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domingo, 29 de abril de 2012

LUXO

O MELHOR BRUNCH DO MUNDO Aconteceu no hotel The Dolder Grand, um dos melhores do mundo, em Zurique, abril de 2012. O que era para ser apenas um jantar de comemoração dos 50 anos do aniversário de meu marido e seu irmão gêmeo, tornou-se um fim de semana luxuoso e inesquecível. Suíça, um dos países mais ricos do mundo, tem, claro, vários bons hotéis em oferta, mas o Dolder é especialíssimo, pois num país pequeno, onde espaço vale muito, o Dolder dispõe de campo de golfe, florestas, apart hotel para quem não pode pagar as salgadas diárias dos palácios principais (sim, são verdadeiros palácios com suítes de até 400 m2), restaurante com 2 estrelas no Guia Michelin (para referencia:o máximo são 3 estrelas e o Brasil não possui estabelecimento algum com sequer uma mísera estrela ), obras de arte que decoram os espaços variando de Andy Warhol a Picasso, com pinceladas de Matisse e o SPA mais lindo e celestial que meus olhos já viram. Tudo começou quando um questionável milionário local decidiu recuperar uma antiga casa de saúde depois transformada em hotel e posteriormente fechado por falta de grana para manutenção. Sim, isso também acontece em países endinheirados... Em 2008, o Dolder reabriu em grande estilo e o resultado de tanto dinheiro e esforço é, no mínimo espetacular. A casa antiga está lindíssima e decorada com extremo bom gosto misturando antigo e moderno. Todos os apartamentos vem equipados com “brinquedinhos” de ultima geração, como controle remoto Bang & Olufson que resolve todos os problemas, de abrir as cortinas e apagar luzes até ligar as múltiplas televisões do aposento, enchendo a banheira-ofurô de sais perfumados no processo; uma das ditas televisões faz parte do espelho de cristal da marmorizada sala de banho. Flores, frutas e mimos deliciosos fazem parte do pacote, bem como drinques sofisticados misturando vodka, gengibre, pepino e wasabi. Tudo isso com direito a terraço e vista deslumbrante das montanhas nevadas. Mas o luxo e beleza da decoração perdem bastante para a excelência do serviço, mais que perfeito. É sublime, hotelaria suíça no seu máximo esplendor. Todos os funcionários que entram em contato com os hóspedes sabem os nomes e sobrenomes dos mesmos, estão sempre impecavelmente vestidos, falam uma variedade estonteante de línguas e garçons jamais deixam a vizinhança das mesas durante as refeições. São verdadeiros mordomos prontos a buscar um celular que você esqueceu debaixo do banco esquerdo do seu carro, por exemplo. Organizam surpresas de aniversário, como bolo-brioche coberto pelo mais puro e suave chocolate local, com direito a congratulações do gerente que vem pessoalmente à mesa do aniversariante. Nada de cantoria cafona dos garçons como é comum nos EUA, por exemplo. Discreção, simpatia e classe, nesta ordem, são via de regra no Dolder. O café da manhã, lógico, é igualmente delicioso, mas o brunch dominical é a estrela máxima da constelação do luxo. Não sou facilmente impressionável por bufês de qualquer espécie, pois os detesto com todas as minhas forças. Mas o brunch do Dolder é um caso a parte. Por R$ 180,00 por pessoa o freguês pode servir-se de acepipes que variam dos mais perfeitos sushis e sahimis, salmão defumado escocês, raros tipos de caviar,rosbifes suculentos, entrecotes rosados,steak tartar incrível (coisa que nunca vi em bufês, pois a carne crua é fonte fácil de contaminação – no Dolder está quase submersa em gelo, o que elimina possíveis problemas), pratos suíços típicos, massas variadas, saladas frescas e crocantes, aspargos de sonho e a mesa de sobremesas mais maravilhosa que já encontrei. Parece vitrine de confeitaria francesa, com pirâmides de macarrons de diversos sabores, pequenas tortas de frutas sortidas, mouses indiscutíveis, sorvetes cremosos, delírios de chocolates brancos, ao leite e amargo de todas as formas e tamanhos. Isso tudo mais os itens normais de café da manhã, facilmente esquecíveis em vista de tantas alucinantes possibilidades. Tudo muito bem apresentado, prata e cristais por toda parte. Nada de pratos requentados, grudando nos réchauds; tudo é reposto com precisão dos famosos relógios do país. Como acima mencionado, os garçons grudados à sua mesa não deixam nada faltar e bebidas fluem intermitentemente e pratos/talheres trocados como se os funcionários fossem invisíveis. Qualidade, bom gosto, charme e luxo. O que mais pode querer um mortal? E preços mais camaradas do que os extorsivos que tem sido praticados ultimamente em São Paulo. O jantar de aniversário de meu marido, ocorrido na noite anterior ao brunch, custou, para 10 pessoas, com bebidas no bar durante e depois, menos do que jantar remotamente comparável ocorrido em dezembro passado no restaurante Antiquarius. Que não está no mesmo nível agora e nunca estará do esplendido Garden Restaurant do Dolder. Zurique, 29 de abril de 2012

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