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sábado, 28 de junho de 2025

PERU AVENTURA PERIGOSA - JUNHO 2025

PERU AVENTURA PERIGOSA – JUNHO 2025 Minha quinta vez no país não decepcionou, mas cansou, pois o Peru não é para amadores. Interessante, vibrante, colorido e cheio de história muito antiga e movimentada. Sem dúvida, o país sul-americano com os sítios arqueológicos mais importantes e um dos berços civilizatórios da humanidade, junto com México, Mesopotâmia, Egito, Grécia, Índia e China. E não é só a Machu Pichu e arredores a que me refiro e sim a todo um magnífico conjunto de cidades que representaram civilizações perdidas, como Chavín de Huántar, Caral, Chan Chan e várias outras. Desta vez fui seguindo os passos de meu amado escritor Mario Vargas Llosa pela costa peruana que desconhecia, inspirada por seu bom humor e conhecimento de seu país natal e fui conhecer a cidade mais antiga das Américas, com cerca de 5000 anos de idade, sítio ainda mais antigo dos que os egípcios, impressionante. Através de um dos últimos livros de Vargas Llosa soube a existência de Caral e como foi descoberta, há apenas 31 anos, por Ruth Shady, uma arqueóloga peruana. Mulher de coragem, lutou por financiamento e contra espúrios interesses imobiliários e o que se pode visitar hoje são incríveis pirâmides, praças, residências, uma cidade inteira, bem como nas areias egípcias, preservada por lugar seco e isolado. Tudo está bem preparado ao turismo, guias locais integrando as populações da região com a rica história dos arredores, boa infraestrutura. Como tudo no Peru, o acesso não é fácil. Estradas ruins e perigosas não ajudam. Distancias brutais idem. Aliás, viajar no Peru é um massacrante sacrifício de voos pela madrugada, acessos péssimos, violência pairando por todo lado, banheiros nojentos e total irresponsabilidade de operadores turísticos aliados a governos absurdos. Tudo bem pior do que no Brasil... Mas vale arriscar sua sanidade mental e integridade física para conhecer maravilhas únicas, que não podem ser vistas em qualquer outro lugar do mundo pois só existem lá. Made in Peru. O melhor, sempre, é tentar contratar transfer confiáveis, operadores de maior preço e reputação, hotéis idem. Fazer economia no Peru é furada e extremamente perigoso. E nem se informando bem e gastando dinheiro a coisa é garantida. É só examinar a história dos últimos governos do país, do Sendero Luminoso, do Fujimori, do suicídio de Alan García e episódios do gênero. Vamos lá nos detalhes do périplo: 1- Em uma semana enfrentei 3 voos de madrugada, o trânsito pior do mundo em Lima e suas costas norte e sul (São Paulo e Nova York perdem para o pavor dos congestionamentos peruanos). 2- Dois passeios em dois dias consecutivos, um partindo do hotel as 04:45 e voltando as 22:30 e o outro partindo as 05:00 e voltando as 18:30. Tudo por causa do trânsito, clima, acidentes variados. 3- Também encarei um terremoto em Lima, o mais forte desde 2007. Nenhuma orientação ou ajuda, a vida que segue... 4- Na sequência, não pude caminhar pelo belo e interessante centro de Lima, tive que fugir correndo e chamar o Uber Black pior da minha vida dentro de um bar fedorento; repleto de policiais furiosos fechando todas as ruas por causa de protestos violentos; protestos que dois dias depois me forçaram a sair da cidade para o passeio a Caral as 5 da manhã para evitar a violência. No trajeto, sob neblina intensa, tivemos que parar no meio da estrada para ajudar as vítimas de um medonho acidente rodoviário entre 3 ônibus. Com vários mortos e feridos. Um horror... 5- Horror máximo nos perigosíssimos passeios pelas dunas monumentais em volta do Oásis de Huacachina. O lugar é lindo, mas os passeios são montanha russa real, com carros em questionável estado de manutenção, enferrujados, motoristas loucos, tudo sem o menor critério e total irresponsabilidade. É tipo o balão de Santa Catarina, em que várias pessoas recentemente morreram porque o “piloto” não tinha licença ou qualificação para voar e a Anac não certifica tais operações. Os turistas-vítimas não sabiam disso. 6- Huacachina e os buggies-mortais são a verdadeira “jabuticaba” peruana! 7- Em Huacachina é a mesma loucura e falta de juízo de operadores e governo, tudo para fazer dinheiro, pagar salários de fome aos motoristas e expor os turistas a uma atividade perigosa, extrema e sem qualquer consequência ou punição aos organizadores que ganham muito com isso. 8- E com Booking.com, Get Your Guide e Trip Advisor vendendo tais belezuras. E para coroar a sequência, um tempo péssimo em que só vi o sol por algumas horas nos oito dias no país, pois as nuvens cinzentas, ventos gelados, chuva fina e bruma sufocante prejudicaram muito minha experiencia. Como também o recém reformado aeroporto de Lima, condizendo com o tresloucado país, onde há inúmeras lojas interessantes, bons banheiros, várias opções gastronômicas, mas pasmem: não há lugar suficiente para sentar e os passageiros se sentam e se deitam por corredores e áreas de trânsito, ao estilo “moradores de rua”, pois a Frankfurt Airport “olvidou-se” das cadeiras. Bem peruano, favelão total. Mesmo assim, me deliciei com a maravilhosa comida peruana em Lima, desta vez no Kauza, no Awicha e no elegante restaurante do melhor museu peruano, o Larco. Só comi bem em Lima, pois Trujillo que não conhecia, é uma cidade horrorosa e brega, perigosa e com comida idem. O resto foi bem genérico nas excursões a Paracas e Chan Chan. Com exceção da vinícola Cultur Pisco que tem um restaurante que faz jus a tradição peruana de boa comida. E boa bebida! Não volto ao Peru, já vi tudo que queria ver, já caminhei duas trilhas inca inesquecivelmente bonitas, já vi os principais sítios arqueológicos, vários deles mais de uma vez, já aproveitei as delícias gastronômicas de Lima e já comprei todos os livros de Vargas Llosa que queria. In loco e no idioma original. Como se diz em espanhol: Ya está! Nunca Jamás! São Paulo, 28 de junho de 2025

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