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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Pré-Natal em Nova York / Dezembro de 2010

Já passei Natal em Nova York algumas vezes, com neve e tudo, o verdadeiro White Christmas da musica tão famosa imortalizada por Bing Crosby. A própria tocava no radio quando começou a nevar, na tarde do dia 24 e a emoção foi enorme. Natal em Nova York é tudo que brasileiros sonham: frio, neve, Papai Noel vestido com roupas pesadas e sem suar, pinheiros e neve de verdade decorando a imensa arvore natural do Rockefeller Center. Como nos filmes, as pessoas passeando com arvores naturais debaixo do braço, como nas cenas tão comuns do quotidiano de invernos verdadeiramente gelados; apressadamente levando para casa o pinheiro de ultima hora. A decoração das vitrines e edificios, esfuziante. Sim, sempre foi desta maneira e sempre valeu muito estar lá nesta época festiva, que os americanos chamam de Holiday Season, a estação dos feriados, época de festas, como dizemos por aqui.
Em dezembro de 2010 resolvi ir à BIG Apple alguns dias antes do Natal, de 18 a 23.
Com a crise, nada de decoração e luzes feéricas por toda parte. Estava mais para minimalista chique do que para São Paulo e seus infernais shoppings, onde a decoração faraônica ofusca todo o resto. A crise pegou os americanos em seu ponto mais fraco: o consumo. Mas, como Nova York é invencível, o que faltou em decoração sobrou em multidão por todo lado, ao ponto de policiais terem que fechar ruas, pois não havia como conter as hordas compradoras nas avenidas principais. Tudo alegre e louco, a cara da cidade. Muitos nativos, claro, mas uma quantidade impressionante de britanicos, franceses, russos e, é claro, brasileiros.
Sempre sonhei em fazer uma temporada intimista e exclusiva na cidade: sozinha, fazendo compras, indo ao teatro, ao cinema e a bons restaurantes; fazendo só o que quisesse e quando quisesse. O meu programa.
E foi exatamente o que fiz nestas 5 noites e 6 dias na cidade. Fui a 8 pecas de teatro, 4 filmes e 8 restaurantes. Sem contar as compras muito, mas muito vantajosas para nós brasileiros, em tempos de dolar baixo. Tambem fiz um programao bem turistico, fui ao topo do Empire State Building. São não visitei o Ground Zero, pois não tenho ainda coragem para tanto. Como amo a cidade e já lá estive mais de 15 vezes, ela mora no meu coração e estar em lugar onde tanta gente morreu, de maneira tão horrivel e injusta, ainda não e a minha praia. Talvez um dia...
Nada de museus desta vez, nenhuma das exposições temporárias me interessou. Queria caminhar muito, sentir o vento frio no rosto, o sol fraquinho de inverno, ver e sentir a multidão, as vibrações frenéticas desta cidade tao internacional. Só peguei 2 taxis ida e volta do aeroporto, nunca o metro ou onibus, caminhei o maximo possivel. O que foi otimo para queimar as calorias de 3 cafés da manha suntuosos: no Plaza, reformado e espetacular, no Landmark (dentro do predio ancora do Columbus Circle) onde me deliciei com omelete de cogumelos e bela vista do Central Park e no dB Bistro, do chef Daniel Bolud – omeletes que mais parecem nuvens perfumadas e fumegantes.
Nunca jantei, meu “alimento” foi o teatro e almocei muito bem em duas filiais (uma a matriz) do PJ Clarke’s, no Metrazur, no db Bistro e no Benoit. Sem falar do Seraphina Broadway. Desta vez não quis restaurantes estrelados e optei pelo que os EUA têm de melhor: o hamburger; que no PJ’s é imbatível e no dB vem recheado com foie gras . O Seraphina, apesar de supostamente italiano nao pode ser mais americano. Sim, o cardapio apresenta carpaccios e massas, mas o ambiente, serviço e “modo de ser” sao totalmente americanos. Lembra muito o Planet Hollywood nos bons tempos.
No Benoit repeti os classicos franceses: escargots e steak tartare, ambos muito bons. E no Metrazur não só me deliciei com a comida divina e criativa do grande chef Charlie Palmer, como me encantei e emocionei em estar dentro da Grand Central Station, a maior estacao ferroviaria urbana do mundo. É um deslumbre de arquitetura e o Metrazur localiza-se no saguão principal, cenário de varios filmes, inclusivel dos Intocaveis, com Kevin Costner. A enormidade e bom gosto do lugar fazem do Metrazur uma das experiencias gastronomicas mais diferentes e prazeirosas que se pode ter em Nova York. Você está dentro de uma estacao de trens, sem ver ou ouvir os mesmos, mas observa do alto, com conforto e boa mesa, a agitação e movimento de um centro de transportes.
O programa turistico no Empire State foi maravilhoso, completo com filme e atração tipo Disney onde as cadeiras se movem e provocam a sensacao de montanha russa. Emocionante parecer voar sobre a cidade, passar pertinho das Torres Gemeas, da Estatua da Liberdade. Os terraços de observação são perfeitos e num dia claro, como o que tive a sorte de experimentar, nao podia ser melhor. Ve-se toda Manhattan e os detalhes interessantissimos de sua premiada e famosa arquitetura. Vale os 50 dolares do ingresso.
Na Broadway me encantei com o musical Addam’s Family e sua atriz principal, a perfeita e finamente ironica, Bebe Neuwirth e quase chorei no maravilhoso, mas tristissimo, Next To Normal. Saí no meio de outro musical, o sem graca, A Little Night Music, apesar da atuação impecável de minha querida Bernardette Peters. Amei La Bete, uma obra prima britanico-americana. Outra do gênero é Brief Encounter, com cast totalmente ingles, bem como Haunted e sua atriz principal, a espetacular Brenda Blethyn.Estas 3 ultimas valeram a viagem!
Driving Miss Daisy vale pelo desempenho fenomenal de James Earl Jones. Ele eclipsa Vanessa Redgrave e a peça só vale por ele, o texto é um tanto fraco e o filme é bem melhor. Love, Loss and What I Wore é uma peca curta e engracada, co-escrita pela genial Nora Ephron. Coisa por e para mulheres.
Teatro em Nova York equivale a investimento: média de 130 dólares por ingresso, bons lugares, claro. Sem cambista, comprados diretamente nas bilheterias dos respectivos teatros. E mais caro do que refeições na média dos restaurantes acima citados, que fica em torno de 70 dolares. A mais cara 92 e a mais barata, 42. Isso sem os horriveis 15% de gorjeta que os americanos impõe tão draconianamente aos pobres fregueses de restaurantes por todo o país.
Por fim, na parte “espriritual” da estadia nova iorquina, visita a duas igrejas bastante emblemáticas da cidade: a ortodoxa grega , perto do hotel Waldorf Astoria e a “símbolo” da cidade, a catedral de St. Patrick, na Quinta avenida. A primeira, escura e misteriosa, a outra, igreja-espetaculo, bem coisa da mentalidade show-business dos EUA. Apesar de antiga, a catedral é demasiado “nova” e impecável e não parece igreja de verdade,lugar de prece e introspecção como a ortodoxa anteriormente citada. Mais se assemelha a uma cópia que seria facilmente encontrada no Epcot Center.
Fake ou não, rezei e agradeci por estar de volta à cidade grande que mais amo no mundo, New York City. Até uma proxima, se Deus quiser!

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