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domingo, 30 de janeiro de 2011

GRAMADO NO VERÃO

Minha primeira vez na interessante cidade gaúcha foi num dezembro muito quente nos idos de 1995. Depois disso, só no inverno e outono, uma ou duas vezes na primavera. Gramado combina com verão? Totalmente.
Primeiro, suas principais atrações são ao ar livre e chove muito menos por lá no verão, ao contrario do torrencial e aborrecido verão no sudeste brasileiro. Os belos parques de Canela e São Francisco Xavier ficam muito mais divertidos com sol e calor. Caso das alegres trilhas do Parque Caracol e das cachoeiras bonitas do Parque das Cachoeiras, este muito indicado para os amantes dos banhos de rio. Que, contudo, perdem de longe para a sensacional trilha do Rio Caí no Parque da Ferradura. Ida e volta durissimas pelo paredao de um canion de 420 metros de altura; duas horas e meia de linda floresta, cachoeira de cinema e banhos de rio com agua morna. Imperdivel!
Claro, não dá para comer fondue e a cafonissima sopa no pão, para os que gostam do nefasto prato, mas os restaurantes da cidade e da região são tão criativos e diversificados que não se sente falta dos “tijolos” do inverno. Varias casas contam com espaços ao ar livre e com ar condicionado, coisa impensavel nos idos de 1995. Felizmente, isso mudou e a maioria dos bons hotéis também oferece piscinas e espaços para os dias quentes. Caso da Estalagem St. Hubertus, onde me hospedei na segunda quinzena de janeiro 2011. O hotel é ótimo, charmoso, bem decorado, serviço eficiente. A sala do café da manhã tem lareira, mas também tem terraço e a piscina coberta possui seu deck externo para banhos de sol. O hotel é boa alternativa para quem quer escapar, ou quase, dos pimpolhos em férias no mês de janeiro.
Infelizmente, Gramado não tem ainda os hotéis charmosos que não aceitem crianças, como ocorre em Visconde de Mauá ou na região serrana do Rio de Janeiro. Misteriosamente, os gaúchos toleram os chatos e barulhentos petizes por toda parte. Eu adoro o hotel Rita Hoppner, mas julho e janeiro nem chego perto. É o paraíso da petizada! O STF Hubertus, por não oferecer atrativos para os chatos-mirins, escapa parcialmente de tal sina. O mesmo vale para Varanda das Bromelias e La Hacienda. Os preços altos também espantam familias.
No campo gastronomico, ousei desta vez. Enfrentei a turma dos onibus da CVC e provei o strudel do Castelinho Caracol. A casa é bonita e interessante e a tal torta de maçã é divina. Não é strudel, é torta mesmo. Orignal e saborosa. A casa tem lojinhas interessantes e museu inclusos. Alem de lindos jardins. Recomendo que se vá logo cedo, maximo 9 30 da manha para escapar dos grupos medonhos.
Almocei no Tarantino’s, caro e agradavel. A comida é fraca e o polpetone não e digno do nome. A sobremesa estava correta e a carta de vinhos interessante. A casa é alternativa para os dias em Gramado que os principais restaurantes não oferecem almoço, por exemplo. Mas só. O custo-benefício é ruim. Otimo no Josephina, casa que tem cerca de um ano na cidade, na rua ao lado da igreja. A casa antiga é um charme, com musica descolada e decoração idem. Misto feliz de café e restaurante, aberta de terça a domingo o dia todo. Coisa rara na cidade. Crostinis bons, mas pão inadequado não me fez desanimar de pedir um prato ousado: tortei ao molho ragu de ossobuco e amendoas torradas, em lascas. Prato dificil que se revelou surpreendente e o pão caseiro que o acompanha é perfeito para “limpar” o prato do excelente molho. A sobremesa é a torta Josephina, de chocolate com pedacos de caramelo duro e crocante; o bombom gelado de chocolate pode ser escolha “menorzinha”. A carta de vinhos poderia oferecer melhoras opções em meias garrafas, mas dá para o gasto nas garrafas inteiras.
Espero que continue assim e nao “acomode” o cardápio ao gosto e bolso dos nojentos participantes dos grupos CVC que assolam a cidade. Isso, infelizmente, já aconteceu com vários bons restaurantes da cidade. Quem não vende sopa no pao ou sequencia de fondue, se adapta ou perece. Poucos sobrevivem á falta de gosto do turismo massificado da cidade. Viva os sobreviventes! Moscerino entre os poucos dignos de menção. El Fuego, excelente churrascaria, teve que “adaptar” o cardápio à breguice de grande parte dos turistas. Perdeu a classe, mas as carnes e acompanhamentos continuam muito bons e e de longe a melhor churrascaria da regiao. Querendo fugir do rodizio, claro. Invenção gaúcha das mais nefastas e por lá chamado mais cafonamente ainda de “espeto corrido”...
Fui até Nova Petrópolis conferir o que o Guia 4 Rodas chama de “a melhor refeição colonial do país”. Acertadamente. Mistura comida alemã e italiana, com toques brasileiros. Serviço perfeito e ambiente agradavel. O Colina Verde vale a visita, não há mesmo nada igual no Brasil.
No quesito tipico, o Cantina 28, em Canela é maravilhoso, no esplendor de suas polentas, recheios e molhos suculentos. As saladas mais frescas e originais que se pode imaginar, massas feitas na propria casa para acompanhar os molhos das polentas se o cliente não é fã das mesmas. Coisa que considero praticamente impossivel. Quem não gosta de purê de batata? Polenta é a versão italiana do dito. Melhorada. E como! Ela vem tambem no aperitivo, tipo “polenta chips” com queijo parmesao. De arrepiar de bom. Até a sobremesa, composta por doces brasileiros tipo “caseiros”, que não são o meu forte, me encantaram. O doce de figo é extraordinário e o sagu com creme de amendoas, um sonho. E logo eu que detestava sagu...
Minha temporada gastronomica “veraniega” terminou com uma visita ao Cucina del Bosco, em Canela. Pequeno e agradavel, otima comida italiana sofisticada. Carpaccio correto, penne com queijos e funghi e escalopes que se revelaram files altos e suculentos, um show. Panna cota adoravel para “fechar” a refeição.
Mas não é só no campo da culinaria que a serra Gaucha apresenta novidades. Viva e muito bem vinda a Ravanello, primeira vinicola de Gramado. Pequena e super moderna, o lugar e seus donos sao encantadores. Comprei um tinto e um branco e vou provar. Vamos ver o que dá enfrentar o frio, a umidade e a neblina constantes de Gramado. É coisa para gente de coragem!

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