos e minúsculos, lagos, escarpas, desfiladeiros e florestas. O trem é decente e confortável, mas é aconselhado levar comes e bebes, pois não há nada o que deglutir a bordo. Split, a segunda maior cidade da Croácia, é um show de história no Palácio de Deoclésio, um antigo imperador romano que construiu lugar de tal magnitude para ter onde aposentar-se com conforto. Isso nos idos de 350 depois de Cristo. Hoje em dia o palácio abriga uma cidade inteira, que através dos séculos foi ali se desenvolvendo. Uma coisa bem diferente, uma espécie de Veneza croata, a beira mar, mas sem os canais. Há de tudo dentro das muralhas, de lojas a igrejas, museus, sorveterias, cartórios, gente morando, uma festa! Mas desaconselho a hospedagem dentro da parte antiga, pois os espaços são minúsculos e o barulho é muito. Fora das muralhas, encontram-se hotéis de várias categorias e apartamentos ou quartos em casas particulares, muito típicos do país. Tudo funciona bastante bem. Destaque gastronômico em Split para o restaurante Portofino, comida italiana e a Konoba Korta, bem em frente, comida croata típica, maravilhosa. Polvo fumegante de entrada e risoto de mariscos com queijo local, de babar... Os vinhos brancos da Croácia são outra maravilha inaudita, com destaque aos produzidos na ilha de Korcula, com a uva bem seca e dourada, chamada posip. De Split fizemos um passeio de meio dia a Trogir, ilha minúscula com igreja maravilhosa e ruazinhas resplandecentes ao sol do meio dia, no lindo branco do mármores nativos que dominam o litoral do país. O trajeto em pequeno e eficiente barco de linha regular, é bem agradável. Com ótimos e baratos catamarãs se faz o trajeto até outras ilhas, como Hvar, lugar de moçada bonita e muita balada, encimada por um forte antigo com vistas sensacionais. O restaurante Paradise Garden tem comida italiana perfeita (burratta celestial e canelone de camarão) e vinhos estonteantes. Em Hvar a Croácia começa a ficar cara. Até este ponto da viagem, custos bem razoáveis para países europeus. De Hvar ao sul, a coisa muda de figura e a força de um turismo intenso pressiona os preços. Pesquise bem hotéis e apartamentos, pois o custo-benefício em Hvar pode ser inexistente. Já o custo-benefício da próxima e acanhada ilha, Korcula, vale super a pena. A ilha é linda, a cidadezinha de mesmo nome é um charme total, as pessoa são simpáticas e a parte antiga da cidade é belíssima, uma mini Dubrovnik, uma espécie de trailer da cidade seguinte, a famosíssima vila fortificada que se tornou ainda mais famosa por ter sido cenário de Game of Thrones, a série inesquecível da HBO. Mas tudo o que Dubrovnik tem de turística e agitada, Korkula tem de calma, idílica, genuína e maravilhosamente preservada. Vale duas noites só para curtir a atmosfera de sonho do lugar. Afinal, é lá que nasceu meu herói viageiro, o inesquecível Marco Polo. Sua casa e a torre que o emprisionaram por alguns anos ainda permanecem, nos lembrando do espírito aventureiro e das histórias da China, do impagável Marco Miglione, assim apelidado por exagerar um pouco seus feitos. Ultima parada, Dubrovnik, aonde cheguei desanimada por relatos de super lotação, lugar fake, turístico, hordas de gente feia cuspida sem parar dos inúmeros navios de cruzeiro que por lá atracam diariamente. Escolhi um hotel 3 quilômetros longe do centro antigo para me esconder da turba ignara. O Hotel Adria tem quartos honestos, vistas belíssimas do porto da cidade, um lugar bem agradável. Mas só. O resto, é fora de mão, comida ruim, atmosfera impessoal, funcionários um tanto desleixados. A grande desvantagem é não ser na rota da excelente linha de ônibus que compõe um transporte publico impecável e portanto o turista gasta muito com táxis e Uber. Para quem puder gastar, fique com certeza no Hilton Imperial, ao lado da cidade antiga, mas fora das muralhas e da muvuca. Maravilhoso. Assim como, maravilhosa é Dubrovnik, sem adjetivos fortes o suficiente para descrever esta maravilha de cidade murada a beira mar. Cenário perfeito para Game of Thrones que atrai milhares de idiotas querendo encontrar King’s Landing. Os tontos encontram Dubrovnik, cuja história é bem mais interessante do que qualquer seriado de TV. O melhor da festa é caminhar pelas muralhas, assistir um filme com pipoca caseira no cinema ao ar livre, uma ópera no pequeno e antiguinho teatro da cidade. Caminhar por ruazinhas improváveis de tão pequenas, por escadarias infinitas, ser cegado pelo branco forte do sol idem do verão croata. Lindas igrejas e a segunda sinagoga sefardita mais antiga da Europa, museus variados, sorveterias pecaminosas, comida divina. Tudo caro, mas valendo cada centavo, um prazer gastar. Gaste com uma refeição no Proto, de longe o restaurante não turístico mais legal da cidade. Amoret, também pouco turístico, perfeito, com vista para a catedral. Pizza é no simpático Oliva. Gaste comprando produtos locais feitos de figo, especialmente geleias com chili, mistura bombástica. Invista nos vinhos, azeites de oliva, cremes de corpo, especialmente os feitos com uma delicada rosa local. Belas lojas de outros artigos não-comestíveis também, passeios de barco, fortalezas variadas, shows grátis na rua a qualquer hora e um teleférico caro que descortina a beleza e majestade do Mar Adriático. Dubrovnik é uma das cidades-museu, como Veneza, imperdíveis no mundo. Voltaria muitas vezes e com certeza, descobriria cantos e contos diferentes a cada vez. Fecho de ouro para uma viagem feliz, 12 dias de clima perfeito, de ócio criativo que plenamente justificam minha opção pessoal pelo trabalho remoto, visto que sou nômade digital há quase 7 anos. E países como a Croácia justificam e engrandecem minha escolha. Para Eileen e Luiz Fernando, que tão bem representaram o Brasil na Croácia em anos melhores... Zurich, 04 de julho de 2022.

Um comentário:

  1. Adorei revisitar a Croácia através dos relatos da minha queridíssima irmã Fernanda. Estive naquele país há 40 anos e, debaixo do sistema comunista , não era o mesmo do artigo; apenas a arquitetura e história.

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