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domingo, 3 de novembro de 2013

CEARÁ 2013


                Onde Judas Perdeu as Botas e eu Encontrei mais uma Linda Praia Brasileira

                               Pontal de Maceió -         Fortim – Ceara 

 

                Numa dessas chatas revistas de bordo, mais precisamente a da TAM, que sob o jugo chileno só faz piorar, li uma curta matéria sobre lugares bonitos para se visitar no Brasil. Na opção “desbravador” o hotel Vila Selvagem recebeu destaque e me despertou curiosidade; seu site na internet não é dos melhores, mas o hotel e praia de localização, com certeza são.

                A praia fica antes de Canoa Quebrada, umas duas horas de Fortaleza. A viagem e fácil, tudo asfaltado, tranquilo. O vilarejo de mesmo nome da praia não apresenta encanto algum, mas é decente. O mesmo não se pode dizer das barracas de praia, das mais indecentes do país. No entanto, como Deus é definitivamente brasileiro no que se refere a belezas naturais, o lugar é muito bonito e o hotel totalmente “pé na duna”, muito charmoso e confortável.

                Idéia de uns franceses amalucados que compraram grande área beira mar a preço de caju (a região é infestada deles), o Vila Selvagem e bonito, confortável, bom serviço e comida ótima. Única opção da área, não cansou nem enjoou nos oito dias inteiros e oito noites idem em que lá nos hospedamos. Coisa difícil em lugar distante, onde tal estabelecimento é a única coisa “ficável” do pedaço. Não há NADA o que fazer a não ser a imensa e bela praia de areias brancas e alaranjadas, a piscina, o mar verdinho, a boa comida franco-cearense e televisão. O celular pega médio e a internet idem. Os quartos do hotel são espaçosos e bem equipados, varanda frente ao mar, rede e quindim (melhor do que os baianos) com calda de chocolate.

                Os preços das diárias são os mais amenos do litoral cearense, que andam bem caro, e refeições sofisticadas não esvaziam contas bancarias. Com milhas até Fortaleza sai bem mais em conta do que Bahia ou Santa Catarina. E sem comparação com o Rio ou o caríssimo litoral paulista. Uma pizza razoável sai por 18,00, por exemplo. Lagostas são possíveis e fartas, camarão idem.

                Os passeios de bugue dão o tom animado à estadia, mas preparar o bolso se for contratado no hotel é recomendável; um dia inteiro com o dito mais motorista custa 400,00 para 2 pessoas. O hotel tem um mini spa a preços razoáveis e opções atraentes, mas a preguiça da praia me contaminou e não quis saber de banhos e massagens.

                O único dia em que saímos da letargia benéfica do estabelecimento foi para aventurarmo-nos em bugue do Bolota, um bom guia-motorista. Fomos pela praias, atravessando o imponente rio Jaguaribe até Redonda, onde comemos lagosta de montão, boa e barata. O trajeto é uma espetáculo de dunas, falésias, coloridas formações rochosas, bizarras usinas eólicas, vistas incríveis e muito sol. E vento. No calorão do Ceará não senti calor durante toda a estadia por causa da ventania constante. Muito agradável. No trajeto bugueiro paramos em Canoa Quebrada, uma diversão mais agitada em tanto paradeiro. Vale a visita, mas infelizmente não dá para ficar mais do que algumas horas e mesmo assim durante a semana, nada de feriados, sábado ou domingo, quando o lugar vira a favela-semi chique que é Morro de São Paulo, Bahia.

                Canoa é um bom lugar para distrair e fazer compras, parando na vizinha Majorlandia e apreciando o artesanato-paciência-de-Jó dos membros da família Carneiro que há muitos anos fazem e foram pioneiros, das garrafinhas com areias formando paisagens coloridas. Além da lagosta excelente custo-benefício da parada final, também visitamos uma fabrica “artesanal” (palavra politicamente correta para designar “fábrica sem higiene alguma” de castanha de caju). O tosco lugar é interessantíssimo, pois se pode ver as cerca de 20 etapas pelo qual passa a castanha para virar a delicia de bares e apetitivos. A coisa é difícil e custosa e ali se entende porque é cara a castanha de caju. A casca pode ser aproveitada na indústria química e a fruta, claro, nos sucos e doces maravilhosos do nosso querido Nordeste.

                O passeio também desvenda mistérios insondáveis, como o fato de que a Petrobras produz petróleo, EM TERRA, numa fazenda perto de Canoa Quebrada. Um cenário texano, em meio a coqueiros e cajueiros. Coisas de nosso Brasil enorme e incompreensível. Como também é difícil entender como a terra tão seca e sem chuva produz coco, caju, melancia e outros itens agrícolas, de montão. Tudo isso visível e conferível em apenas 50 ou 60 km de estrada.

                Vivendo e aprendendo. Eu modifico para: viajando e maravilhando...

 

Vila Selvagem – 19 de outubro de 2013

 

Observação: até a data acima, NÃO existia restaurante digno do nome em Pontal de Maceió, fora o do hotel Vila Selvagem. O arrumadinho Café das Artes, na praça da igreja pertence ao hotel Vila Selvagem, mas oferece pratos comuns e sem graça. A pizzaria da praia é bem ruim...

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