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sábado, 21 de outubro de 2023

JAPÃO EMOCIONAL - OUTONO 2023

JAPÃO – BUCKET LIST – OUTUBRO 2023 Sempre quis conhecer este pequeno, forte e distante país asiático, mas nunca deu certo, tudo conspirava contra. No início de 2020, a pandemia destruiu nossos planos. No entanto, no conceito americano de bucket list, ou traduzindo livremente: coisas que se quer muito fazer antes de bater as botas, ou chutar o balde, o Japão era o que faltava em minha longa e feliz trajetória viageira de mais de 50 anos. No outono deste ano, consegui e com grande alegria enfrentei as muitas horas que levam ao dito país do sol nascente e adorei. Vale o jet lag, os aviões nojentamente lotados, aeroportos fedorentos, o Japão é único, especial, diferente e muito agradável. Começando por Tóquio, a maior cidade do mundo; em tamanho e em interesse, pois apesar de enorme, é um fascinante-amigável e fica-se a vontade deste o primeiro momento. Desde o ótimo trem que liga o aeroporto ao centro, tudo funciona. As pessoas são educadas e gentis e nem a barreira da língua é tão grande. Os japoneses fazem de tudo para agradar e são, de longe, o grande diferencial do país. Nunca vi gente tão educada, com tanto espírito comunitário, tão organizados. Em Tóquio, passei o segundo dia em três roteiros diferentes daqueles ônibus turísticos de Hop On, Hop Off, para ter uma vaga ideia do lugar tão grande. Compensou e nos intervalos eu ficava horas me maravilhando com os gigantescos jardins do Palácio do Imperador e a limpeza das ruas, a perfeição dos gramados, as artes de jardinagem que transformam um simples pinheiro numa árvore onde as folhas parecem mais conjuntos de nuvens, de tão bem podadas e cuidadas. Como eu já sabia que a culinária não me agradava e não seria o ponto forte da viagem, procurei restaurantes ocidentais; há vários e me deliciei com italianos de primeira linha, onde a fusão de sabores e ingredientes é genial. Ragu de carne Wagyu, maravilhosa bovina local, com espaguete e burrata, foi o prato inesquecível. Como me juntei a um grupo turístico no quarto dia, tive oportunidades variadas de provar a verdadeira comida japonesa; que não é minha praia e é bastante diferente da japonesa-adaptada que comemos no Brasil. Sempre de qualidade, mas um sem fim de sopas, caldos e arroz grudento, sempre acompanhados de coisas que deveriam se quentes e são servidas frias, tempura, entre outros. Não importa. Foi uma experiencia interessantíssima, um laboratório multicolorido de texturas e sabores. Lá descobri que a cerveja japonesa é ótima, que eu gosto de saque e o cachorro-quente é delicioso! Toquio é um enorme shopping center em formato de cidade e nunca vi lojas tão bonitas, tão interessantes, tão luxuosas. Nem mesmo para quem não aprecia tanto assim as compras, Tóquio decepciona. As vitrines são um show e o Japão não é tão caro como se imagina. Mais barato do que os grandes centros europeus ou Nova York. Tomei 19 táxis em menos de três semanas e não achei nada do outro mundo de caro. Bem melhor do que se estressar com lotados e indecifráveis metros e trens. Que adoro, por sinal, mas no Japão queria ver a rua, os jardins, a arquitetura. Com o grupo viajamos no trem-bala, simples e eficiente e em trens comuns também. São bons, mas perdem dos suíços, por exemplo. Além do esplendor de Tóquio, visitei Osaka, última cidade da viajem. Feia, mas intrigante, valeu pela arquitetura, a impressionante infra estrutura, o aquário, museus, parques, castelo e tour num galeão tipo espanhol pela baía da cidade. Também fomos a Nagoya e Kanazawa, bem como Toba, Nachi Katsuura, Kyoto e a linda Hiroshima. Que superou o trágico passado com arquitetura moderna, belos parques, rios limpos. O memorial da Bomba Atômica é imperdível e faz pensar na desesperança que é a guerra, mal do qual não nos livramos desde que existimos. Cidades menores, muitos templos budistas e xintoístas, praia e montanha, contrastes geográficos belíssimos, não deixei de aproveitar nada. Até peça de teatro em japonês fui ver, cinema francês com legendas em japonês, um parque tipo High Line nova iorquino bem descolado. Foi uma salada turística bem montada e complementar, pois o país é preparadíssimo para os viajantes desavisados e ocidentais. Só não vá se não falar pelo menos inglês básico, pois o idioma local é indecifrável. Com inglês é possível se virar de maneira independente por lá. Muitos brasileiros ou vão em grupo ou contratam guias locais. Eu tive a experiencia de uma semana totalmente independente pelo Japão e quase duas com um grupo da Freeway, excelente agência paulistana. Foi bom e o roteiro sugerido mesclou o urbano e o antigo, menor, mais intimista, de maneira perfeita. Eu voltaria ao Japão, numa próxima para conhecer Okinawa e Hokkaido, dois extremos norte e sul, um praia outro neve e voltaria a Tóquio sempre, pois amei a cidade. Naoshima também seria incluída nesta segunda exploração japonesa. Gostaria de ter visto mais de Nagoya, Kyoto e Kanazawa. O Japão é aquele tipo de pais que tem tanto a oferecer, que o tempo mínimo, mesmo assim insuficiente, são três semanas. Mitos desfeitos: O país não é caro e dá bem para fazer compras, tomar muitos táxis e comer bem. Pode-se viajar de maneira independente. O Monte Fuji é bonito, mas os vulcões chilenos e equatorianos são mais esplendorosos. Mantenha as expectativas mais para baixo quando pensar na foto cartão-postal do país. Hakone é bárbara, mas Inhotim não fica atrás. Não glorifique o estrangeiro, pois o produto nacional equivalente é poderoso. Os hotéis não têm só quartos minúsculos, tipo capsulas. São bem normais, de bom tamanho. O Japão não é a festa do sushi, prato encontrado em apenas alguns restaurantes, especialmente os localizados perto ou dentro dos famosos e limpíssimos mercados de peixes. A limpeza das ruas é impressionante e as 120 milhões de pessoas espremidas num território muitas vezes menor do que o Brasil, se comportam e levam seu lixo para casa. Não há lixeiras nas ruas, cada um é responsável por sua poluição pessoal. As privadas japonesas são uma atração à parte e algumas até falam! Bem como caixas eletrônicos e outras invencionices nipônicas. O Japão é um país de tecnologia de ponta, mas o charme do antigo que sobreviveu a tantas guerras e bombas, a doçura do povo e seu espírito solidário é o grande charme do país. Vá antes que mais guerras, bombas e conflitos de nosso conturbado mundo acabem com um dos países mais justos, civilizados, interessantes e perfeitos deste nosso solitário Planeta Azul. E, enfim, este artigo não é um relato de viagem, um roteiro de dicas. É um relato do coração, fruto de emoção e experiencia. Jornada que coroa uma série de experiencias complementares, que por fim me levaram ao Japão-pessoal. Minha vivência sem filtros ou sugestões; uma porta aberta ao seu Japão! São Paulo, 21 de outubro de 2023.

Um comentário:

  1. Você teve uma experiência bem diferente da minha. Acho que fui muito protegida por guias locais e , portanto, senti-me totalmente dependente e estrangeira.

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