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sábado, 23 de novembro de 2013

PRIMAVERA FLORIDA EM SANTIAGO


                               TARDE  DE  SOL EM SANTIAGO

 

                Na capital do Chile, com a qual finalmente me reconciliei após umas 13 vezes na cidade. Não é Buenos Aires, mas está chegando lá...  Talvez questão de tempo.

                O restaurante peruano famosíssimo, Astrid y Gastón tem por lá uma filial preciosa, que eu já conhecia e queria repetir. Com sucesso, tiradito de atum selado e salmão iniciando o banquete e o principal prato, fabuloso espaguete com molho cremoso e centolla, aquele caranguejo chileno, gigante. Melhor impossível, com churros quentes recheados de banana e mel de doce de leite. Acompanhados por um pisco sour e depois uma taça de chardonnay que nem sei qual era. Nem precisei perguntar, pois o alegre sommelier o sugeriu com perfeição. Gastón Acúrio vale todos os prêmios e cotações que vem ganhando nos últimos anos. Sorry, Alex Atala e outros da mesma linha nacional, que jamais chegarão aos pés deste peruano, verdadeiro papa da cozinha inovadora sem ser pretenciosa, caso de nosso principal chef brasileiro no momento. E o Sr. Acúrio, ainda mais, mantém um padrão invejável em seus vários restaurantes espalhados pela América Latina. Sem cobrar fortunas impagáveis, de novo o caso de nosso conterrâneo. O almoço acima citado saiu por 100 dólares. Parabéns!

                Como tinha poucas horas na cidade, além da refeição supimpa, caminhei muito pelos parques verdes e bem cuidados da Av Providencia e me maravilhei com os jacarandás floridos de um violeta inesquecível. Por ali mesmo, os museus de Belas Artes e o de Arte Contemporânea são arautos da transformação de Santiago,  e cidade feia, poluída e chata, em interessante centro cultural. No primeiro, arte chilena e uma mostra espetacular de Carlos Faz, pintor muito talentoso que morreu tragicamente aos 22 anos, mas deixou um legado considerável de pintura das mais intrigantes. No Contemporânea, muitas fotos de um francês genial que intervém nas mesmas com toques malucos nos mais diferentes espaços. Bonito e inovador.

                Longe dali, mas imperdível, o museu da Memória e dos Direitos Humanos. Situado em bairro um tanto duvidoso, tipo La Boca em Buenos Aires, vale a visita pelo prédio super moderno e super lindo. No entanto, a mostra é tanto chocante quanto vital. Repleta de jovens, vários deles descendentes das pessoas que pereceram na odiosa ditadura do finado General Augusto Pinochet; não se pode fotografar nada e silencio é importante neste memorial que conta a historia de maneira nua e crua, das mais de 40 000 vitimas de tortura ou morte durante o abominável período. Impossível não se emocionar com o enorme painel de fotos das vitimas e relatos de torturas medonhas. Mesmo para quem não sabe nada a respeito da historia do Chile, o lugar é revelador. Perto dali há mais coisas que ver dentro do Parque Quinta Normal ( arte contemporânea ainda mais ousada do que no museu  mencionado anteriormente) e mais adiante o Centro Cultural Matucana.

                O melhor é ir pela manhã ou início da tarde, pois a fama do bairro não é das melhores...

                Voltarei agora a Santiago com prazer, para também conferir o Centro Cultura Gabriela Mistral, de arquitetura arrojada em ferro, com muitas atrações gastro-culturais. E para ir ao bairro Bellavista, ao charmoso Lastarria e por que não, ao sofisticado Las Condes, que sempre evitei pelo elitismo e mesmice de tais lugares repletos de condomínios-gaiola.

                Como bem escreveu o filósofo britânico Tony Judt: “condomínios fechados criam cidadãos fechados, sem idéia de cidadania e compartilhamento de espaços públicos”.

                E Santiago no momento vive o apogeu da economia chilena e principalmente, da vontade politica de seus governantes de fazerem de seu país a estrela da América Latina. Estão conseguindo e deixando nosso escabroso Brasil comendo poeira...

 

Santiago, 19 de novembro de 2013.

2 comentários:

  1. Liebe Fernanda, mesmo sendo chilena, não conheço Santiago como vc. Sempre adorei ler seus relatos. Só uma perguntinha: como assim vc fez as pazes? Vc estava de mal com Santiago? bjs

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  2. Você sabe que eu amo o Chile de paixão e depois da Suíça é o país estrangeiro que mais amo no mundo! Mas Santiago eu sempre comparei, desfavoravelmente, a Buenos Aires. Como o Chile está econômica e socialmente muito bem, Santiago reflete isto e me parece bem mais interessante agora. Muito mais o que fazer. Voltarei!

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