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segunda-feira, 11 de setembro de 2023
INVERNO EM BUENOS AIRES - 2023
INVERNO 2023 EM BUENOS AIRES
Duas semanas de sol, pouca chuva, muito vento e frio suportável na capital argentina, com direito a volta rápida nos primeiros dias de setembro. Para aproveitar o clima pré-eleitoral que sacode o país antes das presidenciais de outubro vindouro; e os preços, claro. Por enquanto a Argentina é o único país da América do Sul em que reinamos absolutos em termos de poder de compra. O candidato que no momento detém a maioria das intenções de voto, o absurdo Milei, promete dolarizar a economia e nossa festa de compras pode em breve acabar.
Os vinhos continuam a preço de banana e a cadeia Frappé é um ótimo lugar para se esbaldar com eles. A filial da avenida Santa Fé esquina com Libertad é particularmente agradável e bem sortida.
No campo gastronômico continuo viciada nos sorvetes e nem quero mais saber de panquecas de dulce de leche. Também adquiri o nefasto e calórico hábito dos Franui, framboesas cobertas por chocolate e congeladas, da maravilhosa sorveteria Rapa Nui. Recentemente descobri que o supermercado Marché, em São Paulo, importa tais delícias.
Fui a novos restaurantes e aos antigos também. Duas vezes no Preferido, para o bife Mariposa e a milanesa coberta de Fugazzetta. Imperdíveis! Sempre ao Zum Edelweiss, volta ao Lima Nikkei, onde não me lembrei do menu executivo, só disponível no código QR e o esquecimento saiu caro. O a lá carte do Lima é custoso para padrões portenhos e o executivo, de segunda a sexta no almoço, é bom e barato. Os garçons ignoram esta opção, mas os argentinos que conhecem o local, já vão pedindo a pechincha, por saberem que vale a pena.
Novidades: Orno e Bis. O primeiro, péssimo, fuja! O segundo, maravilhoso, em pequeno e aconchegante lugar instalado numa viela chamada Pasaje del Correo, na Recoleta. É em frente ao estrelado Aramburu, do mesmo dono. Cardápios de almoço são incríveis de bons e sensacionalmente baratos para o que oferecem. E os vinhos em taça têm preços honestos, o que tende a ser exceção e não a regra em casas mais respeitáveis na cidade. Como a Argentina está entre os 10 maiores produtores de vinhos do mundo, a tendencia é vender garrafa, portanto taças do líquido divino, tendem a ser raras e caras. Como ocorre no Preferido, onde, além de salgadas, o líquido é reduzido. O Lima não tem vinho a preços razoáveis, mas a taça é generosa. Como assim a é no El Estrebe e Zum Edelweiss. Na Argentina, meia garrafa é raridade.
Volto ao Bis, talvez ao El Milión, cuja localização não poderia ser mais agradável, numa casona antiga na rua Paraná, apesar da comida não ser nada especial. Não sei se voltaria ao badalado e famosíssimo La Carnicería, em Palermo. Pequeno, feio, lotado de brasileiros. No entanto, a comida é estupenda e é tudo feito na grelha na frente dos clientes, sem fumaça. Vinhos caros, bem servidos. No entanto, pelo tamanho, gentarada e o espartano da decoração, desprovido de conforto e um mínimo de charme, não me anima...
No setor teatral priorizei a música e a comédia, onde CCK e Colón brilharam como sempre; ao lado do Bar Picadero e seus performers alternativos. Mas a surpresa da temporada foi o La Biblioteca Café e seus shows musicais intimistas, legais, muito baratos, um charme total num porãozinho disfarçado de biblioteca, quase ao lado do Teatro Coliseo. Há jantar e aperitivos, vinhos decentes. Assisti um grupo de jazz excelente, bebericando um malbec e engolindo umas empanadas mais ou menos dignas do nome.
Afinal, ir a Buenos Aires e não curtir a cena musical, é perder uma das grandes atrações que a cidade oferece. Para todos os públicos, gostos, gêneros e bolsos. Teatro, a não ser musicais, é difícil de entender para a maioria de nossos conterrâneos monoglotas. Mas música é universal e a Argentina é muito boa nisso.
Meses depois, no início de setembro, volto por um final de semana breve, pero gloriosos, a cidade amada. Ainda inverno, ainda frio e ventoso, sempre divino. Hospedada por duas noites no NH Lancaster, ótimo custo-benefício na avenida Cordoba, perto dos teatros, do CCK e de Puerto Madero e Galerias Pacífico. Como voltei especificamente para ver e me maravilhar com a atuação incomparável do ator espanhol José Sacristán, a escolha de hotel foi perfeita pela proximidade ao teatro Astros. Compras, caminhadas, vinhos, restaurantes, cinema para escapar da chuva, rotina portenha que eu amo e venho amando há mais de 13 anos seguidos. Sem museus desta vez e nem muito compromisso com nada, puro deleite hedonista...
Por enquanto viável economicamente, mas em dezembro, quando voltar no verão, a coisa pode estar muito diferente com o novo/a presidente. Por enquanto o peso mega desvalorizado, os artigos quase de graça no Duty Free do Aeroparque, fazendo da Argentina um destino único, uma conjunção feliz e rara de bom e barato. Na verdade, em minha longa carreira de viajante semiprofissional, jamais encontrei um país que oferece tanto, por tão pouco. Sem contar a distância viável entre São Paulo e Buenos Aires e o número de voos que só faz crescer, agora com a ponte aérea da Gol e Aerolineas Argentinas: que pode não durar muito pelo inegável fato de que a companhia argentina está quebrada. Totalmente...
São Paulo, 11 de setembro de 2023.
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No próximo inverno gostaria de aproveitar todas essas atrações !
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