Onde
Judas Perdeu as Botas e eu Encontrei mais uma Linda Praia Brasileira
Pontal
de Maceió - Fortim – Ceara
Numa
dessas chatas revistas de bordo, mais precisamente a da TAM, que sob o jugo
chileno só faz piorar, li uma curta matéria sobre lugares bonitos para se visitar
no Brasil. Na opção “desbravador” o hotel Vila Selvagem recebeu destaque e me
despertou curiosidade; seu site na internet não é dos melhores, mas o hotel e
praia de localização, com certeza são.
A praia
fica antes de Canoa Quebrada, umas duas horas de Fortaleza. A viagem e fácil,
tudo asfaltado, tranquilo. O vilarejo de mesmo nome da praia não apresenta
encanto algum, mas é decente. O mesmo não se pode dizer das barracas de praia,
das mais indecentes do país. No entanto, como Deus é definitivamente brasileiro
no que se refere a belezas naturais, o lugar é muito bonito e o hotel
totalmente “pé na duna”, muito charmoso e confortável.
Idéia
de uns franceses amalucados que compraram grande área beira mar a preço de caju
(a região é infestada deles), o Vila Selvagem e bonito, confortável, bom
serviço e comida ótima. Única opção da área, não cansou nem enjoou nos oito
dias inteiros e oito noites idem em que lá nos hospedamos. Coisa difícil em
lugar distante, onde tal estabelecimento é a única coisa “ficável” do pedaço.
Não há NADA o que fazer a não ser a imensa e bela praia de areias brancas e
alaranjadas, a piscina, o mar verdinho, a boa comida franco-cearense e
televisão. O celular pega médio e a internet idem. Os quartos do hotel são
espaçosos e bem equipados, varanda frente ao mar, rede e quindim (melhor do que
os baianos) com calda de chocolate.
Os preços
das diárias são os mais amenos do litoral cearense, que andam bem caro, e refeições
sofisticadas não esvaziam contas bancarias. Com milhas até Fortaleza sai bem
mais em conta do que Bahia ou Santa Catarina. E sem comparação com o Rio ou o
caríssimo litoral paulista. Uma pizza razoável sai por 18,00, por exemplo.
Lagostas são possíveis e fartas, camarão idem.
Os
passeios de bugue dão o tom animado à estadia, mas preparar o bolso se for
contratado no hotel é recomendável; um dia inteiro com o dito mais motorista
custa 400,00 para 2 pessoas. O hotel tem um mini spa a preços razoáveis e opções
atraentes, mas a preguiça da praia me contaminou e não quis saber de banhos e
massagens.
O único
dia em que saímos da letargia benéfica do estabelecimento foi para
aventurarmo-nos em bugue do Bolota, um bom guia-motorista. Fomos pela praias,
atravessando o imponente rio Jaguaribe até Redonda, onde comemos lagosta de montão,
boa e barata. O trajeto é uma espetáculo de dunas, falésias, coloridas
formações rochosas, bizarras usinas eólicas, vistas incríveis e muito sol. E
vento. No calorão do Ceará não senti calor durante toda a estadia por causa da
ventania constante. Muito agradável. No trajeto bugueiro paramos em Canoa
Quebrada, uma diversão mais agitada em tanto paradeiro. Vale a visita, mas
infelizmente não dá para ficar mais do que algumas horas e mesmo assim durante
a semana, nada de feriados, sábado ou domingo, quando o lugar vira a favela-semi
chique que é Morro de São Paulo, Bahia.
Canoa é
um bom lugar para distrair e fazer compras, parando na vizinha Majorlandia e
apreciando o artesanato-paciência-de-Jó dos membros da família Carneiro que há
muitos anos fazem e foram pioneiros, das garrafinhas com areias formando
paisagens coloridas. Além da lagosta excelente custo-benefício da parada final,
também visitamos uma fabrica “artesanal” (palavra politicamente correta para
designar “fábrica sem higiene alguma” de castanha de caju). O tosco lugar é
interessantíssimo, pois se pode ver as cerca de 20 etapas pelo qual passa a
castanha para virar a delicia de bares e apetitivos. A coisa é difícil e custosa
e ali se entende porque é cara a castanha de caju. A casca pode ser aproveitada
na indústria química e a fruta, claro, nos sucos e doces maravilhosos do nosso
querido Nordeste.
O
passeio também desvenda mistérios insondáveis, como o fato de que a Petrobras
produz petróleo, EM TERRA, numa fazenda perto de Canoa Quebrada. Um cenário
texano, em meio a coqueiros e cajueiros. Coisas de nosso Brasil enorme e
incompreensível. Como também é difícil entender como a terra tão seca e sem
chuva produz coco, caju, melancia e outros itens agrícolas, de montão. Tudo
isso visível e conferível em apenas 50 ou 60 km de estrada.
Vivendo
e aprendendo. Eu modifico para: viajando e maravilhando...
Vila Selvagem – 19 de outubro de 2013
Observação: até a data acima, NÃO existia restaurante digno
do nome em Pontal de Maceió, fora o do hotel Vila Selvagem. O arrumadinho Café
das Artes, na praça da igreja pertence ao hotel Vila Selvagem, mas oferece
pratos comuns e sem graça. A pizzaria da praia é bem ruim...
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